‘Precisamos extirpar o DEM da política brasileira’, afirma Lula

Em comício da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, na noite desta segunda-feira (13), em Joinville (SC), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que o partido de oposição DEM seja “extirpado” da política brasileira.

Em discurso marcado por críticas à sigla opositora e aos adversários do PT em Santa Catarina, Lula disse que o Democratas “alimenta ódio”.

“Eu não quero crer que esse povo extraordinário de Santa Catarina vá pensar em colocar no governo alguém de um partido que alimenta ódio, que entrou na Justiça para acabar com o ProUni [programa federal de concessão de bolsas universitárias], como o DEM entrou”, disse Lula.

Segundo última pesquisa do Ibope, o candidato do DEM ao governo de SC, Raimundo Colombo, assumiu a liderança na disputa. Colombo tem o apoio do PSDB e do PMDB do ex-governador Luiz Henrique, apoiado por Lula em 2006 e que hoje disputa vaga no Senado.

“Quando Luiz Henrique foi eleito pensei que ele ia mudar, mas ele trouxe de volta o DEM, que nós precisamos extirpar da política brasileira”, disse o presidente.

Em discurso, o presidente também centrou fogo na família Bornhausen, tradicional na política catarinense, do deputado federal Paulo Bornhausen (DEM-SC) e do ex-presidente nacional do partido Jorge Bornhausen.

“Nós já aprendemos demais e sabemos que os Bornhausen não podem vir disfarçados de carneiros, porque já sabemos quem são os Bornhausen, já conhecemos as histórias deles”, disse Lula.

Lula critica ‘direita raivosa’

Em referência ao escândalo do mensalão, Lula disse ter sido alvo da “direita raivosa” que “levou Getúlio Vargas a dar um tiro no coração” e também impulsionou a ditadura militar no país.

“Essa mesma direita tentou fazer o mesmo comigo em 2005, e não fez. Porque eu tinha um ingrediente a mais, eu tinha vocês, e eles nunca tinham lidado com um presidente da República que tinha nascido no berço da classe operaria desse pais”, afirmou.

O presidente citou números de repasses federais a Santa Catarina e disse ter atitude “republicana” em relação a governantes de oposição. Fez menção ao candidato do PSDB à Presidência, José Serra, ao afirmar que não distribui verbas por critérios partidários.

“O adversário dessa mulher aqui [Dilma] recebeu mais dinheiro no meu governo do que o Mário Covas [ex-governador de SP] recebeu em oito anos quando o Fernando Henrique Cardoso era do mesmo partido e presidia esse país”, disse.

Dilma diz que adversários representam ‘passado’

Usando um banco para se apoiar no palco, em razão de uma torção de tornzelo que a levou a usar bota ortopédica, Dilma associou seus adversários ao “passado”.

“Queremos o futuro que apresenta para nós a possibilidade desse pais acabar de vez com a miséria, de contnuar se transformando em uma das maiores nações do mundo […], ou nós queremos a volta da paralisia, do desemprego e da desigualdade?”, questionou.

Dilma disse que o Brasil vive um “processo de transformação” que “começou pela mão do nosso presidente Lula”. Repetiu discurso estratégico da campanha ao dizer ter recebido do presidente a tarefa de “cuidar da coisa que ele mais ama no mundo, que é o povo brasileiro”.

Nos discursos, presidente e candidata não fizeram menção aos episódios de quebras de sigilo na Receita Federal e à denúncia de tráfico de influência na Casa Civil.

Presidente do DEM vê ‘desequilíbrio’ de Lula

O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, disse que as declarações de Lula denotam “desequilíbrio” do presidente. Afirmou que Lula “se aproveita de sua popularidade para agredir, tentar pisar em seus adversários”, e que o presidente “deve estar com algum problema em relação aos últimos episódios [denúncias de irregularidades na Receita e na Casa Civil]”.

Maia afirmou ainda que o presidente busca um “Congresso submisso ao PT” e que o discurso em Santa Catarina reflete “ódio pessoal que não sabe em um estadista, um homem que chegou onde ele chegou”.

Presidente completa 15 comícios com Dilma

O comício em Joinville foi o 15º com participação de Dilma e Lula desde o início oficial da corrida presidencial, em julho, e o primeiro em Santa Catarina, estado em que a candidata do PT ao governo, Ideli Salvatti, está em terceiro lugar nas pesquisas.

