O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste sábado que a crise internacional dos alimentos é um desafio “positivo” para o país. “Se essa crise dos alimentos é um problema para alguns, para nós é uma oportunidade extraordinária”, disse ele, em discurso durante a posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo).
Economistas atribuem a alta da inflação global ao encarecimento das commodities agrícolas em todo o planeta, bem com à disparada das cotações do barril de petróleo. A alta dos preços internacionais dos alimentos teve impacto inclusive sobre a inflação brasileira, que ameaça romper a meta estabelecida pelo governo para este ano e 2009.
Em seu discurso, o presidente afirmou que, para combater a alta dos preços, elevar a produção será a principal arma. A meta, segundo ele, é dobrar a produção da agricultura familiar até 2010.
“A palavra de ordem deste governo para combater a inflação e a crise americana é aumentar os investimentos em produção”, acrescentou.
O presidente Lula admitiu que o país vive um “clima preocupante” por causa da crise econômica dos EUA, mas afirmou que o Brasil está mais preparado para enfrentar o problema. “Há 8 anos, se os Estados Unidos espirrasse, nós pegaríamos uma pneumonia”, disse ele.
E após o fracasso da Rodada Doha, Lula não poupou os organismos internacionais de críticas. “No G-8 [reunião dos países mais desenvolvidos do mundo], ninguém falou da crise americana. Ah, se fosse o Brasil, a Bolívia, a Venezuela e a Argentina…estava todo mundo dando palpite, dizendo que o fazer”, disse ele.
Folha online
Rizzolo: O mais interessante no discurso de Lula é que ao mesmo tempo em que apregoa um combate da inflação via maior produção, o que é a lógica, impõe via BC um política de alta de juros extremamente perversa. Ora, se queremos combater a inflação com um aumento da produção precisamos começar pela queda dos juros. O aumento da produção de alimentos no Brasil é na verdade a grande oportunidade que temos de definitivamente definirmos nossa vocação de grande produtor agrícola. Apenas para frisar, temos que despertar a “oportunidade extraordinária” também em relação ao desenvolvimento do mercado interno brasileiro, e isso também passa pela queda das taxas de juros.