De Tel Aviv para a BBC Brasil – Israel elege nesta terça-feira um novo Parlamento, que definirá o próximo primeiro-ministro do país, em um clima de grande apatia entre os eleitores.
A previsão é de uma disputa apertada entre a atual ministra das Relações Exteriores, Tipzi Livni, do partido governista Kadima, e o ex-primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do direitista Likud.
Mas não se vê ativistas dos partidos nas ruas, nem adesivos nos carros.
Analistas locais atribuem a apatia a uma falta de esperança, por parte da grande maioria dos eleitores, de que as eleições possam gerar uma mudança significativa na situação do país.
Cerca de 9,3 mil urnas foram abertas na manhã desta terça-feira, em Israel e também em territórios ocupados como a Cisjordânia e as colinas do Golã, para possibilitar a votação de quase 5,3 milhões eleitores, inclusive colonos que moram em assentamentos nos territórios ocupados.
A polícia montou um forte esquema para garantir a segurança no dia das eleições, que inclui 16 mil homens posicionados em pontos estratégicos de todo o país.
O Exército israelense decretou o fechamento dos territórios palestinos por 24 horas, da meia-noite de segunda-feira até a meia-noite desta terça.
De acordo com o porta-voz do Exército, apesar do fechamento das fronteiras, “será permitida a passagem de ajuda humanitária ou médica”.
Trinta e três partidos estão concorrendo às eleições, porém estima-se que apenas 12 deverão obter o mínimo de 2% dos votos, o necessário para a conquista de uma cadeira no Parlamento.
De acordo com as últimas pesquisas de opinião, o bloco de partidos da direita, extrema-direita e religiosos deverão obter uma grande maioria no Parlamento, e o líder do partido Likud, Byniamin Netanyahu, tem as maiores chances de ser o próximo primeiro-ministro de Israel.
Porém, segundo projeções internas realizadas pelos partidos, a diferença entre os votos para o Likud e para o partido governista Kadima, liderado por Tzipi Livni, diminuiu nos últimos dias, e a possibilidade de que Livni seja nomeada pelo presidente Shimon Peres para compor uma nova coalizão, não pode ser descartada.
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O clima de apatia que caracterizou a campanha e as fortes chuvas em todo o país despertam a preocupação com a possibilidade de um baixo índice de comparecimento às urnas.
De acordo com analistas, um baixo índice de participação poderá favorecer os partidos da oposição, de direita, pois os eleitores desses partidos teriam mais motivação para comparecer às urnas.
O menor índice de participação é esperado nas aldeias árabes de Israel, onde movimentos políticos islâmicos e nacionalistas chamaram a população a boicotar as eleições.
No entanto, o fortalecimento do partido ultra-direitista Israel Beiteinu, liderado por Avigdor Liberman, cujo lema principal é “sem fidelidade não há cidadania”, pode levar cidadãos árabes que não planejavam ir votar às urnas.
O partido de Liberman, que é considerado o principal fenômeno dessas eleições, foi beneficiado pelo clima de guerra que se criou no país durante a recente ofensiva à Faixa de Gaza.
Durante as três semanas da ofensiva o apoio para o Israel Beiteinu, que defendia uma ação mais dura contra os palestinos e foi contra o cessar-fogo decretado por Israel no dia 17 de dezembro, cresceu em mais de 50%.
As pesquisas indicam que o Israel Beiteinu, que hoje tem 11 das 120 cadeiras do Parlamento, deverá obter, nestas eleições, 19 cadeiras.
Agência Estado
Rizzolo: Quem mais lucrou com as agressões do Hamas foi a direita israelense. O clima de incerteza e insegurança fez com que o partido de Liberman, e do partido Likud, Byniamin Netanyahu estejam na frente. O grande problema de Netanyahu, é que como dizia Ariel Sharon, ele não sabe lidar com as pressões internacionais. É uma pena que o bom senso que reina nos partidos como o Kadima forma substituídos – graças ao Hamas – pela linha dura israelense. Vamos ver no que vai dar.