EUA recusam entrada de emergentes no G8; alimentos dominam 1º dia

paises emrgentes, O governo dos Estados Unidos expressou nesta segunda-feira sua oposição a uma ampliação do G8 para incluir a economias emergentes, como foi defendido pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. A mesma oposição foi adotada pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. O Grupo dos Oito reúne os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.

“É algo que não acreditamos que seja necessário neste momento”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Gordon Johndroe, após a inauguração hoje da cúpula anual do G8, no Japão. O porta-voz disse que o sistema atual já permite a incorporação nas sessões do G8 de outros países, não havendo a necessidade de alterar o formato.

“Existem as economias emergentes, que se chamam emergentes mas que são muito mais que isso, e neste G8 manteremos com eles um encontro de um dia inteiro”, disse Berlusconi. “Há a hipótese de Sarkozy, de estender o G8 a esses países, argumento que ainda não foi discutido, o examinaremos, mas penso que a maioria quer manter este formato, que tem a vantagem de não ter um número de presenças excessivas permitindo assim falar de modo franco e direto”, observou.

Berlusconi disse que pode ser realizada após a cúpula uma reunião fixa com as outras cinco economias importantes, que são, segundo ele, Índia, China, África do Sul, México e Brasil.

Alimentos dominam

Neste primeiro dia de cúpula, a atual crise dos alimentos, com o crescimento da demanda e dos preços, dominou a pauta. Os biocombustíveis foram novamente tratados como peça-chave da crise, mas com ressalvas para o produto feito à base de cana.

Apesar dos esforços do governo brasileiro para convencer a comunidade internacional do contrário, os biocombustíveis continuam na lista dos vilões da alta nos preços mundiais de alimentos. Tanto o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, como o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-Moon, atribuíram parte da culpa pela inflação alimentar ao produto.

“Diversos fatores afetaram os preços, mas não há dúvida de que os biocombustíveis estão entre eles”, disse Zoellick, que fez questão, no entanto, de diferenciar os combustíveis produzidos com cana-de-açúcar, como o álcool brasileiro, dos que são feitos com cereais e vegetais.

O ex-secretário de comércio dos Estados Unidos lembrou que cerca de três quartos do crescimento da produção de milho nos últimos três anos foi para a produção de álcool nos Estados Unidos.

Documento divulgado pelo Banco Mundial na semana passada para embasar os debates da cúpula do G8 já mencionava o uso do óleo de cereais e vegetais para a produção de combustíveis como uma das causas da disparada de preços. Segundo dados do Banco Mundial, os preços dos grãos mais que dobraram desde 2006. Apenas neste ano, a alta acumulada é de 60%.

O estudo diz que, nos últimos três anos, cinco milhões de hectares de terras aráveis que poderiam ter sido usados para plantação de trigo foram destinadas à produção de colza e girassol para biocombustíveis. O documento reconhece, no entanto, que a produção brasileira do álcool à base de cana não levou a “altas substanciais” no preço do açúcar.

Ban Ki-Moon concordou com os argumentos de Zoellick, mas ponderou que não há dados sobre o exato impacto dos biocombustíveis na crise mundial de alimentos. “Acredito que são necessários mais estudos e mais pesquisa sobre os biocombustíveis de segunda geração”, disse o representante da ONU, lembrando que o governo brasileiro promoverá conferência internacional sobre o tema em novembro.

Uma das missões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Hokkaido será, justamente, tentar isentar de culpa a produção de biocombustíveis. A exemplo do que fez na semana passada durante a Cúpula do Mercosul, na Argentina, Lula deve jogar a culpa na especulação financeira e cobrar dos países do G8 que parem de comprar safras ainda nem plantadas nos chamados mercados futuros.

Juntos, Bird e ONU pediram ao G8 “resultados, e não mais promessas”, ressaltando que a crise pode levar 100 milhões de pessoas em todo o mundo para baixo da linha de pobreza. As entidades se referiram especialmente à difícil situação econômica vivida na África, que ocupou hoje os debates do primeiro dia da cúpula.

Ban Ki-Moon pediu ao G8 que não volte atrás nas promessas que fez em cúpulas anteriores, e advertiu que o desenvolvimento da África requereria ajudas no valor de ao menos US$ 62 bilhões para o combate às doenças infecciosas.

