Retaliação brasileira ameaça levar a guerra comercial com EUA, diz ‘FT’

A decisão do Brasil de aumentar as tarifas de importação de produtos americanos, após uma autorização da Organização Mundial do Comércio (OMC), ameaça provocar uma guerra comercial entre os dois países, afirma nesta terça-feira o diário econômico britânico Financial Times.

O governo brasileiro anunciou na segunda-feira uma lista de 102 produtos americanos que deverão ter sua tarifa elevada, totalizando cerca de US$ 591 milhões em sobretaxas.

A medida foi anunciada após uma decisão favorável da OMC ao Brasil sobre uma disputa em relação aos subsídios pagos pelo governo americano aos seus produtores de algodão. A OMC autorizou o Brasil a impor até US$ 829 milhões em sobretaxas.

A medida deve entrar em vigor no próximo mês, mas o governo americano espera conseguir um acordo nos próximos 30 dias para revertê-la.

Discussões

O Financial Times observa que a questão deverá ser objeto de discussões entre as autoridades brasileiras e o secretário de Comércio americano, Gary Locke, e o assessor adjunto de segurança nacional para assuntos econômicos, Michael Froman, que chegam ao Brasil nesta terça-feira.

“O Brasil deixou claro que está aberto a um acordo antes de as novas tarifas entrarem em vigor, mas as autoridades enfatizaram que qualquer acordo deverá ser aplicado especificamente ao algodão. Uma possibilidade pode envolver transferência de tecnologia dos Estados Unidos para os produtores de algodão brasileiros”, diz o jornal.

Mas a reportagem observa que é incerta a margem de manobra do governo americano para negociações, já que alterações significativas no programa de subsídios ao algodão demandariam mudanças na legislação agrícola.

“Conseguir a aprovação do Congresso poderia ser difícil”, diz o jornal.

Reação

Em outro texto, o Financial Times comenta que “cada vez mais os parceiros comerciais dos Estados Unidos reagem à pressão”.

Apesar disso, o jornal observa que as economias dos Estados Unidos e do Brasil “são menos dependentes do comércio do que os investidores podem temer”.

A reportagem cita um levantamento da Economist Intelligence Unit segundo o qual as exportações de bens e serviços do Brasil representam apenas 14% do PIB, em comparação com 40% no Chile e na China e 30% no México. A proporção das importações, mesmo tendo dobrado desde 1990, ainda é de apenas 13% do PIB.

Do outro lado, para os Estados Unidos o Brasil representou apenas 2,5% de suas exportações de bens no ano passado.
globo

Rizzolo: Uma guerra comercial não interessa a ninguém, principalmente ao nosso país. O Brasil tem direito de fazer o que fez, mas, na verdade, deveria levantar o fantasma da retaliação para que ela não ocorra. O ideal é que ela não aconteça, porque os produtos em geral poderão ficarmais caros no supermercado. E vai afetar o trigo também. Por causa da crise na Argentina, o Brasil passou a comprar mais dos Estados Unidos. Com o aumento da taxa de importação, vários itens serão afetados, como o pãozinho.

Lula chega à Londres em visita para atrair investimentos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou na manhã desta quarta-feira em Londres para uma visita de dois dias à cidade com o principal objetivo de atrair mais investimentos estrangeiros ao Brasil.

O principal evento da agenda do presidente na capital britânica será o seminário empresarial “Investindo no Brasil”, organizado em conjunto pelos diários econômicos Financial Times, da Grã-Bretanha, e Valor Econômico, do Brasil.

Além de Lula, participarão do seminário na manhã da quinta-feira os ministros Guido Mantega, da Fazenda, e Dilma Rousseff, da Casa Civil, além dos presidentes do Banco Central e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A uma plateia de empresários, funcionários governamentais e acadêmicos, Lula e seus ministros tentarão vender a ideia de que o Brasil superou a crise econômica e se apresenta como uma boa oportunidade de investimentos para o futuro.

Nesta quarta-feira, Lula também participa da inauguração de um escritório do BNDES em Londres, que permitirá o financiamento de projetos europeus de investimento no Brasil.

O presidente deverá também se reunir com representantes de dois dos principais grupos internacionais de mineração – o indiano Lakshmi Mittal, dono do grupo Arcelor Mittal, e o presidente da Alcoa para a América Latina, Franklin Feder.

Lula aproveitará ainda a visita a Londres para se reunir com o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, no início da noite desta quarta-feira, e com a rainha Elizabeth 2ª, na tarde de quinta-feira.

Cooperação esportiva

Um dos principais itens da pauta do encontro de Lula com Brown será a assinatura de um memorando de entendimento sobre cooperação esportiva, que permitirá que a experiência da Grã-Bretanha com a organização da Olimpíada de 2012, em Londres, seja aproveitada pelo Brasil para a organização dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

Além disso, também deverão ser discutidas a crise financeira internacional e a reunião ministerial do G20, que acontece neste fim de semana na Escócia, a possibilidade de conclusão das negociações da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio e a postulação brasileira a um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU.

Na quinta-feira à noite, antes de retornar a Brasília, o presidente recebe ainda o prêmio de “Estadista do Ano”, concedido pela Chatham House (Instituto Real de Assuntos Internacionais).

O prêmio anual é concedido ao estadista que tenha dado a maior contribuição para a melhoria das relações internacionais no ano anterior, segundo a avaliação da instituição.

Os premiados anteriores incluem o presidente de Gana, John Kufuor, em 2008, a princesa Sheikha Mozah, uma das três mulheres do emir do Catar, em 2007, e o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano, em 2006.
agencia estado

Rizzolo: O governo Lula projetou o Brasil internacionalmente. Além disso ficou comprovado que, do ponto de vista econômico o Brasil descolou-se da crise internacional, a recuperação da economia brasileira foi rápida, e hoje apresentamos condições econômicas favoráveis a investimentos do exterior. Tal condição me faz lembrar a expressão ” marolinha” tão pouco mencionada atualmente, até porque, a profecia de Lula acabou se concretizando, para os críticos resta apenas a retratação, inclusive deste Blog.