Síndrome de abstinência da gastança

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*por Fernando Rizzolo 

É realmente inacreditável como no Brasil a irresponsabilidade fiscal travestida de “visão desenvolvimentista” insiste em palpitar sobre ideias que vão na contramão da correta política fiscal num momento tão dramático pela qual a economia brasileira está passando. Documento divulgado pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao Partido dos Trabalhadores, é claro em demonstrar os efeitos da “Síndrome de Abstinência da Gastança” ao apregoar o desejo de voltar ao modelo econômico do gasto desenfreado que nos levou a esta situação.

Observem que ainda há muito que se cortar antes de propostas de aumento tributário, como a volta da velha senhora CPMF. Para se ter um exemplo clássico, o Fies, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que financia cursos superiores em instituições privadas, tornou-se a “vaca sagrada”. Preservado, não terá cortes, é até recebeu investimentos. O programa, que teve restrições de verba no primeiro semestre deste ano, recebeu um crédito extra e viu seu orçamento subir de R$ 12,4 bilhões para R$ 16,6 bilhões. Ao todo, R$ 8,98 bilhões já foram pagos. Em 2016, estão previstos R$ 18,2 bilhões ao Fies. Ora, todos sabemos que este programa resulta em altos ganhos para as instituições de ensino particulares. Elas ampliam o número de alunos, sem risco de inadimplência, ou seja, o negócio mais seguro no mundo capitalista, que, além de lucros às instituições à custa do Tesouro Nacional, rende votos.

Não é à toa que o Ministro Levy já está se cansando e as agências de classificação inquietam o mercado financeiro. Além da instabilidade política existente, o país também assiste ao governo se debater e gastar bilhões na tentativa de segurar a desenfreada alta do dólar, utilizando os chamados “swap cambial”. Para se ter uma ideia, o Banco Central (BC) registrou prejuízo estimado em R$ 71,93 bilhões com os contratos de “swap cambial” – instrumentos que equivalem à venda futura de dólares – de janeiro até a última sexta-feira (28).

A grande verdade é que diante deste cenário, a síndrome da abstinência de certa ala petista, que convulsiona pelo consumo da droga chamada gastança, deve ser não apenas rechaçada, mas indicada a uma internação forçada numa clínica do bom senso supervisionada por um “economista psiquiatra”. Muitas internações são bem-sucedidas, além de urgentes, pois a droga chamada gastança passou a ser o crack da nossa economia. Acredito que até o sociólogo e jornalista Perseu Abramo, se estivesse vivo, passaria um pito nessa turma

CORRUPÇÃO, CAMISA AMARELA E TÊNIS

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*por Fernando Rizzolo 

Naquele domingo, 15 de março, estava decidido a me indignar nas ruas. Logo na noite de sábado separei meu tênis e uma antiga camiseta amarela que pouco tinha a ver com a bandeira brasileira – esta já tão machucada por tudo que se soube dos vários aspectos do nosso Brasil: corrupção na Petrobrás (ainda com a imagem do presidente Lula de macacão manchado de óleo), das promessas da presidente Dilma sobre o pré-sal, enfim – o meu tênis e a minha camisa estavam bem ali, prontos para serem usados. Era como que, ao vesti-los, pudesse externar minha indignação. Diante do silêncio do governo e principalmente da presidente Dilma, compensaria minha revolta.

Por alguns minutos relutei, isso no domingo, em ir às ruas e decidi por fim ficar em casa, embora a televisão tenha permanecido ligada. Numa cadeira do quarto observava meu tênis e a minha camiseta inertes, como que dizendo que de nada adiantaria me juntar à multidão. Entretanto, mesmo que pela tevê, valeria a pena acompanhar a disposição de milhões de brasileiros, como eu, indignados.

A grande pergunta que realmente intriga é porque a presidente Dilma não se desculpou em público sobre o evento de maior corrupção que assustou o mundo, o da Petrobrás, apesar de no dia seguinte abordar o tema da “humildade”. Outra atitude lamentável do governo é sua posição, de certa forma, refratária ao ajuste fiscal. Prova dessa condição é a ameaça do ministro Joaquim Levy de abandonar o barco. Ainda há que se considerar certas políticas que são eleitoreiras como a “farra do Fies”, por exemplo. Criado em 1999 com a finalidade de emprestar dinheiro para alunos cursarem faculdades particulares, o Fies teve uma explosão de contratos após mudanças promovidas em 2010 para elevar o número de matrículas. Os juros caíram de 6,5% para 3,4% ao ano, abaixo da inflação.

Além disso, o financiamento pôde ser obtido a qualquer momento, a exigência de fiador foi relaxada e o prazo de quitação, alongado. Na verdade, de lá para cá, o total gasto por ano pelo governo federal com crédito estudantil disparou. O aumento, de 2010 até o ano passado, foi de 13 vezes, passando de R$ 1,1 bilhão naquele ano para R$ 13,7 bilhões em 2014. O resultado de tais medidas foi o crescimento nas transferências para grupos educacionais em mais de R$ 2 bilhões. Várias instituições de ensino receberam o dobro do que a Embraer, fabricante de aviões militares, e a Odebrecht, responsável por dezenas de obras pelo Brasil.

Vivemos num país corroído pela falta de valores, temos políticos corruptos, instituições enfraquecidas e, o pior, o povo brasileiro pouco pode fazer a não ser protestar nas ruas. Eu, enfim, acabei não indo, talvez porque no fundo meu tênis e a minha camiseta me soavam dizendo “prefira o luto, ficando em casa e se indignando em frente a sua televisão”. Assim, passei meu 15 de março com roupa normal e de mal com esta democracia.

Não quero “papo” com vocês

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* por Fernando Rizzolo

Uma das coisas mais difíceis na vida é tentar dialogar ou nos aproximar de quem não está disposto, de forma alguma, a este movimento conciliatório. Isso, em todas as situações – quer no plano familiar, nas amizades, no trabalho. Parece que algo maior impede tais pessoas de um gesto superior em nome da paz, da construção ou até do reconhecimento daquele que, por inúmeros motivos, estende a mão e quer, sim, dialogar.

Eu mesmo já enfrentei várias vezes a postura de pessoas refratárias ao diálogo. Mas, por mim, tenho a consolação de que tais comportamentos são universais e não apenas interpessoais. Isso ocorre também, e principalmente, no âmbito da política internacional, de modo que podemos, diante da história, aferir que muitas das desavenças provocadoras de guerras mundiais ou locais se deram em razão deste espírito de fechar as portas ao bom entendimento.

No mundo pós-contemporâneo, podemos observar essa postura nas relações do Oriente Médio, onde Israel tenta o diálogo. Enfrenta, porém, o fundamentalismo daqueles que querem defender seu ponto de vista por meio da violência, o que, é claro, acaba gerando violência da parte contrária, legitimada pela proteção do Estado Judeu.

