MP de Minas denuncia goleiro Bruno e mais 8 pelo sumiço de Eliza

SÃO PAULO – O Ministério Público de Minas Gerais afirmou que o promotor Gustavo Fantini, de Contagem, ofereceu nesta quarta-feira, 4, denúncia contra os nove indiciados no caso Eliza Samudio. O órgão não soube informar por quais crimes eles foram denunciados.

Na quinta-feira, 29, a Polícia Civil de Minas concluiu o inquérito que apura o desaparecimento da ex-amante do atleta Bruno Fernandes de Souza. O ex-goleiro do Flamengo foi indiciadas por homicídio, sequestro, cárcere privado, ocultação de cadáver, formação de quadrilha e corrupção de menores. Também foram indiciados pelos mesmos crimes: Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão; Flávio Caetano de Araújo; Wemerson Marques de Souza, o Coxinha; Dayane Rodriques do Carmo Souza, mulher de Bruno; Elenilson Vitor da Silva; Sérgio Rosa Sales; e Fernanda Gomes de Castro.

O ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, apontado como o assassino de Eliza, foi indiciado por homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, meio cruel e não possibilitou a defesa da vítima), formação de quadrilha e ocultação de cadáver.

Eliza desapareceu no início de junho. Um adolescente de 17 anos, primo de Bruno, disse à polícia que a jovem foi assassinada. O corpo dela ainda não foi localizado. Eliza tentava provar na Justiça que Bruno é pai de seu filho, de 5 meses. A criança está com a avó materna em Mato Grosso do Sul.
estadão

Rizzolo: Na verdade desconhecemos ainda o teor da denúncia, e por quais crimes foram denunciados os acusados. É bom lembrar que o início da ação penal de dá com o recebimento da denúncia pelo juiz, e não pelo oferecimento da mesma. De qualquer forma o promotor que é o titular da ação penal, entendeu que há indícios ou elementos para o oferecimento. Agora vamos aguardar o desenrolar da ação penal se esta for adiante.

Tiradentes:“Se quisermos, faremos juntos deste país uma grande Nação”

CARLOS LOPES

Portugal saíra da anexação à Espanha, em meados do século XVII, numa situação de profundo esgotamento, agravada pela queda nos preços do açúcar, que até a invasão holandesa somente o Brasil produzia, mas que agora tinha a concorrência da produção açucareira das colônias inglesas e francesas das Antilhas, para onde os holandeses levaram a tecnologia que tinham aprendido durante os anos de ocupação do Nordeste brasileiro.

A “solução” encontrada pela Coroa – apoiada na única classe que no território metropolitano produzia, então, uma mercadoria exportável, e portanto lucrativa, a dos produtores de vinho – foi tornar-se cada vez mais dependente da Inglaterra. A corte garantia a independência política em relação à Espanha transformando o país em vassalo da Inglaterra. Tal era a sabedoria que imperava em Lisboa, exceto no período em que o marquês de Pombal esteve à frente do governo – em suas memórias, o grande estadista português reconhece a dependência econômica de Portugal à Inglaterra como o principal obstáculo que enfrentou e que seu país teria que enfrentar.

O Tratado de Methuen, de 1703, um tratado de nome inédito, pois Methuen não é a localidade onde ele foi assinado, mas o nome do agente inglês que o extraiu, à custa de suborno, expôs essa vassalagem. Por ele, o mercado português – metropolitano e colonial – tornava-se cativo dos produtos manufaturados ingleses. Em troca, os vinhos portugueses deveriam ter o monopólio do mercado inglês. Mas quando a Inglaterra, em 1786, rompeu unilateralmente o tratado em favor dos vinhos franceses, nem por isso a Coroa portuguesa deixou de continuar submetendo-se ao domínio comercial inglês. Poucas vezes se viram consequências tão desastrosas: as importações de mercadorias inglesas impediram as tentativas de industrialização do país, levando à atrofia econômica, à perpetuação do atraso e à espoliação comercial e financeira.

Em relação ao Brasil, Portugal tornou-se um intermediário das mercadorias inglesas, ao mesmo tempo arrancando da colônia os seus recursos – isto é, sobretudo o ouro – para repassá-los a Londres. Assim, o Brasil tinha de sustentar três senhores: a corte lusitana, com seu perdulário e parasitário luxo; a economia da metrópole, onde os comerciantes portugueses intermediavam as exportações inglesas para o Brasil; e o desenvolvimento manufatureiro inglês.

