Nacionalismo econômico

*por Fernando Rizzolo

Deu no jornal britânico Financial Times: “a economia brasileira desacelerou e agora ‘rasteja’ com uma expectativa de expansão de apenas 2% este ano”. Poderíamos indagar o porquê dessa mudança na expectativa econômica do Brasil e nos lançar, bem ao estilo do Ministro da Economia, a culpar a crise internacional, os banqueiros, num exercício defensivo de simples argumentação.

Já se podia imaginar que os fatores econômicos que afetaram os países desenvolvidos um dia pudessem chegar, como de fato chegaram, aos países emergentes. Porém, é mister salientar que o que ocorreu no vislumbre macroeconômico do Brasil neste ano foi muito mais do que um impacto advindo da crise internacional. Foi, sim, uma participação política e econômica de alguns grupos empresariais, que cobraram uma postura protecionista do Ministro da Economia na defesa da indústria nacional, apelando para a velha proposta de desvalorização da moeda como um ganho secundário nacionalista-econômico que, na realidade, pouco resultado concreto surtiu.

Com efeito, as medidas adotadas com o intuito de evitar a entrada de dólares e conter a valorização do real como a elevação do prazo de cobrança do IOF em empréstimos externos e outras, acabaram trazendo muito mais instabilidade no âmbito da confiança dos investidores internacionais do que as expectativas em relação às medidas, esvaziando assim o discurso nacionalista de parte do empresariado brasileiro, e deixando pouca margem de manobra para o resgate da confiabilidade em investimentos que havia no Brasil antes de toda essa movimentação político-econômica.

Temos, na verdade, problemas cruciais a serem enfrentados no âmbito da competitividade dos nossos produtos no mercado externo, a exemplo do custo Brasil, que envolve a infraestrutura, a imensa carga tributária, os custos trabalhistas, e, o pior, a costumeira vontade política de fazer da economia um acervo de propostas que vão ao encontro dos interesses de alguns, muitos dos quais financiadores de campanhas políticas, que acabaram quebrando a continuidade da segurança e confiabilidade da condução monetária que deveria se pautar exclusivamente no aspecto técnico das medidas econômicas.

Acreditarmos apenas no mercado interno e em um real desvalorizado não nos levará a enfrentar os problemas advindos do desaquecimento da economia mundial; se assim agirmos, perderemos a oportunidade da discussão enriquecedora pautada nas nossas deficiências na produção industrial, numa logística moderna de infraestrutura, e em todos os setores que englobam essa cadeia na viabilização da competitividade nacional dos nossos produtos no mercado externo.

Expandir a economia ao redor de 2% é rastejar não apenas no crescimento, mas também aos desígnios da capacidade de transformação de algo técnico como a economia, em pura moeda de troca, cedendo dessa forma a antigas sugestões nacionalistas, que outrora rastejaram no nosso país, provando a história de que as medidas que promovem o caminho mais curto e simples acabam sendo, na realidade, as que imitam as decisões errôneas cometidas no passado, que culminaram e contribuíram com nossa atual inoperância produtiva e competitiva, tudo por rastejar ao velho e sempre à mão nacionalismo de oportunidades……..

Otimismo, o PIB e o Câmbio

Quando todos, já embalados pelo otimismo do governo, concordavam com o presidente que a crise econômica que assolou o país neste ano não passava de uma simples “marolinha”, a notícia sobre o aumento do PIB no terceiro trimestre intensificou ainda mais esse sentimento de otimismo no povo brasileiro, pois, de acordo com o governo, tal aumento deveria superar as expectativas. Contudo, segundo a revisão de dados do IBGE, foi apontada uma queda de 2,1%, em lugar de 1,8%, do PIB no primeiro trimestre e de 1,6%, em vez de 1,2%, no segundo, o que gerou uma frustração geral.