No Brasil, estamos vendo algo que jamais poderíamos imaginar que ocorresse na nossa jovem democracia. A oposição, ao exemplo dos radicalismos incoerentes, não está disposta ao diálogo, à união, ao entendimento e, o pior, faz de tudo para que a primazia na construção de um Brasil mais unido – como o apregoado pela presidente Dilma – seja desmantelada, descontruída, simplesmente porque existe uma infantilidade democrática em não aceitar a derrota numa eleição democrática. Observamos hoje um Brasil em que parte da população, principalmente no Sul e no Sudeste, expõe nas redes sociais seu preconceito e intolerância aos nossos queridos irmãos nordestinos, algo inconcebível no âmbito de uma democracia saudável e madura.

O Brasil é um só e todos temos o dever de contribuir para sanar obstáculos, combatendo a corrupção, os gastos públicos e a inflação. Tal empreitada, entretanto, deve ser feita a partir da união, com respeito à democracia, às diversidades regionais, às diferenças e, acima de tudo, mantendo-se um patriotismo constitucional.

Sei como é difícil conversar com alguém que não quer “papo” com você, como disse há pouco. Eu mesmo, muitas vezes, não consegui. Mas, quem sabe, os articuladores políticos do Congresso, os interlocutores entre governo e oposição, consigam. A presidente Dilma já estendeu as mãos, assim como eu e tantas pessoas nesse mundo já fizemos. Confesso que não tive sucesso, fracassei, pois, talvez, não seja suficientemente habilidoso. Em relação ao Brasil, todavia, sou otimista. Sei que a união vencerá o ódio e, enfim, acabaremos com essa história triste apregoada por alguns de que agora “Não quero ‘papo’ com vocês”… Vamos, sim, bater papo com todos e construir um Brasil fraterno.

“A imagem cansa”

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*por Fernando Rizzolo

Uma das características da mente humana é lembrarmos de coisas ou frases que ouvimos e não sabemos bem da onde vieram, mas que elas surgem em determinadas situações e se encaixam perfeitamente no contexto em que estamos vivenciando naquele momento, se encaixam. Ainda me lembro nos meus tempos da Faculdade de Direito, lá nos idos anos 70, de um colega que sentava ao meu lado, o Vanildo, rapaz inteligente, de família humilde, de estatura baixa, meio calado, tinha os olhos saltados, daqueles que parece sempre estar indignado com algo; viera do interior do Ceará para aqui estudar, e desde o primeiro ano da Faculdade, estava ali ao meu lado, assim pude quase que diariamente com ele conhecer um pouco da sua cultura regionalista nordestina que muito me marcou em termos de frases e observações.

Certo dia ele chegou e logo me perguntou, “Tem visto sua namorada”? Surpreso respondi sorrindo,” claro, quase, todos os dias “, ele me olhou de lado e com olhar esbugalhado e serio com ar de cansado me respondeu num sotaque carregado nordestino já olhando balançando a cabeça “ Pois não vá, todo dia”, surpreso lhe indaguei o porquê, desse conselho sem nexo e ele rapidamente me respondeu mais uma vez pausadamente com aquele sotaque carregado como se estivesse cansado e ofegante “ “ “Porque Fernando, lembre-se ..a imagem cansa”…..a palavra “cansa” vinha imbuída de um verdadeiro cansaço, dizia ele que quanto mais às pessoas nos veem por mais que nos amam, a nossa imagem cansa, portanto seria de bom alvitre ir menos a casa dela, e com certeza ela ao me ver sentiria satisfação…. e deu certo …

Engraçado, em épocas de eleição tenho procurado não falar de política, mas realmente é difícil, a pobreza das propostas apresentadas , a mesmice, chegar a ser impossível não tecer comentários mas enfim, aqui neste texto vou me ater apenas aos pensamentos de Vanildo, que muito tem a ver não com as propostas em si, mas com os candidatos. Outro dia despercebido me peguei vendo pela televisão um discurso da presidenta Dilma, mas não me ative no teor das suas palavras, mas nos gestos, no olhar no balançar da cabeça, na sua roupa vermelha, no tom da sua voz, no seu gesto que parece que ela vai lhe dar uma tarefa a fazer, sinceramente foi nesse momento que me lembrei da velha frase do Vanildo, de tanto vê-la, ou ela ou o ex-presidente Lula, fiquei cansado. É a pura verdade, estou um tanto cansado da imagem dos dois, não das propostas que nem as analiso, mas daquilo que o Vanildo dizia “a imagem cansa”, e isso na política vale muito, por mais interessante que as propostas possam ser.

Assim num gesto rápido desliguei a televisão e me veio à mente os meus anos de faculdade, sentei-me na poltrona e pensei imediatamente nos velhos políticos. Presidenta Dilma me desculpe, não vou falar de politica, nem dos seus adversários, nem das propostas, mas olha, com todo respeito devo confessar que a voz do Vanildo impregnada na minha mente me dizia “a sua imagem esta me cansando” e talvez não seja culpa sua, mas da observação nordestina que aprendi com o meu velho amigo Vanildo……êta cabra observador…..

O garçom, o celular e as eleições

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*por Fernando Rizzolo

Essa história de morar em cidade grande acaba sempre nos levando a frequentar os mesmos lugares; na hora do almoço, então, já passei por vários restaurantes durante esses últimos dez anos, desde os vegetarianos até os mais gordurosos. Mas os melhores são aquelas padarias que deixaram de produzir apenas o pãozinho de cada dia e montaram um imenso buffet, com direito a nutricionista e tudo o mais. Atualmente tenho sido fiel a uma dessas, aqui no bairro de Moema, em São Paulo. Todos os dias o mesmo atendente, rapaz simples e simpático que veio do Nordeste, me recepciona com um largo sorriso. Ao me ver já grita para o pessoal da cozinha preparar o meu sagrado suco de melancia.

Na semana passada, quando ele caminhava em direção à minha mesa trazendo-me o suco, segurando meio trêmulo o copo com o refresco avermelhado, avistou, na mesa, meu celular. É um modelo já antigo, daqueles que nem acesso à internet tem. O garçom me olhou com curiosidade e perguntou, atencioso: “E aí doutor? O senhor não gosta de estar conectado?”. Sem me dar tempo de responder, ele tirou do bolso um aparelho completo, com o símbolo de uma maçã, para eu não falar a marca, e disse: “Este ano vai sair um mais moderno, não vejo a hora de trocar”. Balancei a cabeça em sinal de aprovação e: “É isso aí!! O negócio é tecnologia”, e dei início a minha refeição.

Como almoço sempre sozinho e não tenho internet no celular, para alternar entre garfadas e cliques, mergulhei numa reflexão que passava pelo rapaz, atendente de uma padaria, vindo do Nordeste à procura de uma vida melhor em São Paulo, esbanjando conhecimento tecnológico com um celular de última geração – e ansioso para comprar outro ainda mais moderno.

