Corte de 1,5 ponto da Selic frustra a sociedade, diz CNI

SÃO PAULO – A Confederação Nacional da Indústria (CNI) avaliou que decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de reduzir a taxa Selic em 1,5 ponto porcentual, para 11,25% ao ano, foi contida e “frustra a sociedade, os agentes produtivos e a indústria brasileira”. “Esse movimento de aceleração no corte dos juros, ainda que na direção correta, não tem a intensidade necessária ao momento”, afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, em nota enviada à imprensa.

Para a CNI, o corte de 1,5 ponto “ainda mostra descompasso com o esforço de evitar a recessão e suas consequências danosas ao País, às empresas e ao emprego”. “Entendemos que é urgente a adoção de uma postura mais agressiva, com redução de juros compatível com as exigências do momento”, defendeu Monteiro Neto, que pediu que a taxa Selic caia para o nível de um dígito “com tempestividade”.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) também divulgou nota comentando a decisão do Copom. A Firjan expressa aprovação ao corte de 1,5 pp na taxa Selic, mas pede avanço nas reformas estruturais para garantir maior competitividade à indústria brasileiras. “A intensificação dos impactos da crise internacional sobre a economia brasileira, somada à trajetória confortável dos índices de inflação, justifica o corte mais acentuado da taxa Selic”, diz o texto que, no entanto, “chama atenção para a necessidade de medidas complementares”. Além das reformas, em especial a tributária, a entidade lista entre as medidas o aumento do investimento público, principalmente na área de infraestrutura.

Decisão

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 1,5 ponto porcentual. Com isso, o juro básico foi para 11,25% ao ano, o menor patamar da história, ainda que já tenha sido verificado em setembro de 2007. É primeira queda dessa magnitude desde 19 de novembro de 2003, quando a Selic caiu de 19% para 17,5% ao ano.

A decisão dos membros do Comitê foi unânime e não inclui viés – mudança de juro antes da próxima reunião do Copom. De acordo com comunicado divulgado ao final da reunião, o Copom “acompanhará as perspectivas para a inflação até a próxima reunião em abril”. A ata desta reunião será divulgada no dia 19 de março. A próxima reunião do Copom será em 28 e 29 de abril.

“Avaliando o cenário macroeconômico, o Copom decidiu neste momento reduzir a taxa Selic para 11,25% ao ano, sem viés, por unanimidade. O Comitê acompanhará a evolução da trajetória prospectiva para a inflação até a sua próxima reunião, levando em conta a magnitude e a rapidez do ajuste da taxa básica de juros já implementado e seus efeitos cumulativos, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”, diz o comunicado divulgado após a reunião.

(Com Nicola Pamplona, da Agência Estado)

Rizzolo: Infelizmente a decisão do corte de 1,5 ponto da Selic não significa um avanço no sentido de conter a recessão que se a vista. Até porque a pressão sobre a inflação está menor, haveria espaço para uma queda maior, sem pressão política para isso, vez que a inflação está em queda. Na última reunião do Copom, no dia 21 de janeiro, o corte da taxa de juros foi de 1 ponto percentual. Em duas runiões, a Selic passou de 13,75% ao ano para 11,25%, na verdade muito pouco para impulsionar a economia num patamar de crescimento razoável. A taxa continua sendo uma das maiores do mundo.

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Pessimismo em diluição

Segundo Millôr Fernandes, ” o otimismo é o pessimismo em diluição ” . Diluir o pessimismo foi a tarefa do presidente Lula desde que a crise internacional se instalou. Tem lá suas razões, e que provavelmente abordam muito mais questões de cunho popular, do que bons conselhos que em última instância poucos acreditaram, principalmente o empresariado.

À parte a escassez de crédito que pegou todos de surpresa, o empresariado sempre viu um certo exagero do presidente e notavelmente associava isso a um movimento interno de perpetuação e proteção da sua popularidade. Em verdade, situações econômicas graves não se resolvem com prioridades políticas eleitorais. Talvez este tenha sido o maior erro do governo, ao demorar e tratar a crise como sendo um “problema de Bush” ou uma simples “marolinha”.

No que diz respeito à queda do PIB – 3,6% no último trimestre -, muitos são os fatores que contribuíram, além da tardia compreensão e extensão da crise por parte do governo; a principal foi a dificuldade de obtenção do crédito, que no meu entender foi crucial na contribuição da queda do consumo das famílias que hoje representa 60% do PIB.

O pior, esse consumo das famílais, subia há 19 trimestres, desde 2003, e agora caiu -2,0%. Alegarmos que isto reflete já os efeito da crise na economia real, não é sensato, a questão principal foi a restrição ao crédito; além disso com o otimismo apregoado pelo governo, os Bancos já previam forte inadimplência, o que provocou na verdade um aumento real dos ” spreads”.