Lula também já subiu em palanques com Dilma nesta campanha no Rio de Janeiro (RJ), Garanhuns (PE), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG), Osasco (SP), Mauá (SP), São Bernardo do Campo (SP), Campo Grande (MS), Salvador (BA), Recife (PE), Foz do Iguaçu (PR), Valparaíso (GO) e Betim (MG).
G1

Rizzolo: Essa direita raivosa que Lula se referiu é histórica e possui a excelência na conspiração e no golpe. Alguns Estados ainda permanecem prisioneiros desta visão egoísta de governar. Porém a grande novidade é que o povo brasileiro está aprendendo a diferenciar os que estão ao seu lado e os conspiram visando seus próprios interesses comezinhos. Ninguém irá deter o povo brasileiro, a soberania nacional, a justiça social, por isso entre ficar ao lado dos poderosos, prefiro estar ao lado dos que nada tem, pois são estes é que irão construir o Brasil de amanhã e firmarão o ideal de justiça tornando o Brasil um país mais digno.

Trailer oficial Lula o filho do Brasil

Abaixo os Ianques, Viva a Rússia – Coluna Carlos Brickmann

Coluna de Carlos Brickmann de domingo, 2 de agosto

O presidente Lula está reclamando do acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos. Parece temer uma corrida armamentista na América Latina.

O presidente Lula não reclamou nada, nadinha, quando a Venezuela, que já deslocou tropas para a fronteira da Colômbia, que já ameaçou intervir militarmente em disputas internas na Bolívia, fez um gigantesco acordo militar com a Rússia, comprando 36 moderníssimos caças supersônicos Sukhoi, cem mil fuzis Kalashnikov e cinco submarinos. Parece que, para a diplomacia brasileira, a aquisição de alguns bilhões de dólares de armas e munições pela Venezuela não provoca nenhum risco de corrida armamentista na América Latina.

Nas conversas sobre o acordo militar entre Estados Unidos e Colômbia, Lula disse que enviou carta ao presidente Barack Obama em que criticou a reativação da 4ª Frota americana, destinada a operar no Atlântico Sul.

Lula não fez críticas, em nenhum momento, às grandes manobras conjuntas de navios de guerra da Rússia e da Venezuela, também no Oceano Atlântico.

Um detalhe curioso é que as manobras conjuntas russo-venezuelanas foram reais. Já a 4ª Frota americana é virtual: até hoje, é apenas um escritório, uma estrutura meramente burocrática, sem qualquer navio, sem tropas. Graças a essa estrutura burocrática, a 4ª Frota pode ser montada rapidamente, com a transferência de barcos, armamentos e homens de outras regiões, mas isso nunca foi feito.

Ou seja: para o Brasil, Rússia e Venezuela podem. EUA e Colômbia, não.

Amanhã, talvez outro dia

A trégua que não foi trégua está para terminar: está marcada para amanhã a reabertura das atividades parlamentares (mas justo na segunda-feira? Pode ser na terça, quem sabe). E começa o vale-tudo no Conselho de Ética do Senado: são onze representações contra o presidente da Casa, José Sarney; mais quatro contra o senador Arthur Virgílio, do PSDB amazonense, líder do partido (as principais por ter recorrido ao ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia, para cobrir a conta de seu hotel em Paris, e por manter no seu gabinete, com salários e vantagens, um funcionário que passou um ano e meio na Europa). Considerando-se que o presidente do Conselho de Ética é segundo suplente de senador, que não teve um voto sequer para ganhar o mandato, e que já disse que não deve aceitar as acusações contra Sarney, talvez não aconteça nada. Mas haverá muita troca de lama.

Confiabilidade

E quem disse que não se pode acreditar nos políticos brasileiros? Tremenda injustiça: no Conselho de Ética, cada um acusará seus adversários de abusar do dinheiro público. E todos estarão com a razão.

Lula, a charada

Quando Lula diz que “não votou em Sarney para presidente do Senado”, e “não votou em Sarney para senador pelo Maranhão”, diz a verdade: não é senador, não vota no Maranhão e, aliás, Sarney não foi candidato pelo Maranhão, mas pelo Amapá. Mas que quer dizer a frase de Lula? Aparentemente, nada – exceto sair como vencedor em qualquer hipótese, seja a renúncia de Sarney, seja sua decisão de continuar lutando. O que Lula fala não se escreve (lembre o que falou de Collor, Maluf e Sarney, hoje seus aliados). Mas sempre se sai bem.

Norma esquisita

Uma Comissão de Sindicância, na Câmara, investiga a venda de passagens da cota dos deputados. O caso é considerado um escândalo: alguns parlamentares que não usaram sua cota de passagens as repassaram a empresas de turismo, com um bom desconto; e as passagens foram vendidas no mercado.