Ora, alguma coisa mudou neste país. Do celular então, passei a ponderar por que no Brasil, por mais que a oposição grite, a presidenta Dilma – segundo pesquisa CNT/MDA – obteria 43,7% das intenções de voto se a eleição fosse hoje. Ou seja, ela venceria as eleições. E mais… segundo a Serasa Experian e o Instituto Data Popular, se a classe média brasileira formasse um país, seria o 12º do mundo em população e a 18ª nação em consumo, podendo pertencer ao G20.

A grande verdade é que a classe média e a classe C, que gastaram mais de R$ 1,17 trilhão em 2013 e movimentaram 58% do crédito no Brasil, nunca viveram um consumo digno como este e não querem se aventurar em tímidas propostas da oposição. Certo, isso pode até não ser bom, pois numa democracia a alternância do poder é saudável, mas havemos de concordar que o celular no bolso e os eletrodomésticos novos em casa vão falar mais alto para essas pessoas.

Enfim, apesar de perceber, ao chegar no caixa, que os valores da refeição sobem lentamente (ainda que eu esteja comendo menos e de maneira mais lenta; os especialistas dizem que faz bem para a saúde), o avermelhado suco de melancia me parece combinar com o país de Dilma. A mim, parece sugerir que, da forma em que as coisas na política andam, não há mensaleiro que abale os milhões de atendentes e trabalhadores humildes que hoje estão mais conectados na melhoria de sua vida do que nas notícias vindas da pobre oposição, que até agora não encontrou um discurso bom e doce como meu suco diário de melancia… E assim vamos…

Dilma, em Seul, faz sua estreia no cenário externo em plena ‘guerra cambial’

A presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, chegou no início da tarde desta quarta-feira (madrugada em Brasília) a Seul, capital da Coreia do Sul, onde participa a partir da quinta-feira da reunião de cúpula do G20 (o grupo que reúne as 20 maiores economias do planeta), ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula deve chegar a Seul somente na quinta-feira, após passar por Maputo, em Moçambique. A ida de Dilma a Moçambique para acompanhar o presidente chegou a ser anunciada, mas foi cancelada de última hora.

A participação de Dilma na cúpula do G20, sua primeira viagem ao exterior após a eleição, serve também como sua “estreia” da nova líder brasileira no cenário internacional, faltando ainda mais de um mês e meio para sua posse. A presidente eleita, que viajou em um voo de carreira ao lado do ministro da Fazenda, Guido Mantega, preferiu evitar a imprensa na chegada ao hotel Imperial Palace, onde está hospedada, alegando cansaço após 25 horas de viagem.

A agenda da presidente eleita em Seul deve seguir a do presidente Lula, incluindo possíveis reuniões com outros líderes dos países do G20. Apesar disso, ela não deverá ter uma participação formal na reunião, reservada apenas aos chefes de Estado ou Governo em exercício. Em declarações após a eleição, Dilma afirmou que lutaria, ao lado de Lula, para que o G20 adote medidas para combater a chamada “guerra cambial”.

A “guerra cambial”, como ficou conhecida a disputa entre os países em relação às suas moedas, deverá ser o principal tema de discussões dos líderes durante a cúpula em Seul, que termina na sexta-feira. Alguns países, entre eles a China e os Estados Unidos, têm sido acusados de desvalorizar ou manter artificialmente desvalorizadas suas moedas para aumentar a competitividade de seus produtos de exportação.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já afirmou que pretende propor durante a reunião de cúpula do G20 a criação de um índice do FMI (Fundo Monetário Internacional) para identificar os países que manipulam a cotação de suas moedas. O índice poderia servir para eventuais punições contra os países identificados pelo FMI, como por exemplo sanções na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Medidas essenciais

Ministro da Fazenda, Guido Mantega viajou ao lado da presidente e, ao desembarcar na capital coreana, afirmou que Dilma tem conhecimento das medidas consideradas essenciais para manter o equilíbrio da economia brasileira.

– A presidenta está absolutamente sintonizada – disse Mantega, informando que Dilma acompanhou todas as discussões envolvendo as questões sobre macroeconomia nacional.

Mantega afirmou que Dilma deverá cumprir rigorosamente todas as medidas contidas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, zerar o déficit nominal, reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) e fazer o superávit nominal. Segundo o ministro, uma das prioridades do próximo governo é garantir a queda dos juros. De acordo com ele, a queda deverá ser motivada pelo controle da inflação, pelo recuo nos gastos públicos e pelos subsídios por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
correio do Brasil
Rizzolo: Essa é a primeira viagem internacional de Dilma depois da confirmação de sua vitória nas eleições de outubro. Apesar de sua posse só ocorrer no dia 1º de janeiro, a viagem de Dilma já tem “caráter oficial”, pois ela foi convidada pela organização do G20 para participar de todos os eventos do encontro de cúpula. Na semana passada, o Fed (Banco Central dos EUA) anunciou que gastará US$ 600 bilhões na compra de títulos públicos do Tesouro do país. A decisão aumenta a circulação da moeda norte-americana, mas tem como consequência uma desvalorização ainda maior do dólar. A queda da moeda prejudica as exportações de produtos de outros países, como o Brasil.

Esse novo Everest de dólares não vai ficar – e não está ficando – dentro dos EUA, onde os juros reais estão negativos (taxa básica: -0,9%) e não há sinais de que os bancos aumentarão a oferta de crédito, nem que os consumidores e empresas estão dispostos a aumentar o seu endividamento, ao contrário, estão desalavancando. Esses dólares, tal como na primeira superemissão feita pelo FED (a chamada QE1), estão vindo para países em que os juros estão mais altos do que nos EUA – com as consequências descritas acima. O principal país nessa situação, graças ao sr. Meirelles, é o Brasil, que tem a maior taxa de juros básicos do mundo (5,3% em termos reais, ou seja, descontada a inflação – para se ter uma ideia, o segundo lugar em outubro, a África do Sul, tem juros de 2,4%).

Datafolha: Dilma mantém 12 pontos de vantagem sobre Serra

Pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta terça (26) indica que a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, tem 56% dos votos válidos, e o candidato do PSDB, José Serra, 44%. Nos votos totais, Dilma tem 49% (um a menos que na pesquisa anterior) e Serra caiu dois pontos e está com 38%.

O resultado em votos válidos é o mesmo da pesquisa anterior, realizada no dia 21. Os votos válidos excluem brancos, nulos e indecisos.

Se considerados os votos totais (que incluem brancos, nulos e indecisos), Dilma soma 49% das intenções de voto, e Serra, 38%, segundo o Datafolha. Os brancos e nulos são 5%, e os indecisos, 8%. Na pesquisa anterior, no dia 21, Dilma registrou 50%, e Serra, 40%. Brancos e nulos eram 4%, e os indecisos, 6%.

Estratégia tucana fracassou

A segmentação dos resultados do novo levantamento mostra que não foi eficiente a estratégia de Serra de reforçar sua presença no Sudeste e no Sul do país, o chamado “cinturão tucano”, onde teve votação expressiva no primeiro turno.

