Uribe um braço da Quarta Frota na Unasul

Num golpe de mestre o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou hoje a decisão de incluir seu país no Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas (Unasul). A Colômbia foi contra a criação de um Conselho de Segurança dentro da nova comunidade de nações, ao alegar que enfrentava ameaças “de terrorismo e as derivações conhecidas” de um problema desse tipo.

Na verdade a criação desse Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas ( Unasul), tinha como premissa outra finalidade que todos sabemos, ou seja, fazer frente aos EUA de forma velada, insinuando uma “pretensa união dos países signatários”. Contudo a decisão acabou deixando a esquerda inspiradora do Conselho numa situação de desconforto, até porque, Uribe determinou ou condicionou sua participação no fato de que na declaração de princípios do Conselho de Segurança da Unasul, “deve haver uma rejeição total aos grupos violentos, qualquer que seja sua origem”, como as Farc.

Isso com certeza esbarrará às margens ideológicas comprometidas com as Farc, e que não aceitarão que Uribe se torne um braço da Quarta Frota americana no Conselho de Segurança. Com muito tato, Uribe de uma forma ou de outra, comprometeu o presidente Lula ao definir sua participação vinculando as intenções de Lula e a presidente Bachelet, bem no momento em que Lula desconfia que a presença da Quarta Frota americana, tem um nexo causal com as Farc, requerendo explicações do governo americano sobre a presença da Fourth Fleet.

Uribe fala em consenso e em discussão sobre a verdadeira vocação do Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas (Unasul). O que podemos inferir nesse jogo político, são os interesses dos EUA se incorporando aos desígnios ideológicos não tão democrático na constituição desse Conselho, que vem apenas de encontro ao servilismo e complacência da esquerda na América Latina aos grupos de pouca aspiração democrática dispersos pelos “países signatários”. Uribe ao se fazer de desentendido, traça o jogo do poder e influência americana na região, jogando água nas idealizações socialistas no enfrentamento aos EUA, e frontalmente a favor das Farc.

Entendo que o foco na América Latina deve ser a manutenção da democracia na sua essência, sem o fardo do populismo; contudo poucas movimentações vejo nesse sentido, tampouco não vejo propostas enfáticas e enérgicas no combate aos grupos extremistas como as Farc. As elucubrações proferidas pelos países signatários, passam de forma branda ao grupo guerrilheiro, que entendem mais as Farc como sendo um grupo de esquerda do que terrorista, e essa visão acaba levando expressamente os governos ao romantismo caótico que impera na América Latina; governos sempre prontos à compaixão ideológica esquerdista, ao amaldiçoar a presença e a influência americana na região. Graças as manobras e situações de embate, como o resgate de Ingrid Bettancourt, agora além da Quarta Frota temos seu braço em terra, o braço de Uribe.

Fernando Rizzolo