Cana atinge 70% da lavoura paulista e governo barra expansão

Preocupado com o forte avanço da cana-de-açúcar, o governo de São Paulo promete endurecer as regras para instalação de novas usinas ou ampliação das já existentes. Levantamento das Secretarias do Meio Ambiente e da Agricultura, que vai mapear as regiões com restrições à expansão da atividade, deverá ser concluído até o dia 18, quando entram em vigor as novas regras. Leia reportagem completa na edição deste domingo do Estado.

De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, os canaviais, que no início da década respondiam por menos de 50% do espaço ocupado por lavouras no território paulista, hoje já se espalham por quase 70% da área plantada – excluindo as pastagens.

Considerando o total de 1,2 milhão de hectares previstos nos 31 empreendimentos aprovados ou em fase de aprovação no governo, a área com cana deve passar dos atuais 4,9 milhões de hectares para 6 milhões de hectares em 2010. O Estado tem 19 milhões de hectares de terras agricultáveis, dos quais 9 milhões são ocupados por pastagens. Também responde por mais de 60% de toda a cana produzida no País e algumas regiões já se encontram “saturadas” por canaviais.

Conforme a unidade de território usada no levantamento do governo paulista, a região onde há maior concentração de cana é a Bacia Hidrográfica do Baixo Pardo/Grande, que inclui os municípios de Barretos, Bebedouro, Orlândia e Terra Roxa, entre outros. Nessa região, os canaviais dominam 59% da área total, que soma 641,7 mil hectares.

Outra faixa onde a predominância da cana preocupa é a da Bacia Hidrográfica do Tietê/Jacaré, que está com 42% da área (1,4 milhão de hectares) ocupada por canaviais. Entre os municípios da região estão Dois Córregos, São Carlos, Jaú, Bocaina, Barra Bonita e Brotas.

A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) informou, por meio de sua Assessoria de Imprensa, que só vai se manifestar sobre o assunto depois que as novas diretrizes forem publicadas pelo governo estadual.
Agência Estado

Rizzolo: Não resta a menor dúvida que a expansão do cultivo da cana-de-açúcar deve ser regulamentada, não só do ponto de vista das áreas em si, mas também deve haver um planejamento estratégico que envolve todas as questões referentes à natureza da cultura, como a territorialidade, a mão-de-obra que está ameaçada pela mecanização, uma política de formação da mão-de-obra da lavoura da cana. A racionalidade do plantio nada tem a ver com discursos ambientalistas ou de cunho ideológico como os apregoados por Fidel, mas sim de um planejamento cauteloso e racional, onde e em que tipo de terra a cultura deve ser priorizada. Já escrevi vários artigos em relação a esta questão, que envolve o valor das terras, o problema do ponto de vista da saúde da mão-de-obra, das condições de trabalho, das queimadas, e acima de tudo em relação aos investimentos maciços do exterior, no que se refere a compra das usinas. As questões que envolvem o cultivo da cana-de-açúcar merece um amplo debate na sociedade e agora é o momento. Leia artigo meu publicado pela Pastoral do Migrante da CNBB