No Sudeste, o tucano perdeu três pontos percentuais e agora é derrotado pela petista por 44% a 40%. No Sul, ele perdeu dois pontos percentuais, mas ainda vence Dilma –que cresceu dois pontos– por 48% a 41%.

No Nordeste, ponto forte da petista, a distância entre os dois adversários, que oscilaram negativamente um ponto, ficou a mesma da pesquisa passada (37 pontos, ou 64% a 27%).

A pesquisa ainda não reflete dois fatos negativos na campanha de Serra: a denúncia publicada nesta terça-feira pela Folha de S. Paulo sobre suposta fraude na licitação para obras do metrô paulista (leia mais aqui) e o desempenho ruim do candidato tucano no debate da Rede Record (leia mais aqui).

Indecisos são 8%

Desta vez, foram entrevistados 4.066 eleitores em 246 municípios em todos os Estados do país. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Pretendem votar em branco ou anular o voto 5% dos eleitores entrevistados (eram 4% no último levantamento), enquanto 8% dizem estar indecisos (contra 6% da última pesquisa).

Contratada pela Folha e pela Rede Globo, a pesquisa está registrada no Tribunal Superior Eleitoral sob o número 37.404/2010.
Vermelho
Rizzolo: É um dado bom, contudo isso não significa que a eleição está ganha. É necessário nessa fase, militância em dobro, é importante que aqueles que se dispuseram a lutar pela vitória de Dilma descansem apenas no último minuto antes das 17:00 do dia 31. Portanto não há que se falar apenas em entusiasmo, mas sim em disposição de lutar para que esses dados se concretizem nas urnas. Lutar pelo Brasil.

Vox Populi: Dilma mantém 14 pontos de vantagem sobre Serra

Pesquisa Vox Populi/iG publicada nesta segunda-feira mostra que, a menos de uma semana das eleições, a candidata do PT ao Palácio do Planalto, Dilma Rousseff, mantém a dianteira sobre o tucano José Serra na corrida presidencial, com 14 pontos de vantagem nos votos válidos.

Considerando-se apenas os votos válidos, Dilma seria eleita com 57% contra 43% de Serra. De acordo com esse critério, a distância entre os dois candidatos é de 14 pontos, igual à apontada pelo último levantamento. Ainda assim, 88% dos eleitores ainda afirma, porém, que já tem certeza da decisão tomada.

Já na votação nominal, incluindo brancos, nulos e indecisos, a ex-ministra da Casa Civil oscilou dois pontos para baixo em relação ao levantamento realizado pelo instituto entre os dias 15 e 17 de outubro e agora conta com 49% das intenções de voto. Com isso, ela tem uma vantagem de 11 pontos sobre Serra, que perdeu um ponto e aparece com 38%.

O número de eleitores que pretendem votar nulo ou em branco ainda é de 6% – mesmo índice contabilizado na última pesquisa. O Vox Populi apontou, no entanto, aumento do número de eleitores indecisos ou que não responderam ao questionário: de 4% para 7%.

O Vox Populi ouviu 3.000 pessoas em 214 municípios, entre os dias 23 e 24 deste mês e, portanto, já refletem a repercussão de episódios que marcaram o debate presidencial na semana passada, como o tumulto em um compromisso de Serra no Rio de Janeiro. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral sob número 37059/10 em 20 de outubro.

Vantagem

A região onde a candidata do PT tem a maior vantagem em relação ao adversário tucano é o Nordeste: 64%, contra 27% do tucano. Na pesquisa anterior, Dilma tinha 65% no Nordeste (caiu um ponto) e Serra tinha 28% (também caiu um ponto). Já no Sul, Serra tinha 50% contra 41% da petista e agora o tucano aparece com 47% (3 pontos a menos) contra 39% de Dilma (dois pontos a menos). No Sudeste, onde está concentrada a maior fatia do eleitorado, Dilma venceria por 44% (tinha 47% na pesquisa anterior) a 40% de Serra, que manteve o índice.

Entre os eleitores de Dilma, 53% são homens e 46%, mulheres. Já Serra tem mais apoio entre mulheres (40%) do que entre os homens (36%).

Num momento em que temas religiosos ganharam destaques na campanha, a pesquisa aponta também que Dilma venceria o rival entre eleitores católicos (51% a 39%), católicos não praticantes (53% a 35%) e evangélicos (44% a 41%). Entre os eleitores que não têm religião, a vantagem da petista é de 46% a 38%.

Fonte: iG
Rizzolo: Não é difícil explicar a margem das pesquisas em função da popularidade do governo Lula, mas o que realmente conta, é o receio do povo brasileiro em relação ao um retrocesso político. Por muitos anos a população pobre se viu privada do desenvolvimento do país, foi portanto no governo Lula que os avanços surgiram, e no discurso da oposição não há uma diretriz em relação à política de inclusão, de cuidar dos pobres, talvez seja o receio de se perder tais conquistas que faz com que o povo enxergue a candidata Dilma como a preferida. Mas pesquisa boa é a urna.

Ato de juristas e intelectuais a favor de Dilma lota teatro de faculdade católica

Ato organizado por intelectuais e juristas em apoio à candidatura da petista Dilma Rousseff à Presidência da República lotou auditório da PUC-SP na noite desta terça-feira. Presente ao evento, o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos afirmou que “os juristas e intelectuais que estão com Lula, estão com Dilma”. “Nós sabemos de que ado está a PUC”, disse um dos organizadores. Participam do evento o candidato a vice-presidente Michel Temer, Jose Genoino, Marco Aurélio Garcia, Ricardo Berzoini, Edinho Silva, Frei Betto, Aloizio Mercadante, o padre Júlio Lancellotti e as ex-prefeitas da capital paulista Luiza Erundina e Marta Suplicy.

Pouco antes das 19h, membros da assessoria de campanha de Dilma abordavam políticos e juristas ligados ao PT para gravarem depoimentos ao programa da presidenciável, mas nenhum deles aceitou aparecer.

Dentro do auditório do Teatro da Tuca, o vereador Gabriel Chalita abriu os trabalhos dizendo que “nós assistimos uma das campanhas mais feias deste segundo turno. Serra disse no debate que Dilma o criticava, mas de frente e não no submundo.Temos de escolher a política do atraso, do medo, ou a política da esperança”.

