Déficit em conta corrente supera previsão de 2008

Em quatro meses –de janeiro a abril—o déficit em conta brasileiro em transações correntes já soma US$ 14,068 bilhões. É mais do que previra o Banco Central para todo o ano de 2008.

Opera-se no balanço de pagamentos do país uma inversão em relação ao que ocorrera no ano passado. Nos primeiros quatro meses de 2007, registrara-se não um déficit, mas um superávit de US$ 2,047 bilhões.

Deve-se a inversão ao aumento das importações –tonificadas pelo dólar barato—e à elevação da remessa de lucros de empresas multinacionais assentadas no Brasil.

A despeito do cenário adverso, o BC conserva a calma. O chefe do Departamento Econômico da instituição, Altamir Lopes, diz que os investimentos estrangeiros no país também estão em alta. E as despesas com juros, em queda.

De resto, Altamir prevê que as exportações, prejudicadas por encrencas como a greve do funcionalismo da Receita Federal, tende a normalizar-se. E as remessas de lucros (US$ 12,358 no primeiro quadrimestre) devem cair nos próximos meses.

Altamir afirma que, já em maio, o déficit em conta correntes deve ser mais brando: US$ 1,5 bilhão. A ver.
Blog do Josias

Rizzolo: Só poderíamos esperar por isso, num País onde exportadores não conseguem ser competitivos em função da valorização do real. E observem, a turma do Copom e BC, ainda insistem na alta das taxas dos juros; o que promove por consequência, uma enxurrada de dólares ao País, valorizando o Real, dificultando as exportações, e promovendo as importações. Sem contar as enormes remessas de lucros também impulsionadas pela valorização da moeda. Só não vê quem não quer, ou quem tem interesse em manter essa política perversa, petistas por exemplo. O chefe do Departamento Econômico da instituição BC já demonstra certa insegurança. Já ronda a preocupação.

Importação cresce mais e déficit em conta corrente é recorde

Saldo de transações correntes do País é influenciado por desempenho pior da balança comercial no ano.

BRASÍLIA – O aumento cada vez maior das importações do País e a conseqüente diminuição no saldo da balança comercial vêm atingindo o resultado das contas externas brasileiras. Em fevereiro, as transações correntes registraram déficit de US$ 2,090 bilhões, o maior valor para o mês desde o início da série histórica, em 1947.

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, explicou que o resultado, que veio acima da expectativa do BC, de déficit de US$ 1,7 bilhão, foi influenciado negativamente pela balança comercial que, segundo ele, “veio um pouco pior”.

O saldo comercial do País vem registrando diminuição desde o ano passado, causada pelo aumento desproporcional das importações ante as exportações. No primeiro bimestre do ano, por exemplo, as compras internas cresceram 54% na comparação com igual período de 2007, enquanto as vendas externas subiram 24%.

Em 12 meses até fevereiro, o déficit em transações correntes corresponde a 0,37% do Produto Interno Bruto (PIB), ante déficit de 0,18% do PIB em 12 meses até janeiro.

Com o resultado de fevereiro, o BC elevou seu prognóstico para o déficit em transações correntes neste ano para US$ 12 bilhões, ante prognóstico anterior de US$ 3,5 bilhões.

O balanço de pagamentos no País, segundo o BC, foi superavitário em fevereiro em US$ 3,645 bilhões, acumulando no bimestre um superávit de US$ 6,876 bilhões.

Os investimentos estrangeiros diretos no País somaram US$ 890 milhões em fevereiro, frente a US$ 1,378 bilhão em igual mês de 2007.

Dívida

A dívida externa total do Brasil atingiu US$ 198,073 bilhões em fevereiro, de acordo com estimativas divulgadas pelo Banco Central. Em dezembro de 2007 – último dado fechado disponível, a dívida externa total era de US$ 193,563 bilhões.

O pagamento de juros com serviço da dívida em fevereiro foi de US$ 595 milhões. No acumulado do primeiro bimestre o pagamento de juros totalizou US$ 1,884 bilhão. O BC também aumentou a sua projeção para 2008 sobre o pagamento de juros, de US$ 4,5 bilhões para US$ 4,7 bilhões.

Agência Estado

Rizzolo: O resultado ruim das contas externas brasileiras, se dá exclusivamente, devido ao fato da alta taxa de juro que se promove no Brasil. Com o pretexto do acautelamento em relação à inflação, se promove-se no Brasil uma política monetária perversa, onde privilegia os lucros financeiros e a entrada de capital internacional, inundando o mercado de dólares e por conseqüência fazendo com que o câmbio se valorize. Isto posto, as empreitas de cunho exportador, ficam por demais comprometidas; com o dólar barato aumenta-se as importações e o déficit em conta corrente.

Não existe no País política voltada ao desenvolvimento no combate à inflação. Ao invés de se concentrarem no aumento da produção, aumentando a oferta de produtos e minimizando desta forma a eventual escalada inflacionária, fazem exatamente o inverso. Prestigiam a financeirização da economia via altas taxas de juros, abrem as portas, para que tomadores de empréstimos internacionais, especulem com o real valorizado, haja vista empréstimos tomados no Japão e aplicados aqui; comprometem o desenvolvimento do mercado interno inviabilizando geração de novos empregos, e depois tomam ” medidas inócuas” visando conter a entrada de capitais.

Ora, até quando o Copom e o Sr. Meirelles, vão segurar o crescimento do País? Hoje estive com meu amigo o nobre professor e pesquisador Márcio Pochman, presidente do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), conversamos rapidamente no Cresce Brasil, do qual faço parte, e cada vez que o ouço, mais tenho a percepção da sua viva lucidez política. Vale a pena acompanhar suas idéias.