Outro número nada bom foi o nível de investimento, que caiu 9,8% no quarto trimestre, e é compreensível em função dos altos estoques, e de certa forma pelo comprometimento dos gastos públicos, que fez mais do PAC muito mais um ganho político do que investimento propriamente dito. A grande saída para a real mudança deste quadro de estagnação, é um corte nos juros num patamar maior, só assim poderemos viabilizar e minimizar o quadro econômico.

Podemos de certa forma entender que a política no Brasil induz a uma a letargia nas tomadas de decisões, principalmente em época de disputa eleitoral. Prioriza-se a nível de popularidade, fazer a suscessão, e as questões econômicas acabam sendo preteridas pelas de cunho político. Talvez ainda tenhamos tempo, muito depende agora do Copom, do Banco Central, do Bancos, dos ” spreads”, para que o banho de água fria dilua o pessimismo que nos abateu. Menos otimismo e mais realismo.

Fernando Rizzolo

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Direção da Embraer colocou 50,9% das ações nos EUA

Estatal estratégica, privatizada foi transformada pela atual gestão em montadora de aviões

Em 1990, a Embraer realizou 63% de suas vendas dentro do Brasil; em 1991, essa parcela passou para 68%, o que se repetiu no ano seguinte; em 1993, o percentual foi de 62%; em 1994 – somente em dezembro desse ano a empresa deixou de ser estatal – 60% das vendas da Embraer foram internas. Somente em 1997, três anos após a privatização, a situação se inverteu: nesse ano, 84% das vendas da Embraer foram feitas para o exterior (dados da Embraer, citados por Roberto Bernardes em “O Caso Embraer – privatização e transformação da gestão empresarial: dos imperativos tecnológicos à focalização no mercado”, Cadernos de Gestão Tecnológica Nº 46, São Paulo, CYTED: PGT/USP, 2000, pág. 20).

Hoje, segundo a diretoria da Embraer, “a empresa depende fundamentalmente do mercado externo e do desempenho da economia global – mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações” (Comunicado à Imprensa, 19/02/2009 – grifo nosso).

Nenhuma companhia, muito menos de fabricação de aviões, pode se sustentar sem uma forte base no mercado interno. A Boeing é a maior exportadora dos EUA em valor de vendas – no entanto, até agora suas receitas provenientes de fora dos EUA atingiram, no máximo, 50% do total (cf. o discurso de seu então presidente, Phil Condit, na Export-Import Annual Conference de 2001). No ano passado a percentagem da receita que veio do mercado externo foi 40,7% (cf. o relatório anual da Boeing, divulgado em seu site). E observemos que isto é hoje, quando a empresa norte-americana é um polvo gigantesco que atua em 70 países. Durante 50 anos – ela foi fundada em 1916 – a parcela da receita que vinha do exterior era muito menor, somente se expandindo quando foi lançado o Boeing 737, em 1967.

Não deixa de ser interessante ouvir as loas de alguns ao “sucesso externo” da Embraer depois da privatização, geralmente acompanhadas da história de que a companhia estava falida quando dava prioridade ao mercado interno, isto é, quando pertencia à Aeronáutica.

Antes de entrarmos nas dificuldades financeiras da Embraer quando era estatal, observemos que a privatização foi, na verdade, uma desnacionalização. Hoje a composição acionária da empresa é um charco em que 50,9% das ações estão nos EUA – todas as ações da Embraer são “ordinárias”, isto é, capital votante. O Janus Capital Management tem 10,5% das ações; o Oppenheimer Funds tem 6,2%; o Thornburg Investment Management’s tem 5,2%; na Bolsa de Nova Iorque estão mais 29,8%; o notório testa-de-ferro Júlio Bozano tem 10,4%; e estão na Bolsa de São Paulo outros 18,2%.

Apesar disso, a Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, o BNDES e a União, somados, têm 19,7%. Porém, há um “acordo de acionistas” que só permite a cada um o uso de 5% das ações nas votações das assembléias da empresa – um “acordo” que só tem um objetivo: impedir o Estado de usar seus 19,7% para valer os interesses do país.

Não é surpreendente, portanto, que tenha parecido tão excelente para a direção da Embraer a ideia de transformá-la num entreposto para o mercado externo. O problema é que isso é mais ou menos como boiar no mar, sem porto seguro. Na primeira tempestade nem o dinheiro do BNDES impede o boiante de se empanturrar de água salgada. Os 4 mil trabalhadores que a Embraer quer demitir são apenas o primeiro – e dramático – sinal de naufrágio, a demandar providências enérgicas do governo.

