Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks

SÃO PAULO – Documentos diplomáticos secretos dos EUA divulgados no domingo, 28, pelo site WikiLeaks, revelam que as autoridades brasileiras prenderam “vários indivíduos engajados em supostas atividades de financiamento do terrorismo”, mas basearam sua detenção em acusações diferentes para “não chamar a atenção da mídia e dos altos níveis governamentais”.

As informações estão contidas em um relatório enviado pelo então embaixador da missão americana no Brasil, Clifford Sobel, às autoridades americanas em 8 de janeiro de 2008 referente à política brasileira em relação ao combate ao terrorismo.

Os relatórios são parte dos mais de 250 mil documentos vazados pelo WikiLeaks e publicados no domingo pelos jornais The New York Times (EUA), The Guardian (Reino Unido), Le Monde (França), El País (Espanha) e pela revista Der Spiegel (Alemanha). O material se refere a informações diplomáticas obtidas desde a década de 1960 até fevereiro deste ano.

No despacho, o embaixador afirma que o governo do Brasil é “um parceiro cooperativo” contra atividades terroristas, apesar de não gostar de tornar o assunto público. Segundo o documento, o Brasil colabora e inclusive “prende com frequência indivíduos ligados ao terrorismo”.

Por outro lado, o despacho afirma que o tema é tratado com cuidado no País, em parte, pelo “medo de estigmatizar a grande comunidade muçulmana no Brasil”, ou de “prejudicar a imagem da área como um destino turístico”. O texto afirma que a postura pública brasileira busca “evitar parecer com o que é visto como uma política agressiva dos EUA de guerra ao terrorismo”.

O despacho relativo ao Brasil, de janeiro de 2008, afirma que os mais altos órgãos do governo brasileiro, “particularmente o Ministério das Relações Exteriores”, são “extremamente sensíveis a quaisquer alegações de que terroristas tenham uma presença no País – seja para levantar fundos, arranjar logísticas ou mesmo transitar pelo território – e irão rejeitar vigorosamente quaisquer declarações” nesse sentido sobre o tema.

Apesar das prisões citadas, o documento assinado pelo embaixador lembra que, em geral, os suspeitos são acusados em vários quesitos, não relacionados ao terrorismo, para “evitar chamar a atenção da mídia e dos níveis mais altos do governo”. O documento cita especificamente a Polícia Federal, afirmando que ela prendeu no ano anterior (2007) vários suspeitos de financiar o terror, mas estes foram acusados por vínculos com o narcotráfico, entre outros. O documento afirma que também a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) “monitora as atividades desses supostos extremistas”.

O despacho ainda nota que a área que mais domina a cobertura jornalística nacional sobre a suposta presença de extremistas é a Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai. Apesar disso, o texto afirma que “a principal preocupação de contraterrorismo, tanto para funcionários brasileiros quanto para a missão dos EUA no Brasil, é a presença de atividades de indivíduos com vínculos com o terrorismo – particularmente vários suspeitos extremistas sunitas e alguns indivíduos ligados ao Hezbollah – em São Paulo e outras áreas do sul do Brasil”.

O WikiLeaks é um site que se dedica a revelar documentos militares secretos dos EUA e de outros países. Neste ano, o site divulgou cerca de 400 mil documentos secretos sobre a guerra do Iraque. Antes disso, o WikiLeaks já havia divulgado 90 mil relatórios confidenciais sobre abusos cometidos no Afeganistão.
Estadão

Rizzolo: Bem, se a informação procede, podemos ficar mais tranquilos, pois se as autoridades brasileiras, segundo os EUA, promovem a detenção de terroristas, ou pretensos terroristas, porem lhes outra tipificação penal, é sinal que as coisas funcionam no Brasil. A questão interna do ponto de vista político pouco importa, estamos nós ” fazendo a lição de casa” e entendo isso ser uma boa notícia, pena que vem dos EUA através do Wikileads, e não das autoridades brasileiras.

7 de Setembro – Carta de Amor ao Brasil

images

Amar o Brasil, é entender o Brasil,
É ter a paciência de um pai com seu filho
É defende-lo num jogo ou gritar de saudade quando longe se está,
e achar engraçado esse lado Brasil de a tudo se ajeitar.

Amar o Brasil, é gostar da multidão, passear na Praça da Sé, ver um camelô,
e entender que todos tem que viver e sobreviver.
Ter amor ao Brasil, é ser generoso, é entender que o negro, o índio, e o branco um só se tornaram, e já desenharam um povo. Que chora em novela, que bebe cerveja, que quer ser doutor, e que gosta de Deus.

Amar o Brasil, é andar pela praia, tomar caipirinha, olhar para o mar, lembrar de Drummond, sentado ao seu lado num banco da praia, lá em Copacabana. Amar o Brasil é gostar do nordeste, é comer tapioca, sonhar com o mar, olhar para a mulata dos olhos de mel.

Amar o Brasil é entender as favelas, lutar pelos pobres, perdoar o passado, amar as florestas, sonhar com os pássaros, e no sábado; Ah! comer aquela feijoada com muita farinha. É entender o silêncio e o olhar de um mineiro, lembrar do Rio Grande, do Norte e do Sul. Amar o Brasil é cantar nosso Hino, com um japonês, um judeu, ou um árabe, ao lado de todos vivem aqui.

Amar o Brasil é não perder a esperança, de poder cada dia construir uma pátria, que seja mais justa, mais ética e armada, presente no solo de Norte ao Sul, na defesa das matas, dos sonhos, das lutas, abraçando com amor nosso filho gentil, esse amado País chamado Brasil.

poema de Fernando Rizzolo

As Mães e a Escola de Tempo Integral

Era assim toda quarta-feira: ela chegava pela manhã com uma pequena sacola, no mesmo ritmo de quem acabara de descer de um ônibus vindo da periferia de São Paulo. Havia anos trabalhava na limpeza do meu escritório e de tantos outros no mesmo prédio. O olhar sofrido e as mãos cansadas faziam-na parecer muito mais velha do que realmente era. Neusinha, a minha diarista, era mãe solteira e cuidava sozinha de um menino de 11 anos.

Nosso contato era pouco, até porque, para não atrapalhar o andamento da limpeza geral, eu aproveitava aquelas quartas-feiras para ir ao fórum. Contudo, naquele dia, algo estranho no olhar de Neusinha me chamou a atenção: os olhos marejados indicavam certa tristeza, dando ao rosto branco daquela nordestina um contorno de aflição.

Meio sem jeito, e já de saída com o paletó na mão, perguntei a Neusinha se estava tudo bem. Timidamente e num rompante de desabafo, ela se pôs a chorar. Com calma, pedi que ela me contasse o que havia acontecido, na tentativa de acalmá-la com um gesto de amizade e solidariedade.

– Sabe o que é, doutor, meu filho está envolvido com drogas; ele me contou tudo ontem à noite. Tudo começou na porta da escola pública em que ele estuda. Ele estuda no período da manhã, mas à tarde fica com más companhias.

Entre um soluço e outro, trouxe-lhe um copo com água, o qual foi levado à boca como se contivesse um doce remédio.

– Não tenho com quem deixá-lo. Preciso trabalhar e é aí que ocorre a desgraça – ela disse, olhando-me com um ar de cumplicidade, numa linguagem simples, mas carregada de uma tristeza incalculável.

Minha consciência obrigou-me a acalmá-la e a dispensá-la, pagando-lhe pelo dia de trabalho não concluído, pois seu estado emocional era péssimo. Em seguida, ainda sob o impacto daquela cena, a caminho do fórum, entre centenas de pessoas que aguardavam o metrô, pus-me a pensar no papel da escola de tempo integral e em sua importância para a formação dos jovens, em seu papel de manter o jovem ocupado, em tranquilizar as mulheres que trabalham fora e não têm com quem deixar os filhos, enfim, naquilo que chamo de “tutela educativo-protecionista”.

O que realmente vemos hoje é o descaso do poder público na implantação da verdadeira escola de tempo integral, pois o que há – e em pouquíssimo número – são escolas que disponibilizam uma espécie de duplicação de jornada, fazendo um segundo turno à imagem e semelhança do primeiro, sem dar sentido à amplitude educacional de outras disciplinas como arte, educação física, visita a museus, estímulo à leitura, enfim, mudando o projeto político-pedagógico das escolas.

