Lula fala sobre educação em evento no interior de SP

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve neste sábado em São Jose dos Campos, no Vale do Paraíba, no interior do Estado de São Paulo, falando para um público de 10 mil pessoas durante a campanha do deputado estadual Carlinhos Almeida (PT) a prefeito da cidade. Recheado com números sobre a educação no País – como o de 535 mil estudantes nas faculdades pelo PróUni – Lula dedicou a maior do tempo de um discurso de 33 minutos ao programa do governo que estimula as pessoas a cursarem faculdades e escolas técnicas.

O presidente criticou os tucanos e a gestão do PSDB na Presidência quando foi tirada a responsabilidade do governo federal de cuidar das escolas técnicas. “Nós revogamos esta lei. E por que eu, que não tenho diploma universitário, estou fazendo pelo Brasil do que os doutores fizeram?”. Lula ainda defendeu que o “pobre tem o direito de estar nas universidades federais”, informando a criação de 14 novas unidades federais para o ano que vem. “Quando eu assumi, eram 113 mil universitários nas faculdades federais. No ano que vem, serão 227 mil. O pobre tem o direito de virar doutor”, afirmou. Ele enfatizou ainda a formação universitária da mulher, dizendo que “a mulher formada conquista algo sagrado, que é a independência”.

Agêcia Estado

Rizzolo: A implementação de um programa de formação de escolas técnicas é de suma importância no Brasil. A medida que os investimentos aumentam, torna-se cada vez mais escasso o profissional técnico. Hoje já temos um déficit de engenheiros no País, contudo precisamos nos conscientizar que o técnico de nível médio é tão importante quanto os engenheiros. No Brasil a formação técnica nunca foi priorizada, as escolas técnicas tem com certeza ser de responsabilidade do governo federal, e nisso o presidente tem razão. Tenho me debatido muito sobre essa questão da educação, e ainda as poucas oportunidades que os pobres tem, de ter acesso à profissões como médico, engenheiro e outras. É uma tristeza ver jovens pobres, cujos sonhos em se tornarem médicos são ceifados pelo elitismo corporativista ainda enraizado no Brasil. Nosso País é grande está se desenvolvendo, e aquela antiga visão de que apenas aos ricos é dado o direito a ser ” doutor”, tem que ser varrido da nossa sociedade brasileira. Escrevi um texto sobre uma reflexão minha, baseado num fato vivenciado por mim. Leia: Desperdício de vocações e sonhos perdidos

Desperdício de Vocações e Sonhos Esquecidos

Uma das características do ser humano é a observação, e ela se torna ainda mais intensa quando acompanhada de uma reflexão de cunho social. Não porque seja ela mais nobre, mas porque, de certa forma, toca mais à essência do que é o justo, coerente, e digno. Ainda me recordo aquele dia, um dia comum, como qualquer outro, quando voltava de uma audiência no centro da capital paulista e em determinado momento percebi um ruído metálico no meu carro.

Como sou pouco conhecedor de mecânica, entendi que o mais apropriado era parar em uma oficina e verificar o que ocorria. Assim que cheguei, fui atendido pelo proprietário que me encaminhou a um funcionário que era soldador. Na verdade, o problema consistia em soldar minuciosamente uma parte do escapamento. Tão logo fui apresentado, o rapaz me disse que teria de levantar o veículo e fazer a delicada soldagem com precisão.

Com muita destreza e o olhar fixo, ele conseguiu realizar a sua tarefa com a perfeição de um cirurgião. Discretamente, pude observar os detalhes de suas mãos, a agilidade no manejo do equipamento, o olhar fixo, com ar profissional, de quem sabia o que estava fazendo. Ao terminar, verifiquei o trabalho e ainda brinquei dizendo que ele poderia ser um grande cirurgião, em face de sua habilidade.. Foi nesse instante que o pobre rapaz, um pouco sem graça, olhou para o chão e disse, talvez triste demais para os seus não mais que 26 anos:

– Meu sonho era ser um médico cirurgião.

