Declaração Universal dos Direitos Humanos e a América Latina

É interessante observar o significado da Declaração Universal dos Direitos Humanos após seus 60 anos na América Latina. Governos ditatoriais, foram substituídos por eleitos por via democrática, e que na sua maioria, tiveram como esteio argumentativo discursos de justiça social, maior destribuição de renda, e uma maior participação do Estado como instrumento dessa justiça social.

Avanços houveram, pelo menos nas boas intenções. A participação popular através da democracia, consagrou na América Latina presidentes, em sua maioria, com discursos populares que se assemelharam aos ideais da maioria da população, no seu modo de ser, e no seu modo de pensar.

Contudo, por ironia ideológica, tais discursos sempre foram banhados de aspectos ideológicos socialistas, como os ideais de justiça, liberdade, utlizando como argumento, referência e paradigma, países cuja aplicação desses mesmos Direitos Humanos, sempre foram banidos ou suprimidos, estando longe de tê-los como exemplo, países que jamais respeitaram os Direitos Humanos na sua mais ampla concepção.

Assim o fez Hugo Chavez, e muitos outros, ao enaltecer a política interna e externa de Cuba, também foram cortejadas as posturas ideológicas da China e antiga União Soviética, países onde também os Direitos Humanos, assim como a liberdade de expressão, foram extirpados em nome de um pretenso controle do Estado.

As investidas populistas, os discursos populares emotivos, a retórica da luta de classes, os exemplos dos países socialistas, e o sentimento anti americano, tudo sempre serviu como fumaça balsâmica, para chancelar a popularidade, e a permanência no poder através de manobras pouco democráticas, onde o povo passa a ser peça manipulada, do discurso temperado no caldeirão populista autoritário.

A esquerda da América Latina, sempre encontrou uma forma de enaltecer os avanços dos Direitos Humanos, dando como referência, ainda que indireta, os países que laçaram mão desse discurso humanitário apenas com o propósito de tomar o poder, e após conseguirem seu desiderato, como num golpe mágico, calaram as manifestações populares e os anseios daqueles que de forma ingênua, acreditaram em suas propostas. É a velha fórmula que ainda parece funcionar, um sentimento anti americano com pitadas de populismo e demagogia partidária.

Enquanto isso, pouca coisa mudou, os negros continuam sendo segregados na América Latina, uma imensa maioria de origem indígena se vê manipulada pelo índio Morales, na Venezuela Chavez insiste em se perpetuar no poder, e restringir a liberdade de expressão, e mais, os amigos do presidente Lula na América Latina, se unem irmanamente como que numa confraria, na determinação em conspirar um imenso calote no Brasil.

Concretizamos avanços, é claro, o melhor deles com certeza, é podermos expressar a indignação de forma livre e solta, ainda que intelectualizada, sobre os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e a forma pela qual, de certa forma, serviu também de instrumento ideológico para eleger aqueles que apreciam arrebatar corações no palanque, e se perpetuar no poder na nossa América Latina.

Fernando Rizzolo