Já no balanço do trem do metrô e nas paradas cansativas das estações, imaginava quantas Neusinhas pelo Brasil não sofrem por saber que seus filhos não estão protegidos pela “tutela educativo-protecionista” que as escolas de tempo integral poderiam oferecer à sua prole, quando estão trabalhando, longe de casa, sustentando seus lares. Pensei também que a miséria, as drogas, o desamparo são filhos do abandono total do Estado na área da educação, e que melhor do que as palavras de consolo, a indignação e um copo com água para abrandar o soluço de um choro profundo é oferecer uma educação cidadã a todos, com investimentos maciços num único ideal de escola pública, a escola de tempo integral. Talvez, se ela existisse, aquela quarta-feira seria diferente para todos nós, em especial para tantas Neusinhas, diaristas pobres, trabalhadoras nas fábricas, nos campos, nas grandes cidades do nosso país, que sem esperança soluçam por seus filhos perdidos.

Fernando Rizzolo

Publicado em Artigos de Fernando Rizzolo, últimas notícias, Brasil, cotidiano, economia, geral, News, notícias, Política, Principal. Tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Leave a Comment »

Resultado da pesquisa do Ibope surpreende tucanos

A pesquisa Ibope, que mostrou Dilma com 39% das intenções de voto contra 34% de Serra e 7% de Marina, surpreendeu o comando da campanha do PSDB, ao mesmo tempo que o resultado foi comemorado discretamente no PT e no Palácio do Planalto. No QG, a expectativa era que os números registrassem um empate técnico, mas, internamente, a avaliação é que não há fatos que justifiquem a diferença entre essa pesquisa e o levantamento do Datafolha da semana passada , em que Serra e Dilma apareciam empatados tecnicamente.

A cúpula tucana deve analisar os novos números e há quem defenda que Serra deve evitar o confronto direto com Dilma e partir para uma campanha mais propositiva.

“Essa não é uma boa pesquisa para nós. Nossas informações indicam que Serra e Dilma estão empatados. Mesmo assim, vamos refletir sobre os dados”, disse o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE).

Na campanha de Dilma, os números foram recebidos com cautela. Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, é preciso evitar o “salto alto”, já que este é um cenário indefinido. Ele sugeriu ainda que o discurso bélico de Serra pode ser um dos fatores que tenham influenciado para esse resultado do Ibope.

“Essa pesquisa Ibope está dentro do esperado. Independentemente das divergências de números entre institutos, o que há de concreto é uma tendência de crescimento de Dilma e uma pequena queda de Serra. Mas este é um cenário indefinido”, disse Dutra. “Mas uma coisa é certa: se esse discurso que o Serra tem feito não fez ele cair, também não fez subir”.

O presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ), disse que a eleição está empatada e que será decidida a partir do programa eleitoral no rádio e na TV. Para Rodrigo Maia, Serra deve explorar os pontos fracos do governo Lula e deve reforçar sua atuação no Ministério da Saúde, por exemplo.

“A eleição está empatada. O importante é saber que a eleição vai ser decidida a partir de agora, com o início dos debates”, disse Rodrigo Maia, lembrando que Serra está sempre acima dos 30% e perto dos 40%.
correio do Brasil

Rizzolo: A postura do PT em receber com cautela o resultado boa. Na verdade ainda é cedo para se comemorar mas da forma em que os resultados se apresentam, o PSDB se vê numa situação cada vez mais complicada. Já em São Paulo, Alckmin desponta como o favorito e entendo que as chances do tucano no Estado são boas. Serra infelizmente faz uso da tática do terror, do medo, e isso o povo não gosta, o que o eleitorado quer são propostas e a garantia que os projetos de inclusão irão permanecer, mas isso ele não fala, ou é reticente, esse é o problema.

Uribe critica comentários de Lula sobre crise com Venezuela

O gabinete do presidente colombiano, Alvaro Uribe, emitiu nota criticando os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise com a Venezuela.

” Deploramos que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“É deplorável que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina”, afirmou Lula ontem após se reunir com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.

Lula se encontrou no começo da semana com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, com quem discutiu a crise. Ontem, o presidente indicou que pretende negociar uma distensão entre Colômbia e Venezuela com o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que toma posse no próximo dia 7, e Chávez.

A Colômbia acusa a Venezuela de abrigar, com a anuência do governo do presidente Hugo Chávez, guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), incluindo vários líderes do grupo. Caracas nega que dê proteção à guerrilha.
efe

Rizzolo: Bem, acho que por hora o que o presidente Lula fez foi o suficiente. Ora, se não queremos tensão, crise, conflito, temos que levar as coisas de uma forma amena. E na verdade está bem claro que Uribe antes de acabar seu mandato quer mesmo gerar um conflito com a Venezuela. Agora, o Brasil como país que tem tradição no entendimento, apregoa a paz, a mediação, evidentemente tenta distensionar as partes, o que é natural. O Brasil não deve se indispor com vizinhos, e para isso mantem sempre sua postura independente e conciliatória, mas parece que Uribe quer mesmo confusão a todo preço, desestabilizando a região. Bom mesmo por hora é o Brasil ficar longe disso, e acompanhar o desenrolar dos fatos.

Fernando Rizzolo candidato a Dep.Federal fala de Sonhos e Esperanças.

Fernando Rizzolo 3318 candidato a Deputado Federal por SP. Divulgue este vídeo e ajude o Rizzolo a chegar lá !!

Publicado em últimas notícias, Brasil, cotidiano, economia, geral, News, notícias, Política, Principal. Tags: , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , . Leave a Comment »

Brasil permanece um dos mais desiguais do mundo, apesar de progresso, diz ONU

Apesar dos progressos sociais registrados no início da década passada, o Brasil continua entre os países mais desiguais do mundo, segundo atesta um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), que será divulgado nesta sexta-feira.

O índice de Gini – medição do grau de desigualdade a partir da renda per capita – para o Brasil ficou em torno de 0,56 por volta de 2006 – quanto mais próximo de um, maior a desigualdade.

Isto apesar de o país ter elevado consideravelmente o seu índice de desenvolvimento humano – de 0,71 em 1990 para 0,81 em 2007 – e ter entrado no grupo dos países com alto índice neste quesito.

O cálculo do indicador de desigualdade varia de acordo com o autor e as fontes e a base de dados utilizados, mas em geral o Brasil só fica em melhor posição do que o Haiti e a Bolívia na América Latina – o continente mais desigual do planeta, segundo o Pnud.

No mundo, a base de dados do Pnud mostra que o país é o décimo no ranking da desigualdade.

Mas os dados levam em conta apenas 126 dos 195 países membros da ONU, e em alguns casos, especialmente na África subsaariana, a comparação é prejudicada por uma defasagem de quase 20 anos de diferença.

Na seleção de países mencionada no relatório do Pnud, os piores indicadores pela medição de Gini são Bolívia, Camarões e Madagascar (0,6) e Haiti, África do Sul e Tailândia (0,59). O Equador aparece empatado com o Brasil com um indicador de 0,56.

Colômbia, Jamaica, Paraguai e Honduras se alternam na mesma faixa do Brasil segundo as diferentes medições.

Desigualdade e mobilidade

O relatório foca no problema da desigualdade na América Latina, o continente mais desigual do mundo, segundo o Pnud. Dos 15 países onde a diferença entre ricos e pobres é maior, dez são latino-americanos.

Em média, os índices Gini para a região são 18% mais altos que os da África Subsaariana, 36% mais altos que os dos países do leste asiático e 65% mais altos que os dos países ricos.

O documento traça uma relação entre a desigualdade e baixa mobilidade social, caracterizada pelo círculo de aprisionamento social definido pela situação familiar de cada indivíduo.

No Brasil e no Peru, por exemplo, o nível de renda dos pais influencia a faixa de renda dos filhos em 58% e 60%, respectivamente.

No Chile esse nível de pré-determinação é mais baixo, 52% – semelhante ao da Inglaterra (50%).

Já nos países nórdicos, assim como no Canadá, a influência da situação familiar sobre os indivíduos é de 19%.

Alemanha, França e Estados Unidos (32%, 41% e 47%, respectivamente) se incluem a meio do caminho.

No campo educacional, os níveis de educação dos pais influenciam o dos filhos em 55% no Brasil e em 53% na Argentina. No Paraguai essa correlação é de 37%, com Uruguai e Panamá registrando 41%.

A influência da educação dos pais no sucesso educacional dos filhos é pelo menos duas vezes maior na América Latina que nos EUA, onde a correlação é 21%.

“Estudos realizados em países com altos níveis de renda mostram que a mobilidade educacional e o acesso à educação superior foram os elementos mais importantes na determinação da mobilidade socioeconômica entre gerações”, afirma o relatório.