Poucas vezes senti o que realmente é um sonho perdido. Em frações de segundos, pensei em quanto o povo brasileiro perde por causa de oportunidades não proporcionadas pelo Estado. Pensei em quantos soldadores, funileiros, bancários, porteiros, motoboys, tem todos os dias seus sonhos destruídos pela falta de oportunidade em termos de educação, de cursar uma boa universidade. Hoje, apesar dos esforços, ainda temos cerca de cerca de 14,1 milhões de analfabetos hoje no País.

Entendo que pior que os efeitos sociais do analfabetismo, é a falta de esperança daqueles que já foram alfabetizados e que, por questões de sobrevivência, tiverem de interromper seus estudos e enterraram seus sonhos de se tornar médicos, advogados, engenheiros ou professores. Para mudarmos isso, precisamos implementar ainda mais, um grande número de universidades públicas, com vasta oferta vagas e ensino de qualidade, para que enfim os jovens do nosso Brasil possam acordar sabendo que o trabalho é um meio, e não um fim. O fim de um sonho quase impossível, como a desventura frustrante de um habilidoso rapaz pobre que sonhava um dia ser um médico cirurgião.

Dedico este texto aos aos rapazes e moças pobres do Brasil; aos médicos, engenheiros, advogados, cientistas que hoje, adormecidos, exercem o papel de zeladores, engraxates, porteiros, soldadores, e motoboys, que um dia acordarão e poderão, finalmente, seguir em direção ao sonho de ser alguém nesse grande país.

Fernando Rizzolo

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Analfabetismo cai no Brasil, mas ainda é um dos piores da América Latina

O Brasil teve em 2007 um dos piores índices de analfabetismo da América Latina, atrás de países como Bolívia, Suriname e Peru, mostra a Pnad 2007 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quinta-feira. A pesquisa registrou cerca de 14,1 milhões de analfabetos no país no ano passado.

Com uma taxa de analfabetismo de 10%, o Brasil é o 15º em um ranking de projeções de índices de analfabetismo de 22 países na América Latina divulgado pelo estudo. A lista é liderada por Cuba, que aparece com taxa 0,2%. O pior nível foi o do Haiti –37,9% da população de 15 anos ou mais.

Apesar de ainda ser um dos piores no continente, o índice brasileiro melhorou na comparação com 2006, quando a taxa era de 10,4%. A queda acontece progressivamente desde 1997.

Dentro do país, o menor índice foi registrado entre os adolescentes de 15 a 17 anos: 1,7%. Já a maior taxa, de 12,5%, foi entre a população com 25 anos ou mais.

A Pnad, que faz levantamentos socioeconômicos anuais da população brasileira, coletou dados em 147.851 domicílios de 851 municípios do Brasil par a pesquisa de 2007.
Folha online

Rizzolo: O analfabetismo ainda é um grande problema no Brasil, e está na realidade relacionado com as diferenças regionais, e com a ineficácia do Estado brasileiro em investir na educação de forma adequada. Não é possível convivermos e consentirmos que existam 14,1 milhões de analfabetos no país, de acordo com os dados no ano passado. Estarmos atrás em níveis de analfabetismo da Bolívia, Suriname e Peru é uma vergonha, muito embora exista um esforço do governo federal para avançarmos nos programas de alfabetização. A verdade é que nunca houve um grande programa de combate ao analfabetismo, nem na época do regime militar com o antigo Mobral. As demandas sociais do Brasil são enormes, e para alfabetizarmos é necessário antes alimentarmos, darmos emprego, e insistirmos nos programas de inclusão social. Infelizmente a ignorância ainda é a maior multinacional, os maus políticos faturam alto com a simplicidade, a ingenuidade, e a boa-fé daqueles que ainda não tiveram a oportunidade do saber e da cultura.

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