A primeira delas porque ficou comprovado que o empresariado, os economistas e os analistas se renderam muito mais aos impulsos otimistas da era Lula do que aos números reais da economia, os quais podem ser revistos de uma hora para outra e nos levar a uma triste realidade econômica. A segunda frustração – esta já tão contestada por parte de muitos empresários e especialistas – foi que as altas taxas de juros – o grande vilão da história – realmente contribuíram para o resultado obtido, freando o desenvolvimento do mercado interno e prejudicando nossa capacidade de exportação.

Muito embora o desempenho da nossa indústria tenha sido o mais forte entre os setores de produção (2,9% ou 12,1% anualizados), o triste resultado da agropecuária colaborou para o menor crescimento do PIB, em função da valorização do real, que está diretamente relacionado às altas taxas de juros reais, e da queda dos preços no mercado internacional, o que, de certa forma, potencializou o baixo desempenho desse importante setor.

Com efeito, o PIB de 2009 vai depender do resultado do quarto trimestre, mas com certeza será ligeiramente inferior a 1%. Diante desse quadro, só nos resta confirmar que a política macroeconômica que culminou com a valorização de 100,64% do real na era Lula, em função das altas taxas de juros, prejudicando o consumo interno e essencialmente as exportações, deverá ser revista. A pretensa acomodação e a argumentação de que mesmo com os juros no atual patamar a economia deslanchava de vento em popa caíram por terra.

Portanto, resta-nos agora não só rever os valores do PIB, mas também visualizarmos uma nova concepção monetária que priorize as exportações, principalmente as do setor agropecuário, setor este mais afetado, de maior risco e que sempre contou com diversos fatores do otimismo: o realismo, o fatalismo climático, as chuvas, o investimento de risco e a sorte. Otimismo em excesso e números reais que surgem da noite para o dia causam, da mesma forma, os efeitos devastadores a que os agricultores estão habituados: a perda da colheita ou a perda da esperança.

Fernando Rizzolo

Uma bolha chinesa nos aguarda ?

Recentes dados demonstram que o ritmo de crescimento da economia chinesa desacelerou para 9% no terceiro trimestre de 2008 em relação a igual período de 2007, o menor patamar em cinco anos, em razão da crise financeira internacional e da política monetária restritiva em vigor até o mês passado, ou seja, depois de crescer 12% em 2007, o país caminha para fechar o ano com expansão em torno de 9%, índice semelhante ao registrado em 2002.

O governo chinês está diante do desafio de gerar empregos para uma população equivalente à do Canadá todo ano. Como a economia mundial está ruim, suas exportações começam a cair; conseqüentemente, o país precisa estimular a demanda interna. Na verdade, isso não é fácil empreender numa economia como a chinesa, onde as pessoas têm o hábito de poupar 50% da sua renda. Outro aspecto dessa questão, é que surgiu uma nova classe média na China, cujas expectativas precisam ser correspondidas nessa nova fase da economia.

A alta da inflação na primeira metade do ano, levou o Banco do Povo da China a aumentar a taxa de juros e a reduzir o volume de dinheiro à disposição dos bancos para concessão de empréstimos. Além da restrição ao crédito, os exportadores enfrentaram a valorização do Yuan em relação ao dólar e o aumento dos custos trabalhistas decorrente da Lei do Contrato de Trabalho, que entrou em vigor em janeiro. A cotação da moeda chinesa teve alta de 6,5% em 2007 e de 6,8% em 2008.

O problema se agrava quando sabemos que a China não tem um monitoramento econômico de qualidade, não havendo um acompanhamento minucioso e transparente dos resultados domésticos. Esta ausência de medidores com maior precisão faz com que a incerteza seja maior. Com a diminuição de suas exportações, a China se verá forçada a dirigir sua produção para o mercado interno pouco consumidor, e não capaz de absorver sua total produção.

Os efeitos no exterior com uma recessão da China são devastadores. A China é o maior comprador de minério de ferro e soja exportados pelo Brasil e está prestes a substituir a Argentina no posto de segundo maior mercado para as vendas brasileiras ao exterior. Com um crescimento menor, a China vai reduzir a demanda por matérias-primas para sua indústria, o que vai afetar as exportações do Brasil.

