GENEBRA – Depois de atingir um recorde histórico em 2007, os investimentos podem desabar no mundo diante da crise financeira em 2008 e multinacionais já refazem seus planos. As projeções indicam que os países emergentes sofrerão menos, mas não devem ficar imunes ao choque. Um relatório divulgado nesta quarta-feira, 24, pela ONU aponta que os investimentos no mundo devem cair em pelo menos US$ 200 bilhões em 2008, em comparação aos dados de 2007. O Brasil é, para as maiores multinacionais, o quinto destino preferido de seus investimentos até 2010 e voltou a ser o maior receptor da América Latina.
A avaliação foi feita antes da crise que eclodiu na semana passada e, para os especialistas, tudo indica que o cenário deva ser ainda mais negativo diante das falências. A projeção inicial era de que os investimentos no mundo seriam cortados em 10%, “Acho que a queda será bem maior”, afirmou o secretário-geral da Conferência da ONU para o Desenvolvimento e Comércio, Supachai Panitchpakdi.
Antes da semana negra, a previsão era de que o Brasil poderia repetir e até superar o volume de investimentos de 2007, quando atingiu US$ 35 bilhões. A América do Sul foi ainda a região que registrou o maior incremento de investimentos em um só ano. A alta foi de 66% entre 2006 e 2007, puxada pelo Brasil. Para a ONU, a região se mostrou resistente aos choques e à desaceleração já apresentada na economia americana em 2007.
Por isso, há ainda uma certa esperança de que a queda em 2008 não seja tão pronunciada na região e no Brasil. Até agosto deste ano, o ritmo de crescimento dos investimentos era acelerado e o País já havia recebido US$ 25 bilhões.
A previsão falava de um novo recorde para o País e para a América Latina. Mas, com a turbulência, ninguém ousa por enquanto dizer qual será o novo volume de investimentos no País. O certo, segundo uma pesquisa com 300 multinacionais, é que os temores de uma desaceleração da economia já estavam fazendo os executivos repensar seus investimentos. A pesquisa mostra que o número de empresa que irá rever os planos aumentou de forma significativa.
Mesmo assim, o Brasil aparece como o quinto destino preferido entre as empresas pesquisadas. Em 2007, 12% dos executivos colocaram o Brasil como um dos destinos. Neste ano, 22% indicaram o País. Graças ao fluxo do primeiro semestre, o ano fechará com uma alta nos investimentos em relação a 2006, quando o fluxo atingiu US$ 19 bilhões. Para 2009, a ONU admite que o cenário pode ser pior.
O levantamento também confirma o interesse das multinacionais pelos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) que ocupam quatro das cinco primeiras posições. A liderança da China, porém, é ampla e o Brasil é apenas o último entre os quatro países do bloco.
Recorde
2007 ainda registrou um volume recorde de investimentos no mundo, chegando a US$ 1,8 trilhão. O volume foi 30% superior ao de 2006 e US$ 400 bilhões superior ao recorde anterior, registrado no ano 2000. Com isso, os estoques de investimento no mundo chegaram a US$ 15 trilhões.
Os países ricos ficaram com grande parte dos fluxos, cerca de US$ 1,2 trilhão, 33% acima do ano anterior. Até o ano passado, os americanos eram os líderes em termos de destino, com US$ 232 bilhões, seguido pelo Reino Unido e França. Os americanos também foram os maiores investidores do mundo no ano passado, com US$ 313 bilhões. Os fluxos para a Europa totalizaram US$ 804 bilhões em 2007, 43% acima do valor do ano anterior. Mas o volume para os emergentes atingiu seu recorde também em 2007, com US$ 500 bilhões. Metade desses recursos foi para a Ásia.
Cenário
Para 2008, a melhor das hipóteses é uma queda de 10% no total dos investimentos. Mas a própria ONU admite que a queda será bem maior. Apenas no primeiro semestre, o número de aquisições no mercado mundial despencou em 29%. “Está claro que haverá uma queda diante da crise”, afirmou o secretário-geral da Unctad, Supachai Panitchpakdi.
O impacto mais pronunciado será nos países ricos e a resistência dos países emergentes pode ajudar. Mas os economistas admitem que, na melhor das hipóteses, o crescimento dos fluxos de investimento para os países emergentes ficará estagnado. “Obviamente que se a crise continuar, os emergentes também serão afetados”, afirmou Panitchpakdi.
Para ele, não é de hoje que a ONU pede que o mundo debata um novo marco regulatório para o setor financeiro. “Precisa haver transparência. É inevitável que o estado tenha de voltar a ter um papel mais pronunciado nesse setor”, disse.
Agência Estado
Rizzolo: Particularmente eu acredito que vai haver uma retração nos investimentos de uma forma geral, contudo, no que diz respeito ao Brasil, acredito que um maior impacto surgiria se a economia da China sofresse um maior abalo, vez que nossas exportações de produtos primários constantes nas commodities, estão muito vinculadas aos países emergentes, e em especial à China.
Com efeito a melhor saída é ainda o fortalecimento do mercado interno, a vinculação dos recursos públicos nos financiamentos em substituição aos empréstimos no exterior, e desenvolvermos a indústria de manufaturados. Hoje as nossas exportações estão muito concentradas nos produtos primários, e urge a necessidade de desenvolvermos os manufaturados, agregando dessa forma valor aos nossos produtos. Além disso não podemos deixar de investir na infra-estrutura, a base de sustentação para o crescimento.
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