PIB chinês no 1º trimestre tem menor expansão desde 1992

PEQUIM, 16 de abril (Reuters) – A China iniciou 2009 com o mais fraco crescimento já registrado, mas uma recuperação em março sugere que a terceira maior economia do mundo pode ver tempos melhores à frente, afirmam analistas.

Um salto no empréstimo e no gasto público contrabalançou o colapso das exportações. A expansão do PIB foi de 6,1% no primeiro trimestre sobre o mesmo período do ano passado, abaixo da leitura de 6,8% registrada nos três meses anteriores.

O dado também ficou abaixo da previsão de analistas de 6,3% de crescimento e foi o menor da série iniciada em 1992.

Por outro lado, o governo não divulga o dado do Produto Interno Bruto (PIB) na comparação com o trimestre imediatamente anterior, mas economistas calculam que no primeiro trimestre esse crescimento ficou entre 5,3% e 6,2%, acima da alta de 0,9 a 2,5% calculada para o quarto trimestre do ano passado.

“A economia nacional em geral mostrou mudanças positivas, com uma performance melhor que a esperada”, disse Li Xiaochao, porta-voz da agência nacional de estatísticas, em entrevista coletiva.

Ele ressaltou, no entanto, que a queda das exportações está abatendo os lucros corporativos, reduzindo a receita do governo e atrapalhando a criação de empregos.

“A economia nacional está sendo confrontada pela pressão de uma desaceleração.”

Muitos economistas dizem que a retomada no fim do trimestre dá crédito às promessas do governo de que a China pode sobreviver à crise mundial e crescer 8% neste ano, um patamar visto como mínimo para gerar empregos no país.

Os dados abertos do PIB também forneceram otimismo aos analistas.

O crescimento na comparação anual do investimento em capital fixo saltou inesperados 28,6%, enquanto a produção industrial cresceu 8,3% em março, recuperando-se do recorde de baixa de 3,8% apurado entre janeiro e fevereiro.

“A economia começou a se beneficiar do fim do processo de desestocagem, assim como do pacote de estímulo do governo”, afirmou Mingchun Sun, do Nomura Global Economics em Hong Kong.

“Empréstimos bancários muito mais fortes que o esperado e o crescimento dos investimentos no primeiro trimestre sugerem que o crescimento será muito forte no segundo trimestre.”

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Rizzolo: O que observamos, é uma retomada da economia chinesa no final do trimestre, e isso nos leva a pensar que a China poderá sobreviver à crise mundial e ainda crescer 8% neste ano. Se isso se confirmar, estaremos num patamar mínimo de crescimento da China, mas aceitável. O governo chinês anunciou em novembro um plano de estímulo econômica de cerca de US$ 585 bilhões, com medidas fiscais e, sobretudo, grandes investimentos, principalmente em infraestruturas.

A economia brasileira depende bem mais do mercado chinês do que do próprio mercado dos EUA, e muito da relação do aumento dos preços das commodities está interligado ao crescimento da economia chinesa. O pacote de ajuda do governo ao Agronegócio vem em boa hora, precisamos estar atentos a uma eventual maior demanda por commmodities pelo mercado chinês.

Fatores externos fazem inflação recuar, não os juros de Meirelles

Assim com aumentaram, os preços dos alimentos caíram pela ação dos especuladores em Chicago

A queda geral da inflação, confirmada por todos os índices, impõe, necessariamente, uma conclusão: “esse recuo da inflação nada tem a ver com os aumentos da taxa básica de juros conduzidos pelo Banco Central desde abril”, como disse em uma de suas análises o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), uma entidade de empresários. Ou, nas palavras do ex-ministro Delfim Netto – “Uma coisa é certa: se a inflação voltar à meta de 4,5% no início de 2009 não será devido à ‘tempestiva precipitação’ [do BC], mas a fatores externos, a não ser que seja o aumento de juros no Brasil que está derrubando o preço das ‘commodities’ em Chicago…”.

Delfim refere-se à última ata do Comitê de Política Monetária do BC (Copom), onde se diz que “a estratégia adotada visa trazer a inflação de volta à meta central de 4,5% tempestivamente”. Em seguida, afirma-se que o aumento de juros só agirá sobre a inflação no fim deste ano e no início do próximo.

O aumento localizado da inflação teve origem externa. A queda atual, também. Os aumentos de juros do BC tiveram como efeito perturbar o crescimento e promover um charivari no câmbio, prejudicando o saldo comercial, portanto, as contas externas. Mas eles nada tiveram a ver com a queda da inflação. Têm a ver com a drenagem de recursos do Tesouro para os bancos, principalmente os externos, via juros – além da intenção de facilitar a vida dos tucanos na eleição de 2010, freando o crescimento implementado pelo presidente Lula.

