Igreja excomunga envolvidos em aborto de menina estuprada

BRASÍLIA – Os envolvidos no processo de aborto de uma menina de 9 anos que foi estuprada foram excomungados pelo arcebispo de Olinda e de Recife, d. José Cardoso Sobrinho. De acordo com a polícia, o padrasto da criança já confessou que abusava da garota. A decisão da Igreja foi criticada pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Para o ministro, a decisão foi “radical” e “inadequada”. “A lei brasileira é muito clara: a interrupção da gravidez é autorizada em caso de estupro. Trata-se de uma criança e, do ponto de vista biológico, não acredito que ela tivesse condições de levar a termo essa gestação de gêmeos”, disse, ao participar de entrevista a emissoras de rádio durante o programa Bom Dia, Ministro.

Para Temporão, o ato de excomungar os envolvidos no aborto é um contra-senso diante do que aconteceu à criança, vítima de estupro pelo padrasto. “Fiquei chocado com os dois fatos: com o que aconteceu com a menina e com a posição desse religioso que, equivocadamente, ao dizer que defende uma vida, coloca em risco uma outra tão importante.”
agência estado

A menina está em uma maternidade pública do Recife, onde foi internada na última terça-feira, 3, quando começou a receber medicamentos para interromper a gravidez. No fim da manhã da quarta-feira, 4, a direção do hospital confirmou o aborto.

Rizzolo: Realmente a postura da Igreja Católica neste caso é lamentável. Ademais, afronta algo do ponto de vista jurídico como lícito. Não bastasse o sofrimento que o destino impôs a esta criança, os envolvidos, no estrito cumprimento do dever legal, sofrem esta censura religiosa. O ministro Temporão está coberto de razão ao expor sua indignação. Por estas e por outras tantas, é que os evangélicos avançam em direção a mais adeptos a cada dia que passa. Neste caso específico, não há que questionar aspectos religiosos, e sim aliviar o sofrimento das vítimas.