Padre Lancellotti realiza ato pró-Dilma neste sábado

Com participação ativa na campanha de Dilma Rousseff em São Paulo desde o início do segundo turno, o padre Júlio Lancellotti falou que “Serra é o pai do higienismo em São Paulo”. Acrescentou que “a igreja não tem tutela sobre a consciência do povo”. Pouco antes, ele distribuiu panfletos para divulgar a realização de um ato no próximo sábado na Igreja de Santos Apóstolos, na capital paulista, em defesa da candidata. No convite, intitulado “Os cristãos e a defesa da verdade e da justiça nas eleições 2010″, o padre, a professora Marilena Chauí e Dom Angélico escrevem:

“Como cristãos, sabemos da nossa responsabilidade com a transformação da sociedade e a construção do Reino. Estamos convidando todo o povo da região da Brasilândia para refletir sobre o papel dos cristãos nas eleições. ‘Se nos calarmos, até as pedras gritarão’, encerra o panfleto, evocando um trecho da bíblia (Lc 19,40).
Estadão
Rizzolo: Estive no evento e pude constatar a animação e o entusiasmo da militância. É realmente fantástico a capacidade da Intelectualidade, da Igreja , e dos juristas de envolver a todos num ideal de fazer com que não haja um retrocesso político no Brasil, todos em torno do apoio à candidata Dilma. O local foi o Tuca, palco de manifestações de outrora, reduto da resistência democrática. Impressionante o entusiasmo, no teatro lotado numa só voz cantamos o hino nacional na entrega de manifesto a favor de Dilma.

Vox Populi: Dilma tem 51% das intenções de voto e Serra, 39%

Divulgada nesta terça-feira, a pesquisa Vox Populi/iG aponta a presidenciável petista Dilma Rousseff com 51% das intenções de voto contra 39% do tucano José Serra.

Votos brancos e nulos representam 6% e os indecisos somam 4%.

Se forem considerados apenas os votos válidos (sem os brancos, nulos e indecisos), Dilma tem 57% da preferência dos eleitores e Serra, 43%.

A Região Sul é onde Serra tem o maior percentual de intenção de voto, são 50% do tucano contra 41% da petista.

Dilma tem maiores índices no Sudeste, somando 47% da preferência dos eleitores contra 40% de Serra, e no Nordeste, onde ela ganharia por 65% a 28%.
Zero Hora
Rizzolo: A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ampliou para 12 pontos percentuais a vantagem sobre o adversário do PSDB, José Serra, é uma boa diferença. A grande questão é que na realidade a candidata Dilma, nesse segundo turno, demonstra mais vitalidade, mais combatividade e o já vazio discurso da oposição não mais impressiona a grande massa. Ontem assisti o apoio de artistas no Rio dentre eles Chico Buarque de Holanda, foi emocionante, de fato toda intelectualidade brasileira está ao lado de Dilma, todos unidos na luta contra o retrocesso. Mas a grande pesquisa continua sendo as urnas.

Professor Celso Antônio Bandeira de Mello apoia Dilma

Nosso nobre professor titular de Direito Administrativo da Faculdade Paulista de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) desde 1974, onde foi também vice-reitor para assuntos acadêmicos (1973-1976).

Marilena Chaui: Serra é ameaça à democracia e aos direitos sociais

Professora da Universidade de São Paulo (USP), a filósofa Marilena Chaui fala sobre os avanços do governo Lula e a ameaça dos direitos sociais. A entrevista foi gravada no dia 13 de outubro de 2010.

Dilma, luz de esperança

*por FERNANDO RIZZOLO

Talvez o mais famoso líder na história da humanidade do ponto de vista de liderança e espiritualidade tenha sido Moisés. Preenchia ele, segundo relatos bíblicos, a capacidade de reunir os aspectos essências de um líder. Sua compaixão e preocupação pelos seres vivos, segundo o Velho Testamento, despertaram a observação de Deus que viu nos seus gestos, o homem ideal para liderar um povo com sabedoria, firmeza e os devidos valores espirituais.

Mas porque um líder teria que, acima de tudo, estar imbuído não só dos valores que o levam ao poder, mas também de uma sensibilidade espiritual que o guiasse no decorrer de seu mandato? A resposta pode estar tanto na história da humanidade quanto nos Livros Sagrados. A cada dia observamos que a falta de uma bússola espiritual aos líderes em geral, os faz distanciarem-se do povo, de seus objetivos provedores, de seus valores éticos, tornando o exercício do poder algo mecanicista, articulatório, onde os interesses pessoais e materialistas se assombram sob o som de uma orquestra que visa à manutenção das vantagens dos que compartilham o poder, transformando a governança, insensível aos valores morais, da boa conduta humana e do bom exemplo.

Alguns alegam que existe hoje em dia uma tendência fundamentalista-religiosa em muitos países e, com certeza, todo exagero quer seja ele de qual for a origem, não é saudável. Contudo, a história demonstra que frágil é a sociedade sem os devidos preceitos que elevam o ser humano e que sem um esteio espiritual – seja ele fruto de qualquer religião – tende a levar a humanidade à fraqueza moral, à desestruturação da sociedade, e por consequência, à queda de seus líderes.

Vejo como uma luz de esperança a candidatura Dilma, que através de uma luta pessoal, vencendo os obstáculos da repressão militar no decorrer de sua vida, com sua fé, sempre demonstrou uma luta por justiça social e pelos pobres, optando, portanto, por um caminho politicamente mais tortuoso, mas que aos olhos de Deus, próprio de um líder. Assim talvez com sua ajuda divina, o Grande Arquiteto do Universo a escolha nossa presidente, como aquele que um dia libertou um povo da escravidão e que, certamente, poderá também nos libertar desse “Egito político” em que hoje vivemos no Brasil; onde os lobos vestidos em pele de cordeiro tentam de todas as formas destruir os avanços do governo Lula em prol daqueles que sempre viveram no “Egito” da pobreza, que de forma cruel escravizou e açoitou o povo brasileiro nesse nosso imenso Brasil.

Fernando Rizzolo

Campanha não é agressiva, mas “assertiva”, corrige candidata

A presidenciável Dilma Rousseff (PT) discordou nesta terça-feira que a campanha do segundo turno esteja mais agressiva. Na avaliação da candidata, agora está “assertiva”.

– Agressiva ela esteve no primeiro turno, quando houve a campanha de boatos e quando as pessoas que acusavam não apareciam. Fui atacada de forma clara – afirmou Dilma durante evento comemorativo ao Dia das Crianças em Brasília.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, um dos coordenadores da campanha de Dilma, também afirmou que não houve mudança na tática da campanha, mas um revide aos ataques. Segundo Dutra, a campanha de segundo turno “agora vai reagir”.

– Não há uma mudança na tática. O que nós decidimos é que não vamos aceitar calados os ataques. Eles têm uma campanha na televisão, onde fazem o debate político, e ao mesmo tempo no submundo, no subterrâneo, têm uma campanha com argumentos absolutamente medievais – pontuou Dutra.

Para Dutra, a posição mais firme de Dilma não vai prejudicá-la nesta campanha. Para ele, o fato de se liderar nas pesquisas de intenção de voto não implica que a petista deva aceitar “calúnias” levantadas contra ela. Dilma tem afirmado ser vítima de uma “rede de boatos e intrigas” com o intuito de prejudicar sua campanha, envolvendo principalmente questões relacionadas a aborto e religião.

