Persistir no erro é ‘burrice’, diz Fiesp sobre juros; Força Sindical também critica

A Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) divulgou nota em que diz que “errar é humano, mas persistir no erro é burrice”, em relação ao aumento de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) anunciado pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) na noite desta quarta-feira.

“O aumento (na Selic) é antes de tudo um erro. No mesmo dia em que o IBGE informa crescimento de 6% do PIB no primeiro semestre de 2008 -um ensaio ainda tímido quando olhamos os demais países emergentes-, o Banco Central persiste no erro de comprometer o futuro do Brasil”, afirma a Fiesp em comunicado divulgado à imprensa e assinado pelo presidente da instituição, Paulo Skaf.

Segundo a Fiesp, o Copom voltou a usar como argumento para a alta dos juros a necessidade de brecar a inflação, entretanto, não se trata de aumento de custos internos, mas de uma inflação “importada do exterior em razão dos preços das commodities internacionais, particularmente nos alimentos”, afirma.

A Fiesp diz ainda que o governo está repetindo uma “sucessão de erros”, sem considerar que a inflação no Brasil já está mais branda.

Central sindical
Em nota oficial, a Força Sindical também criticou o aumento dos juros. “O aumento da taxa Selic determinado pelo Banco Central é desproporcional às expectativas de disparada da taxa inflacionária”, avalia a Força, em nota assinada por seu presidente, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Para a entidade, a subida dos preços das mercadorias foi provocada pela redução da oferta e não pela demanda. “Por isso o aumento do juro básico é colossal, inoportuno e inconveniente.”

A central diz que vai lutar por redução dos juros e melhores salários. Além disso, defende a mudança da política econômica.
Folha online

Rizzolo: É lógico que é burrice, mas sob o ponto de vista dos especuladores, não é burrice, é lucro. Ora, todo mundo sabe que o Copom está aí para fazer o jogo da especulação, até a Fiesp, imaginem. E nada, insistem em brecar o desenvolvimento do País, do mercado interno, do emprego. Quanto ao presidente, alega sempre que há ” autonomia do Banco Central ” como que ” lavasse suas mãos “. Mas que poder é este que faz o povo brasileiro pensar que Lula ” ganhou mas não levou”? Já fui por demais repetitivo neste Blog , chegando a cansar nas minhas reflexões em relação a esta questão, que sinceramente, não tem explicação a não ser os interesses de alguns, e o silêncio de outros como do PT. O presidente da Fiesp, Paulo Skaf, atribuiu o comportamento a “pura vaidade”.
“Está claro que o aumento de juros da última vez foi um erro. Não há razão nenhuma para aumento de juros hoje. Se eles aumentarem é por pura vaidade, querer mostrar que não erraram na vez anterior”, afirmou Skaf. Observem a que ponto chegamos, a Fiesp quer o desenvolvimento e o PT fica quieto, tão quieto quanto em relação às manobras russas, engraçado, não?

Fatores externos fazem inflação recuar, não os juros de Meirelles

Assim com aumentaram, os preços dos alimentos caíram pela ação dos especuladores em Chicago

A queda geral da inflação, confirmada por todos os índices, impõe, necessariamente, uma conclusão: “esse recuo da inflação nada tem a ver com os aumentos da taxa básica de juros conduzidos pelo Banco Central desde abril”, como disse em uma de suas análises o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), uma entidade de empresários. Ou, nas palavras do ex-ministro Delfim Netto – “Uma coisa é certa: se a inflação voltar à meta de 4,5% no início de 2009 não será devido à ‘tempestiva precipitação’ [do BC], mas a fatores externos, a não ser que seja o aumento de juros no Brasil que está derrubando o preço das ‘commodities’ em Chicago…”.

Delfim refere-se à última ata do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), onde se diz que “a estratégia adotada visa trazer a inflação de volta à meta central de 4,5% tempestivamente”. Em seguida, afirma-se que o aumento de juros só agirá sobre a inflação no fim deste ano e no início do próximo.

O aumento localizado da inflação teve origem externa. A queda atual, também. Os aumentos de juros do BC tiveram como efeito perturbar o crescimento e promover um charivari no câmbio, prejudicando o saldo comercial, portanto, as contas externas. Mas eles nada tiveram a ver com a queda da inflação. Têm a ver com a drenagem de recursos do Tesouro para os bancos, principalmente os externos, via juros – além da intenção de facilitar a vida dos tucanos na eleição de 2010, freando o crescimento implementado pelo presidente Lula.

O preço dos alimentos – principal setor onde houve aumento da inflação – começou a cair porque os especuladores, centralizados na Bolsa de Chicago, começaram a se livrar dos papéis lastreados neles, por medo de que daqui a pouco não possam vendê-los por preço maior do que aquele pelo qual os compraram.

A especulação nas “bolsas de futuros”, onde se aposta qual será o preço de tal ou qual alimento depois de um determinado prazo, tem sido um dos principais, senão o principal fator que tem catapultado esses preços para o espaço sideral, já que nesse cassino jogam os próprios monopólios que dominam o comércio mundial desses produtos, assim como os bancos vinculados a eles.

A queda dos preços que se verifica no momento corresponde à banal lógica da especulação: compram-se títulos quando seus preços estão baixos para vendê-los quando seus preços atinjam o máximo possível. O problema é que ninguém sabe por antecipação quando é o momento do “preço máximo”, porque especuladores não são adivinhos. Mas se alguns desconfiam que chegou esse momento, ou está próximo, começam a vender seus papéis – e os colegas de ofício os acompanham, apavorados com a perspectiva de serem os últimos, ou seja, de ficarem com o mico na mão sem ter a quem vendê-lo ou tendo que vendê-lo abaixo do preço pelo qual foram comprados.

Daí a queda atual nos preços dos alimentos, depois de uma contínua alta nos últimos anos – e principalmente nos últimos meses, após a erupção da crise norte-americana das hipotecas, quando muitos especuladores fugiram dos títulos lastreados nelas, querendo compensar as perdas com os papéis lastreados nos alimentos.

Assim são, enquanto o país não estabelecer mecanismos de proteção, as elevações e quedas da especulação mundial – a manipulação dos especuladores faz com que os preços se elevem e depois caiam, com alguns se dando bem e a maioria se retirando, provisória ou permanentemente, para a rua da amargura. Aliás, numa dessas Meirelles foi “aposentado” da presidência do BankBoston, depois que, na crise argentina de 2001, deixou o banco e seus clientes ficarem com o mico na mão. Mesmo com De la Rua fazendo jus ao seu nome, ele achava que tudo voltaria a ser como dantes na grande nação do Prata…

CARLOS LOPES
Hora do Povo

Rizzolo: O excelente texto do jornalista Carlos Lopes, desnuda o que realmente ocorre com a questão inflacionária no Brasil. Não resta a menor dúvida que o componente externo é sim o fator preponderante na queda da inflação, de fato, os especuladores da Bolsa de Chicago, começaram a se desfazer dos papéis vinculados a algumas commodities relacionadas aos alimentos, fazendo o preço cair. A política monetária do Banco Central serviu apenas para emperrar ainda mais o desenvolvimento do País e de certa forma contribuir para uma maior especulação interna, alem de criar obstáculos às exportações face ao real valorizado. O mais interessante é o silêncio de Meirelles e do Copom desde que a inflação começou a ceder.