Para o Pnud, a saída para resolver o problema da desigualdade na América Latina passa por melhorar o acesso das populações aos serviços básicos – inclusive o acesso à educação superior de qualidade.

O relatório diz que programas sociais como o Bolsa Família, Bolsa Escola e iniciativas semelhantes na Colômbia, Equador, Honduras, México e Nicarágua representaram “um importante esforço para melhorar a incidência do gasto social” na América Latina, sem que isso tenha significado uma deterioração fiscal das contas públicas.

“No que diz respeito à distribuição (de renda), as políticas orientadas para o combate à pobreza e à proteção da população vulnerável promoveram, na prática, uma incidência mais progressiva do gasto social, que por sua vez resultou em uma melhor distribuição da renda.” BBC Brasil – Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

Rizzolo:Isso denota que com todos os avanços que houveram, muito há que se fazer. A diminuição das desigualdades sociais se faz com os projetos de inclusão e maior geração de empregos, dessa forma ao aumentarmos o nosso mercado interno, com uma política de juros aceitável, estaremos contribuindo para que a grande massa principalmente de jovens participem dos avanços econômicos. É bem verdade que o resultando da desigualdade demonstrada, elenca inúmeros fatores como educação, saúde, mas sou um grande otimista do potencial do nosso mercado consumidor, que como já disse se continuar fortalecido por um mercado interno aquecido e robusto estaremos na direção de uma sociedade mais justa. Projetos de Inclusão, formação de mão de obra, educação, e juros num patamar aceitável será a saída, no fortalecimento do mercado interno.



Doleiros dizem que Igreja Universal enviou R$ 400 milhões ao exterior

Igreja Universal do Reino de Deus é acusada de ter enviado para o exterior cerca de R$ 5 milhões por mês entre 1995 e 2001 em remessas supostamente ilegais feitas por doleiros da casa de câmbio Diskline, o que faria o total chegar a cerca de R$ 400 milhões. A revelação foi feita por Cristina Marini, sócia da Diskline, que depôs ontem ao Ministério Público Estadual e confirmou o que havia dito à Justiça Federal e à Promotoria da cidade de Nova York.

O criminalista Antônio Pitombo, que defende a igreja e seus dirigentes, nega as acusações.

Cristina e seu sócio, Marcelo Birmarcker, aceitaram colaborar com as investigações nos dois países em troca de benefícios em caso de condenação, a chamada delação premiada. Cristina foi ouvida por três promotores paulistas. Ela já havia prestado o mesmo depoimento a 12 promotores de Nova York liderados por Adam Kaufmann, o mesmo que obteve a decretação da prisão do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), nos Estados Unidos – ele alega inocência.

Os doleiros resolveram colaborar depois que a Justiça americana decidiu investigar a atividade deles nos Estados Unidos com base no pedido de cooperação internacional feito em novembro de 2009 por autoridades brasileiras. Em Nova York, eles são investigados por suspeita de fraude e de desvio de recursos da igreja em território americano.

Seus depoimentos foram considerados excelente pelos investigadores. Ela afirmou aos promotores que começou a enviar dinheiro da Igreja Universal para o exterior em 1991. As operações teriam se intensificado entre 1995 e 2001, quando remetia em média R$ 5 milhões por mês, sempre pelo sistema do chamado dólar-cabo – o dono do dinheiro entrega dinheiro vivo em reais, no Brasil, ao doleiro, que faz o depósito em dólares do valor correspondente em uma conta para o cliente no exterior. Cristina disse que recebia pessoalmente o dinheiro.

Subterrâneo. Na maioria das vezes, os valores eram entregues por caminhões e chegavam em malotes. Houve ainda casos, segundo a testemunha, que ela foi apanhar o dinheiro em subterrâneos de templos no Rio.

Cristina afirmou que mantinha contato direto com Alba Maria da Silva Costa, diretora do Banco de Crédito Metropolitano e integrante da cúpula da igreja, e com uma mulher que, segundo Cristina, seria secretária particular do bispo Edir Macedo, fundador e líder da igreja.

De acordo com a testemunha, ela depositou o dinheiro nos EUA e em Portugal. Uma das contas usadas estaria nominada como “Universal Church”. Além dela, os promotores e procuradores ouviram o depoimento de Birmarcker. Ele confirmou a realização de supostas operações irregulares de câmbio para a igreja, mas não soube informar os valores.

Os doleiros Cristina e Birmarcker estão na relação de investigados no Caso Banestado (inquérito federal sobre evasão de divisas). Em 2004, foram alvo da Operação Farol da Colina – maior ofensiva da história da Polícia Federal contra crimes financeiros no País. Cristina e Birmarcker foram presos na ação e hoje respondem a processo na 2.ª Vara Federal Criminal de São Paulo.

No Brasil, Macedo e Alba estão entre os diretores do chamado Grupo Universal processados sob as acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro obtido de fiéis por meio de estelionato. Alba representaria no País as empresas Investholding e Cableinvest, ambas sediadas em paraísos fiscais. A acusação sustenta que elas seriam usadas para a lavagem de dinheiro.

Provas. Os promotores brasileiros têm ainda como prova um relatório financeiro feito pelo Ministério Público Federal que relaciona algumas remessas supostamente ilegais feitas pela Diskline para a Cableinvest. A empresa teria movimentado recursos por meio da conta Beacon Hill, no JP Morgan Chase Bank, de Nova York, mantida pelos doleiros.

As provas sobre essas remessas foram encontradas em um CD apreendido na sede da casa de cambio pela PF. Uma tabela descreve remessas que totalizam R$ 7,5 milhões (em valores da época) feitas entre agosto de 1995 e fevereiro de 1996.

Na esfera estadual, as investigações seguem em duas frentes – uma comandada pela Promotoria do Patrimônio Público e Social e outra pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A primeira pode levar ao bloqueio e à perda dos bens dos diretores da igreja no Brasil. A segunda investigação pode levar à condenação criminal dos acusados.
agencia estado

Rizzolo: Bem, esta não é a primeira vez que surgem acusações contra a Igreja Universal, que evidentemente devem ser apuradas com o rigor apropriado. Contudo, ao que parece, existe em determinados segmentos da mídia uma verdadeira cruzada contra as atividades da referida Igreja, e aos evangélicos de uma forma geral, o que leva por certo à conclusão de que sempre há um componente político por trás de todas as acusações. A delação premiada é controversa, e na minha opinião pessoal, extremamente perigosa para a devida instrução criminal, portanto delação premiada, componentes políticos religiosos, conflitos de mídia, tudo pode levar à devida suspeição. Enfim apurar é o papel do Ministério Público.

Tiradentes:“Se quisermos, faremos juntos deste país uma grande Nação”

CARLOS LOPES

Portugal saíra da anexação à Espanha, em meados do século XVII, numa situação de profundo esgotamento, agravada pela queda nos preços do açúcar, que até a invasão holandesa somente o Brasil produzia, mas que agora tinha a concorrência da produção açucareira das colônias inglesas e francesas das Antilhas, para onde os holandeses levaram a tecnologia que tinham aprendido durante os anos de ocupação do Nordeste brasileiro.

A “solução” encontrada pela Coroa – apoiada na única classe que no território metropolitano produzia, então, uma mercadoria exportável, e portanto lucrativa, a dos produtores de vinho – foi tornar-se cada vez mais dependente da Inglaterra. A corte garantia a independência política em relação à Espanha transformando o país em vassalo da Inglaterra. Tal era a sabedoria que imperava em Lisboa, exceto no período em que o marquês de Pombal esteve à frente do governo – em suas memórias, o grande estadista português reconhece a dependência econômica de Portugal à Inglaterra como o principal obstáculo que enfrentou e que seu país teria que enfrentar.

O Tratado de Methuen, de 1703, um tratado de nome inédito, pois Methuen não é a localidade onde ele foi assinado, mas o nome do agente inglês que o extraiu, à custa de suborno, expôs essa vassalagem. Por ele, o mercado português – metropolitano e colonial – tornava-se cativo dos produtos manufaturados ingleses. Em troca, os vinhos portugueses deveriam ter o monopólio do mercado inglês. Mas quando a Inglaterra, em 1786, rompeu unilateralmente o tratado em favor dos vinhos franceses, nem por isso a Coroa portuguesa deixou de continuar submetendo-se ao domínio comercial inglês. Poucas vezes se viram consequências tão desastrosas: as importações de mercadorias inglesas impediram as tentativas de industrialização do país, levando à atrofia econômica, à perpetuação do atraso e à espoliação comercial e financeira.