A petista aproveitou o evento comemorativo ao Dia das Crianças para enfatizar a promessa de construir seis mil crechers caso seja eleita, afirmando que a “criança é o futuro do nosso país”.

– Um país, ele se mede pelo que ele faz pela criança, pela capacidade do país de proteger, de apoiar, de incentivar as crianças, e, sobretudo, de dar oportunidade para que elas se transformem em adultos plenamenmte realizados – afirmou.

Para a candidata, esse hoje é um dos desafios do Brasil. Segundo o último levantamento do Datafolha, divulgado no último sábado, Dilma Rousseff mantém a liderança na disputa presidencial, com 48% das intenções de voto, contra 41% de Serra. Considerando os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, a petista tem 54% contra 46% do tucano.

fonte: correio do Brasil

Rizzolo: A correta observação que deve ser feita, é que não há como suportar questões de ordem difamatória apenas na esfera da “cordialidade conservadora”. Com efeito, tal assertividade pontual como resposta à altura da desqualificação eleitoreira, se faz necessária. A defesa do povo brasileiro, da política desenvolvimentista, urge uma postura digna, pontual e firme diante das calúnias, das redes de boatos e intrigas, e do uso abusivo e nefasto das questões de cunho religioso com o simples fim de denegrir a imagem da candidata. Resposta à altura, sim, deve ser o caminho na defesa dos ideais do povo brasileiro.

Dilma denuncia caixa 2 na campanha de Serra e tucano se cala

No auditório do debate da TV Bandeirantes, formado por políticos convidados das duas campanhas, petistas eram só sorrisos para a firmeza da candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT), que respondeu de forma incisiva, primeira vez, ao seu adversário, José Serra (PSDB). Os tucanos, que não responderam à acusação de Dilma sobre o “desaparecimento” de cerca de R$ 4 milhões doados para a campanha como caixa 2, demonstraram surpresa com a nova atitude da oponente e diziam que o comportamento de Dilma dela era “agressivo”.

No final do primeiro bloco do debate, Dilma cobrou de Serra esclarecimentos sobre Paulo Vieira de Souza, ex-membro do governo tucano em São Paulo que, segundo a petista, “fugiu com R$ 4 milhões de sua campanha”. Na plateia, o questionamento deixou os petistas efusivos. Integrantes do PSDB, preocupados com o cerco da imprensa a partir deste instante, prepararam uma saída à francesa do senador eleito Aloysio Nunes, que mantinha relações estreitas com Vieira de Souza. Minutos depois, o senador eleito deixou o estúdio e não retornou.

Mais conhecido como Paulo Preto, Paulo Vieira de Souza foi diretor de engenharia da Desenvolvimento Rodoviário S/A (Dersa). Ele era o responsável direto por grande parte das obras viárias do governo de São Paulo. Chamado de “homem-bomba do PSDB”, em matéria da revista semanal de ultradireita Veja, publicada em maio deste ano, Paulo Preto foi demitido oito dias depois de ter inaugurado o trecho sul do Rodoanel. Quando Aloysio Nunes deixou o debate, depois do questionamento sobre Paulo Preto, o correligionário Cícero Lucena ocupou o seu lugar na plateia.

No instante da acusação, Serra olhou para assessores, o marqueteiro Luiz Gonzalez e o estrategista Felipe Soutello. Tempo encerrado. Nos bastidores, a denúncia agitou a plateia e as conversas de pé-de-ouvido.

– Ele está desnorteado. Isso, no boxe, é nocaute – espetou o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT).

Mais abaixo, o coordenador de comunicação de Dilma, o deputado estadual Rui Falcão, informava:

– A imprensa já noticiou: ele era diretor da Dersa e fugiu com R$ 4 milhões.

O dinheiro, segundo a pergunta-acusação de Dilma no debate, teria sido arrecadado para campanha tucana.

– Serra deve ter levado um susto – comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.

Ainda segundo a matéria da revista Veja, “Vieira de Souza e Aloysio se conhecem há mais de 20 anos. Quando, no ano passado, o tucano sonhou em ser o candidato de seu partido ao governo de São Paulo, Vieira de Souza foi apresentado como seu ‘interlocutor’ junto ao empresariado. A proximidade entre os dois é tão grande que a família dele contribuiu para que o ex-secretário comprasse seu apartamento”.

Em agosto, a revista IstoÉ publicou uma matéria de capa, segundo a qual líderes do PSDB acusam Paulo Preto “de ter arrecadado dinheiro de empresários em nome do partido e não entregá-lo para o caixa da campanha”. A publicação traz também uma declaração de um diretor de uma das empreiteiras responsáveis por obras de remoção de terras no eixo sul do Rodoanel: “não fizemos nenhuma doação irregular, mas o engenheiro Paulo foi apresentado como o ‘interlocutor’ do Aloysio junto aos empresários”.

À saída do debate na TV Bandeirantes, os petistas questionavam a falta de resposta do tucano à acusação feita por Dilma com base na denúncia da revista IstoÉ. O deputado Jutahy Magalhães Jr., diz “desconhecer completamente a história”.

Hipocrisia

Para o PT, Dilma levou ao palco do debate temas que a campanha tucana trata nos bastidores.

– Serra tem uma campanha na TV e outra nos subterrâneos. Vamos acabar com essa hipocrisia – disse José Eduardo Dutra, presidente do partido, no domingo à noite.

Entre os tucanos, o comentário era comum.

– A postura dela é de quem está perdendo. Quem está ganhando é light – julga o deputado Jutahy Magalhães Junior (BA), um dos peessedebistas mais próximos de Serra. Antes do início do debate, Jutahy chegou a dizer que os temas negativos iriam ficar de fora do programa, oferecendo como argumento a baixa audiência, comparada com outras emissoras.

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), concordou que o debate daquela noite lembrava 2006, quando, no primeiro embate presidencial do segundo turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele também foi duro. Em desvantagem nas pesquisas, a estratégia acabou sendo negativa para sua campanha.

– Só que (aqui) foi invertido – limitou-se a dizer.

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, não escondia sua satisfação.

– É bom falar isso cara a cara – disse sobre Dilma.

Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, acredita que a candidata “sentiu necessidade de trazer às claras, olho no olho, o que era dito às escondidas”.

– Arrasou – resumiu a senadora eleita Marta Suplicy (PT), falando diretamente à candidata.

Mais contido, o ex-ministro Antonio Palocci, um dos principais coordenadores da campanha petista, disse que “ela não fez ataque, fez perguntas”, enquanto na análise do candidato a vice, deputado Michel Temer (PMDB), Dilma falou para a militância.

Mais incisiva

Dilma também abordou o viés privatista do PSDB de Serra e denunciou seu assessor, David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) no governo FHC, de privatizar o pré-sal. Serra esquivou-se:

– Não vou fazer privatização nenhuma do pré-sal. Eu tenho cabeça própria e tenho as minhas ideias.