Além de uma preocupação econômica, existe um componente político a ser analisado na China; haverá com certeza num cenário recessivo, pressões políticas internas de grande proporção, que poderão desencadear processos de endurecimento ainda mais do regime chinês. O grande desafio chinês será estimular a demanda interna, com aumento de investimentos e do consumo, para contrabalançar a queda nas exportações; da mesma forma, teremos que conduzir nossa política macroeconômica no Brasil, dentre outras medidas, fortalecendo e aumentando o nosso mercado interno; muito embora a exegese do nosso problema, esteja muito mais focada na questão cambial e na escassez de crédito.

Exportando menos para a China, e vivenciando um quadro recessivo global, teremos que rever os investimentos, os gastos públicos, e torcer para que a China contorne os efeitos recessivos de sua crise. Na verdade uma bolha chinesa seria capaz de nos afetar muito mais do que as desventuras econômicas dos EUA, devido aos irresponsáveis derivativos tóxicos; que acabaram por assim, intoxicando a esperança de consumo e de desenvolvimento dos países emergentes.

Fernando Rizzolo

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Recessão nos EUA fecha duas fábricas de brinquedo na China

PEQUIM – Duas grandes fábricas de brinquedos no sul da China fecharam suas portas nesta semana em razão da crise nos Estados Unidos, o principal destino de suas exportações, deixando 6.500 pessoas desempregadas. As falências são as maiores registradas em um setor que enfrenta dificuldades desde o primeiro semestre do ano, quando metade de seus pequenos exportadores fecharam as portas.

Centenas de trabalhadores realizaram protestos nesta sexta-feira, 17, na cidade de Dongguan, onde estão as duas fábricas da Smart Union que deixaram de funcionar. Os operários exigiam explicações e o pagamento dos salários de setembro e outubro.

Além da turbulência global, as empresas chinesas enfrentaram uma série de problemas domésticos no primeiro semestre, o que provocou desaceleração do crescimento do país.

Na segunda-feira, o governo chinês anuncia o resultado do PIB do período de julho a setembro, que deverá ser o quarto trimestre consecutivo de queda do ritmo de expansão da economia. Na primeira metade do ano, o crescimento foi de 10,4%, abaixo dos 12% de 2008.

A China produz cerca de 80% dos brinquedos consumidos em todo o mundo e a maioria de suas fábricas trabalha como subcontratadas das grandes marcas mundiais, como Disney e Mattel.

Segundo representantes da Smart Union, a principal razão para o fechamento das duas unidades é a grande dependência em relação ao mercado dos Estados Unidos, país imerso na mais grave crise financeira desde o crash da Bolsa de 1929.

As margens de lucro dos exportadores chineses encolheram a partir do início do ano, em razão da alta dos juros, da apreciação do yuan em relação ao dólar e do aumento dos custos trabalhistas.

Na avaliação da Smart Union, o custo por empregado subiu 12% quando entrou em vigor a nova Lei de Contrato de Trabalho, em janeiro.

Estatísticas oficiais indicam que 3.631 exportadores de brinquedos do sul da China fecharam suas portas no primeiro semestre, o equivalente a 52,7% do total. A grande maioria era de pequenas e médias empresas, com volume de vendas ao exterior inferior a US$ 100 mil ao ano.

No início de outubro, o governo de Dongguan criou um fundo de 1 bilhão de yuans (US$ 147 milhões) para socorrer as pequenas e médias empresas em dificuldades.

As autoridades de Pequim abandonaram em julho a política de valorização do yuan, enquanto os juros começaram a cair em setembro, com o agravamento da crise internacional.

O sul da China é a principal base de produção de bens de exportações intensivos em mão-de-obra, como brinquedos, calçados e têxteis. Também é o local da Feira de Cantão, o principal evento de exportações do país, que teve início nesta semana com uma brutal queda de visitantes.