Em relação ao Brasil, Portugal tornou-se um intermediário das mercadorias inglesas, ao mesmo tempo arrancando da colônia os seus recursos – isto é, sobretudo o ouro – para repassá-los a Londres. Assim, o Brasil tinha de sustentar três senhores: a corte lusitana, com seu perdulário e parasitário luxo; a economia da metrópole, onde os comerciantes portugueses intermediavam as exportações inglesas para o Brasil; e o desenvolvimento manufatureiro inglês.

Durante mais de 50 anos, nós suportamos essa sobrecarga e ainda conseguimos desenvolver-nos internamente, ainda que dentro dos limites de uma colônia. Estima-se que entre 1700 e 1800 foram produzidos no Brasil cerca de mil toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes.

A partir de meados do século XVIII, quando a produção de ouro decai, a Coroa aumenta suas exigências sobre o Brasil. Em 1750, o imposto total sobre o ouro tinha sido estabelecido em 100 arrobas do metal, mas após 1764 o governo português não consegue mais arrecadar essa magnitude. No entanto, a corte não quer renunciar ao seu suntuoso parasitismo e necessita pagar o fluxo das importações de mercadorias inglesas. Daí as ameaças constantes de efetuar a “derrama”, ou seja, a cobrança desses impostos sobre o ouro, independente da produção, até atingir as 100 arrobas. Até à morte de D. José I e a consequente queda de Pombal (1777), essa ameaça foi afastada: a política que prevalece é a de incentivar as manufaturas, a incipiente industrialização, como forma de sair da estagnação e do atraso.

Mas a política do reinado seguinte, o de Dª Maria I, seria a da desistência de superar o feudalismo e transformar Portugal em um país capitalista; a da rendição total ao monopólio comercial e manufatureiro inglês; a da espoliação exacerbada sobre as colônias, das quais a maior e mais rica era o Brasil, para sustentar a corte e as importações de mercadorias inglesas.

Nas duas últimas décadas do século XVIII, quando a produção de ouro diminui mais ainda, as exigências da Coroa tornam-se desesperadas, na medida em que sua arrecadação brasileira – que constituía a maior parte de sua renda – chega, no máximo, a 40 arrobas de ouro.

A “derrama”, então, passa a ser uma ameaça cada vez maior e, em 1788, é enviado de Portugal ao Brasil um novo preposto para governar Minas Gerais, o visconde de Barbacena, com ordens de cobrar os atrasados: acumulara-se um déficit de 538 arrobas de ouro nos anos anteriores.

“AINDA QUE TARDIA”

Porém, a produção de ouro e diamantes, concentrada principalmente em Minas Gerais, mas estendendo-se aos territórios onde atualmente estão os Estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás, havia revolucionado economicamente o Brasil. Antes de tudo, havia, pela primeira vez, integrado numa única economia o conjunto do país, antes uma coleção de economias isoladas.

A economia do ouro havia formado um mercado interno, com o fornecimento, por parte do Sul do país, de muares e bovinos para transporte, tração e alimentação, além de couro e charque; através da pecuária nordestina, ligou-se às regiões açucareiras – Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte; integrou, inclusive, as então remotas regiões em que nascia a produção de algodão e arroz – o Ceará, Piauí e Maranhão – e àquelas ainda de economia extrativa, como o Grão-Pará (atuais Estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Amapá e Roraima). Em consequência, todo um sistema de transportes, ainda que precário, se espraiou pelo país.

Teria que ser, portanto, na região aurífera que o sentimento de nacionalidade emergiria de forma mais aguda, agora desvencilhado, ao contrário da época da luta contra o domínio holandês, da dependência ideológica e política à metrópole. Pelo contrário, agora o sentimento de nacionalidade afirmava-se contra a dependência política, econômica e cultural a Portugal, em defesa de interesses especificamente brasileiros.

O HOMEM

Tiradentes foi o herói que condensou esse sentimento de nacionalidade. A síntese de seu legado: “se quisermos, faremos juntos deste país uma grande Nação”.

Era – à custa, sem dúvida, de seu próprio esforço – um homem excepcionalmente culto para a época e, mais ainda, para as condições de seu país. Sua primeira viagem ao Rio de Janeiro teve por objetivo apresentar ao vice-rei um projeto para acabar com a falta d’água na cidade, através da canalização dos rios Maracanã e Andaraí. No inventário de seus bens, feito antes do ignominioso leilão que se seguiu ao seu martírio, achou-se um exemplar em francês da então recente Declaração de Independência dos Estados Unidos.

Entre os líderes da Inconfidência Mineira, ele era o mais genuinamente popular e o de maior consciência nacional. Em seu pensamento e, principalmente, em seus sentimentos, nada mais havia que o amarrasse ao colonizador, inteiramente brasileiro nos atos, na ideologia, enfim, na postura diante do opressor – foi o primeiro, entre os homens notáveis do país, a identificar-se total e plenamente com o Brasil, a tornar-se e portar-se, por inteiro, política, ideológica e psicologicamente como brasileiro.

Era muito clara, para ele, a missão que se colocava ao nosso povo naquele momento: a de superar a contradição entre o nosso desenvolvimento interno, cujas potencialidades em termos de recursos naturais e humanos eram infinitamente superiores aos da metrópole, e o domínio da servil, mesquinha e minúscula nobreza metropolitana, domínio que só era possível continuar sob a condição de mutilar o Brasil para que se amoldasse à estreita fôrma da espoliação colonial – regredindo ao passado, com a destruição das forças produtivas já desenvolvidas.

Em função dessa consciência, esteve o seu comportamento na preparação da revolução, como sua principal alma – deslanchando uma atividade febril que lhe valeu de Cláudio Manuel da Costa, com admiração, o apelido de “alferes corta-vento” – e depois, na prisão e no martírio, a serenidade, coragem e dignidade, descritas por alguém que não comungava de suas ideias, Frei Raimundo de Penaforte, que o acompanhou ao patíbulo, na condição de sacerdote: “era desses seres cuja força espanta a própria Natureza”.

Com Tiradentes, na preparação da revolução, estava o engenheiro José Álvares Maciel, que se especializara em metalurgia na Europa e que tinha planos de construir pequenas – comparadas com as de hoje – siderúrgicas, para o aproveitamento das abundantes reservas de minério de ferro de Minas Gerais; estava o maior poeta de nossa língua nessa época, Tomás Antônio Gonzaga; estava o jurista Cláudio Manuel da Costa, que além de excelente poeta era também conhecedor e comentarista de Adam Smith – um dos poucos no continente americano, com o secretário do Tesouro de George Washington, Alexander Hamilton e do Visconde de Cairu; estavam militares – condição do próprio Tiradentes – como o coronel Francisco de Paula Freire; estavam eclesiásticos como Carlos Correia de Toledo, José da Silva de Oliveira Rolim e Luís Vieira da Silva; estavam proprietários rurais e intelectuais como Alvarenga Peixoto e Bárbara Eliodora.

A REVOLUÇÃO

O programa da revolução dos Inconfidentes refletia essa gama de interesses dos seus participantes: militares, intelectuais, funcionários, proprietários rurais, empreendedores da mineração, comerciantes.

A Independência e a República eram suas principais medidas políticas; o fim da escravatura e a industrialização do país eram as principais tarefas econômicas; a instrução pública e universal, sua principal medida social.

A consciência expressa nesse programa não era apenas a do entrave que a situação de colônia constituía para nosso país e a consequente necessidade da separação política de Portugal. Na verdade, a crise da relação colonial entre o Brasil e Portugal era naquele momento o ponto mais agudo da crise do antigo colonialismo, o colonialismo mercantilista, surgido ainda dentro dos marcos do feudalismo europeu, com predominância do capital comercial e tendo como potências dominantes os dois países ibéricos. A transição do feudalismo para o capitalismo, com a passagem para a hegemonia do capital manufatureiro-industrial, tendo como potências a Inglaterra e depois a França, implicava, naquele momento, no rompimento dos obstáculos ao livre-comércio, para que a indústria pudesse, em sua fase de ascensão, expandir seu mercado e suprir-se de matérias-primas.

O programa dos inconfidentes expressava, então, fundamentalmente, a falência do sistema colonial de então, baseado na escravidão, na exportação de matérias-primas e produtos agrícolas, e na importação de mercadorias manufaturadas sob o monopólio dos atravessadores das antigas e decadentes potências coloniais.