O preço dos alimentos – principal setor onde houve aumento da inflação – começou a cair porque os especuladores, centralizados na Bolsa de Chicago, começaram a se livrar dos papéis lastreados neles, por medo de que daqui a pouco não possam vendê-los por preço maior do que aquele pelo qual os compraram.

A especulação nas “bolsas de futuros”, onde se aposta qual será o preço de tal ou qual alimento depois de um determinado prazo, tem sido um dos principais, senão o principal fator que tem catapultado esses preços para o espaço sideral, já que nesse cassino jogam os próprios monopólios que dominam o comércio mundial desses produtos, assim como os bancos vinculados a eles.

A queda dos preços que se verifica no momento corresponde à banal lógica da especulação: compram-se títulos quando seus preços estão baixos para vendê-los quando seus preços atinjam o máximo possível. O problema é que ninguém sabe por antecipação quando é o momento do “preço máximo”, porque especuladores não são adivinhos. Mas se alguns desconfiam que chegou esse momento, ou está próximo, começam a vender seus papéis – e os colegas de ofício os acompanham, apavorados com a perspectiva de serem os últimos, ou seja, de ficarem com o mico na mão sem ter a quem vendê-lo ou tendo que vendê-lo abaixo do preço pelo qual foram comprados.

Daí a queda atual nos preços dos alimentos, depois de uma contínua alta nos últimos anos – e principalmente nos últimos meses, após a erupção da crise norte-americana das hipotecas, quando muitos especuladores fugiram dos títulos lastreados nelas, querendo compensar as perdas com os papéis lastreados nos alimentos.

Assim são, enquanto o país não estabelecer mecanismos de proteção, as elevações e quedas da especulação mundial – a manipulação dos especuladores faz com que os preços se elevem e depois caiam, com alguns se dando bem e a maioria se retirando, provisória ou permanentemente, para a rua da amargura. Aliás, numa dessas Meirelles foi “aposentado” da presidência do BankBoston, depois que, na crise argentina de 2001, deixou o banco e seus clientes ficarem com o mico na mão. Mesmo com De la Rua fazendo jus ao seu nome, ele achava que tudo voltaria a ser como dantes na grande nação do Prata…

CARLOS LOPES
Hora do Povo

Rizzolo: O excelente texto do jornalista Carlos Lopes, desnuda o que realmente ocorre com a questão inflacionária no Brasil. Não resta a menor dúvida que o componente externo é sim o fator preponderante na queda da inflação, de fato, os especuladores da Bolsa de Chicago, começaram a se desfazer dos papéis vinculados a algumas commodities relacionadas aos alimentos, fazendo o preço cair. A política monetária do Banco Central serviu apenas para emperrar ainda mais o desenvolvimento do País e de certa forma contribuir para uma maior especulação interna, alem de criar obstáculos às exportações face ao real valorizado. O mais interessante é o silêncio de Meirelles e do Copom desde que a inflação começou a ceder.

Commodities caem e País deve rever estratégia comercial

GENEBRA – A queda nos preços das commodities pode obrigar o Brasil a rever sua estratégia para manter um superávit em sua balança comercial. Dados coletados pela Organização Mundial do Comércio (OMC) sugerem que a queda nos preços dos bens agrícolas pode reduzir “de forma substancial” o superávit brasileiro.

Para deixar a situação dos exportadores brasileiros ainda mais difícil, a Europa acaba de anunciar que terá uma safra que pode bater recordes em 2008, o que deve fazer com que os preços caiam ainda mais.

“O que estamos vivendo é uma correção nos preços das commodities, que estavam altos”, explicou Michael Finger, chefe da divisão de estatísticas da OMC.

“Com a alta de preços, muitos consumidores deixaram de comprar nos volumes que estavam acostumados, principalmente nos países ricos onde a desaceleração da economia é clara. O resultado é que o mercado se auto-regulou e os preços voltaram a cair”, explicou Finger.

Segundo a análise da OMC, mais da metade da alta registrada nas exportações nacionais nos últimos meses ocorreu graças aos preços, e não ao volume exportado.

O mesmo já havia ocorrido em 2007. No ano passado, o País registrou um crescimento das exportações de 17% em valor, com US$ 161 bilhões. Em volume, porém, o Brasil teve uma alta de suas vendas de apenas 6,9% em 2007.

