Embraer: quando o governo financia o desemprego

Já havia uma suspeita, mas nada de concreto, nos corredores já se falava, mas ninguém confirmava absolutamente nada. De repente então, a Embraer anuncia cerca de 4.200 demissões, o equivalente a 20% de seu quadro de 21.362 funcionários. O argumento, é claro, foi dentre outros, o mau desempenho no terceiro trimestre do ano passado, quando a Embraer anunciou seu primeiro prejuízo trimestral (R$ 48 milhões) em 11 anos.

A grande questão é saber até que ponto, uma empresa como a Embraer, que conta as benesses do governo ao se destacar como sendo uma das empresas que mais recebe dinheiro público – US$ 7 bilhões desde a sua privatização – estes advindos de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ( BNDES), cujo capital, cerca de 40% são provenientes de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), pode de uma hora para outra demitir um número tão alto de funcionários, sem ao menos abrir uma discussão, tampouco não informando oficialmente o Sindicato dos Metalúrgicos sobre suas intenções.

O caso da Embraer nos leva a refletir o real papel do Estado e sua relação com a iniciativa privada, quando se posiciona como financiador do desenvolvimento através dos recursos públicos, e incorpora sua fragilidade na participação e na contenção das decisões da iniciativa privada que envolvem as demandas sociais.

Talvez a questão enseja o início de uma discussão do papel do BNDES, do governo e da iniciativa privada nessa cadeia pouco virtuosa, onde o trabalhador é surpreendido nas demissões no atacado, sob a legitimidade da crise, sendo que por parte do governo resta apenas a indignação, um débil instrumento diante da brutal realidade face ao número de demitidos.

O momento atual é decisivo para que o governo supra a lacuna entre a responsabilidade social empresarial e o desenvolvimento via recursos públicos, basta saber se diante disso, o ” garoto propaganda da Embraer “, como Lula se declarou em 2007, conseguirá reverter esta tragédia aérea, ao convocar o presidente da empresa para maiores explicações, que com certeza serão as do resultado da empresa.

Fernando Rizzolo

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Ipea: indústria é o setor mais pessimista

SÃO PAULO – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a indústria é o setor mais pessimista em relação à economia para os próximos 12 meses, contrastando com a maior confiança sentida no comércio e serviços. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, ressaltou que a indústria tem uma visão “mais crítica” da situação atual e frisou que o setor não está pessimista, mas tem sim uma “visão de adversidade”.

Pochmann acredita, também, que o comércio talvez ainda não tenha sofrido os efeitos mais diretos da própria crise. De acordo com o Sensor Econômico do Ipea, divulgado hoje pela primeira vez, o componente de parâmetros econômicos revelou confiança ou otimismo com relação à queda dos juros, à estabilidade no câmbio e ao comportamento moderado da inflação. Em contrapartida, os aspectos sociais foram fonte de preocupação, como o desempenho de variáveis como massa salarial, pobreza, desigualdade e violência.

A indústria é o segmento mais preocupado com o seu próprio desempenho. O setor se mostra apreensivo com relação à expectativa de melhora da utilização da capacidade instalada e espera um quadro adverso para as contratações e a margem de lucro para os próximos 12 meses. O setor de comércio e serviços, contudo, mostra-se apreensivo com relação à utilização da capacidade e à previsão de margem de lucro, e espera um cenário adverso apenas nas contratações. Para Pochmann, “haverá, provavelmente, como fruto da crise, a ampliação do desemprego e possivelmente da violência”.

Confiança

A agropecuária foi o único setor que demonstrou confiança com a utilização da capacidade, mas revelou apreensão com a expectativa de novas contratações e um cenário adverso com a margem de lucro. Comércio e serviços foi o único setor que mostrou apreensão com as expectativas de expansão da massa salarial, em contraste com a agropecuária e a indústria, que veem um quadro adverso para o próximo ano.

Com relação à desigualdade social, todos os setores mostraram apreensão. Em relação à violência, todos esperam um cenário adverso. A preocupação com o aumento das exportações ficou patente em todos os setores, que se mostraram apreensivos, ou mesmo esperaram um cenário adverso para os próximos 12 meses. Com relação à previsão de crescimento do PIB, agropecuária e indústria se mostraram confiantes e comércio e serviços demonstrou otimismo.

