Muitas vezes caminhamos pela praia, ouvimos o barulho do mar, e nem sequer observamos a grandeza do oceano. Mas naquele dia eu parei. Resolvi sentar de frente para o mar, simplesmente observá-lo olhando nos olhos com um vento leve e salgado batendo no meu rosto. Olhar o mar com calma é quase uma oração, não é para qualquer um. A água batendo nas rochas, a onda trazendo suas espumas, nos leva a reflexões sobre nossas vidas, nossos destinos, pessoas que se foram, e projetos futuros.
Não é à toa de Dorival Caymmi de tanto amar o mar, afirmava que “era doce morrer no mar”. Velho mar, que me faz imaginar o quanto antiga é esta paisagem litorânea, e como que com tanto efeito estufa, Deus ainda soube informar a ele – o mar – o momento exato de parar na praia, na areia, sem avançar nas vidas, nas florestas, nas avenidas e nos butecos. Que sabedoria, hein, pensei.
O mar traz algo dentro si que lembra a poesia, lembra a cachaça, lembra o cheiro daquela esteira antiga que a gente levava para se deitar na areia, se lembra? Tinha um cheiro de palha, de uma tristeza doce, de algo guardado esperando pela gente lá no quarto do fundo. Quando chegava as férias pegávamos a velha esteira e íamos para a praia. Coisa antiga..
O mar tem seus encantos, seus deuses, suas lendas. Estive na Bahia e vi um mar imenso, bem maior que este. Pela manhã abri a janela do hotel e rezei. Ah! Rezar de frente para o mar é outra coisa, é olha, é tão doce quanto morrer dentro dele, como dizia Caymmi. Mas ainda acredito que o mar e as ondas, não foram feitas para morrer, mas para pensar e refletir. Só que, precisa parar, olhar de frente, ouvir a ondas, tomar o primeiro gole e escrever, o mar foi feito para sonhar e escrever; enxergar a grandeza de Deus, e dizer: “é doce olhar para o mar….muito mais que morrer, principalmente na praia….”
Fernando Rizzolo