Commodities salvaram as exportações

Nos primeiros quatro meses do ano, a alta nos preços das commodities salvou as exportações brasileiras e permitiu que o País tenha uma taxa de crescimento em 2008 acima dos índices da China, pela primeira vez em décadas. Em janeiro, as exportações tiveram alta de 20,9%, contra 26,4% em fevereiro. Na China, a alta foi de 21% nos dois primeiros meses.

Mesmo com essa expansão, o superávit já vinha caindo diante do crescimento das importações, uma das maiores entre as principais economias do mundo nos últimos seis meses.

Agora, sem o fator preço, o cenário promete ser bem diferente. “A expansão das exportações brasileiras pode não ocorrer nas mesmas taxas. O pico nos preços das commodities pode ter passado”, afirmou Finger.

Safra

Outro fator que deve atrapalhar as exportações brasileiras deve ser a retomada da boa safra na Europa em 2008. “Os produtos, incentivados pelos preços, plantaram mais e as perspectivas de safra na Europa são muito boas neste ano”, disse Finger.

Segundo dados da União Européia (UE), a safra de alimentos neste ano será 16% superior à de 2007. No ano passado, o clima pouco propício foi um dos motivos que levou à alta nos preços dos alimentos. Mas a previsão de 2008 está ainda bem acima da média de crescimento da safra nos últimos cinco anos. Em comparação à média da década, a alta é de 9%.

No setor de trigo, a safra deve ser 10,4% superior em 2008 em comparação a 2007. Em relação aos últimos cinco anos, a alta é de 6,1%. A produção de milho será 20,1% maior neste ano em comparação a 2007. O açúcar de beterraba deve sofrer um incremento de produção de 19% em relação aos últimos cinco anos, principalmente na Alemanha e França. “O resultado desse novo cenário pode ser uma queda substancial no superávit brasileiro”, disse Michael Finger.

Representando apenas 1,2% do comércio mundial, o Brasil precisaria se concentrar em garantir uma maior competitividade de seus setores produtivos para não depender os preços dos produtos de base. “A bonanza nos preços das commodities não duraria mesmo para sempre”, disse Finger.

O alerta se refere principalmente os impactos do real valorizado para as exportações dos produtos fora do setor agrícola. Para a OMC, o Brasil precisa tomar medidas para garantir maior competitividade, melhor infra-estrutura e produtividade para compensar o câmbio.

Ranking

O resultado, por enquanto, é que o País continua patinando no ranking dos maiores exportadores do mundo. Mesmo que tenha subido uma posição – ocupa hoje a de número 23 – e incrementado sua fatia no comércio internacional em 0,1% em um ano, a participação de 1,2% no mercado mundial é inferior às taxas apresentadas pelo País em décadas passadas. Países relativamente pequenos como Áustria, Suécia e Suíça continuam com maior participação no comércio mundial que a economia brasileira.

Agência Estado

Rizzolo: O fato do preço das commodities cair, é extremamente preocupante, haja vista o fato de que com o dólar valorizado, não temos competitividade nas exportações a não ser face à demanda dos produtos elencados nas commodities. Depender exclusivamente ou em grande parte as exportações nas commodities, é algo preocupante que este Blog já há tempos vem comentando.

A perversa política de alta dos juros impede a competitividade da indústria de manufaturados no Brasil, e transforma o País num imenso Cassino. Agora, com a inflação caindo, esses juros na estratosfera, e os preços das commodities em queda, a situação fica do ponto de vista econômico perigosa terá forte impcto no superávit brasileiro.

A alta das commodities e da devastação

Um dos grandes desafios da atualidade, é como manter um nível de desenvolvimento e ao mesmo tempo preservar o meio ambiente. Essa questão atinge em maior impacto países como o Brasil, que possuem extensa área de cultivo e florestas que necessitam ser preservadas a todo custo.

Seria um excesso de ingenuidade, acreditarmos que o governo tem possibilidade de controlar a evolução do agronegócio, aquecido e impulsionado por financiamentos, e pela demanda internacional expressada nos altos preços das commodities agrícolas, minerais, e ambientais, cujos valores se sustentam em bons índices no mercado internacional. Com efeito, a elevação dos preços de pelo menos duas commodities, soja e carne, tiveram sim, participação no crescimento da derrubada ilegal de árvores; corroborando este fato, observarmos que um dos fatores que foram apontados para a diminuição do desmatamento, foi a queda nos preços internacionais. Mas só esses fatos não justificariam o problema ambiental.

As medidas de contenção como o bloqueio de financiamento público para atividades que desmatem, atingirá os créditos do Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), um dos mais propalados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, além de financiamentos do Banco do Brasil, do BNDES e do Basa (Banco da Amazônia). Contudo, grande parte dessa devastação não e promovida pela pobre agricultura familiar, e sim, pela recuperação financeira do agronegócio, vez que, para se fazer devastação é necessário estar capitalizado.