O sensor do Ipea mostrou que todos os setores mostraram otimismo com relação à taxa de câmbio e ficaram divididos entre confiança e otimismo com relação à inflação. Já a taxa de juros foi motivo de apreensão apenas para a agropecuária, enquanto indústria, comércio e serviços se disseram confiantes.

O sensor foi elaborado por meio de entrevistas com 115 entidades do setor produtivo, realizadas na terceira e quarta semanas de janeiro. O levantamento abrangeu todos os setores da economia, com exceção do financeiro e do informal. O Ipea elaborou uma escala que varia de -100 a +100 pontos. Entre -100 e -60, o resultado indica pessimismo; na faixa entre -60 e -20, indica adversidade; entre -20 e +20, apreensão; entre +20 e +60, aponta para confiança; e entre +60 e +100, revela otimismo.
agencia estado

Rizzolo: O que se observava até novembro, era medidas que visavam a redução da jornada de trabalho, contudo o que vemos hoje diante do pessimismo na indústria, é a efetiva redução de vagas. É claro que esta atitute é geralmente a última a ser adotada, por que o custo das demissões é alto. Os efeitos da crise como bem assinalou Pochmann será a ampliação do desemprego e possivelmente da violência.

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Otimismo da indústria brasileira despenca com a crise, indica pesquisa

A crise econômica mundial provocou uma queda acentuada na expectativa do setor industrial brasileiro em relação ao desempenho da economia neste ano, segundo indica uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.

O levantamento, realizado pela consultoria KPMG e pela empresa de pesquisas Markit, indica que 22% das companhias brasileiras esperam uma redução na atividade neste ano, contra apenas 3% na mesma pesquisa realizada há seis meses.

A pesquisa ouviu cerca de 1.800 representantes de indústrias nos quatro países do chamado grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que reúne as maiores economias emergentes.

Segundo o levantamento, em apenas seis meses as expectativas das empresas desses países mudou de um forte otimismo sobre a atividade industrial em 2009 para previsões negativas ou um otimismo reduzido.

A queda no otimismo no Brasil foi o mais acentuado entre os quatro países. Em uma escala entre -100 (máximo pessimismo) e +100 (máximo otimismo), a confiança entre os empresários brasileiros caiu de +65,3 há seis meses para -3 na última pesquisa.

Na China, o índice de confiança na atividade industrial caiu de +36,3 para +2,6, enquanto que entre os empresários indianos houve uma queda na confiança de um índice de +62,9 para -1,6.

Dos quatro países Bric, a Rússia é o único onde as empresas ainda permanecem relativamente otimistas sobre o desempenho da economia neste ano, com um índice de confiança de +21,2 – ainda assim bastante abaixo dos +63,2 verificados na pesquisa anterior.

No geral, o índice de confiança das empresas dos países Bric sobre a economia neste ano ficou em +3,5, indicando um leve otimismo, em oposição à média de +47 há seis meses.

Segundo a KPMG, o resultado do levantamento indica a vulnerabilidade dos mercados emergentes em um cenário de crise econômica global e de queda na demanda por importações.

Ainda assim, mesmo uma pequena expansão da economia nos Bric “pode representar algum grau de suporte para a economia global com os Estados Unidos e a Europa se encaminhando para uma forte recessão”, segundo afirma Ian Gomes, diretor da KPMG para mercados emergentes.

Agência Estado

Rizzolo: O resultado da pesquisa demonstra uma realidade e uma percepção cada vez mais apurada da crise que chegou e atingiu a economia real. Claro que o entusiasmo é bom quando respaldado na realidade, agora, otimismo sobre dados concretos é no mínimo algo irresponsável. A indústria brasileira, depois do tombo de dezembro, ainda está com estoque alto e as vendas de matérias-primas, em alguns casos, chegam a ser de apenas 30%. Os dados e números não negam temos que nos preparar para resultados nada animadores para o próximo trimestre.

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