Da inflação para insatisfação

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*por Fernando Rizzolo 

Está claro que existem inúmeras formas de interpretar o porquê das manifestações ocorridas em todo o país. Podemos percorrer várias vertentes de análise, desde aquelas do ponto de vista social, psicológico, econômico e até a observação sob um viés psicanalítico. A origem dos protestos tem sido alvo de reflexões dentro do que podemos chamar de núcleo pensante da intelectualidade brasileira. Explicar fenômenos sociais teorizando-os de maneira simplista é um caminho perigoso e pouco abrangente.

Isto posto, vamos apenas nos aventurar a conjecturar sobre fatos que podem ter relação com o ocorrido. É importante salientar que os protestos não são elaborados, tampouco surgem das camadas mais pobres da população. Como todo movimento diante da história, este é oriundo da classe média estudantil, beneficiada com programas de acesso à universidade, que incluiu inúmeros jovens que, de certa forma, foram politizados pela informação digital, e acima de tudo jovens de uma geração despolitizada, trazendo no bojo de sua idealização a aversão ao partidarismo – seja ele qual for. Acredito, entretanto, que seja direcionado, em sua maioria, contra o Partido dos Trabalhadores, mais por mera insatisfação do que por ideologia.

É bem verdade que grande parte dos jovens filhos de petistas, que via seus pais no anseio de um Brasil melhor, empunhando bandeiras vermelhas, decepcionou-se com o PT. Para sublinhar uma posição pseudopolítica e contrária a de seus pais, esses jovens revoltam-se contra o atual governo; por outro lado, filhos daqueles que sempre odiaram o Partido dos Trabalhadores, e, ouvindo o destilar conservador da oposição, perpetuaram um ódio intrínseco, extravasado nesse momento, num grande brinde à despolitização e, para completar, uma manifestação da aversão a qualquer partido. Para estes, a democracia seria representada pelo mero ato de sair às ruas, e o Brasil, numa utopia, funcionaria ‘democraticamente’ sem as instituições ditas democráticas a garantir nossos direitos.

Mas não resta a menor dúvida de que o estopim de toda movimentação são a inflação, a volta do gasto público e a corrupção. Esses jovens foram formados para o questionamento de um modo que fogem à representatividade, fogem às formas tradicionais de liderança, isso fruto puro e simples da política assistencialista do governo, que oferece benesses por votos, dos mensaleiros impunes, dos gastos desnecessários em detrimento dos mais nobres interesse públicos, como investimentos na saúde e na educação.

Entender é difícil, mas desconfiar é fácil. Talvez o governo tenha demorado demais para desconfiar de que uma hora tudo tem seu limite, mesmo que o fim desse limite tenha assumido a forma de caminhada pelas ruas em vestes brancas num grito de paz….

Índio da Costa vem a SP discutir declarações sobre ligação de PT às Farc; assista aos vídeos por Rodrigo Alvares

Apesar de o site Mobiliza PSDB ter retirado do ar o vídeo no qual o candidato a vice na chapa de José Serra (PSDB), Índio da Costa (DEM), ligou o PT às Forças Revolucionárias Armadas da Colômbia (Farc), ao narcotráfico e chamou Dilma Rousseff de ateia, a íntegra da entrevista está disponível no YouTube.

“Todo mundo sabe que o PT é ligado às Farc, ligado ao narcotráfico, ligado ao que há de pior. Não tenho dúvida nenhuma disso”, afirmou Índio. De acordo com fontes no DEM, o deputado está em São Paulo para uma reunião com a cúpula da campanha, na qual será discutida a repercussão do episódio. Há alguns minutos, Índio escreveu em seu Twitter que o “PT não faz narcotráfico. As Farc, sim”.

Mesmo aliados da campanha do PSDB admitem que Índio da Costa errou nos ataques feitos ao PT e à Dilma. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, preferiu se esquivar do assunto. Disse que preferia se manifestar depois de conversar com o vice de Serra.

Segundo um dos coordenadores da campanha do presidenciável tucano, as declarações são resultado da falta de experiência do deputado: “O Índio é um pouco inexperiente, pode dar algumas bolas foras no começo, mas conforme a campanha for avançando, ele vai acertar o discurso”.

Questionado se será necessário enquadrar o candidato a vice, ele classificou o episódio como “parte natural da campanha”. “O assunto (a ligação das Farc com o PT) sempre volta porque o PT nunca mostrou disposição em esclarecer essa relação”, acrescentou.

O presidente do PT, José Eduardo Dutra, convocou uma entrevista coletiva para as 15h desta segunda-feira (19), na sede nacional do partido, em Brasilía, para tratar da posição a respeito das declarações do deputado.
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Rizzolo: Agora, sinceramente, como pode um candidato a vice presidência afirmar coisas desse tipo? Totalmente despreparado, o Índio da Costa está fazendo com isso campanha para o PT. Ora só pode ser, isso denota o desespero de Serra ao ter se apegado a qualquer candidato, sem o menor preparo, inconseqüente, e perigoso. Se o próprio PSDB o considera pouco experiente, isso significa que se eleito Serra nem sequer pode ficar doente, pois aí o índio irá assumi e surgirá um presidente inexperiente..