O vice-ministro da Comissão Nacional de Reforma e Desenvolvimento, Du Ying, afirmou na quinta-feira que o governo deverá anunciar em breve uma série de medidas para amenizar o impacto da crise mundial e estimular a atividade econômica.

De acordo com Du, o pacote deverá incluir o aumento do crédito para o setor imobiliário e o fim das restrições para compra de um segundo imóvel.
Agência stado

Rizzolo: Em mais de uma ocasião, este Blog chegou a comentar a possibilidade de uma eventual ” bolha chinesa”; e a plausibilidade desta hipótese agora é robusta. Todos sabem que os ” derivativos tóxicos” estão espalhados pelo mundo, e que a China por sua economia estar muito atrelada a dos EUA e dos países desenvolvidos, enfrentará uma diminuição de suas exportações.

O excedente desta produção deverá ser direcionada para o mercado interno chinês, que é altamente poupador, e que não tem a característica de consumo, muito embora a economia chinesa seja mais planificada em função do regime. A recessão diminuirá o consumo interno, que por sua vez derrubará os preços das commodities ainda mais. Isso afetará principalmente os emergentes que em razão da demanda asiática, conseguiram os superávits na balança comercial, dentre eles o Brasil. Quando observamos uma eventual ” bolha chinesa”, fica evidenciado o caráter endógeno de geração de crises do capitalismo, até nas economias mais planificadas do planeta.

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Governo dos EUA deve gastar US$ 125 bi na compra de ações de nove bancos

O Departamento do Tesouro dos EUA anunciou nesta terça-feira que os nove grandes bancos que aceitaram vender ações para o governo absorverão US$ 125 bilhões, metade do valor oferecido pelas autoridades para o sistema financeiro nesta primeira etapa, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias France Presse.

O governo americano anunciou hoje o desbloqueio de US$ 250 bilhões –do total de US$ 700 bilhões para entrar no capital de instituições em dificuldades que aceitarem entrar no programa. “Nove grandes instituições financeiras já anunciaram sua intenção de fazer parte do programa, no valor total de US$ 125 bilhões”, informou o Tesouro em um comunicado.

Os nove grupos seriam: Goldman Sachs, Morgan Stanley, JP Morgan Chase, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo, Bank of New York Mellon, State Street e Merrill Lynch (vendido ao Bank of America no mês passado).

O anúncio da compra das ações preferenciais de bancos pelo governo foi feito hoje pelo presidente americano, George W. Bush. Ele disse que essa medida e outras, como garantias a empréstimos bancários, “são ações inteligentes e têm todo o apoio dos EUA”.

O novo capital a ser injetado nos bancos “vai ajudar a que os bancos façam empréstimos a empresas e pessoas e a compensar as perdas ocorridas durante a crise financeira”, disse Bush.

Já o secretário do Tesouro, Henry Paulson, confirmou o plano, mas disse lamentar ter de tomar ações que levem à intervenção do governo no setor financeiro, mesmo considerando que essas medidas “são o que precisamos para restaurar a confiança em nosso sistema financeiro”.

“Lamentamos ter de tomar essas ações. As medidas de hoje são o que jamais quisemos fazer –mas elas são o que precisamos fazer para restaurar a confiança em nosso sistema financeiro”, disse o secretário, em um pronunciamento no qual foi acompanhado pelo presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, e pela presidente da FDIC (Corporação Federal de Seguro de Depósito, na sigla em inglês), órgão do governo que garante operações do setor bancário americano, Sheila Bair.
Agência Estado

Rizzolo: Bem, lamentar que há se ter uma intervenção do governo, é ainda não estar convencido de que não há outro remédio. Entendo que essas intervenções, ou declarações só tendem a atrapalhar o fator confiabilidade. Melhor fez a Europa em comprar ações dos bancos e ter em alguns casos o controle das instituições, já os EUA, em sua postura menos intervencionista resolverá com o dinheiro do contribuinte.