Era, portanto, o programa para a construção de um país livre, soberano e desenvolvido, num mundo em que o estado anterior de coisas já entrara em bancarrota.

O BRASIL

A economia baseada na mineração, ao mesmo tempo em que integrava o país – e na medida em que o fazia – tinha mudado a estrutura e a face social do país, sobretudo em seu núcleo, Minas Gerais.

Ao contrário da economia açucareira-exportadora, cujas características exigiam a posse de grandes recursos, grandes parcelas de terra e grande quantidade de escravos, a mineração era acessível a pessoas de pequenas posses, que possuíam, às vezes, um único escravo, ou mesmo trabalhavam diretamente na pesquisa e lavra de ouro e diamantes.

A população do Brasil era, sem contar os indígenas – mas incluídos os escravos – cerca de 300 mil pessoas em 1700. Em 1800, havia saltado para 3 milhões e 250 mil pessoas. A imigração portuguesa, de 30 mil pessoas no primeiro século, e sem significação no século seguinte, aumentou tanto que a Coroa teve de proibi-la, sob o risco, bastante concreto, de despovoamento da pequena e atrasada metrópole.

Surgiu, então, na colônia, com a criação e expansão do mercado interno, uma classe de comerciantes. Esse mercado interno estimulou o início da indústria têxtil e da produção de ferro, severamente reprimidas pela Coroa portuguesa em prol do monopólio das mercadorias inglesas – principalmente tecidos – com o comércio lusitano de intermediário. Mas a própria sucessão quase infinita de decretos da rainha proibindo a existência de manufaturas no Brasil, é a prova do fracasso dessa repressão.

Nem mesmo – o que tem importância decisiva para o programa dos Inconfidentes – a situação dos escravos permaneceu inalterada. A mineração lhes permitiu uma liberdade muito maior do que na atividade açucareira e, em muitos casos, lhes possibilitou a alforria. Aumentaram, portanto, o número de negros livres, que mostraram uma rara capacidade empreendedora.

O LEGADO

A História do Brasil, nos dois séculos subseqüentes, confirmaria a visão, a luta e o programa de Tiradentes e seus companheiros. Com uma precisão impressionante, todas as maiores e mais fundamentais conquistas do povo brasileiro nos 160 anos que se seguiram, foram a realização do que eles preconizaram como as principais tarefas da sua revolução.

Apenas 30 anos após o martírio de Tiradentes, o primeiro ponto do seu programa foi conquistado: a Independência; antes do fim do mesmo século, a Abolição da escravatura e a República; e, em 1930, Getúlio daria partida à industrialização e instituiria o ensino público.

Se algum problema havia no programa dos Inconfidentes, poderia ser o de estar muito à frente de sua própria época, ao condensar, numa só, todas as estações de uma via que o Brasil levaria mais de um século e meio para percorrer. Mas estar à frente de sua época implica, sobretudo, em ter uma visão precisa não somente da realidade, mas do potencial que ela encerra. E Tiradentes a teve.

A possibilidade de vitória da revolução no campo político-militar, em fins do século XVIII, não estava afastada, diante da situação revolucionária aberta pela decadência e servilismo da metrópole, com o aumento da espoliação sobre o Brasil, tendo como pano de fundo a profunda crise mundial do colonialismo feudal. Nunca tinha sido tão clara na consciência dos brasileiros o entrave constituído pela nossa situação de colônia de um país atrasado, ele mesmo vassalo de outro.

No mais, existiam as condições materiais para a realização do programa revolucionário de Tiradentes: na mesma época, as 13 colônias inglesas do norte da América – muito menos dotadas de recursos naturais, território e população – já haviam empreendido a sua revolução nacional, proclamando sua independência da Inglaterra. É significativo, no entanto, que no programa dos revolucionários norte-americanos não constasse, ao contrário daquele dos inconfidentes, a abolição da escravatura.

O programa da revolução de Tiradentes expressava tanto a necessidade de resolver a contradição principal daquele momento – a existente entre o Brasil e o bloqueio constituído por um domínio colonial caduco – como também a necessidade de resolver a contradição fundamental – do Brasil em relação à qualquer dependência – construindo um país livre, soberano, independente, desenvolvido e próspero econômica, social, política e culturalmente – enfim, uma grande Nação. O programa de Tiradentes estabeleceu, pela primeira vez, os objetivos estratégicos da revolução nacional brasileira. Não por acaso, os dois séculos posteriores, vistos em retrospecto, parecem um desdobramento e uma realização do seu programa revolucionário.
Hora d do Povo

Rizzolo: Ótimo texto de Carlos Lopes do jornal Hora do Povo, uma homenagem a Tiradentes.

PNBL desenvolverá a indústria nacional

Em recente audiência na Câmara dos Deputados, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, destacou a necessidade de o Estado ter uma rede própria de comunicações e que a utilize para desenvolver novas empresas e incentivar a concorrência na oferta de serviços de acesso à internet em banda larga. “Acho que esta rede não deve fazer apenas o papel de ser infraestrutura neutra, separada das redes do futuro. O Estado brasileiro precisa ter uma rede própria e com pesquisa nessa área, porque a comunicação é uma coisa estratégica”, disse.

Santanna defendeu que o Plano Nacional de Banda Larga seja baseado em experiências. “Hoje, as empresas coreanas são fornecedoras mundiais. Nós temos a mesma condição de utilizarmos a infraestrutura já formada com as empresas brasileiras e o Congresso precisa atuar, definindo mais claramente o que é empresa brasileira. Atualmente, empresa brasileira é qualquer empresa que tenha uma fábrica aqui. Não é assim que outros países consideram”, afirmou.

Ele considerou essencial a utilização do PNBL para desenvolver a indústria nacional: “Nós temos empresas capazes fazer tudo o que for necessário para implementar esse plano. É fundamental que gente desenvolva indústrias novas e assegure com esse processo o desenvolvimento técnico-científico e de pesquisas no país, aproximando a academia, aproximando as empresas nascentes, as empresas existentes sendo atualizadas, coisa que perdemos no processo de privatização”.

Segundo Santanna, o usuário de telefonia no Brasil paga entre R$ 32 e R$ 42 “sem que nenhum serviço tenha sido prestado, apenas para dispor do terminal em casa. E sabemos também que esse terminal custa R$ 3 para ser mantido”. O resultado disso é que, em 2008, o faturamento das telecomunicações totalizou R$ 177 bilhões, dos quais R$ 144 bilhões de telefonia fixa. “Tirando os impostos sobraram R$ 100 bilhões. Desses, metade é voz móvel e metade é voz fixa. Estamos falando de R$ 100 bilhões, limpos para as operadoras. [Comunicação em] dados foram R$ 34 bilhões, muito menos que o montante em voz”, observou.
Hora do Povo

Rizzolo: Oportunidades para desenvolvermos a indústria nacional não faltam. O Plano Nacional de Banda Larga abre uma enorme possibilidade de participação nacional, para tanto precisamos ter uma política desenvolvimentista de caráter nacionalista. Hoje temos condições tecnológicas de abraçar qualquer projeto por mais desafiador que possa parecer, o legislativo precisa dar o devido respaldo patriótico que o Brasil necessita, para que possamos desenvolver nossa preterida indústria nacional.

Inclusão digital desafio técnico-social

Todos os grandes projetos acabam se constituindo imensos desafios à sociedade. Foi assim com o fornecimento da água e da luz elétrica, este último datando de 1879. Sua primeira utilização no Brasil foi na estação Central (atual Central do Brasil) da estrada de ferro D. Pedro II, no Rio de Janeiro. Agora, temos diante de nós talvez o maior desafio da pós-modernidade: levar a inclusão digital às camadas mais pobres da população brasileira. Ao contrário dos projetos de visam apenas proporcionar condições de vida melhor e dignidade, o viés digital transporta e irriga o direito à cultura, à informação, à socialização, permeando as comunidades carentes com instrumentos de cidadania e mobilização.

Não há como falar em cultura, ou em direito à informação, se deixarmos de lado o poderoso e já indispensável papel da internet no desenvolvimento intelectual dos jovens e da população em geral. Para tanto, medidas de democratização do uso da internet têm sido tomadas por parte dos Estados, apesar de a operacionalidade técnica em nível federal ainda não estar totalmente concluída. O papel do Estado como provedor e difusor da cultura nos remete à sua responsabilidade na implementação das ações técnicas do uso da internet, viabilizando o uso da banda larga aos grandes centros carentes.

