Os lobos rondando os pobres

Talvez o mais famoso líder na história da humanidade do ponto de vista de liderança e espiritualidade tenha sido Moisés. Preenchia ele, segundo relatos bíblicos, a capacidade de reunir os aspectos essências de um líder. Sua compaixão e preocupação pelos seres vivos, segundo o Velho Testamento, despertaram a observação de Deus que viu nos seus gestos, o homem ideal para liderar um povo com sabedoria, firmeza e os devidos valores espirituais.

Mas porque um líder teria que, acima de tudo, estar imbuído não só dos valores que o levam ao poder, mas também de uma sensibilidade espiritual que o guiasse no decorrer de seu mandato? A resposta pode estar tanto na história da humanidade quanto nos Livros Sagrados. A cada dia observamos que a falta de uma bússola espiritual aos líderes em geral, os faz distanciarem-se do povo, de seus objetivos provedores, de seus valores éticos, tornando o exercício do poder algo mecanicista, articulatório, onde os interesses pessoais e materialistas se assombram sob o som de uma orquestra que visa à manutenção das vantagens dos que compartilham o poder, transformando a governança, insensível aos valores morais, da boa conduta humana e do bom exemplo.

Alguns alegam que existe hoje em dia uma tendência fundamentalista-religiosa em muitos países e, com certeza, todo exagero quer seja ele de qual for a origem, não é saudável. Contudo, a história demonstra que frágil é a sociedade sem os devidos preceitos que elevam o ser humano e que sem um esteio espiritual – seja ele fruto de qualquer religião – tende a levar a humanidade à fraqueza moral, à desestruturação da sociedade, e por consequência, à queda de seus líderes.

Vejo como uma luz de esperança a candidatura Dilma, que através de uma luta pessoal, vencendo os obstáculos da repressão militar no decorrer de sua vida, com sua fé, sempre demonstrou uma luta por justiça social e pelos pobres, optando, portanto, por um caminho politicamente mais tortuoso, mas que aos olhos de Deus, próprio de um líder. Assim talvez com sua ajuda divina, o Grande Arquiteto do Universo a escolha nossa presidente, como aquele que um dia libertou um povo da escravidão e que, certamente, poderá também nos libertar desse “Egito político” em que hoje vivemos no Brasil; onde os lobos vestidos em pele de cordeiro tentam de todas as formas destruir os avanços do governo Lula em prol daqueles que sempre viveram no “Egito” da pobreza, que de forma cruel escravizou e açoitou o povo brasileiro nesse nosso imenso Brasil.

Fernando Rizzolo

Dilma: povo sabe identificar ‘lobos em pele de cordeiro’

Na primeira atividade partidária desde que deixou o comando da Casa Civil, há seis dias, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, subiu o tom contra os tucanos e disse que o povo sabe identificar “lobos em pele de cordeiro”. Não foi só: afirmou que “ninguém quer pé frio nem azarado” dirigindo o Brasil.

Ao participar hoje do encontro do PR, na Câmara dos Deputados, Dilma disse que continuará repetindo que quem foi contra o governo durante dois mandatos não pode agora encarnar o pós Lula. Mesmo sem citar textualmente o PSDB e o ex-governador de São Paulo, José Serra, seu futuro adversário na disputa ao Palácio do Planalto, a ex-ministra chamou os tucanos para a briga. “Aqueles que venderam o nosso patrimônio, que quebraram o Brasil, que deixaram o nosso povo sem salários dignos e sem renda adequada não serão capazes de levar o Brasil adiante”, afirmou Dilma.

Aplaudida pela claque do PR, que gritava seu nome sem parar, a petista prosseguiu nas estocadas. “Num dia tentam enganar o povo, dizendo que vão continuar o trabalho do presidente Lula. No outro, mostram a patinha de lobo, ao cometer tremendo ato falho, e aí ameaçam acabar com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com o Bolsa-Família e mudar a política econômica”, atacou.

Integrante da base aliada, o PR foi o primeiro partido a anunciar oficialmente o apoio a Dilma. O encontro também serviu para dar posse ao ex-ministro e atual senador Alfredo Nascimento – pré-candidato ao governo do Amazonas – na presidência da sigla. Novato no PR, o evangélico Anthony Garotinho – que concorrerá ao governo do Rio – assumiu a primeira secretaria.

Atraso

Recebida aos gritos de “Dilma, Dilma”, a ex-ministra parecia à vontade diante da plateia, que lotou o auditório Nereu Ramos da Câmara, com capacidade para 400 pessoas. “Estamos juntos na luta para não deixar que esse País retroceda, que a força do atraso volte e traga novamente esse processo que durou mais de décadas, aquele crescimento baixo, o chamado voo de galinha”, insistiu a petista.

Questionada mais tarde sobre quem era o lobo e o cordeiro, Dilma abriu um sorriso. “Fábulas não são para ser desvendadas. Elas só ilustram certas circunstâncias”, despistou.

Em discurso recheado de críticas aos tucanos, a pré-candidata do PT lembrou que a oposição sempre disse que Lula tinha sorte. Foi nesse momento que dirigiu mais uma farpa contra Serra, embora sem citar seu nome. “Sorte a gente tem, é verdade, porque também não queremos nenhum pé frio nem azarado dirigindo o Brasil”, provocou.

Ao recorrer a expressões usadas por Lula, Dilma procurou ostentar a credencial de herdeira do presidente. Em outra referência velada ao PSDB, disse ser preciso impedir que aqueles que governaram o País para que os ricos retornem ao poder para “excluir” os mais pobres.

agencia estado

Rizzolo: Como já comentei em outras oportunidades, a oposição sofre um severo desgaste, seu maior dilema é manter um discurso próximo do governo, e ao mesmo tempo já preparar um desmonte nos programas sociais caso a eleição seja ganha. A oposição nutre verdadeiro ódio à Bolsa Família e os demais programas de inclusão, mas dependem deles para o discurso. Contudo o povo percebe essa movimentação e rechaça esse retorno ao “Estado não”, e a resposta já pode ser inferida nas pesquisas. É o povo com o medo do retrocesso.