“Senador escravocrata causa revolta ao povo brasileiro”

“Eles sempre falaram que a culpa da escravidão é dos próprios negros. É como se um erro justificasse outro”, declarou o professor Eduardo de Oliveira, poeta, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB) e militante do movimento negro há mais de 60 anos, sobre as declarações do senador Demóstenes Torres (Dem), durante audiência pública no Supremo Tribunal Federal (STF), dias 3 e 4 de março, para debater a política de cotas no ensino superior.

Autor do Hino à Negritude e um dos maiores defensores das cotas para os negros nas universidades, o professor Eduardo condenou as declarações de Demóstenes que “tenta reverter toda a História dizendo que os negros eram culpados pela escravidão e as mulheres se entregavam aos senhores prazerosamente”. “Ele disse que as mulheres foram as responsáveis por serem violentadas. Que quem tinha prazer em servir os senhores eram as mulheres negras”.

Para o professor Eduardo, “o que o Demóstenes acabou fazendo é uma coisa horrível” e mereceu o repúdio de todos os que presenciaram aquele vexame. O presidente do CNAB se solidarizou “com as mulheres que estavam presentes à audiência no STF e redigiram um documento de protesto contra as palavras do senador”. “A atitude tomada por ele nessa audiência pública revoltou muito as mulheres”, declarou ao HP o autor de 10 livros publicados, entre os quais a enciclopédia “Quem é Quem na Negritude Brasileira”.

Eduardo Oliveira disse que os inimigos das cotas estão na contramão do momento em que o país vive, de “expressivas conquistas para a negritude, onde o governo Lula reconheceu a necessidade de compensar os afrodescendentes, com a criação das cotas e com a nomeação de negros para o primeiro escalão da administração pública nacional”.

As posições retrógradas do senador dos Demos provocaram reações indignadas de inúmeras lideranças negras e de várias personalidades. Segundo Demóstenes, “todos nós sabemos que a África subsaariana forneceu escravos para o mundo antigo, para o mundo islâmico, para a Europa e para a América” e “até o princípio do século 20, o escravo era o principal item de exportação da pauta econômica africana”. O professor Eduardo rebateu: “O que ocorria na época eram problemas de guerras tribais. Quem perdia era condenado à morte ou à escravidão”.

O líder negro assinalou que a política de cotas nas universidades “vem no sentido de corrigir uma injustiça histórica que privilegia a condição social e econômica de poucos em detrimento da grande maioria do povo brasileiro de origem afro-descendente”, mas ressalta que “temos ainda muito a conquistar”. Ele destacou, contudo, que “não podemos esquecer as inúmeras vitórias dos afro-brasileiros, fruto de um esforço hercúleo, como a definição do racismo como crime inafiançável, o reconhecimento do direito dos quilombolas às suas terras, a proliferação de conselhos afrodescendentes que hoje atuam em vários estados, a oficialização do Hino à Negritude e a criação da Secretaria Especial de Políticas da Promoção da Igualdade Racial”.

ANDRÉ AUGUSTO
Hora do Povo

Rizzolo: Conheço pessoalmente o professor Eduardo de Oliveira, que hoje é um dos expoentes na luta contra as injustiças cometida contra os negros neste país durante nossa história. É repudiável o discurso de Demóstenes que nos remete a uma época em que o Brasil se encharcava de ódio e preconceito. A luta dos negros deve continuar para que possam restabelecer seu lugar com dignidade junto à nação brasileira.

Intolerância e os Jardineiros do Futuro

Muitas são as situações que ainda subsistem, em que a demonstração de intolerância nos leva a uma reflexão de que pouco evoluímos desde a época da libertação dos escravos no Brasil, datada de 1888. A notícia de que jovens foram suspeitos de açoitar um jardineiro negro no interior de São Paulo, agredindo-o verbalmente, demonstra que, neste país, o negro ainda é visto como cidadão de segunda classe. No entanto, o mais interessante nestes episódios de intolerância, é que os atores desses crimes de racismo compõem substancialmente um cenário que é alvo de discussões, que vão desde o papel do negro na sociedade até ações afirmativas e políticas de afirmação do negro no Brasil.

