Ao analisarmos os escândalos como o mensalão, e seus desdobramentos, podemos facilmente chegar a algumas conclusões que entendo interessantes. Uma delas é a promiscuidade financeira -política que surgiu no Brasil desde a época das privatizações; fica patente que empresários ” astutos”, jogadores da especulação, neo-banqueiros aproveitadores, se agruparam na nova era e onda capitalista, a constituição de uma “instituição” que ao paralelo às privatizações, estaria inserida num contexto criminoso envolvendo a participação de políticos, que de certa forma tinham o mesmo espírito ” empresarial delituoso”, mas que por formação dedicavam-se à política e não aos negócios.
Na essência não há diferença entre o corruptor ativo e passivo, sendo que no quadro delituoso em questão, os corruptores ativos se ativeram na aquisição de informações do mundo político, através dos seus fornecedores que atuavam no poder. Isso nos leva a refletir mais uma vez, sobre a decadência política brasileira. A Operação Satiagraha, nos mostra claramente, essa promiscuidade política-financeira, nos aponta para baixo o nível moral e ético dos políticos no Brasil, independente de partido político. Não é à toa que a instituição do Congresso Nacional é a dotada de pior avaliação pelo povo brasileiro.
Muito embora não podemos quantificar quantos são os políticos envolvidos direta ou indiretamente nesse esquema de Daniel Dantas e Naji Nahas, pelos valores envolvidos podemos imaginar. Segundo informações, só o Opportunity Fund, registrado nas ilhas Cayman, girou em 2001, R$ 3 bilhões em investimentos no exterior, parte do montante operado por brasileiros. Os interlocutores ou o elo entre os “astutos financistas” e os “astutos políticos” foram Marcos Valério e Delúbio Soares.
A análise e a investigação da relação delituosa entre os dois, nos remetem a uma outra questão: o Brasil através de nobres instituições como a Polícia Federal esta sendo redesenhado, o trabalho árduo investigativo, deve ser sim reconhecido por todos, principalmente na pessoa de policiais profissionais como o Dr. Protógenes Queiroz, que foi conduzido a posições estratégicas da Polícia Federal na gestão do Dr. Paulo Lacerda; as críticas em relação à Operação Satiagraha, pouca relevância tem face ao impecável trabalho polícial.
Todavia, as relações delituosas não deverão parar por aí, os desmembramentos e depoimentos das partes contrárias, poderão ainda nos levar a surpresas no mundo político maiores do que as já demonstradas. Por fim, ainda acredito numa nova geração política que ainda está por vir, a altura do desenvolvimento do Brasil, precisamos muito mais de ” Ethical Grade” do que um ” Investment Grade” aí quem sabe poderemos ver um novo Brasil redesenhado, ético, rico, e mais justo, para os nossos filhos.
Fernando Rizzolo