Durante mais de 50 anos, nós suportamos essa sobrecarga e ainda conseguimos desenvolver-nos internamente, ainda que dentro dos limites de uma colônia. Estima-se que entre 1700 e 1800 foram produzidos no Brasil cerca de mil toneladas de ouro e 3 milhões de quilates de diamantes.

A partir de meados do século XVIII, quando a produção de ouro decai, a Coroa aumenta suas exigências sobre o Brasil. Em 1750, o imposto total sobre o ouro tinha sido estabelecido em 100 arrobas do metal, mas após 1764 o governo português não consegue mais arrecadar essa magnitude. No entanto, a corte não quer renunciar ao seu suntuoso parasitismo e necessita pagar o fluxo das importações de mercadorias inglesas. Daí as ameaças constantes de efetuar a “derrama”, ou seja, a cobrança desses impostos sobre o ouro, independente da produção, até atingir as 100 arrobas. Até à morte de D. José I e a consequente queda de Pombal (1777), essa ameaça foi afastada: a política que prevalece é a de incentivar as manufaturas, a incipiente industrialização, como forma de sair da estagnação e do atraso.

Mas a política do reinado seguinte, o de Dª Maria I, seria a da desistência de superar o feudalismo e transformar Portugal em um país capitalista; a da rendição total ao monopólio comercial e manufatureiro inglês; a da espoliação exacerbada sobre as colônias, das quais a maior e mais rica era o Brasil, para sustentar a corte e as importações de mercadorias inglesas.

Nas duas últimas décadas do século XVIII, quando a produção de ouro diminui mais ainda, as exigências da Coroa tornam-se desesperadas, na medida em que sua arrecadação brasileira – que constituía a maior parte de sua renda – chega, no máximo, a 40 arrobas de ouro.

A “derrama”, então, passa a ser uma ameaça cada vez maior e, em 1788, é enviado de Portugal ao Brasil um novo preposto para governar Minas Gerais, o visconde de Barbacena, com ordens de cobrar os atrasados: acumulara-se um déficit de 538 arrobas de ouro nos anos anteriores.

“AINDA QUE TARDIA”

Porém, a produção de ouro e diamantes, concentrada principalmente em Minas Gerais, mas estendendo-se aos territórios onde atualmente estão os Estados de Mato Grosso, Bahia e Goiás, havia revolucionado economicamente o Brasil. Antes de tudo, havia, pela primeira vez, integrado numa única economia o conjunto do país, antes uma coleção de economias isoladas.

A economia do ouro havia formado um mercado interno, com o fornecimento, por parte do Sul do país, de muares e bovinos para transporte, tração e alimentação, além de couro e charque; através da pecuária nordestina, ligou-se às regiões açucareiras – Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte; integrou, inclusive, as então remotas regiões em que nascia a produção de algodão e arroz – o Ceará, Piauí e Maranhão – e àquelas ainda de economia extrativa, como o Grão-Pará (atuais Estados do Pará, Amazonas, Rondônia, Amapá e Roraima). Em consequência, todo um sistema de transportes, ainda que precário, se espraiou pelo país.

Teria que ser, portanto, na região aurífera que o sentimento de nacionalidade emergiria de forma mais aguda, agora desvencilhado, ao contrário da época da luta contra o domínio holandês, da dependência ideológica e política à metrópole. Pelo contrário, agora o sentimento de nacionalidade afirmava-se contra a dependência política, econômica e cultural a Portugal, em defesa de interesses especificamente brasileiros.

O HOMEM

Tiradentes foi o herói que condensou esse sentimento de nacionalidade. A síntese de seu legado: “se quisermos, faremos juntos deste país uma grande Nação”.

Era – à custa, sem dúvida, de seu próprio esforço – um homem excepcionalmente culto para a época e, mais ainda, para as condições de seu país. Sua primeira viagem ao Rio de Janeiro teve por objetivo apresentar ao vice-rei um projeto para acabar com a falta d’água na cidade, através da canalização dos rios Maracanã e Andaraí. No inventário de seus bens, feito antes do ignominioso leilão que se seguiu ao seu martírio, achou-se um exemplar em francês da então recente Declaração de Independência dos Estados Unidos.