Na reunião, o primeiro-ministro da Reino Unido, Gordon Brown, por sua vez, afirmou que os britânicos precisam cortar o desperdício de alimentos para ajudar no combate ao aumento do custo de vida.

“Se vamos baixar os preços dos alimentos, também devemos fazer mais para lidar com a demanda desnecessária, todos nós devemos fazer mais para cortar o desperdício de alimentos no Reino Unido que custa, em média, 8 libras (cerca de R$ 25) por semana, em cada casa”, disse.

Folha Online

Rizzolo: Uma coisa é participar do G8 e ter voz ativa nas discussões, o que sinceramente entendo que os países emergentes não terão, até porque são apenas emergentes, essa é a realidade. Por outro lado entendo que a discussão é valida, principalmente na questão dos alimentos. Muitos são os fatores da alta dos alimentos no mundo, numa análise perfunctória podemos aferir que vários são os fatores contributivos para essa alta; o primeiro deles é o preço do barril de petróleo que tem um componente inflacionário indireto nas altas. Outro, com efeito, é o fato dos países da Ásia estarem consumindo mais alimentos, os chineses, os indianos, enfim todos estão se alimentando mais.

Contudo não descartaria o papel perverso dos biocombustíveis principalmente os relacionados ao cultivo do milho. No tocante à cana-de-açúcar, o problema é mais interno do que externo, temos que determinar as áreas a serem reservadas ao plantio, temos que regulamentar o cultivo, de forma organizada, sem que isso nos leve a sermos co-autores do surto inflacionário. Agora, com certeza, se há escassez de alimentos, ninguém vai me convencer que se em lugar de plantar grãos, alimentos, plantarmos cana, estaremos resolvendo um problema da fome. Isso é uma balela. A cana também tem seu quinhão de culpa, não venham tentar me convencer, porque diante de fatos não há argumentos.

O discurso de Lula que prega a relação dos países ricos contra os pobres, tem que ser revista quando se tem como premissa um fato que é a fome. Ora se há a fome, temos que disponibilizar mais área para plantio de alimentos, conseqüentemente apregoarmos que há terras para tudo, que há espaço para a cana, e que não afetará o problema da produção de alimentos só convence aos incautos, pois foge da lógica. O raciocínio é simples, agora os interesses são complexos.

Alta dos alimentos e petróleo é criada por bancos que perderam com imóveis nos EUA

O presidente Lula denunciou, em pronunciamentos durante a reunião do Mercosul, na Argentina, na terça-feira, e também no lançamento do Plano Agrícola e Pecuário 2008/2009 (ver ainda matéria na página 5), na quarta-feira, em Curitiba, com o governador do Paraná, Roberto Requião, a especulação externa com alimentos e petróleo. Ele informou que vai cobrar dos países ricos uma ação contra os especuladores, durante a reunião do G8, na próxima semana. Abaixo os principais trechos dos pronunciamentos.

“Os bancos que perderam dinheiro na especulação imobiliária estão agora tentando ganhar dinheiro especulando com o alimento e especulando com o petróleo. Não há nenhuma outra explicação para o petróleo estar a 140 dólares. Quando a gente pergunta à Petrobrás, ao nosso amigo Chávez, a quem tem petróleo, eles falam: ‘É o consumo da China, porque a China compra tudo’. É meia-verdade. A outra verdade é que a quantidade de petróleo vendido no mercado futuro é igual ao consumo da China. Portanto, não é uma China, são duas Chinas: uma real, que consome; a outra, fictícia, que está especulando.

“Sobre a crise imobiliária americana, vejam que o FMI não está lá, eles não falam de ajuste fiscal, os bancos europeus que perderam bilhões e bilhões não aparecem na conta. Se fosse o coitado do Brasil, estaria todo mundo aqui querendo meter o bedelho, como se nós fôssemos um potinho de água benta, todo mundo querendo colocar o dedo. Lá eles vivem uma crise profunda e não se mexem.

“Eu lembro perfeitamente bem daquela reunião na cidade de Lima, com a União Européia, em que eu imaginava que esses temas viriam a público. Como não houve espaço para que nenhum de nós falasse, o máximo que nos coube foi ser relatores dos grupos a que pertencíamos. Os oradores foram europeus, e não entrou nem o tema dos alimentos, nem o tema do subprime.