Quanto aos problemas da Embraer quando era estatal, eles nada tiveram a ver com a prioridade para o mercado interno – até porque, num país continental como o Brasil, é evidente a necessidade de aviões de variado porte, literalmente, do Oiapoque ao Chuí, ou seja, da Amazônia ao Rio Grande do Sul. Com um território tão grande e uma carência quase tão grande de transportes e comunicações, é preciso ser muito estúpido para dizer que “não havia mercado” para os aviões da Embraer no Brasil. Pelo contrário, o mercado natural da Embraer é o Brasil.

A Aeronáutica, portanto, estava plenamente justificada quando fundou a Embraer com o objetivo de desenvolver nossa capacidade tecnológica e industrial para suprir a necessidade nacional de aeronaves.

Mas uma fábrica de aviões necessita de uma política de desenvolvimento da aviação. Era preciso incentivar as empresas regionais e nacionais de aviação a comprar os aviões da Embraer – como os americanos, franceses, alemães e italianos fazem há décadas com as suas empresas. Era necessário estabelecer uma linha de financiamento via BNDES para a compra de aeronaves da Embraer – e isso foi negado, como de resto a qualquer companhia estatal, da mesma forma que virou um panamá depois que elas foram privatizadas. Era evidente a necessidade de um plano nacional de vias aéreas ligando os recantos mais afastados do país – e isso nunca foi feito, em contraste do que acontecia com os automóveis em relação às estradas de rodagem.

O autor do trabalho acima citado, que está longe de ser um adversário da privatização da Embraer, aponta que “para os novos controladores os reais interesses são o resultado econômico e financeiro e não os ideais almejados pelos antigos dirigentes iniciais da Embraer, que eram o desenvolvimento e capacitação de tecnologia nacional” (Roberto Bernardes, “O Caso Embraer”, pág. 54).
Resta acrescentar que esse “resultado econômico e financeiro” foi obtido ao estilo do proprietário da galinha dos ovos de ouro – de forma temerária, irresponsável, em síntese, burra.

E antes que apareçam alguns privatistas lembrando os benefícios das exportações da Embraer, vale lembrar que a empresa, depois que deixou de ser propriedade pública, tornou-se também uma grande importadora: “Do total de matérias–primas e componentes utilizados no processo de produção da empresa, em 1999, cerca de 95% provinham do mercado internacional. (….) atualmente (….) a empresa encontra-se praticamente descolada da cadeia produtiva industrial nacional”. (Roberto Bernardes, “O Caso Embraer”, pág. 53 – grifo nosso).

Em suma, a empresa se tornou uma montadora de aviões a partir de componentes importados – e dependendo do BNDES para vender no exterior o resultado da montagem: “Sem este suporte [do BNDES] no financiamento das vendas dificilmente a empresa teria obtido sucesso ou até quem sabe, sobrevivido à forte concorrência no mercado de jatos regionais”. (“O Caso Embraer, págs. 55/56).

No entanto, o grande sucesso de vendas da Embraer é um avião projetado na época em que era estatal, o ERJ145, um desenvolvimento do Brasília (EMB120) que já estava pronto quando a empresa foi privatizada. A grande contribuição dos privatistas foi esquartejar a fabricação do ERJ145: “A empresa espanhola Gamesa ficou responsável pela produção das asas, naceles do motor, carenagens da junção asa/fuselagem e as portas do trem de pouso principal. A Sonaca, empresa sediada na Bélgica, se comprometeu com a fabricação das portas de bagagem, de serviço e a porta principal, localizadas na fuselagem, além de uma seção dianteira da fuselagem e outra traseira e os dois pilones dos motores. A empresa chilena ENAer passou a produzir o conjunto de empenagem horizontal/profundo e a empenagem vertical. O interior da cabine de passageiros e compartimento de bagagem foi desenvolvido e fabricado pela [americana] C&D Interiors” (pág. 59 de “O Caso Embraer”).