É curioso, entretanto, que a venda de passagens seja tratada como escândalo, mas seja aceita numa boa a cessão a terceiros. O parlamentar que leva a namorada à Europa ou manda buscar amigos para visitá-lo em Brasília, comete a mesma irregularidade que quem vende a passagem. Nos dois casos, usa um instrumento criado para o serviço público para obter vantagem pessoal. Por que um parlamentar pode levar a família ao Exterior e não pode vender as passagens? É só para desviar a questão: passagem é para serviço, e pronto. O resto é bandalheira.

União liberal

A União de Partidos Liberais Americanos, organização filiada à Internacional Liberal, passa a atuar no Brasil, via DEM. A reunião entre a UPLA e o DEM, para formalizar o acordo, se realizará no Rio, entre 10 e 11 de setembro, dirigida pelo deputado fluminense Rodrigo Maia, presidente do partido. Pode ser importante para dar projeção internacional ao DEM. Mas outras organizações que se implantaram no Brasil, como as internacionais Socialista e Democrata-Cristã, não obtiveram grande repercussão nem ganharam influência política.

Escolha perfeita

Há fortes rumores de que o próximo ministro do Futuro, no lugar de Mangabeira Unger, será o diplomata Samuel Pinheiro Guimarães, hoje secretário-geral do Itamaraty. O presidente Lula estará de parabéns: excetuando-se o inigualável sotaque, Roberto Mangabeira Unger não poderia ser substituído por ninguém mais parecido com ele do que Samuel Pinheiro Guimarães.

Carlos Brickmann é Jornalista, consultor de comunicação. Foi colunista, editor-chefe e editor responsável da Folha da Tarde; diretor de telejornalismo da Rede Bandeirantes (prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte, APCA, em 78 e 79, pelo Jornal da Bandeirantes e pelo programa de entrevistas Encontro com a Imprensa); repórter especial, editor de Economia, editor de Internacional da Folha de S.Paulo; secretário de Redação e editor da Revista Visão; repórter especial, editor de Internacional, de Política e de Nacional do Jornal da Tarde.

Lula diz querer ser 1 presidente do Brasil a emprestar ao FMI

Da BBC Brasil em Londres – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, após a cúpula do G20, que pretende entrar para a história como o primeiro presidente brasileiro que emprestou dinheiro para o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na reunião em Londres, Lula e os demais líderes do G20 chegaram a um acordo para que US$ 1,1 trilhão seja usado para combater a crise financeira global. A maior parte do dinheiro deve ser destinada ao Fundo.

Em entrevista coletiva, Lula e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não revelaram o valor que o Brasil vai destinar ao órgão internacional de crédito.

Segundo eles, o Brasil está em negociação com o FMI para que o dinheiro para o Fundo seja na forma de um empréstimo, para que as reservas do país não diminuam. “Vocês não acham chique emprestar dinheiro para o FMI? O Brasil hoje tem solidez”, afirmou o presidente.

Momento “inédito”

Lula descreveu a cúpula do G20, grupo que reúne as maiores economias do mundo e os principais países emergentes, como um momento muito importante para o futuro da humanidade.

“Pela primeira vez, os países chamados desenvolvidos se colocaram em pé de igualdade com os que estão em desenvolvimento”, afirmou.

O presidente acrescentou que houve “momentos de tensão e discussões calorosas” durante a cúpula, mas que os líderes do G20 conseguiram chegar a um consenso.

“Essa foi a reunião que eu mais saí gratificado pelo fato de que as pessoas compreenderam que o momento é de prudência e ousadia política”, completou Lula. BBC Brasil

agência estado

Rizzolo: O presidente Lula sabe aproveitar as oportunidades para para se promover. E com razão é óbvio, o fato do Brasil empresar recursos ao FMI é algo inédito. Precisamos saber agora se realmente surgiu novidades concretas dessa reunião, ao que parece, os países nas discussões ” se sintonizaram” melhor no sentido de efetivamente combater a crise com eficiência. Hoje foi um dia de verdadeira ” massagem no ego” do presidente, quer ao eventual empréstimo ao FMI, quer em relação aos elogios a Lula por parte de Barack Obama. Segundo Obama ” Lula é o cara “. É isso aí , o negócio é vender a imagem lá fora e aqui dentro.

Resultado das eleições deixa PT sem sucessor claro, diz jornal argentino

Os resultados das eleições municipais deixaram o PT sem um sucessor claro para Lula, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal argentino Página 12.