“Parece que não aconteceu a crise, parece que os Bancos Centrais europeus não perderam dinheiro, e até agora o FMI não deu um único palpite de como os americanos devem consertar a sua economia, em função da especulação. Esse assunto também não está sendo discutido.

“O dado que é, eu penso, preocupante, é que nós temos dois produtos importantes (milho e soja) no desenvolvimento dos nossos países, e também na alimentação da Humanidade, que não estão sendo discutidos com muita clareza. Primeiro, o chamado mercado futuro de alimentos: no Brasil eu criei uma equipe de economistas para investigar e pesquisar o que existe de verdade por trás disso. O dado concreto é que tem uma especulação no mercado futuro que permite a um produtor de milho ou de soja vender a sua produção de três anos sem ter produzido – e o que pode ser grave é que o preço no mercado futuro precifica o preço do presente. Isso pode ser extremamente grave. É preciso que a gente aprofunde essa investigação para saber o que está acontecendo de verdade”.

REUNIÃO DO G-8

“É esse discurso, Requião, que eu pretendo levar na semana que vem ao G-8, em Tóquio, quando vou me encontrar com os países ricos.

“O mundo desenvolvido, companheiros, quando quer discutir o preço dos alimentos, joga a culpa em cima da cana-de-açúcar. Eu fui agora na FAO e disse para eles não apontarem seus dedos sujos de óleo e de carvão para o etanol limpo deste país. Eles não querem discutir quanto o petróleo tem de incidência no custo do fertilizante, eles não querem discutir quanto o petróleo tem de incidência no custo do frete, no custo da energia, eles não estão dispostos a discutir isso. E também não têm nenhuma explicação para o petróleo estar a 140 dólares o barril, nenhuma explicação.

“Temos que nos preparar para enfrentar isso. Aqui no Brasil, este lançamento do Plano de Safra é a primeira etapa. Amanhã, lançaremos o plano da agricultura familiar, em que também teremos uma palavra de ordem: dobrar a produção de cada pequena propriedade. Vamos anunciar o financiamento de 60 mil tratores para a agricultura familiar. Nós queremos fazer uma revolução, porque, quando o mundo precisar comer, o Brasil tem que dizer: venha comprar, o Brasil tem para vender.

“Tudo isso, que é tratado pela imprensa como se fosse uma crise e é vendido no mundo como se fosse uma crise, nós, brasileiros, sem nenhuma arrogância e sem nenhuma presunção, precisamos encarar que o que para os outros é uma crise, é para nós uma extraordinária oportunidade de nos transformarmos verdadeiramente no celeiro do mundo, que tanta gente preconizou a vida inteira”.

MERCOSUL E IMIGRAÇÃO

“Há alguns anos este bloco parecia desacreditado. Nossas economias passavam por dificuldades e muitos de nós experimentávamos sentimentos de frustração. Os parceiros menores sentiam, com razão, que não lhes chegavam os benefícios da integração. Resolvemos enfrentar as dificuldades dobrando a aposta no Mercosul.

“A lógica que predominava aqui na América do Sul era a lógica de quem era mais amigo da Europa ou de quem era mais amigo dos Estados Unidos. Eu lembro que a Argentina tinha um presidente, e o Brasil tinha outro, que ficavam disputando quem conversava mais com os governantes da Europa e dos Estados Unidos. Nós não precisamos disso.

“Hoje estamos colhendo os frutos das decisões tomadas ao longo desses últimos anos. O Mercosul demonstrou ser um instrumento fundamental para aumentar o comércio, fomentar os investimentos e gerar empregos. Permite aos nossos cidadãos se conhecerem melhor e se sentirem cada vez mais parte desse projeto comum.

“Vocês acompanharam a lei da imigração, aprovada pelo Parlamento Europeu, vocês estão acompanhando a lei da imigração feita pela Itália, e eu tenho claro que só tem um jeito da gente evitar imigração: garantir a possibilidade de trabalhar e de viver no seu país de origem. Se não for assim, as pessoas vão migrar para outros países”.