Entre os líderes da Inconfidência Mineira, ele era o mais genuinamente popular e o de maior consciência nacional. Em seu pensamento e, principalmente, em seus sentimentos, nada mais havia que o amarrasse ao colonizador, inteiramente brasileiro nos atos, na ideologia, enfim, na postura diante do opressor – foi o primeiro, entre os homens notáveis do país, a identificar-se total e plenamente com o Brasil, a tornar-se e portar-se, por inteiro, política, ideológica e psicologicamente como brasileiro.

Era muito clara, para ele, a missão que se colocava ao nosso povo naquele momento: a de superar a contradição entre o nosso desenvolvimento interno, cujas potencialidades em termos de recursos naturais e humanos eram infinitamente superiores aos da metrópole, e o domínio da servil, mesquinha e minúscula nobreza metropolitana, domínio que só era possível continuar sob a condição de mutilar o Brasil para que se amoldasse à estreita fôrma da espoliação colonial – regredindo ao passado, com a destruição das forças produtivas já desenvolvidas.

Em função dessa consciência, esteve o seu comportamento na preparação da revolução, como sua principal alma – deslanchando uma atividade febril que lhe valeu de Cláudio Manuel da Costa, com admiração, o apelido de “alferes corta-vento” – e depois, na prisão e no martírio, a serenidade, coragem e dignidade, descritas por alguém que não comungava de suas ideias, Frei Raimundo de Penaforte, que o acompanhou ao patíbulo, na condição de sacerdote: “era desses seres cuja força espanta a própria Natureza”.

Com Tiradentes, na preparação da revolução, estava o engenheiro José Álvares Maciel, que se especializara em metalurgia na Europa e que tinha planos de construir pequenas – comparadas com as de hoje – siderúrgicas, para o aproveitamento das abundantes reservas de minério de ferro de Minas Gerais; estava o maior poeta de nossa língua nessa época, Tomás Antônio Gonzaga; estava o jurista Cláudio Manuel da Costa, que além de excelente poeta era também conhecedor e comentarista de Adam Smith – um dos poucos no continente americano, com o secretário do Tesouro de George Washington, Alexander Hamilton e do Visconde de Cairu; estavam militares – condição do próprio Tiradentes – como o coronel Francisco de Paula Freire; estavam eclesiásticos como Carlos Correia de Toledo, José da Silva de Oliveira Rolim e Luís Vieira da Silva; estavam proprietários rurais e intelectuais como Alvarenga Peixoto e Bárbara Eliodora.

A REVOLUÇÃO

O programa da revolução dos Inconfidentes refletia essa gama de interesses dos seus participantes: militares, intelectuais, funcionários, proprietários rurais, empreendedores da mineração, comerciantes.

A Independência e a República eram suas principais medidas políticas; o fim da escravatura e a industrialização do país eram as principais tarefas econômicas; a instrução pública e universal, sua principal medida social.

A consciência expressa nesse programa não era apenas a do entrave que a situação de colônia constituía para nosso país e a consequente necessidade da separação política de Portugal. Na verdade, a crise da relação colonial entre o Brasil e Portugal era naquele momento o ponto mais agudo da crise do antigo colonialismo, o colonialismo mercantilista, surgido ainda dentro dos marcos do feudalismo europeu, com predominância do capital comercial e tendo como potências dominantes os dois países ibéricos. A transição do feudalismo para o capitalismo, com a passagem para a hegemonia do capital manufatureiro-industrial, tendo como potências a Inglaterra e depois a França, implicava, naquele momento, no rompimento dos obstáculos ao livre-comércio, para que a indústria pudesse, em sua fase de ascensão, expandir seu mercado e suprir-se de matérias-primas.

O programa dos inconfidentes expressava, então, fundamentalmente, a falência do sistema colonial de então, baseado na escravidão, na exportação de matérias-primas e produtos agrícolas, e na importação de mercadorias manufaturadas sob o monopólio dos atravessadores das antigas e decadentes potências coloniais.

Era, portanto, o programa para a construção de um país livre, soberano e desenvolvido, num mundo em que o estado anterior de coisas já entrara em bancarrota.

O BRASIL

A economia baseada na mineração, ao mesmo tempo em que integrava o país – e na medida em que o fazia – tinha mudado a estrutura e a face social do país, sobretudo em seu núcleo, Minas Gerais.