E foi metafórico ao resumir de que se trata a ideia:

– Qual seria o Brasil do PT? O Brasil do PT seria o Brasil do orelhão…

O troco da petista veio em seguida:

– O meu Brasil não é o Brasil do orelhão, é o Brasil da banda larga, mas é a banda larga para todos.

Dilma também aproveitou uma deixa quando foi questionada sobre os problemas e falta de investimentos em infraestrutura, como portos e aeroportos. Ao justificar o porquê dos aeroportos estarem lotados, Dilma argumentou que “o povo está viajando de avião”, o que, segundo ela, só os ricos faziam no tempo do governo FHC, do qual foi ministro Serra.

Ela trouxe ao debate questões como a legalização do aborto, considerada uma das responsáveis pela perda de votos junto a eleitores católicos e evangélicos no primeiro turno. A candidata usou expressões duras contra Serra como “eu lamento as suas mil caras” e “essa forma de campanha que usa o submundo é correta?”. Afirmou ainda que a mulher de Serra, Monica, teria veiculado a informação de que a petista é “a favor da morte de criancinhas” e defendeu que “o professor não seja tratado a cassetete”.

Serra reagiu dizendo que Dilma quer se “vitimizar” e admitiu que estava surpreso com sua “agressividade”. Logo após o debate, Dilma justificou a tática como posição de segundo turno e não admitiu ter sido agressiva.

– Não é uma nova estratégia, é uma nova situação. É debate de segundo turno, em que as pessoas podem explicar de uma forma muito mais efetiva, muito mais dinâmica as suas posições. Quando tem mais candidatos, a roda gira e passa três para chegar em ti. Essa (no segundo turno) é uma forma mais límpida – explicou.

Serra declarou que a escolha do tom não foi dele.

– Debate é feito a dois mais o moderador. Se o outro prefere escalar acusações, o debate muda a sua natureza. Eu pensava, se dependesse de mim, ter discutido mais propostas e programas concretos de governo – afirmou ao final, sem admitir que também baixou o nível contra a adversária, acusando-a de “mentirosa”.

Segundo a Band, o debate teve média de 4 pontos no Ibope, com máxima de 6. O presidente do PT disse que há mais cinco convites de emissoras sendo analisados pela campanha para a realização de debates.

Fonte: Correio do Brasil

Rizzolo: Dilma foi nesse debate brilhante, combativa, e o que se pode inferir foi o desconforto do candidato Serra ao ver desnudada sua condição de amante do neoliberalismo. Pudemos observam também que a coordenação da campanha tucana se viu surpreendida com o desempenho de Dilma, que por muitas vezes deixava o candidato da oposição sem argumentos restando-lhe apenas a costumeira ironia e soberba.”Serra deve ter levado um susto”, comemorou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. “A Dilma colocou o tema do Paulo Preto na campanha. Foi colocado e não houve qualquer reação. Está na pauta das discussões dos próximos dias”, avaliou Edinho Silva, presidente do PT paulista.

Reunião com aliados mostra força política da candidatura de Dilma

O PT e os partidos aliados, além de governadores, senadores e deputados reeleitos reuniram-se em Brasília nesta segunda-feira (04) e discutiram como será a atuação nos estados até 31 de outubro, data do segundo turno das eleições. A reunião mostrou a força política de Dilma e animou os participantes a recomeçar com fôlego redobrado a campanha presidencial.
Muitas avaliações foram apresentadas para explicar o bom desempenho da candidata do partido verde, Marina Silva, que acabou levando a eleição para o segundo turno.

Para o líder do PT na Câmara, deputado Fernando Ferro, reeleito por Pernambuco, a comparação entre o governo tucano e o de Lula deve ser aprofundada. “Se eles não tiraram FHC do armário nós vamos abrir a porta do armário. Temos que ir para o confronto entre os dois governos”, defendeu.

Aliados no PV

Ferro disse que integrantes do PV e do PSOL já o procuraram para conversar, após o resultados das urnas. Ele defende a aproximação com o PV e acredita que o PT “fará pontes” utilizando seus deputados e senadores.

De acordo com Fernando Ferro, Gilberto Gil, que ocupou a pasta da Cultura nos dois mandatos do governo Lula, e o deputado Zequinha Sarney, lideranças do PV com bom diálogo com o PT, devem ser procurados para essa aproximação. Além disso, o PT buscará diálogos com segmentos da sociedade ligados ao PV e à questão ambiental.

“Marina poderá manter a neutralidade por conveniência política, mas isso não impede o PT de buscar esses diálogos”, disse Ferro. “Se observarmos as propostas de Marina, vamos perceber que está muito mais próxima do PT que do PSDB”, avaliou.

Já outros aliados acreditam que a boa votação de Marina não deveu-se a preocupações ambientais dos eleitores. “Este tema não é prioridade na cabeça do eleitor que optou por Marina, e sim a proposta de ‘um novo jeito de governar’ que a candidata defendeu durante a campanha”, diz um observador da cena política aliado de Dilma e que pediu para não ser identificado.

O governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT), defendeu a aproximação dos petistas com os “eleitores apaixonados por Marina” e jogou charme para a candidatado PV. “Marina é maior do que o PV. O PV que me desculpe, mas ela é uma liderança maior. Temos que olhar os eleitores que se apaixonaram por Marina e os que se apaixonaram por Dilma”, afirmou o governador baiano, antes da reunião com o comando da campanha, em Brasília.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB), mostrou-se bastante confiante na vitória de Dilma. “Vamos ganhar no segundo turno e daqui (da reunião) sai a estratégia da vitória”, afirmou, antes de entrar para a reunião.

O governador eleito, Eduardo Campos, no entanto, preferiu ser mais cauteloso. “Veio um recado das urnas. Temos que ouvir, ter humildade e fazer um bom segundo turno. O lado bom disso é que os dois candidatos terão mais tempo para discutirem as propostas, e acho que foi isso que levou a população a forçar um segundo turno”, afirmou.

Dilma destaca proximidades com Marina

Durante a primeira entrevista coletiva após a realização do primeiro turno das eleições, a candidata petista Dilma Rousseff reconheceu que a votação de Marina foi o principal fator que provocou o segundo turno. Dilma disse que ligou para a candidata do PV para parabenizá-la pela disputa e campanha qualificada. “Marina faturou e tirou (votos) do meu adversário”, afirmou.

Sobre o apoio de Marina nesta nova fase da campanha, Dilma afirmou que existem mais proximidades do que diferenças entre as duas, mas que a decisão é de “foro íntimo” da candidata verde e ainda não pediu apoio a ela. “Nao acho adequado especular sobre o que alguém vai fazer. Hoje liguei para cumprimenta-lá. Em um segundo momento vamos conversar”, afirmou Dilma.