Com base nisso, em dezembro de 2009, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, lançou, em parceria com as prefeituras de mais seis cidades, o projeto Baixada Digital, cujo objetivo é beneficiar cerca de 1,7 milhão de pessoas. Anunciado como “um dos maiores programas de inclusão digital do mundo”, o projeto prevê em sua primeira etapa a cobertura de 100% do município de São João de Meriti, 60% de Duque de Caxias e Belford Roxo e 20% dos municípios de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis. Contudo, a implantação de projetos dessa magnitude, não só no Estado do Rio de Janeiro, mas também nos demais, exige uma planificação cuidadosa, uma vez que a propagação dos sinais deve ser estável em todas as regiões envolvidas.

Do ponto de vista técnico, várias são as opções em levar o sinal, de forma abrangente, a todas as localidades do país; porém, é compreensível que alguns fatores, como a lentidão na implementação dos projetos, cause certo atraso no objetivo final. No entanto, o essencial é que o Poder Público se aproprie da tarefa de se fazer o ator principal na condução e execução desses programas, até porque existe uma estrita relação entre difusão cultural e instrumentos digitais, e isso é papel do Estado.

Na contramão dos investimentos primordiais do Estado no que se refere à cultura, em São Paulo a política adotada é diametralmente oposta à do Rio de Janeiro. Na mais rica unidade da federação, o governo decidiu não investir diretamente na criação de infraestrutura para prover o acesso gratuito à banda larga, mas baseou seu projeto de inclusão digital – batizado de Banda Larga Popular – na isenção fiscal às operadoras privadas. Desse modo, o governo de São Paulo eximiu-se do papel fundamental do Estado na promoção da banda larga, deixando-se valer dos argumentos privados para legitimar a inviabilidade do projeto. Segundo informações, a concessionária de telefonia fixa, que também oferece acesso à banda larga, diz que o valor estabelecido pelo programa só pode ser oferecido a usuário que já tenha ou queira ter linha fixa da operadora.

Quer do ponto de vista técnico, da informação, da cultura ou até da segurança nacional, a disseminação da banda larga popular deve ter como premissa principal a correlação causal entre informação e cultura, que sempre foi protagonizada pelo papel obrigatório do Estado. Políticas públicas de grande envergadura, destinadas à imensa população pobre, que possuem viés tecnológico, jamais devem ser delegadas a empresas privadas. Internet e banda larga significam condutores de cidadania, algo deveras importante para ser tutelado por terceiros, sem o lastro do compromisso técnico-social.

Fernando Rizzolo

Jobim exonera general após provocação contra direitos humanos

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou nesta quarta-feira (10) a exoneração do general da ativa Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento-Geral do Pessoal do Exército. A punição veio após Maynard publicar carta onde diz que a Comissão da Verdade – criada pelo governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985) – seria formada por “fanáticos” e viraria uma “comissão da calúnia”.

Jobim fez uma declaração seca, sem comentar os motivos da punição. “Acabei de encaminhar ao presidente da República a exoneração do chefe do departamento-Geral do Pessoal do Exército. Ele está à disposição do comando do Exército. O assunto está absolutamente encerrado”, afirmou o ministro.

A contestação da Comissão da Verdade pelo general Maynard – que circula em sites de ultradireita na internet – viola a disciplina militar. O RDE (Regulamento Disciplinar do Exército) proíbe aos oficiais da Arma “,manifestar-se, publicamente, sem que seja autorizado, a respeito de assuntos de natureza político-partidária”; e “censurar ato de superior hierárquico ou procurar desconsiderá-lo, seja entre militares, seja entre civis”.

Manifestações como essa foram comuns durante o século passado, até culminar com o golpe e a ditadura. Depois da democratização de 1985, os militares em geral as arquivaram. Há tempos um general de quatro estrelas e do serviço ativo não se comportava como o agora ex-chefe do Pessoal do Exército, sobre um tema que compete apenas à cidadania e às instituições democtraticamente constituídas.

Na parte substantiva de sua mensagem, depois de um exercício de má filosofia em que cita Descartes e Nietzsche (grafando erradamente o nome do pensador alemão), Maynard afirma: “A ‘Comissão da Verdade’ […] será composta dos mesmos fanáticos que, no passado recente, adotaram o terrorismo, o seqüestro de inocentes e o assalto a bancos, como meio de combate ao regime, para alcançar o poder. Infensa à isenção necessária ao trato de assunto tão sensível, será uma fonte de desarmonia a revolver e ativar a cinza das paixões que a lei da anistia sepultou. Portanto, essa excêntrica comissão, incapaz por origem de encontrar a verdade, será, no máximo, uma ‘Comissão da Calúnia’.”
site do PC do b

Rizzolo: Achei a medida descabida e exagerada. O ministro Jobim não precisava se valer de tal expediente rigoroso, como a exoneração pelo fato do militar ter externado seu pensamento; valeria apenas uma advertência, mas ao que parece, existe interesse num confronto, e isso não é bom para o Brasil, nem para a democracia, e tampouco para as instituições, não aprovo a medida pela desproporção entre o fato em si, e a atitude extrema do ministro, gerando uma humilhação ao general, Lula endossou a decisão.

Política externa do Brasil decepciona Obama, diz jornal

WASHINGTON – Uma reportagem do jornal americano The Wall Street Journal afirma nesta quarta-feira, 2, que a política externa do Brasil “está decepcionando” o governo do presidente americano, Barack Obama. Em uma reportagem que examina o que chama de “resistência às suas políticas (dos EUA) para a região”, o diário financeiro diz que a crescente influência brasileira e de outros países na América Latina é um “desafio” para Washington.

“Ao mesmo tempo em que permanece o principal ator na América Latina, o poder dos Estados Unidos é contido por vários fatores, incluindo a ascensão do Brasil como uma potência regional, a influência de uma facção de nações antiamericanas lideradas pela Venezuela e a demonstração de força da China, que enxerga os recursos latino-americanos como chave para o seu próprio crescimento”.

Entre os episódios que, segundo o artigo, puseram o governo Obama em desafino com a região estão Cuba, o uso de bases militares na Colômbia e a crise política em Honduras. Nesta última, diz o WSJ, os países latino-americanos “se ressentiram” de seus laços históricos com os EUA e demandaram inicialmente uma definição de Washington sobre a deposição do então presidente Manuel Zelaya em Honduras.

Quando definiu sua posição, entretanto, os EUA se distanciaram de grande parte da América Latina, incluindo o Brasil. “A divisão é um dedo na ferida das relações com a região”, sustenta o WSJ.

“Washington ficou especialmente aborrecido com a visita do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil como parte de um giro no qual também visitou a Venezuela e a Bolívia, e recebeu apoio para seu polêmico programa nuclear.”

Para o jornal, “a ascensão do Brasil como potência hemisférica está se tornando um desafio e – em termos de política externa – uma decepção para o presidente Barack Obama, que, como George W. Bush, desenvolveu um relacionamento próximo com o carismático presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

A reportagem avalia que “a América Latina está profundamente dividida entre nações pró-EUA, como México, Colômbia e Peru, e um bloco de países populistas que inclui Venezuela, Bolívia, Equador e Nicarágua. Chávez às vezes também encontra aliados na Argentina e no Brasil”.

Na avaliação do The Wall Street Journal, outra razão para o menor peso dos EUA na região é a presença cada vez maior da China, que “está financiando a estatal brasileira de petróleo (Petrobras) em US$ 10 bilhões”.
agencia estado

Rizzolo: Primeiro Obama não deveria se sentir decepcionado porque acima de tudo ele é um fraco. Um presidente populista, em baixa, e que agora está descobrindo que para uma potência militar subsistir é necessário força e coragem, o que Obama nunca teve.

Preconizar o diálogo com terroristas, ter receio de ser mal visto no Oriente Médio, ter se distanciado da América Latina para ganhar um abraço de Chavez custa tudo isso : o enfraquecimento. Por aqui reinam a China, Rússia, Irã, Coréia do Norte; e não diria que estes países estão errados de exercerem sua influência por aqui, mas afirmo que os EUA estão perdendo a hegemonia.

É claro que o problema é deles, com sua política externa, agora uma coisa é certa: se queres permanecer uma potência não tenha medo e encare a realidade do mundo. Decepcionados estão aqueles que nele depositaram sua confiança. Eu nunca depositei…

Os Jovens do Morro e os do Asfalto

Sempre ficamos indignados quando surgem conflitos nos morros, principalmente no Rio de Janeiro, mas a verdade é que refletimos muito pouco sobre por que atingimos este estado mórbido social e sobre suas causas. Muito já se falou da falta de permeabilidade do Estado nas comunidades, da injustiça social que reina nos morros e da omissão do Poder Público em assistir aos pobres. Com efeito, o somatório de todos esses fatores contribuiu para que atingíssemos tais níveis de violência.