Agora a grande questão, é saber de que forma poderemos ser grandes fornecedores de desses produtos em alta no mercado, e, ao mesmo, atuarmos numa “fina dosemetria” para que os excessos não sejam cometidos; esse é o grande desafio. Não há dúvida, muito embora românticos insistam em afirmar ao contrário, que o agronegócio vai cada vez mais prevalecer no Brasil, até porque, no ano passado o setor absorveu R$ 40 bilhões de reais em créditos. Apesar do governo tutelar com incentivos à agricultura familiar, ela é difusa, não organizada, e os recursos acabam não chegando de forma devida aos trabalhadores, face à burocracia.

A estrutura conceitual do agronegócio, passa mais por volume, produção e eficiência, e não há como negar que em razão disso, a balança comercial do agronegócio fechou o ano de 2007 com um saldo recorde: US$ 49,7 bilhões. Este valor foi alcançado graças ao desempenho das exportações do setor que atingiram a cifra de US$ 58,4 bilhões – 18,2% superior ao ano de 2006, contra US$ 8,7 bilhões das importações – resultado tanto do aumento dos volumes (5,6%) quanto dos preços (12%).

Um dos fatores de desenvolvimento não só do Brasil, mas de toda a América Latina é, sem dúvida, exclusivamente graças a fatores externos, como a expansão da economia mundial e os altos preços das commodities, e isso a meu ver é preocupante. Não podemos resumir nossa economia, e ficar de todo dependente das commodities, que impulsionam o valor das nossas exportações em virtude das demandas por estes produtos, principalmente pelos países asiáticos; surtos externos de crescimento, não vão durar para sempre.

De forma racional e sincera, o governo deve admitir suas falhas quando impõe totalmente as causas da devastação aos valores atribuídos internacionalmente às commodities, isso, na verdade, não justifica a intempestividade em aferir os danos causados ao meio ambiente. O que falta na realidade, é menos eufemismos e bravatas por parte da ministra do Meio Ambiente Marina Silva, e mais competência no monitoramento das áreas, para prever a tempo os danos não só causados pelo mercado internacional de commodities, mas face a problemas de ordem “técnica”.

Fernando Rizzolo

O medo de acordar mais pessimista

Dizem que todo otimista é um mal informado, pelo menos o ditado serviu para confirmar as previsões do economista Nouriel Roubini que hoje comanda um dos portais econômico econômico-financeiros mais prestigiados do mundo, e Stephen Roach, presidente para a Ásia do banco de investimentos americano Morgan Stanley.

Há um ano, no mesmo painel de abertura de Davos, ele ficou isolado ao prever, no momento em que se começava a falar em problemas no mercado hipotecário americano “subprime”, que os Estados Unidos entrariam em recessão, afetando toda a economia global. Roubini se contrapôs a visões bem mais otimistas de economistas de altíssima reputação como Laura Tyson, da Universidade de Berkeley, e ex-conselheira da Casa Branca, e Jacob Frenkel, vice-presidente do grupo segurador AIG.

Ontem ao ser questionado por um jornalista brasileiro se concorda com a tranqüilidade demonstrada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da crise financeira internacional, Roubini afirmou, “O Brasil e outros países da América Latina fizeram muitas coisas certas”, disse Roubini. “Acumulou superávits em conta corrente, regime cambial flutuante, fortaleceu suas reservas, implementou maior austeridade fiscal. A situação hoje é muito diferente do que vimos nas crises de 1999 ou 2002, não existe o mesmo risco.” Afirma também o economista que o Brasil teve boa sorte face aos preços das matérias-primas que fortaleceu a balança comercial, contudo acredita que com uma recessão nos Estados Unidos e uma desaceleração do PIB mundial causará uma queda nos preços das commodities, e disso dificilmente escaparemos.

Tenho dito que o Brasil não pode ter como meta ser só um exportador de matérias-primas, o que vemos hoje são os manufaturados estarem relacionados à existência de contratos de longo prazo, que podem não ser renovados caso o câmbio permaneça no nível atual, e isso tem muito a ver com as taxas de juros estratosféricas que só servem aos especuladores e dificulta, face ao dólar valorizado, as exportações principalmente dos manufaturados. E ao que parece, as taxas básicas não vão ceder, ontem o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, decidiu manter a Selic (taxa básica de juros) em 11,25% ao ano, percentual que está em vigor desde setembro. Só para terminar, o que esta ocorrendo no Brasil, faz com que até o otimista durma com medo de acordar pessimista.

Fernando Rizzolo