SÃO PAULO – O recorde de popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva registrado nas pesquisas CNI/Ibope e CNT/Sensus passa a idéia de uma imunidade da imagem do presidente a todas as questões e temas polêmicos em discussão, mas este quadro pode se reverter caso a crise financeira mundial chegue com força no País. “Até agora sim (imune). Num futuro, só se essa crise vier acompanhada de um cenário muito ruim, de recessão, desemprego generalizado. Essa seria a única chance dessa crise contaminar o presidente”, disse ao estadao.com.br o cientista político da UnB, Leonardo Barreto.
Barreto disse que os índices de aprovação são, na verdade, voto de confiança do eleitor sobre a postura do presidente frente aos efeitos da crise. “Primeiro ele negou a crise, e depois quando a crise apertou de fato, ele disse, vamos sair dessa, na medida em que todo mundo comprar a gente vai saindo. Ele tomou medidas para manter o nível de consumo. Não é só questão da imagem, carisma esta ligada a crença de que aquela pessoa ali tem capacidade de superar as dificuldades, isso que faz o líder.”
O cientista político da UnB explica que as pessoas se identificam com presidente Lula porque ele é o projeto do homem brasileiro. E vai além: “Estamos diante de um fenômeno que está no patamar do Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek. Daqui a vinte anos vamos falar dele, vai até virar minissérie.”
Para Aldo Fornazieri, cientista político e diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o maior segredo de Lula é a liderança carismática associada ao bom desempenho da economia e às políticas na área social, com programas como o Bolsa-Família. O cientista não acredita que a crise afetará a popularidade do presidente. “Teremos um primeiro semestre complicado, mas a partir do segundo semestre teremos um processo de recuperação econômica e, em 2010, o Brasil deve crescer de 4% a 5%. Se houver desgaste ou perda de popularidade no próximo ano, País vai se recuperar em 2009”, avaliou.
Fornazieri diz ainda que o Brasil tem uma carta na manga, a taxa de juros. “Temos a taxa mais alta do mundo e, por isso, ela pode se tornar um trunfo na medida em que a inflação está controlada. Aí o BC pode começar uma escala descendente da taxa de juros, potencializando e beneficiando a economia, o que possibilitará uma saída para a crise no Brasil mais rápida que em outros países”, afirmou.
Sobre Dilma
O cientista político discorda que seja um problema para o PT e para a sucessão de Lula o fato de quase metade dos entrevistados da pesquisa CNT/Sensus não conhecerem Dilma. Para ele, o problema para o presidente e a base governista é outro: “A oposição tem um candidato muito consolidado que é o Serra (José Serra, governador de São Paulo). Esse é um problema”. Serra aparece liderando as preferências do eleitorado em 2010, segundo levantamento. Outro ponto ressaltado por Fornazieri é que Dilma só exerceu cargos técnicos e nunca políticos.
Agência Estado
Rizzolo: Tenho sempre dito desde o início deste Blog, quando ainda concordava com a maioria das questões e tomadas de posição do governo petista, que Lula sempre foi um grande líder. A partir deste ano, minhas divergências políticas se acentuaram, mas no tocante à pessoa do presidente Lula, seu carisma, e sua notável capacidade de se descolar do petismo nas horas certas, faz dele uma pessoa realmente especial. E não digo de hoje, quem acompanha este Blog sabe. É claro que Lula perdeu muito ao se afinar com o campo majoritário do PT, mas isso é um problema que o presidente tem que enfrentar ele deverá ser hábil em fazer. Já no tocante ao encaminhamento da crise, o presidente tem sido um otimista, e isso funciona, é claro, até quando o desemprego não bater na porta da maioria. Essa é a realidade.