O grupo Votorantim admitiu nesta sexta-feira que vai arcar com um custo de R$ 2,2 bilhões para eliminar a exposição financeira da empresa às oscilações do câmbio. Anteriormente, Sadia e Aracruz já admitiram prejuízos milionários (de R$ 750 milhões e R$ 1,95 bilhão, respectivamente) com sua exposição à moeda americana devido a operações no mercado futuro.
Entre o final de agosto e de setembro, a cotação da moeda americana oscilou de R$ 1,63 para R$ 1,90, afetando as operações financeiras de muitas empresas brasileiras. E somente nos primeiros dias de outubro, o preço do dólar já bateu R$ 2,48, no pior momento da crise.
Em seu comunicado ao mercado, o Votorantim enfatiza que a geração de caixa do grupo foi de R$ 8,1 bilhões no ano passado, com projeção de R$ 8,4 bilhões para este ano. No entanto, não dá detalhes de como esse custo deve ser contabilizado nos próximos balanços da empresa.
Uma das empresas do grupo, o Banco Votorantim, comunicou à parte que “não teve participação na formação das operações de “swap'” realizados pela Votorantim e que “não registrou qualquer prejuízo com a eliminação das referidas operações”.
Ontem, a agência de classificação de risco Fitch Ratings colocou sob “observação negativa” o “rating” da VCP (Votorantim Celulose e Papel). A “observação negativa” significa que a nota dessa empresa está sob ameaça de rebaixamento, a exemplo do que já ocorreu com a Aracruz.
Reportagem da Folha de hoje, assinada pelo colunista Guilherme Barros e por Sheila D’amorim, informa que aumentou a preocupação dentro do governo com a dimensão dos estragos das operações de alto risco feitas por empresas que apostaram no dólar desvalorizado até o final do ano.
A equipe econômica ainda não sabe bem o tamanho das perdas, mas avalia que podem ter um potencial significativo de estrago.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) afirmou à Folha que o Banco Central está levantando quais foram as empresas que fizeram as operações de alto risco no mercado de derivativos de dólar para saber a dimensão dos prejuízos. O número que circula no mercado é de R$ 40 bilhões.
Folha online
Rizzolo: As perdas com as operações de câmbio por parte das empresas são enormes a brusca oscilação provocou prejuízos enormes a várias empresas, e isso de certa forma vai repercutir na composição dos preços, assim como o novo custo do crédito já escasso. De fato a alta do dólar, o custo financeiro, a queda das commodities, e a insegurança bancária, principalmente em relação aos pequenos bancos, nos levará a uma recessão, e a um provável custo inflacionário.
O problema é exatamente dimensionarmos se temos um ” estoque” (reservas cambiais) de soro suficiente para a jornada, aparentemente sim, mas isso tem um limite. Já no tocante ao “rating” ou a nota de risco, significa uma consideração sobre a capacidade de uma empresa ou País, saldar seus compromissos financeiros. A avaliação é feita por empresas especializadas, as agências de classificação de risco, que emitem “notas”, expressas na forma de letras e sinais aritméticos, que apontam para o maior ou menor risco de ocorrência de um “default”, ou seja, de uma eventual suspensão de pagamentos.
Observem que as empresas brasileiras estão sendo reavaliadas; ao que tudo indica a crise atingiu numa proporção não imaginável os emergentes, no Brasil a brecha para o ” buraco negro” é a disparada do dólar, que infelizmente poucos sabem a quantas vai, e se o remédio do BC ( queimar reservas cambiais sistematicamente) é o aconselhável, ou até que nível podemos fazer uso deste instrumento.