Governo admite que desemprego aumentará em 2009

Apesar dos números recordes de geração de empregos formais registrados neste ano, o desemprego deve crescer em 2009 em decorrência da crise. A previsão é do ministro Carlos Lupi (Trabalho), em entrevista a Julianna Sofia, publicada na Folha (íntegra da reportagem disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Conhecido por assustar assessores com previsões mais favoráveis do que os estudos técnicos autorizam, Lupi afirmou que “somente a redução das taxas de juros, agora, pode atenuar o cenário”.

“O primeiro trimestre será brabo. Já estamos fazendo o que pode ser feito, usando recursos do FGTS [Fundo de Garantia do Tempo de Serviço] e do FAT [Fundo de Amparo ao Trabalhador]. Mas só a redução dos juros pode mudar o quadro”

Em outubro, dados do emprego formal mostraram os primeiros sinais de desaceleração, aumentando a preocupação do governo. Para novembro, Lupi espera resultado ainda pior porque muitas demissões que ocorrem sazonalmente em dezembro foram antecipadas.

Carnificina

A Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) prevê uma “carnificina” sobre o quadro geral de empregos no país após as festas de fim de ano (íntegra para assinantes).

O setor é responsável hoje por 294,7 mil empregos diretos. O setor colocou sobre os ombros do governo, e em parte do sistema bancário brasileiro, a responsabilidade de evitar demissões em massa na indústria de bens de capital.

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse nesta quarta-feira que empresas como a mineradora Vale, que dependem muito de exportações, terão mais dificuldade de fazer ajustes durante a crise econômica.

“Vai haver alguns processos de férias coletivas como já estão havendo e o que nós esperamos é que essa recomposição ocorra. As empresas que têm uma dependência maior das exportações terão um ajuste mais difícil”, disse, após participar de audiência na Câmara dos Deputados.

Nesta quarta-feira, a Vale anunciou a demissão de 1.300 funcionários e a entrada em férias coletivas de 5.500 pessoas em todo o mundo. Outros 5.500 entram em férias coletivas escalonadas –80% em Minas– e 1.200 estão em treinamento para serem realocados dentro da companhia.

Conforme a empresa, a reestruturação do quadro de funcionários é conseqüência da crise financeira internacional e resultado da redução das encomendas das siderúrgicas, principais clientes da Vale. Atualmente, a mineradora tem 62 mil funcionários no mundo.
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Rizzolo: É claro que se ai invés de crescermos 5%, estivermos num patamar de 3% de crescimento, deixaremos de criar 1 milhão de empregos, e isso é um grande problema num país em que temos que inserir 4 milhões de pessoas por ano no mercado de trabalho. São os jovens que ingressam no mercado, os desempregados a procura de emprego, e os demais. A diminuição do ritmo do crescimento acarretará um enorme problema político para o governo petista. A postura do governo de enfrentar a crise aumentando os gastos, de acordo com os postulados de Krugman, é extremamente perigosa no Brasil; nossa situação é diferente dos EUA e o déficit que isso pode incorrer num país como o nosso com uma moeda fraca é desastroso. Uma coisa é esse postulado lá nos EUA outra é aqui.

Dólar sobe 3,47% e fecha em R$ 2,475, maior valor desde 2005

A cotação do dólar comercial avançou 3,47% nesta quarta-feira e fechou em R$ 2,475, maior valor desde junho de 2005. O movimento foi puxado por uma forte saída de recursos num dia volátil, disseram analistas.

Na semana, o câmbio acumula alta de 6,68%; no ano, de 39,28%.

A valorização nesta quarta ocorreu apesar de três leilões do Banco Central. A instituição vendeu dólares no mercado à vista duas vezes durante a manhã. Mais tarde, realizou um leilão específico para ajudar exportadores.

“Continua fluxo muito forte de saída do país, fazendo com que a cotação tenha subido ontem. Hoje, os mercados (acionários globais) estão negativos e ainda existe a expectativa de um monte de números nos EUA”, afirmou, durante o pregão, Rodrigo Nassar, gerente da mesa financeira da Hencorp Commcor Corretora.

Segundo o BC, o Brasil sofreu em novembro a maior fuga de dólares em quase dez anos. A saída da moeda americana superou a entrada em US$ 7,159 bilhões em novembro.

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Rizzolo: Na realidade, a procura por dólares aumentou, principalmente pelas empresas estrangeiras, que precisam de caixa, pois estão sem liquidez. E como em dezembro os bancos estrangeiros geralmente zeram sua exposição ao real, devemos ter mais saída de dólares do país neste mês. Vale dizer que o fluxo cambial fechou o mês de novembro negativo em US$ 7,15 bilhões, além disso, dados ruins sobre a economia americana e européia contribuíram, demonstrando que a economia está em declínio e vai sofrer nos próximos meses. O Banco Central atuou, fez dois leilões à vista, somando US$ 530 milhões, a cotação cedeu um pouco, mas voltou a subir no fim da tarde. O motivo é a remessa de dólares para o exterior. Só neste ano o dólar já subiu 58%.

Crise vai crescer de forma exponencial no Brasil em 2009, diz FHC

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a crise que assola os mercados financeiros de todo o mundo irá crescer de forma exponencial no Brasil em 2009 e condicionou o enfrentamento dela a medidas de contenção de gastos do governo federal.

“A crise está apenas começando, essa crise é séria, o centro dela não é aqui é lá fora, mas ela já nos alcançou e vai alcançar mais. O ano que vem será um ano difícil. Eu vou ver se o governo do presidente Lula contornará a crise se tiver responsabilidade fiscal” disse.

O ex-presidente está em Belo Horizonte para ministrar palestra e deu a declaração no palácio das Mangabeiras, residência oficial do governo estadual, onde está desde ontem à noite, a convite do governador Aécio Neves (PSDB).

Para FHC, o governo federal aumentou muito o gasto com pessoal baseado no crescimento da arrecadação de impostos. O ex-presidente considerou temerária essa opção do governo Lula.

“Até agora, o governo aumentou muito o gasto público, especialmente com pessoal, como se a arrecadação fosse crescer indefinidamente. Agora que vão começar a haver as dificuldades. Então, daqui para frente que nós vamos ver saber se o governo vai ser capaz de administrar, não tanto a crise, mas as conseqüências da crise”, avaliou.

Cardoso revelou esperar do presidente Lula habilidade para enfrentar a crise econômica para que o desemprego no país não se agrave no ano que vem.

“Se (o governo federal) não manobrar muito bem (medidas anticrise), vai aumentar o desemprego, e quem no Brasil quer isso? Eu não quero isso, eu não quero ver o povo sofrendo. Eu acho que nós devemos ajudar ao máximo o Brasil a contornar a crise”, afirmou.

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Rizzolo: Realmente, se o governo federal não reduzir os gastos públicos, principalmente aqueles que se referem com pessoal, vamos ter problemas sérios. A própria Petrobras aumentou sua estrutura com pessoal de forma assustadora, face a isso, com certeza, se deve os empréstimos, e os questionamentos em relação à saúde financeira da estatal. O grande erro do governo petista, é ter aumentado por demais a estrutura principalmente com pessoal, acreditando num aumento da arrecadação. A administração das conseqüências da crise, é que será o grande desafio de Lula, o que se não houver de forma adequada, com determinação nos cortes das contas publicas, responsabilidade fiscal, os gastos irão disparar, implicando em aspectos econômicos como desemprego e problemas sociais. Provavelemente a queda na arrecadação irá pegar o governo de ” calças curtas” numa estrutura ” pesada”.