O jornal afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu transferir sua popularidade para todos os seus candidatos, e avalia que a derrota da candidata do PT Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo “foi o golpe mais duro”.

“O triunfo da oposição em São Paulo volta a perfilar o governador José Serra como aspirante presidencial”, diz a reportagem, para quem o cenário das eleições presidenciais de 2010 “ficou complicado” para o PT.

O jornal comenta as derrotas do PT em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, e afirma que “essas derrotas abriram uma grande interrogação sobre quem será o candidato que vai suceder Lula nas próximas eleições presidenciais”.

Na Espanha, o El País concorda que Serra saiu fortalecido como o principal candidato da oposição para as eleições de 2010.

“Serra foi derrotado por Lula nas eleições de 2002, mas as pesquisas o apontam como um dos candidatos com mais opções nas eleições presidenciais de 2010, às quais Lula não poderá concorrer, a não ser que reforme a Constituição, medida que já descartou.” O jornal ainda afirma que a eleição de Gilberto Kassab, em São Paulo, com 61% dos votos é a prova da popularidade de Serra.

BBC / Folha online

Rizzolo: Não há dúvida que a derrota do PT em cidades como São Paulo, Santo André, Salvador e Porto Alegre foram um duro golpe no PT. As análises e as probabilidades tão otimistas na capacidade de transferência de votos por parte do presidente Lula terão que ser revistas. A “mãe do Pac”, a ministra Dilma, surge agora como menos expressiva que Marta, ou seja, menos popular que Kassab, o que sem dúvida arrepia os cabelos e faz transpirar as camisetas vermelhas do PT com seus bonés.

O grande elenco dos 11 ministros que acreditavam na vitória de Marta com Lula no palanque, estão agora solitários e pensando como será a vida sem um sucessor claro. Essa reflexão nem precisava vir da Argentina ou da Espanha, é só assistir e ver o clima estrondoso da vitória de Kassab e Serra no Estado mais rico do País. Como eu sempre afirmo: quem afunda o PT são os próprios petistas radicais, cercados de stalinistas e trotskistas. Depois da vitória de Serra e Kassab vencendo o aparato petista, fico a imaginar o destino da ministra Dilma e de outros.

Lula acusa Aracruz e Sadia de especularem contra o real

RIO (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou no sábado que o prejuízo reportado por Aracruz Celulose e Sadia com operações no mercado futuro se deveram à “ganância” das empresas que apostaram contra o real.

Ao participar em São Bernardo da campanha a prefeito do ex-ministro do Trabalho, Luiz Marinho (PT), Lula afirmou que Aracruz e Sadia estavam “especulando” no mercado e são responsáveis pelas perdas que tiveram.

“Essas empresas, no fundo, estavam especulando contra a moeda brasileira. Portanto, não tiveram prejuízo. Elas praticaram, por conta própria, por ganância, esse prejuízo”, disse Lula a jornalistas, segundo a Agência Brasil.

“Portanto, não coloque isso na crise não. Isso é problema delas, que tentaram especular de forma pouco recomendada”, acrescentou o presidente.

A Aracruz anunciou um prejuízo de 1,95 bilhão de reais com operações no mercado futuro de dólar e suas ações na Bovespa despencaram 24,8 por cento na sexta-feira, a maior queda dos últimos 18 anos. A Sadia divulgou perdas de 760 milhões de reais com derivativos de câmbio, o que levou os papéis da empresa a caírem 36,5 por cento desde que a empresa anunciou o prejuízo.

Lula comparou a crise financeira nos Estados Unidos a um “tsunami”, mas disse que ela chegará ao Brasil como “uma marolinha, não dando nem para esquiar”. O presidente negou mais uma vez a adoção de qualquer pacote de medidas para enfrentar os efeitos da crise.

“Não existirá pacote. Nós vamos tomar medidas pontuais para acompanhar a crise e o seu desenrolar. O povo brasileiro pode ficar tranquilo”, afirmou.
Folha online

Rizzolo: Entendo o presidente deve estar dessa feita, acusando as empresas acima, como forma de minimizar a crise, e logicamente culpando-as de especulação. Tudo é válido para chancelar que a crise não chegará ao Brasil, e que não haverá pacote no país da ” marolinha”. Melhor seria, se o governo enfrentasse de frente como assim o faz os países da europa, se mobilizando do ponto de vista de medidas econômica e sem receio de demonstrá-las. Todos os países serão afetados; não acredito em “país da marolinha”, se não tivermos suficiente coragem para admitir a crise poderemos ser afogados pela ” pequena onda “.