A par desses fatores, a falta de uma política coordenada e sistemática de combate ao crime concorreu para que a delinquência organizada formasse um Estado paralelo de difícil controle. Temos que admitir que os órgãos de repressão agem e atuam de acordo com a lei, em respeito aos dizeres da nossa Constituição, e tornam, de certa forma, o Estado repressor limitado e incapaz de combater a criminalidade na nossa sociedade, em face da ousadia dos marginais.

O ponto central desta questão está, de um lado, no Estado Democrático de Direito, nas garantias individuais da pessoa humana, na democracia em si, e, de outro, na atuação da polícia, sempre focada no ponto de vista legal. Assim, as únicas medidas possíveis de acabarmos de vez com a criminalidade passam a ser de longo prazo, como o aumento da participação do Estado nas comunidades carentes, a promoção da inclusão social dos jovens da periferia e a conscientização de que, quando acompanhadas da real oportunidade de emprego e do desenvolvimento pessoal, a cultura e a educação são mais vantajosas que adentrar para o mundo do crime.

Diante dos fatos, é essencial acreditar que uma educação fundamental, composta de valores cívicos e religiosos, aliada à participação maciça do Estado na erradicação da miséria, poderá fazer com que a repressão, nos limites da lei, seja o suficiente. Desse modo, talvez alguns pobres jovens dos morros e dos asfaltos não desistam do bom caminho com tanta facilidade, rechaçando os fuzis e abraçando os livros, contribuindo, assim, para um Brasil melhor, que dependa, é claro, muito mais da boa vontade de um Estado justo e provedor do que da nossa omissa indignação diante das notícias.

Fernando Rizzolo

“Chega de corrupção e rolo, para deputado federal Fernando Rizzolo- PMN 3318”

Comissão do Senado aprova adesão da Venezuela ao Mercosul

BRASÍLIA – O governo saiu vitorioso da sessão da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado nesta quinta-feira, 29, com a aprovação, por 12 a 5, do protocolo de entrada da Venezuela no Mercosul, em voto em separado apresentado pelo líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RO).

Mais cedo, a CRE rejeitou o parecer do relator original do projeto, Tasso Jereissatti (PSDB-CE), contrário à entrada da Venezuela no bloco econômico do Cone Sul. O texto foi negado por 11 votos a seis, com abstensão do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que substituiu o governista Fernando Collor de Melo.

A aprovação do protocolo coincide com nova visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Caracas, onde ele terá o quarto encontro deste ano com o presidente venezuelano, Hugo Chávez.

Agora, Romero Jucá articula entre os líderes partidários a possibilidade de votar o projeto em plenário na próxima semana. A Câmara dos Deputados já aprovou o protocolo, que depende apenas do aval do Senado para ser encaminhado à sanção presidencial.

A sessão começou com uma discussão acirrada entre governo e oposição sobre a adesão, e esteve quase o tempo todo focada na questão da democracia na Venezuela. Para Jereissati e a maioria dos oposicionistas, enquanto Hugo Chávez estiver no poder, o Brasil não deveria aceitar o ingresso da Venezuela no bloco.

“Na Venezuela, jornalistas estão na prisão, os servidores públicos são obrigados a se filiar ao partido oficial, há presos políticos. Estamos abrindo precedente perigosíssimo. Além disso, em todas as disputas políticas, a Venezuela atuou contra o Brasil”, afirmou o relator tucano.

Os senadores do governo, por sua vez, defenderam a entrada do país sob o argumento de que se trata de uma relação entre Estados, e não entre governos. Os governistas também argumentam que o comércio entre os dois países sairá favorecido. A Venezuela é o 5º parceiro comercial do Brasil.

Política Vs Ideologia

A discussão começou com a defesa do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) pela aprovação do seu parecer contrário à adesão do país vizinho ao bloco sul-americano.

O voto do senador tucano tem como posição central argumentos sobre a democracia na Venezuela e a forma de agir do presidente Hugo Chávez, que, na avaliação do senador, fere os princípios da democracia.

“Bastará uma natural mudança política no comando do Brasil para que o relacionamento entre nossos países corra o risco de sofrer uma perigosa mudança de rumos”, diz o voto, apresentado à comissão em reunião no último dia 1º.

“Quando eu estou falando dos aspectos políticos, não estou falando de ideologia. Não me importa se o Chávez é de esquerda ou de direita, se é isto ou é aquilo. O Mercosul começou aqui com o presidente José Sarney a partir de países que saíam de ditaduras. Era o grande ideal: uma América do sul Integrada, não mais sujeita àquelas turbulências”, disse o senador.

“Aceitar a Venezuela no bloco é dizer que preso político é um pequeno detalhe, liberdade de imprensa é um pequeno detalhe, não aceitação de contratos é um pequeno detalhe”, continuou.

Não é Chávez, é a Venezuela

Antes da explanação de Tasso, Jucá apresentou um resumo do seu voto em separado favorável à adesão rebatendo as alegações do senador oposicionista. Ele destacou que a Venezuela é hoje o 5º parceiro comercial do Brasil. Além disso, segundo Jucá, a integração entre os países poderia ser útil para que a comunidade internacional interceda junto a Chávez nas questões internas da Venezuela.

“Alguns argumentam que o Brasil não deveria permitir que Hugo Chávez ingresse no Mercosul e perturbe o funcionamento do bloco. Outros questionam se o atual regime político da Venezuela é compatível com o compromisso democrático do Mercosul. Quem está aderindo não é o atual governo venezuelano, mas sim a Venezuela, país vizinho com o qual o Brasil sempre manteve boas relações, hoje profundamente adensadas”, defende o governista no seu voto.

“Não ampliamos a democracia isolando ninguém. Se existem problemas, e eu reconheço que existem problemas, o remédio é integração, abertura, intermediação internacional”, completou Jucá.

Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Francisco Dornelles (PP-RJ), também defenderam a adesão. Para Dornelles, a não entrada da Venezuela no bloco seria prejudicial ao país, dado o grande fluxo comercial entre os dois países.

Missa de sétimo dia

Já para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), a entrada do país irá significar no colapso do bloco. “Estamos antecipando a missa de sétimo dia do Mercosul”, disse

Virgílio disse ainda que as trajetórias dos “ditadores” da América do Sul começam com o cerceamento da oposição e da imprensa, e terminam num conflito armado. O tucano acredita que a vítima de Chávez pode ser a Guiana, já que se atacasse a Colômbia e o Brasil seria “fragorosamente derrotado”.

“Tenho a certeza quase absoluta de que estamos dando um voto de morte para uma união que poderia superar economicamente a Alemanha, se tivesse seguido os rumos adequados”, concluiu.

O ingresso na Venezuela no bloco foi aprovado pela Argentina e pelo Uruguai, mas o protocolo precisa ser referendado também pelo Paraguai, que adiou a votação para 2010, quando o Brasil já terá encerrado o debate.
agencia estado

Rizzolo: ( Repetindo comentário ) É uma boa notícia. Não há como negar a entrada da Venezuela no Mercosul. Na última década as relações comerciais entre o Brasil e a Venezuela aumentaram substanciosamente. A grande questão é abstermos de misturar questões ideológicas com comerciais, os governos passam e os países ficam. O Brasil não pode sob pena de alguns entenderem a Venezuela apenas do ponto de vista político, desprezarmos o potencial do mercado venezuelano. Sou completamente favorável a inclusão da Venezuela no Mercosul, não tem cabimento deixá-la de fora por caprichos de alguns.

Para CNI, decisão de taxar capital estrangeiro ‘valeu a pena’

BRASÍLIA – O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse nesta quarta-feira, 21, que considerou positiva a taxação da entrada de capitais estrangeiros no País. Segundo ele, o governo não dispunha de muitas alternativas para conter o fluxo de capitais e a decisão de cobrar 2% de Imposto sobre Operação Financeira (IOF) “valeu a pena”. O presidente da CNI avaliou que, se a medida não produzir uma desvalorização do real, pelo menos ela vai evitar que a moeda brasileira tenha uma supervalorização. Uma das reivindicações recorrentes da CNI é de que o governo implemente medidas para valorizar as exportações brasileiras, contendo a apreciação do real.

