Parte do eleitorado de Serra é também ‘lulista’

Quase um quarto dos eleitores de José Serra (PSDB) manifestou um comportamento dúbio e paradoxal na última pesquisa Datafolha: eles também afirmaram que votarão “com certeza” no candidato apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Nesse contingente há brasileiros que dizem ignorar a opção eleitoral de Lula, mas também os que estão convictos de que o presidente apoia Serra. Quase um décimo dos eleitores do tucano pensa assim.

Menos da metade dos serristas afirma que não votaria em um candidato apoiado por Lula. Outros 26% dizem que talvez o façam, e 23% anunciam que seguirão “com certeza” a opção de voto do presidente.

Os eleitores com “duas caras” são cerca de 11,5 milhões. Até a eleição, eles terão de se posicionar de maneira coerente: ou abandonarão o barco lulista ou votarão na pessoa efetivamente apoiada pelo presidente, conforme sua intenção declarada.

O eleitorado de Dilma é menos heterogêneo: 76% dele afirma que votará no candidato de Lula e 17% diz que “talvez” o faça. Mas no grupo dilmista o paradoxo também se manifesta: 5% de seus simpatizantes afirmam que não votariam em um candidato apoiado pelo presidente.

Esses dados mostram que os resultados das pesquisas ainda podem oscilar muito até a campanha eleitoral avançar e entrar no cotidiano da população, com a consequente queda da desinformação sobre os candidatos.

Essa desinformação se distribui de forma desigual no eleitorado. É maior entre as mulheres, entre os mais pobres e entre os moradores do Nordeste. Na região, 59% dos eleitores dizem que pretendem votar no candidato de Lula, mas 41% ignoram que Dilma ocupa esse papel.
Televisão. Na semana passada, o PT aproveitou a propaganda partidária a que tinha direito para fazer campanha para Dilma. Em inserções de 30 segundos e em dez minutos de programa em rede nacional, o partido associou a pré-candidata a Lula e a programas sociais do governo.

A ofensiva propagandística fez efeito, como demonstrou a ascensão da petista no Datafolha – de uma desvantagem de 12 pontos porcentuais em abril, ela passou para uma situação de empate com Serra, ambos com 37% das intenções de voto. O programa, porém, foi menos assistido justamente nos bolsões em que há mais desinformação sobre a relação entre Lula e Dilma.

No Nordeste, por exemplo, 67% dos moradores negaram ter visto propaganda de Dilma nos 30 dias anteriores à pesquisa. Nas demais regiões, esse índice variou entre 60% e 62%.

Entre os eleitores com renda de até dois salários mínimos – dos quais 37% não sabem quem é o candidato de Lula –, apenas 33% assistiram à propaganda de Dilma. Entre os que ganham mais de dez salários mínimos, 61% viram a candidata na TV.

No grupo que viu a propaganda. Dilma tem 45% das intenções de voto, contra 33% para Serra. Na parcela do eleitorado que não assistiu ao programa petista, é o tucano quem lidera, por 38% a 33%.
agencia estado

Rizzolo:Como já comentei anteriormente, não acredito que a propaganda partidária da TV por si só tenha influenciado as pesquisas, muito mais pela falta de discurso da oposição e pela postura de Serra ao contemplar os avanços do governo Lula, faz com que o eleitor já preocupado com um eventual retrocesso neoliberal, entenda que votar num candidato indicado pelo presidente é a opção mais segura, o que logicamente não deixa de ser verdade. A grande massa vê os efeitos da política econômica do governo no próprio bolso e isso é mais forte argumento pró Dilma.

Datafolha: Dilma cresce 7% e Serra cai 5%

Seguindo a tendência de outras pesquisas, que indicam crescimento da pré-candidata petista Dilma Roussef – de acordo com pesquisa do Instituto Vox Populi do último dia 15, na pesquisa estimulada, Dilma teria 38% das intenções de voto e Serra, 35% -, a pesquisa da Datafolha deste sábado (22/5) mostra os dois candidatos empatados em 37%. A coincidência entre as duas pesquisas é o crescimento das intenções de voto para a ex-ministra petista e a queda de pontos percentuais do pré-candidato tucano.

A pesquisa Datafolha foi realizada na quinta e sexta-feira (20 e 21/5), com 2.660 entrevistados. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. A pré-candidata Marina Silva (PV) segue em terceiro lugar, com 12%. A pesquisa apontou que 5% dos pesquisados votariam em branco, nulo ou em nenhum candidato. Os indecisos somam 9% e a margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Dilma cresce, Serra diminui

A alta de sete pontos percentuais é em relação à pesquisa Datafolha de 15 e 16 de abril – quando Dilma aparecia com 30% das intenções de voto. No mesmo período, Serra perdeu cinco pontos percentuais, já que estava com 42% e Marina manteve a pontuação.

Na pesquisa espontânea, quando os candidatos não são apresentados, Dilma também cresceu. Em dezembro, ela tinha 8%, crescendo para 13% em abril e agora, está isolada em 19% em primeiro lugar. José Serra tem 14%. Na mesma pesquisa, 5% dizem votar em Lula, que não pode ser candidato. Outros 3% afirmam votar no “candidato do Lula”, e 1% no “candidato do PT”. Por isso, virtualmente Dilma teria 28% na espontânea.

Rejeição é maior para tucano

Em relação ao índice de rejeição, a petista Dilma Rousseff também conseguiu um boa pontuação, o índice caiu de 24% para 20%, a rejeição de Marina Silva, também reduziu de 20% para 14%. Já o tucano José Serra teve alta na rejeição de 24% para 27%.

O único empate técnico que aparece na pesquisa é em relação ao segundo turno. A candidata do PT tem 46% e o candidato do PSDB tem 45%. Na última pesquisa Serra estava dez pontos à frente, com 50%, contra os 40% de Dilma.

Programa de TV

Para o diretor-geral do datafolha, Mauro Paulino, “o principal fato que pode ser apontado como responsável por essa alta da candidata é o programa partidário de TV que o PT apresentou recentemente”. A identificação da pré-candidata com o presidente Lula foi bem explorada pelo programa petista e de fato parece ter surtido efeito.

Outros fatores importantes de serem considerados entre as duas pesquisas são a desistência do PSB em lançar Ciro Gomes à presidência e a definição do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) de que não será mesmo candidato a vice na chapa tucana. Segundo a Vox Populi, Minas Gerais foi um dos estados onde cresceu a intenção de votos na pré-candidata do PT.

Entretanto, o que a pesquisa da Datafolha ainda não divulgou foi o seu detalhamento, que deverá ser publicado nos próximos dias, indicando onde Dilma cresceu e o Serra caiu. A pesquisa do Vox Populi, da semana anterior, trazia o crescimento de Dilma entre as mulheres e nas regiões Sul e Sudeste.

De São Paulo, Luana Bonone, com agências

vermelho

Rizzolo: Pessoalmente não acredito que o programa partidário da TV tenha tido um impacto tão grande ao influenciar o eleitor dessa forma. A grande verdade é que o pré candidato Serra ou a oposição, é vazia no seu discurso, amorfa no debate, e ainda elogia a gestão petista. Serra não se apresentaria como oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. E mais, foi-se o tempo em que o trabalhador brasileiro não sabia a diferença entre as propostas dos candidatos, alem disso, a grande massa não acredita nas propostas da oposição e seu viés neoliberal. A candidatura Dilma cria musculatura a medida que a percepção do povo aumenta que somente Dilma poderá levar adiante o projeto desenvolvimentista do governo Lula.