A decisão oficial do PV sobre o apoio só será conhecida após uma convenção partidária que deve ser realizada em 15 dias, no máximo. O estatuto da legenda prevê a possibilidade de que aqueles que forem minoria na convenção se manifestem de maneira contrária ao que foi decidido, respeitando a posição majoritária, não sofrendo nenhum tipo de sanção por conta dessa postura.

Isso deixa aberta a possibilidade de que o posicionamento adotado por Marina seja diferente daquela tomado pela maioria. “Eu prefiro fazer uma manifestação partidária”, afirmou ela, em referência à postura de Fernando Gabeira (PV), que declarou nesta quinta apoio à candidatura de José Serra. Marina disse que a decisão de Gabeira é uma postura individual do deputado.

Marta: Serra foi rejeitado como opção

A reunião de governadores e parlamentares da base em Brasília mostra a força política da candidatura de Dilma. Todos acreditam que os votos de Marina Silva tendem a migrar para a petista. A senadora eleita Marta Suplicy (PT-SP) disse que o importante é que o eleitor votou em Marina e não no candidato tucano José Serra.

“Foram muitas coisas que se somaram para ter segundo turno. Mas as pessoas não resolveram votar no Serra. O voto foi para Marina, que é uma pessoa ética e do bem. Então isso não comprometia. E, agora, esse voto vai para Dilma”, disse Marta Suplicy.

O senador eleito Roberto Requião (PMDB-PR) disse que é amigo de Marina Silva, e, se necessário, irá procurá-la para conversar sobre segundo turno. Na mesma linha, o senador eleito do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), disse que os mais de 40% dos votos de Marina no DF vão para Dilma.

“Quase a totalidade dos votos de Marina no DF vão para Dilma, podem ficar certos”, afirmou.

Lula e Dilma convocaram pessoalmente a reunião

Foram o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a candidata Dilma Rousseff que dispararam telefonemas convocando governadores eleitos, presidentes de partidos e senadores para a reunião.

Eles planejam a formação de uma frente de atuação nos estados para o segundo turno. O objetivo é iniciar imediatamente uma ofensiva e reverter a tendência de queda nas intenções de voto observada nos últimos dias da disputa do primeiro turno.

O governador reeleito do Rio de Janeiro , Sérgio Cabral (PMDB), esteve na reunião e comentou que a população deu um recado claro nas urnas com a votação de Dilma e Marina. “A Dilma foi beneficiada por essa parceria (com o PMDB), ela foi líder no Rio. O recado das urnas é claro, o Brasil quer uma mulher para presidente. No Rio, as duas mulheres ficaram na frente, somam 65% dos votos para mulheres. É hora de eleger uma mulher”, afirmou.

Também estiveram na reunião com a candidata do PT o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), e os senadores eleitos Eduardo Braga (PMDB-AM), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Renan Calheiros (PMDB-AL), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Delcídio Amaral (PT-MS), entre outros.

Com agências
Rizzolo: Agora o empenho deve ser total, é claro que há necessidade de demonstrar as diferenças entre os dois governos, e trazer à baila a figura de FHC, este sim deve ser o tom da campanha, a aproximação com Marina é essencial, e evidentemente, acima de tudo, fazer uma profunda reflexão sobre as falhas cometidas no primeiro turno, hora de ser humilde.

Dilma diz que vai encarar segundo turno com muita garra e energia

Acompanhada da coordenação de sua campanha e do seu vice, deputado Michel Temer (PMDB), a candidata do PT, Dilma Rousseff, fez um pronunciamento há pouco em Brasília e disse que está confiante em uma vitória no segundo turno. “Vou encarar esse segundo turno com muita garra e muita energia”, disse a candidata, que chegou a ser apontada nas pesquisas como vencedora no primeiro turno.

“Somos bastante guerreiros, acostumados a desafios, e somos bons de chegada. Tradicionalmente, a gente [o PT] tem desempenhado muito bem no segundo turno e eu considero que esse segundo turno será um processo muito importante de diálogo com a população e com todos os representantes da sociedade civil”, afirmou Dilma.

A candidata petista acompanhou a apuração dos votos no Palácio da Alvorada, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com mais de 46% dos votos válidos, Dilma disputará o segundo turno com o tucano José Serra, que obteve mais de 32% dos votos.

Dilma não respondeu a perguntas dos jornalistas. Segundo sua assessoria, amanhã haverá uma entrevista coletiva com a candidata, à tarde.

A petista disse que seu pronunciamento era também para agradecer os votos que obteve no primeiro turno. Ela também citou seus adversários políticos, José Serra e Marina Silva, e agradeceu pela disputa, que ela chamou de “momento especial” de sua vida.

Dilma disse ainda que quer enfatizar os seus projetos de erradicação da miséria e de crescimento do país a taxas elevadas. “Nossa tarefa é fazer com que 190 milhões de brasileiros possam desfrutar do Brasil”.
correio do Brasil
Rizzolo: Como já comentei anteriormente o segundo turno é bom do ponto de vista democrático, pois chancela ainda mais a escolha popular. O importante na política é jamais perder o entusiasmo e a determinação, isso é o que vale.

Diretor do Sensus diz que chance de segundo turno é de 10%

Conversei por telefone com Ricardo Guedes, do Sensus, sobre as últimas pesquisas antes da eleição deste domingo. Ele diz que estatisticamente a chance de segundo turno é de 2,5%, mas que aumentaria essa chance para 10% considerando “variáveis políticas”.

Os institutos concordam que Dilma Rousseff está próxima dos 55% de votos válidos, mas como a margem de erro é de 2% ela pode ter 53%, ou seja, estaria numa região “fronteiriça com o segundo turno”.

Guedes diz que Dilma conseguiu estancar a hemorragia de 6 milhões de votos que sofreu em duas semanas e que um segundo turno só acontecerá se a candidata tiver perdido outros 6 milhões de votos desde quarta-feira. “Dilma pode até ter recuperado votos”, disse Guedes.

Ele diz que a tal “onda verde” foi uma invenção e que não se sustenta pelos números dos institutos de pesquisa. Marina Silva, do PV, na verdade, teria tirado proveito da troca de acusações entre as campanhas de José Serra e Dilma Rousseff.

Guedes disse que trocou figurinhas com o diretor-executivo do Vox Populi, João Francisco Meira, e que ambos concordam com a avaliação que reproduzi acima.

É natural — digo eu, Azenha — que pesquisa é pesquisa e eleição é eleição. Há um sem número de fatores que podem influir no resultado e é bom que seja assim. Eleição sem emoção não tem graça.
site do pcb

Rizzolo: Concordo com o Azenha, é difícil prever, mas o importante é que a democracia seja exercitada, que o ato de votar expresse a vontade popular, e que se houver segundo turno, que seja para chancelar ainda mais esse exercício. Eu como candidato desejo que amanhã o Brasil dê um grande passo para o futuro, e que o passado, o retrocesso, seja defitivamente banido. Viva o Brasil, viva o povo brasileiro ! Boa eleição a todos !!