Enquanto a imensa maioria negra é impedida de frequentar determinados cursos superiores como uma faculdade de medicina, particular ou pública, quer pelo alto valor das mensalidades, quer pela concorrência daqueles que dispõem de mais tempo para se preparar, a agressão, o desprezo e o ódio surgem diante de nós promovidos por representantes de uma elite branca jovem, economicamente privilegiada, que, de forma emblemática, como numa cena cinematográfica de violência, acaba traduzindo toda a questão maior que envolve a discussão daqueles que sempre serão os jardineiros e a dos destinados a um lugar de destaque na sociedade, desde a época da escravidão.

Na visualização dos conceitos de dignidade humana, é mister levarmos aos jovens de todas as classes sociais e origens os conceitos de direitos humanos, de civilidade e de humanidade, tão imperiosos quanto a educação, a cultura e as oportunidades que os programas de inclusão destacam. É preciso impregnarmos nossa sociedade com os valores de igualdade racial e de cidadania, para que nos próximos anos sintamos que efetivamente estamos longe da triste e trágica época escravagista, despertando nas novas gerações um verdadeiro senso de justiça e de igualdade de oportunidades, fazendo com que os estudantes de amanhã respeitem as minorias, os negros e os jardineiros do futuro.

Fernando Rizzolo

Estudantes ocupam embaixada do Brasil em Caracas

CARACAS – Três estudantes venezuelanos acorrentaram-se à Embaixada do Brasil em Caracas, hoje, para pedir ao país vizinho que sirva de mediador para que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, permita a visita de uma comissão para avaliar a situação dos direitos humanos e de supostos “presos políticos”.

O protesto ocorre cinco dias depois de 163 universitários de 11 cidades venezuelanas terem encerrado uma greve de fome de 155 horas de duração para pedir que o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, intercedesse para que o governo venezuelano aceitasse uma visita da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Hoje, os manifestantes acorrentaram-se durante sete horas diante da embaixada brasileira. Eles deixaram o local depois de entregarem um documento no qual pediam ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que “se interesse pelo destino” de 39 opositores detidos por delitos como perturbação da ordem pública, lesões graves a policiais e incitação ao crime.
agencia estado

Rizzolo: Bem entendo que o Brasil não deve mais interferir em assuntos internos nos demais países. O episódio Honduras bastou para que o Itamaraty não entre em outra situação delicada. O grande problema agora, é que o Brasil passou a ser uma referência nessa atuação, só que dessa vez como é a oposição chavista, não acredito em incursões brasileiras. Isso é problema do Chavez, ademais, sinceramente, precisamos saber o que estes oposicionistas fizeram para estarem detidos, nenhum extremista é santo, tanto de esquerda quanto de direita.

Dinheiroduto de Bush para alimentar estudantes opositores na Venezuela é revelado pelo Washington Post

O jornal The Wahington Post revelou em sua edição do sábado, 1º de dezembro, que “líderes estudantis anti-Chávez” tiveram sua atividades financiadas por dinheiro dos EUA através da Agência norte-americana de Desesnvolvimento Internacional (USAID).

Documentos obtidos pela Universidade George Washington, através da lei denominada de “liberdade de informação”, revelaram que a USAID transferiu 216.000 dólares, de 2003 até esse ano, para organizações estudantis de diversas universidades com o pretexto de “resolução de conflitos”, “promoção de democracia” e outros “programas”.

O pesquisador que encontrou os documentos, Jeremy Big-wood, afirmou que esses documentos revelam, “no mínimo, que o governo Bush quer ter o controle sobre o movimento estudantil venezuelano”.

Ele acrescentou que obteve outros documentos que revelam transferência de dinheiro para grupos anti-Chávez na Venezuela.

O porta-voz da embaixada norte-americana em Caracas, Jennifer Rahimi, se enrolando sozinho, declarou que “não há conspiração”, porém confessou que “os EUA apóiam atividades da sociedade civil não-partidárias”.

Hora do Povo

Rizzolo: Realmente chega a ser vergonhoso a intromissão dos EUA em assuntos que não lhe dizem respeito. Imaginem se uma ONG brasileira enviasse dólares para promover arruaças, badernas, e conspirações políticas nos EUA. Sabem o que aconteceria ? É a mesma história dos ” missionários na Amazônia “, que como sempre digo, de missionários nada tem, sabe-se que esses missionários ou pesquisadores tiram até sangue indígena para levar aos EUA a título de ” pesquisa “. Vai você amigo, no Estado de Idaho tirar sangue de índio americano para ver o te que espera. Não há duvida que por de trás de toda conspiração de direita tem dinheiro republicano, só um oligofrênico é capaz de acreditar que não. Isso é democracia? Não é viu.