CARLOS LOPES
Jornal Hora do Povo

Rizzolo:
Neste excelente texto, podemos observar o ” desvio de conduta” que originalmente inspirou a Aeronáutica na criação da Embraer, com o objetivo de desenvolver nossa capacidade tecnológica e industrial para suprir a necessidade nacional de aeronaves. A Embraer, como outras empresas nacionais privadas, sempre desprezaram o potencial do mercado interno brasileiro, ao mesmo tempo em que eram agraciadas com financiamentos do BNDES. No caso da Embraer o financiamento via recursos públicos, beneficiava os compradores, e sem ele jamais a empresa estaria apta a concorrer. A empresa se portava como uma estatal ao se beneficiar dos empréstimos, e como uma empresa privada ao exorbitar seu direito de demitir em massa os trabalhadores. Leia também artigo meu: Embraer: quando o governo financia o desemprego

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Solução para a Embraer é voltar a ser do Estado

A Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. (Embraer), ao anunciar a demissão de 4.270 funcionários, declarou que “a crise sem precedentes que afeta a economia global” levou ao adiamento ou cancelamento de novos pedidos, implicando em uma redução do ritmo na linha de produção. “Apesar de sediada no Brasil, a Empresa depende fundamentalmente do mercado externo e do desempenho da economia global – mais de 90% de suas receitas são provenientes de exportações, pouco se beneficiando, portanto, da resiliência que o mercado doméstico brasileiro vem demonstrando”, diz o comunicado da empresa, divulgado no dia 19 de fevereiro.

Posteriormente, em entrevista coletiva, o presidente da Embraer, Frederico Curado, reiterou: “O problema não é do governo, nem do mercado brasileiro, é do mercado mundial”.

A raiz do problema na Embraer reside exatamente na gestão adotada após a sua privatização – no mínimo, burra –, de direcionar as vendas de suas aeronaves quase que exclusivamente para o exterior, quando há um vasto mercado interno a ser explorado, independentemente da existência ou não de crise em outros países. Mercado interno, aliás, que foi a base para o crescimento econômico alcançado no governo Lula.

Até cinco anos antes da privatização da empresa, em 7 de dezembro de 1994, mais de 60% das vendas da Embraer eram destinadas ao mercado interno, tanto para uso civil (Bandeirante, Brasília etc.), quanto militar (Tucano, AMX). Posteriormente, a prioridade passou a ser o mercado externo, ganhando impulso a partir de 1997, quando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) passou a financiar suas exportações, aportando US$ 8,39 bilhões (ou R$ 19,7 bilhões) nos últimos 12 anos. Só no ano passado os créditos somaram US$ 542,3 milhões (ou R$ 1,27 bilhão).

O presidente da Embraer, Frederico Curado, disse que houve uma queda de 30% nos pedidos que vão até 2012, sendo que a estimativa de entrega de aeronaves para este ano foi revista de 270 para 242, com uma redução de investimentos para US$ 350 milhões. Como o gerenciamento da empresa é voltado para o mercado externo, a “mágica” política adotada foi as demissões, à espera da miragem da recuperação do mercado de aviação em nível mundial, particularmente nos Estados Unidos. Segundo ele, quando houver essa “recuperação”, só Deus sabe quando, a empresa poderá recontratar os demitidos. “Assim que as encomendas voltarem, temos todo o interesse em fazer contratações”, afirmou Curado, sem passar por sua cabeça que a solução se encontra no mercado interno, um dos maiores do mundo, e não nas economias que se encontram em recessão, atiradas ao fundo do poço pela ação devastadora dos monopólios.

Contribuiu de forma decisiva para a temerária gestão adotada na Embraer, após a privatização, o fato de que mais da metade de suas ações estejam nos Estados Unidos: 21,9% diretamente nas mãos de fundos norte-americanos e 29,8%, na Bolsa de Nova Iorque.

Insistir no atual modelo de gestão, como sugere o presidente da Embraer, de priorizar o mercado externo e ficar esperando que os chamados países ricos superem suas crises, é o caminho que leva à quebra da empresa.

A solução para a Embraer passa pelo fortalecimento do estratégico setor aeronáutico, dentro de um projeto de desenvolvimento nacional, o que, obviamente, é completamente antagônico em continuar dependente dos interesses dos falidos monopólios. As ações da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), BNDESPar e União somam 19,7% do capital total da Embraer. Isso já é um bom começo para que o Estado retome as rédeas da empresa; em outras palavras, para a Embraer voltar a ser uma empresa estatal, tendo como norte o objetivo de quando foi criada em agosto de 1969 e fundada em janeiro de 1970: desenvolver internamente o transporte de cargas e de passageiros e prover a frota da Força Aérea Brasileira.

Jornal Hora do Povo
por Valdo Albuquerque

Rizzolo: Não resta a menor dúvida de que a opção pelo mercado externo fez da Embraer uma empresa de vulnerabilidade às ” turbulências” do mercado. Muito bem colocada a questão pelo texto acima, apregoando a racionalidade nos investimentos no mercado interno.