Lula acusa ricos de ‘nacionalismo populista’

Enviado especial da BBC Brasil a Nova York – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os países ricos estão praticando um ”nacionalismo populista”, durante o seu discurso na abertura da Assembléia Geral da ONU, nesta terça-feira.

Os comentários do presidente foram uma menção às supostas exigências por parte dos países ricos para que as nações em desenvolvimento abram seus mercados, ao mesmo tempo em que dificultam o acesso dos emergentes aos seus próprios mercados e criam barreiras para a entrada de imigrantes de países pobres.

”Muitos dos que pregam a livre circulação de mercadorias e capitais são os mesmos que impedem a livre circulação de homens e mulheres, com argumentos nacionalistas – e até racistas – que nos fazem evocar – temerosos – tempos que pensávamos superados”, disse Lula.

O líder brasileiro voltou a lançar críticas contra os países ricos, ao falar da atual crise financeira que atinge os mercados globais.

”É inadmissível – dizia o grande economista Celso Furtado – que os lucros dos especuladores sejam sempre privatizados e suas perdas invariavelmente socializadas”, afirmou, acrescentando que o ”ônus da cobiça desenfreada de alguns não pode recair impunemente sobre os ombros de todos”.

Para Lula, ”a euforia dos especuladores transformou-se em angústia dos povos, após a sucessão de naufrágios financeiros que ameaçam a economia mundial”.

Ação da ONU

O líder brasileiro também clamou por uma ação mais efetiva da ONU para combater diferentes crises.

”Das Nações Unidas, máximo cenário multilateral, deve partir a convocação para uma resposta vigorosa às ameaças que pesam sobre nós”, afirmou.

”Mas há outras questões igualmente graves no mundo de hoje. É o caso da crise alimentar, que ameaça mais de 1 bilhão de seres humanos. Da crise energética, que se aprofunda a cada dia. Dos riscos para o comércio mundial, se não chegarmos a um acordo na Rodada de Doha. E da avassaladora degradação ambiental, que está na origem de tantas calamidades naturais, golpeando sobretudo os mais pobres.”

Ainda sobre o meio ambiente, Lula afirmou que o Brasil ”não tem fugido a suas responsabilidades. Nossa matriz energética é crescentemente limpa”, afirmando, em seguida, que ”a tentativa de associar a alta dos alimentos à difusão dos biocombustíveis não resiste à análise objetiva da realidade”.

Reforma

Como em pronunciamentos passados, o presidente também defendeu uma reforma da estrutura da ONU e lançou uma indireta contra a suposta postura unilateralista do governo americano em detrimento aos interesses da instituição.

”A força dos valores deve prevalecer sobre o valor da força. É preciso que haja instrumentos legítimos e eficazes de garantia de segurança coletiva. As Nações Unidas discutem há quinze anos a reforma do Conselho de Segurança.”

”A estrutura vigente, congelada há seis décadas, responde cada vez menos aos desafios do mundo contemporâneo. Sua representação distorcida é um obstáculo ao mundo multilateral que almejamos”, acrescentou.
BBC, Agência Estado

Rizzolo: Lula tem razão em todos os pontos abordados em seu discurso. Mas a realidade do mercado, dos interesses, nem sempre são tão viáveis de se conciliar com o ritmo da ética e do interesse de todos. Países desenvolvidos, até por uma questão de se manterem em pleno vigor suas economias pensam de forma unilateral no tocante a seus interesses. O protecionismo ainda existe em função das pressões internas, e da política de proteção à mão de obra local, como é o caso das restrições à entrada de imigrantes.

Quando falamos sobre o que justo e injusto, quer em termos macroeconômicos, posturas internacionais, ou justiça sociais, esbarramos sempre nos interesses dos atores principais da questão. Assim o é também no Brasil, na postura do governo em prevalecer a financeirização da economia ao consentir e chancelar os enormes lucros dos bancos.

Ora, todos sabem que existe no Brasil, a condição econômica que prestigia o lucro dos bancos, lucros esses maiores que bancos internacionais, e isso se dá num País pobre como o nosso. É um protecionismo interno do segmento financeiro do País, este tão ruim ou pior que os exercidos pelos países ricos em relação aos pobres; a analogia econômica procede a bem da reflexão, quando insistimos naquilo que é justo em termos de ricos e pobres, tema este preferido pelo presidente.

Obs: Leitores agora temos domínio próprio: http://www.blogdorizzolo.com.br