Nesse aspecto entendo que o momento é de regulação profunda, até porque a dinâmica regulatória, através dos anos – de 80 para cá não – acompanhou as ” inovações ” do mercado promovendo o surgimento desses ” derivativos tóxicos “. Chegou a hora da limpeza, tem muito CDS ( Credit Default Swap) voando pelo mundo. Prova de que quanto maior a regulação nesse momento é melhor, são as declarações de Soros na Bloomberg.

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Ajuste cambial fará bem ao Brasil, diz Lula

Madri – Ignorando a bolha cambial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o “ajuste do dólar fará bem” para a economia brasileira. Com a crise tendo levado o dólar de R$ 1,56 para R$ 2,34 em uma semana, o próprio governo estima que 200 empresas sofrerão com a diferença em suas operações e há quem alerte que o câmbio possa ser o “subprime” brasileiro.

“O dólar vai achar seu ponto de equilíbrio conforme a economia encontre seu ponto certo. Essa é a vantagem de um câmbio flexível”, disse Lula. Ele, ainda assim, admite que a subida do dólar “foi positiva” para a economia de um modo geral, e principalmente para as exportações. Ele lembrou da época em que era oposição e que pedia que o dólar ficasse num patamar específico. “Isso eu sei que não dá mais”, afirmou.

“Vamos continuar com nossas previsões de que exportaremos mais de US$ 200 bilhões neste ano”, afirmou. A crise teria afetado a capacidade de crédito para as exportações. Ele ainda destacou que o aumento das importações não devem ser considerados como um problema. “Estamos importando máquinas. Isso significa que estamos comprando para produzir mais”, disse. Nos últimos meses, o superávit comercial do Brasil vem caindo e a Organizacao Mundial do Comércio (OMC) já estima que será dificil sua manutenção se os preços das commodities sofrer uma queda importante.

Fim do Dólar – Lula ainda afirmou que estava na hora de países emergentes pararem de usar o dólar como forma de garantir o intercâmbio entre suas economias. “POrque é que Brasil e Índia precisam usar o dólar? Porque é que não podemos converter as nossas moedas diretamente? Vamos começar a discutir essa possibilidade com vários governos”, disse.

Ele apontou para o exemplo do Brasil e Argentina, que abriram a possibilidade para que empresas possam usar as moedas dos dois países para pagar por exportaçoes e importações. “Levamos mais de um ano para chegar a isso. Mas vamos agora começar a discutir a possibilidade de levar isso também ao resto do Mercosul, primeiro. Depois, a idéia é de que seja usada em toda a América do Sul”, afirmou.

Ele não descarta que será um trabalho “difícil”. “Mas o nosso Banco Central vai ter de ser usado para ajudar nesse sentido”.
Agência Estado

Rizzolo: Contrariando o comentário do presidente, a desvalorização do dólar não é nada bom para a economia, é um componente inflacionário perigoso. Se por um lado existe um alívio da taxa a favor das exportações, isso é neutralizado pela falta de crédito, e pelo alto custo financeiro que será embutido nos preços. Hoje existe um problema de liquidez no País, e o dólar no patamar que está já preocupa os analistas. Outra questão, é saber se os bancos realmente irão emprestar o dinheiro do compulsório, porque queimar as reservas para preservá-los e até que patamar, é discutível.

Agora, a proposta do presidente em acabar com dólar nos emergentes, só pode ser uma brincadeira; o lastro da moeda americana é tão forte que o problema é exatamente tê-lo em suficiência, a visão latino americana de que os emergentes são autos suficientes faz parte da cartilha petista romântica. A trégua nos mercados veio da Inglaterra na disposição de resolver os problemas de forma mais simples. No Brasil o juro médio do empréstimo pessoal subiu para 6,04% ao mês em outubro, a maior taxa média desde junho de 2003 (6,22%). Na Europa, os ganhos também são menores: Londres, 0,65%; Alemanha, 1,04%; e França, 1,36%. Coincidentemente, as quedas aconteceram justamente após as falas de Bush, Bernanke e Paulson.

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