Ele disse que é preciso observar o resultado dessa taxação para implementar outras medidas, mas considerou que a possibilidade de se usar recursos do Fundo Soberano para comprar divisas deve ser estudada. Monteiro Neto chegou esta tarde ao Ministério da Fazenda para a reunião do Grupo de Acompanhamento do Crescimento (GAC). Ele disse que, nesse encontro, não deverá apresentar sugestões específicas sobre o câmbio. A CNI deverá enfocar, segundo ele, questões ligadas à competitividade, como tributação, custo de capital e infraestrutura, além de medidas de estímulo à exportação. Essa é a primeira reunião do antigo Grupo de Acompanhamento da Crise com a nova denominação.

agência estado

Rizzolo: Eu pessoalmente considero muito válida a decisão. O que temos que considerar é o ganho indireto com a medida. Um real não tão valorizado, benefia as nossas exportações e por conseqüência a indústria nacional, ademais, o dinheiro taxado é aquele de cunho especulativo, e a tendência de queda na Bolsa é passageiro, até porque, quem aplicar nestas empresas nas Bolsas do exterior estará fora do tributo. A idéia central é criarmos um mercado interno forte e nos posicionarmos nas exportações, principalmente de manufaturados. Na realidade, IOF é um imposto regulatório, regulando o fluxo de capital, a idéia do tributo seria para diminuir seu impacto, e não como alguns alegam qeu o objetivo principal seria arrecadação.

Dólar sobe e bolsa cai com imposto sobre capital estrangeiro

Da BBC Brasil em Brasília – Diante da cobrança de imposto sobre o capital estrangeiro, que entrou em vigor nesta terça-feira, o dólar apresenta sinais de valorização.

Pela manhã, a moeda americana era negociada a R$ 1,74 (para compra), com alta de 1,81%. Por sua vez, o índice Bovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, operava em baixa de mais de 4% no início da tarde.

A cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) foi anunciada na segunda-feira pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Os investimentos estrangeiros em bolsa e títulos do governo foram taxados em 2%.

O objetivo, segundo o ministro, é evitar um “excesso” de aplicações no Brasil e que é preciso “desestimular a sobrevalorização da moeda brasileira, o que prejudica as exportações e o emprego no país”.

O economista chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, diz que a reação do dólar na manhã desta terça-feira, apesar de expressiva, não deverá se sustentar nas próximas semanas.

“O que estamos vendo é uma reação de curto prazo, o que é natural. Não acredito que essa medida seja suficiente para manter esse movimento nas próximas semanas”, diz o economista.

Ainda de acordo com Borges, a principal consequência da cobrança do IOF sobre capitais estrangeiros será o “aumento da arrecadação”. O governo pode aumentar em até R$ 4 bilhões seu caixa, no período de um ano, com a cobrança do imposto.

Recuperação

O atual ritmo de valorização do real começou em março, mês em que os indicadores econômicos no país mostraram os primeiros sinais de recuperação frente à crise financeira.

Com os bons resultados da economia brasileira, investidores estrangeiros voltaram a procurar investimentos no país, sobretudo na bolsa de valores e em títulos públicos.

De janeiro a outubro deste ano, as entradas de dólares superaram as saídas em US$ 4,418 bilhões, segundo dados do Banco Central. No mesmo período do ano passado houve déficit de US$ 29,465 bilhões.

Esse resultado, somado ao saldo na balança comercial e à entrada de investimentos diretos, aumentaram o volume de dólares em circulação no país, pressionando a cotação da moeda estrangeira para baixo.

Tendência

Na avaliação do professor de Finanças da FGV-Rio, Ricardo Araújo, “a queda do dólar veio para ficar”.

“Podemos até ter algumas correções ao longo do caminho, mas o fato é que temos eventos importantes pela frente que vão continuar puxando a cotação da moeda americana para baixo”, diz.

Entre esses eventos, o professor cita o crescimento econômico do país no próximo ano, além dos investimentos no pré-sal e a Olimpíada de 2016, todos atraindo ainda mais dólares ao Brasil. “Precisamos aprender a conviver com um real mais valorizado”, diz.

O economista da LCA diz que o controle “efetivo” do câmbio exige “atitudes mais fortes”. “Um exemplo é a formação de poupança pública”, diz.

Uma “sobra” de dinheiro permitiria que o governo financiasse internamente sua dívida, diminuindo a necessidade da entrada de capitais estrangeiros.

“Estamos falando de economia, ou seja, redução de gastos. E o governo não parece ter esse tipo de compromisso no momento”, diz. agencia estado

Rizzolo: Bem, da forma em que estava não poderia continuar. Há muito tempo este Blog, já nos meu comentários em Conjuntura Econômica, na Agência Estado, alertava para o fato de que com a enxurrada de dólares, a valorização do real seria tal que inviabilizaria qualquer indústria nacional. Aliás, qualquer tentativa hoje de se falar na defesa da indústria nacional, os especuladores o rotulam de ” nacionalista” tentando classifica-lo como retrógado, o que é uma grande idiotice.

O governo tomou as medidas necessárias num contexto em que o Brasil se tornou um dos principais emergentes em investimentos estrangeiros. A preservação do nosso parque industrial, é algo primordial, e sem políticas restritas de entrada de capital especulativo, a valorização cambial é algo extremamente danoso.

É bem verdade que o IOF incide apenas em aplicações no Brasil, portanto se nvestidor comprar ações na Bolsa dos EUA o imposto não incidirá, provavelmente esta é uma das primeiras medidas a serem tomadas na proteção cambial, entendo que outras virão, até porque esta apenas não será suficiente. Esta subida do dólar não tem sustentação. Vamos proteger nossa indústria e criarmos um potente mercado interno, esse é o caminho!

Jobim questiona promessa francesa de transferência integral de tecnologia para caças

O ministro Nelson Jobim (Defesa) questionou nesta quinta-feira a promessa feita pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, de que a Dassault vai transferir 100% de tecnologia se vencer a licitação para fornecer caças para a FAB (Força Aérea Brasileira). Ele lembrou que a Dassault é uma empresa privada e o governo francês tem ações preferenciais, sem direito a voto.

No entanto, Jobim voltou a admitir a preferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela proposta francesa.

Segundo o ministro, isso ocorre em função da parceria estratégica firmada entre os dois governos. Ao lembrar que a Dassault não é uma empresa estatal, observou que somente a abertura das propostas vai permitir verificar se a promessa de Sarkozy será cumprida.

“Temos a afirmação do presidente Sarkozy de transferência irrestrita de tecnologia. Quero ver o que significa irrestrita na proposta que a Dassault faz, porque, observem bem, a empresa é privada, não é estatal. As ações que o governo francês tem são preferenciais, sem direito a voto”, afirmou, após participar da abertura da 10ª Convenção Nacional da Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra).

Jobim reiterou que a Aeronáutica avaliará vários aspectos das propostas, mas que a parte referente à transferência tecnológica será fundamental para a escolha da vencedora.

Estratégia

A respeito da estratégia nacional de defesa, aprovada no ano passado, Jobim informou que deverá fechar dentro de dois meses a conta a respeito do volume de investimentos que serão necessários para tirar o programa do papel. Ele explicou que o montante não vai superar o equivalente a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual.

“Estamos levantando um estudo para fazer o cronograma físico e financeiro de todo o projeto”, disse.

O plano prevê ações, ao longo de 20 anos, de modernização e ampliação dos elementos que compõem a defesa do território brasileiro, na esfera da Forças Armadas. Defendendo a adoção de um planejamento de longo prazo, Jobim disse que o plano é “arrogante” do ponto de vista de que serve para acabar com o “complexo de vira-latas” do Brasil.

Folha online

Rizzolo: Como já afirmei inúmeras vezes desde 2007, transferência de tecnologia de ponta, não existe, mormente em se tratando de equipamento bélico. Finalmente alguém do governo admite aquilo que eu, há tempo venho afirmando. Na verdade o que a França quer com toda essa conversa, são os vultuosos valores do contrato, depois, é claro, vão alegar inúmeras causas para justificar a não transferência. Até porque para transferir conhecimento é necessário ter na outra ponta, estrutura pessoal, tecnológica, suporte para absorção desta tecnologia e isso será o argumento utilizado. Pouco interessa se há acordo bilateral, se a empresa francesa é privada, as chances são remotas. Melhor seria parceria com a Rússia, estes sim poderiam nos ajudar, com tecnologia, e boas intenções.