Ao contrário da economia açucareira-exportadora, cujas características exigiam a posse de grandes recursos, grandes parcelas de terra e grande quantidade de escravos, a mineração era acessível a pessoas de pequenas posses, que possuíam, às vezes, um único escravo, ou mesmo trabalhavam diretamente na pesquisa e lavra de ouro e diamantes.

A população do Brasil era, sem contar os indígenas – mas incluídos os escravos – cerca de 300 mil pessoas em 1700. Em 1800, havia saltado para 3 milhões e 250 mil pessoas. A imigração portuguesa, de 30 mil pessoas no primeiro século, e sem significação no século seguinte, aumentou tanto que a Coroa teve de proibi-la, sob o risco, bastante concreto, de despovoamento da pequena e atrasada metrópole.

Surgiu, então, na colônia, com a criação e expansão do mercado interno, uma classe de comerciantes. Esse mercado interno estimulou o início da indústria têxtil e da produção de ferro, severamente reprimidas pela Coroa portuguesa em prol do monopólio das mercadorias inglesas – principalmente tecidos – com o comércio lusitano de intermediário. Mas a própria sucessão quase infinita de decretos da rainha proibindo a existência de manufaturas no Brasil, é a prova do fracasso dessa repressão.

Nem mesmo – o que tem importância decisiva para o programa dos Inconfidentes – a situação dos escravos permaneceu inalterada. A mineração lhes permitiu uma liberdade muito maior do que na atividade açucareira e, em muitos casos, lhes possibilitou a alforria. Aumentaram, portanto, o número de negros livres, que mostraram uma rara capacidade empreendedora.

O LEGADO

A História do Brasil, nos dois séculos subseqüentes, confirmaria a visão, a luta e o programa de Tiradentes e seus companheiros. Com uma precisão impressionante, todas as maiores e mais fundamentais conquistas do povo brasileiro nos 160 anos que se seguiram, foram a realização do que eles preconizaram como as principais tarefas da sua revolução.

Apenas 30 anos após o martírio de Tiradentes, o primeiro ponto do seu programa foi conquistado: a Independência; antes do fim do mesmo século, a Abolição da escravatura e a República; e, em 1930, Getúlio daria partida à industrialização e instituiria o ensino público.

Se algum problema havia no programa dos Inconfidentes, poderia ser o de estar muito à frente de sua própria época, ao condensar, numa só, todas as estações de uma via que o Brasil levaria mais de um século e meio para percorrer. Mas estar à frente de sua época implica, sobretudo, em ter uma visão precisa não somente da realidade, mas do potencial que ela encerra. E Tiradentes a teve.

A possibilidade de vitória da revolução no campo político-militar, em fins do século XVIII, não estava afastada, diante da situação revolucionária aberta pela decadência e servilismo da metrópole, com o aumento da espoliação sobre o Brasil, tendo como pano de fundo a profunda crise mundial do colonialismo feudal. Nunca tinha sido tão clara na consciência dos brasileiros o entrave constituído pela nossa situação de colônia de um país atrasado, ele mesmo vassalo de outro.

No mais, existiam as condições materiais para a realização do programa revolucionário de Tiradentes: na mesma época, as 13 colônias inglesas do norte da América – muito menos dotadas de recursos naturais, território e população – já haviam empreendido a sua revolução nacional, proclamando sua independência da Inglaterra. É significativo, no entanto, que no programa dos revolucionários norte-americanos não constasse, ao contrário daquele dos inconfidentes, a abolição da escravatura.

O programa da revolução de Tiradentes expressava tanto a necessidade de resolver a contradição principal daquele momento – a existente entre o Brasil e o bloqueio constituído por um domínio colonial caduco – como também a necessidade de resolver a contradição fundamental – do Brasil em relação à qualquer dependência – construindo um país livre, soberano, independente, desenvolvido e próspero econômica, social, política e culturalmente – enfim, uma grande Nação. O programa de Tiradentes estabeleceu, pela primeira vez, os objetivos estratégicos da revolução nacional brasileira. Não por acaso, os dois séculos posteriores, vistos em retrospecto, parecem um desdobramento e uma realização do seu programa revolucionário.
Hora d do Povo

Rizzolo: Ótimo texto de Carlos Lopes do jornal Hora do Povo, uma homenagem a Tiradentes.