Ora, a Embraer já deveria ter se dado conta de que o Brasil possui um enorme mercado consumidor de aeronaves, alem disso, nem precisa ser um grande estrategista para saber que uma empresa privada deve saber dosar seus investimentos no exterior diminuindo desta forma sua vulnerabilidade. Leia também: Embraer: quando o governo financia o desemprego

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Embraer: quando o governo financia o desemprego

Já havia uma suspeita, mas nada de concreto, nos corredores já se falava, mas ninguém confirmava absolutamente nada. De repente então, a Embraer anuncia cerca de 4.200 demissões, o equivalente a 20% de seu quadro de 21.362 funcionários. O argumento, é claro, foi dentre outros, o mau desempenho no terceiro trimestre do ano passado, quando a Embraer anunciou seu primeiro prejuízo trimestral (R$ 48 milhões) em 11 anos.

A grande questão é saber até que ponto, uma empresa como a Embraer, que conta as benesses do governo ao se destacar como sendo uma das empresas que mais recebe dinheiro público – US$ 7 bilhões desde a sua privatização – estes advindos de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ( BNDES), cujo capital, cerca de 40% são provenientes de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), pode de uma hora para outra demitir um número tão alto de funcionários, sem ao menos abrir uma discussão, tampouco não informando oficialmente o Sindicato dos Metalúrgicos sobre suas intenções.

O caso da Embraer nos leva a refletir o real papel do Estado e sua relação com a iniciativa privada, quando se posiciona como financiador do desenvolvimento através dos recursos públicos, e incorpora sua fragilidade na participação e na contenção das decisões da iniciativa privada que envolvem as demandas sociais.

Talvez a questão enseja o início de uma discussão do papel do BNDES, do governo e da iniciativa privada nessa cadeia pouco virtuosa, onde o trabalhador é surpreendido nas demissões no atacado, sob a legitimidade da crise, sendo que por parte do governo resta apenas a indignação, um débil instrumento diante da brutal realidade face ao número de demitidos.

O momento atual é decisivo para que o governo supra a lacuna entre a responsabilidade social empresarial e o desenvolvimento via recursos públicos, basta saber se diante disso, o ” garoto propaganda da Embraer “, como Lula se declarou em 2007, conseguirá reverter esta tragédia aérea, ao convocar o presidente da empresa para maiores explicações, que com certeza serão as do resultado da empresa.

Fernando Rizzolo

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Emprego formal perde mais de 100 mil vagas e tem pior janeiro em 10 anos

Como antecipado pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, o corte de vagas com carteira assinada foi menor em janeiro que dezembro, mas ainda indica forte contração de empregos formais no país.

Segundo números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram cortadas 101.748 vagas no mês passado, ante 654.946 postos de trabalho em dezembro. Em relação a dezembro, janeiro deste ano teve uma queda de 0,32% no estoque de emprego.

Trata-se do pior resultado para janeiro desde 1996. Desde 1999, o Caged não havia registrado perda de vagas em janeiro.

No mês de janeiro, a maior parte das demissões ficou concentrada na indústria da transformação, que fechou 55.130 postos. Outro setor afetado foi o de comércio, com 50.781 demissões. Na agricultura, houve uma redução de 12.101 empregos formais, e na construção civil, houve contratação de 11.324. Por Estado, São Paulo foi o que fechou mais vagas (38.676 mil) no mês.

Segundo Carlos Lupi, o mercado de trabalho deverá reagir a partir de março. Ele afirmou hoje que o mês de fevereiro deverá ter um desempenho fraco, mas ainda assim será melhor do que janeiro.

“O resultado de 102 mil negativos não é bom para o país, mas há demonstrações inequívocas da melhora da economia nacional. Fevereiro já será um resultado diferente desse de janeiro impulsionado por construção civil e serviços”, afirmou.

O ministro admitiu rever a previsão de criação de 1,5 milhão de empregos no fim do ano. Segundo Lupi, ele mantém a expectativa alta, mas fará uma revisão do número após o resultado do Caged de março.

Os números do Caged consideram o saldo registrado no mercado formal, ou seja, o número de contratações menos o número de demissões.

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Rizzolo: Os números do Caged nos mostram o efeito da crise e sua dimensão. Desde janeiro de 1999, isso não ocorria, e 99 foi um ano de crise no Brasil. Em dezembro, já houve fechamento de 650 mil postos. Amanhã o IBGE divulga a taxa de desemprego, que mede as pessoas que estão procurando trabalho. A taxa deverá também subir. São os efeitos da marolinha, do contraponto entre o entusiasmo do presidente Lula e do pessimismo dos empresários. O grande problema, é que estes números podem influir na popularidade de Lula, eu disse podem, contudo acho difícil, até porque o povo sabe que a crise vem de fora, e se há demissões os empresários já foram identificados como os culpados, assim como os assustados por conveniência, é claro.