Hora do Povo

Rizzolo: Existe muita lógica nas palavras de Lula, realmente ocorre uma recuperação dos ativos que se foram coma crise irresponsável das ” subprime”, mas o maior responsável pela inflação mundial, é a inclusão da população chinesa no mercado consumidor . Os trabalhadores chineses passaram a comer mais, os indianos também, enfim o mundo passou a produzir mais e por conseqüência a consumir mais também. Já a nossa inflação é um tanto fabricada, o temor, a exaltação ao perigo inflacionário é puramente político até porque estamos dentro do aceitável, nós e o Canadá.

No capitalismo a ação de recuperação dos ativos é normal, agora há uma restrição no tocante ao Brasil, temos que rever os gastos públicos, e não me refiro aos projetos sociais como o Bolsa Família mas aos reajustes aos comissionados petistas, nisso volta a bater no Lula, no demais concordo com o presidente. É como eu sempre digo, Lula pode não ter cultura acadêmica, mas tem um cérebro bom, ágil e inteligente o que estraga é o partido dele. Bem faz ele em se distanciar.

França pode transferir tecnologia militar ao Brasil, diz Sarkozy

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O presidente da França, Nicolas Sarkozy, disse nesta terça-feira que o país “não tem qualquer tabu” para fazer um acordo militar com o Brasil envolvendo transferência de tecnologia.

“Não existe qualquer tabu. O Brasil é uma potência democrática. O Brasil é amigo da França e nós somos transparentes. Não haverá dificuldade”, afirmou o presidente francês em entrevista coletiva ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Saint George de l’Oyapoque, cidade da Guiana Francesa do outro lado do Rio Oiapoque, na divisa com o Brasil.

Sarkozy disse que a França está disposta a produzir no Brasil um dos submarinos Scorpene, se o Brasil fizer o negócio com o país. O assunto foi discutido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, na viagem que fez à França em janeiro. Ele pediu justamente a transferência de tecnologia para o Brasil para a realização do negócio.

O submarino francês não é nuclear, mas pode ser convertido para um submarino nuclear. O projeto brasileiro prevê o desenvolvimento por parte da Marinha brasileira do reator nuclear, com a compra do casco de uma empresa estrangeira.

Sarkozy também disse que a França está disposta a transferir tecnologia se o Brasil comprar do país os caças Rafale.

“Fazemos questão que esta parceria não seja apenas uma questão de entregar material militar. Queremos construir juntos”, afirmou o presidente francês.

Conselho de Segurança

Sarkozy fez ainda um discurso bastante elogioso ao Brasil, e defendeu a entrada do país como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e de um G-8 ampliado, com países em desenvolvimento.

“O mundo precisa que o Brasil ocupe seu lugar no cenário internacional”, afirmou.

O presidente francês também defendeu uma maior integração da Guiana Francesa com o Brasil. “O desenvolvimento da Guiana Francesa passa pelo Brasil”, afirmou.

Mas não mostrou intenção de alterar a atual acordo de imigração, que permite retornar ao Brasil estrangeiros sem documentação encontrados no lado francês.

“Seremos firmes contra qualquer tipo de tráfico”, afirmou. “Mas estamos dispostos a revisitar toda as regras porque precisamos uns dos outros”, disse o francês.

BBC Brasil

Rizzolo:Todo militar sabe, muito melhor do que eu que não sou da área, que transferência de tecnologia é uma uma verdadeira “balela” neste caso uma “balela francesa”. Ora, a França jamais vai transferir tecnologia para fabricação de submarino, muito menos nucleares que é o que nós precisamos. Só um incauto para acreditar nessa história. Os tapinhas nas costas de Lula, a questão do G8, e a promessa de que se o Brasil comprar os caças Rafele haverá ” transferências de tecnologia” é um ” papo furado francês”. No sábado, tive oportunidade de jantar com um Brigadeiro de alta patente aposentado, e ele me contou das dificuldades enfrentadas nessa ” ilusão de transferência tecnológica” que jamais existirá. Olha, se o Brasil não desenvolver uma indústria bélica quebrando a cabeça, investindo nos cientistas, nas Universidades, na Marinha, ninguém, mas ninguém vai dar a receita do bolo. Quem poderia chegar mais perto são os russos, e olha lá. Quanta inocência não? A cara de Sarkozy já diz tudo . Com a palavra os militares patriotas.

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