Alma Mineira e a Política

O tucano e governador de Minas está na pauta do dia, articulando, conversando com líderes de diversos partidos, se movimentando. Minas quer ter seu ator político, e nada melhor do que ler os textos de Drummond para enxergarmos a alma mineira, seu apego histórico, o desejo latente de se ter um presidente da república. Quem não se lembra do poeta mineiro morando no Rio e falando de seu amor à Itabira?

Quando falamos no nome de Aécio Neves, temos que enxergar algo mais que uma candidatura à presidência; algo calado, bem ao estilo mineiro, quase uma voz tranquila que vem das cidades do interior de Minas. Falar em Aécio como um candidato à presidência, é remetermos a o inconsciente coletivo do povo de Minas, é reacender a chama da velha capacidade mineira de se fazer política.

Minas Gerais – o segundo maior colégio eleitoral do país – impõe uma candidatura própria, regional. Talvez um lenço que enxugue as lágrimas derramadas em 1985, quando Tancredo se foi, um verdadeiro resgate da perda do grande orador mineiro, que significava acima de tudo, a esperança do povo brasileiro.

Não tem jeito, o mineiro é assim, e quando ele própio se esquece que é mineiro, alguém vem e lhe lembra. Até a ministra Dilma Rousseff resgatou sua origem lá de Minas já quase apagada na sua memória, para que se apaziguasse com seu passado e tivesse uma maior co-relação de forças no Estado de Tiradentes; talvez imitando Drummond quando a poesia o levava vez ou outra a lembrar que era sempre um mineiro.

Por sorte uma mudança de partido por parte de Aécio não seria tão ruim para o povo de Minas – se as condições assim o exigissem. Partidos existem e como cavalos servem, monta-se no que melhor resistir à caminhada, naquele que melhor respira o ar dos objetivos, levando seu cavaleiro com mais rapidez e segurança aos ideais de um povo que ainda espera a continuidade da sua história, rasgada de forma abrupta com a morte do velho Tancredo.

Minas não esquece seus políticos, e Aécio caminha na consagração daquilo que dia se perdeu: seu avô, um presidente mineiro.

Fernando Rizzolo

Para Lula, PT deveria ter autorizado aliança em BH

Após o PSDB confirmar que apoiará informalmente Márcio Lacerda, candidato da aliança PSB-PT em Belo Horizonte (MG), como exigiu a Executiva Nacional petista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que a instância nacional do PT deveria ter autorizado os tucanos a participar da coligação.

“Eu confesso que, depois de o PT de Minas aprovar, municipal e estadual, depois da convenção aprovar, eu acho que direção nacional do partido poderia tranqüilamente ter confirmado tudo o que aconteceu. Se tivesse que fazer uma repressão ao (Fernando) Pimentel (prefeito de Belo Horizonte), que a fizesse em segredo, porque o jogo estava sendo feito à luz do dia. Todo mundo sabia o que estava acontecendo em Minas”, afirmou Lula após participar de evento em Itajubá (MG).

Para o presidente, a aliança era plenamente aceitável e seria uma “loucura” relacionar a disputa municipal em Belo Horizonte com as eleições presidenciais em 2010.

“Cada cidade, em se tratando de eleição municipal, faz o acordo que for possível fazer e o que for melhor para que ganhe o candidato que o governo apóia. Em Belo Horizonte, o prefeito e o governador (Aécio Neves, do PSDB) têm um acordo e lançaram um candidato do PSB. O PT tem a vice e, portanto, é plenamente aceitável, viável e importante. A participação de Aécio é importante, pois vai ajudar a eleger o candidato”, afirmou.

Entretanto, o presidente ressalvou que o assunto está encerrado. “Não dá para fazer um cavalo de batalha. Estamos a três meses das eleições. O negócio é ir para rua e ganhar as eleições. Eu terei o imenso prazer de participar de um comício em Minas Gerais. Eu vou participar pouco das eleições, mas Belo Horizonte é uma das cidades que eu quero ir”, completou o presidente.

Folha online

Rizzolo: Isso comprova mais uma vez que o presidente Lula já se descolou do PT há muito tempo. Aliás uma decisão extremamente sábia, vez que com isso se torna imune às questões que já comprometeram a imagem do partido Na verdade Lula tem razão, na esfera municipal não haveria sequer nenhum problema, tampouco macularia o debate para 2010. Contudo, a ala raivosa petista que entende ser politicamente maior do que todos, jamais aceita coligar-se com o PSDB, e mais uma vez o que observamos é um retrocesso na evolução política nesse País. Uma pena.