Políticos da oposição saem a favor da prorrogação, alegando que Estados não podem abrir mão de recursos
BRASÍLIA – A solenidade de lançamento do PAC da Saúde, no Palácio do Planalto, se transformou em um encontro político em que os temas principais foram os processos de votação da emenda de prorrogação da CPMF e de escolha do novo presidente do Senado, que substituirá o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Governadores tucanos e oposicionistas ferrenhos do Planalto, como Roberto Requião (PMDB), saíram em defesa da prorrogação do chamado imposto do cheque.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou sorridente no salão principal apertando as mãos dos presentes, um a um. Lula tem telefonado aos governadores pedindo que pressionem suas bancadas em favor da aprovação da emenda.
O governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, fez veemente defesa da emenda da CPMF e demonstrou preocupação com o fato de a bancada de seu partido, o PSDB, ser contra a prorrogação do tributo. “Não queremos ser acusados de ser o PT de ontem. A derrubada da CPMF pode nos inviabilizar para 2010”, declarou, lembrando que a contribuição foi instituída no governo do PSDB.
Segundo Cunha Lima, se Geraldo Alckmin, candidato do PSDB, tivesse sido eleito presidente da República, os tucanos não estariam propondo o fim do imposto que o partido criou. “Portanto defendo sim a retomada das negociações, respeitando a autonomia da bancada do Senado”, afirmou. De acordo com ele, a discussão sobre a CPMF não deve estar vinculada a disputas partidárias.
O governador de Alagoas, Teotônio Vilela, também tucano, reforçou a posição de Cunha Lima. Segundo ele, a bancada do PSDB no Senado ouve os governadores. “Tenho confiança muito grande de que haverá, mais a frente, um entendimento em relação a isso”, disse.
Ele disse ainda que Alagoas não tem como abrir mão da CPMF porque é um Estado muito pobre. “Cada centavo é importante para salvar, inclusive, vidas de crianças que, infelizmente, morrem como moscas no meu Estado. A CPMF é importante para corrigir coisas dessa natureza”, disse.
O governador do Maranhão, Jackson Lago, do PDT, também defendeu a CPMF, afirmando que é “o imposto mais justo, porque pega grandes e pequenos.”
O governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), disse que, se a CPMF não for aprovada, todos os Estados perderão. Afirmou que, no caso de Tocantins, a perda seria de R$ 100 milhões. “É muito dinheiro.” O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), lembrou que ajudou a criar a CPMF, “lá atrás.”
Paulo Hartung, do Espírito Santo, avaliou que o governo deverá ter ainda mais habilidade para negociar a aprovação da emenda que prorroga a CPMF, com o início da disputa para presidência do Senado. “Temos que ter muito cuidado, pois movimentos mal feitos podem gerar problemas com quem apóia a prorrogação da CPMF”, disse.
Antes do início da solenidade de anúncio do PAC da Saúde, no Palácio do Planalto, Hartung disse que a sucessão no Senado, é um “complicador”. “É um elemento que dificulta o processo”, afirmou. “Aumenta a exigência de habilidade do governo”, observou o governador. Segundo ele, os negociadores do governo terão muito trabalho para garantir a aprovação do imposto do cheque, mas mesmo assim avalia que a proposta será aprovada.
A governadora do Pará, Ana Julia Carepa afirmou que a CPMF deve ser prioridade na votação do Senado porque os recursos da contribuição serão aplicados na saúde, no combate à pobreza e no saneamento. “Espero que os senadores votem a favor da CPMF”, disse a governadora, ressaltando que é importante fazer uma reforma tributária para diminuir a carga de impostos que incide sobre a população.
“Mas não é possível neste momento que qualquer governo possa abrir mão de R$ 40 bilhões”, afirmou. Ana Julia Carepa afirmou ainda que o Senado vai encontrar a melhor maneira para encaminhar a sucessão do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), que renunciou ontem à presidência do Senado, sem que isso contamine a votação da CPMF.
Compareceram à cerimônia 20 governadores e 18 ministros, o presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o presidente interino do Senado, senador Tião Viana (PT-AC), o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), os comandantes militares e o ex-ministro da Saúde Adib Jatene, criador da CPMF.
Jornal O Estado de São Paulo
Rizzolo: Ao que parece, o bom senso de setores do PSDB tentam como já comentei no meu artigo abaixo, trazer um pouco de humanismo à política Tucana. Não é difícil compreender, que o poder público quando agente de desenvolvimento social, necessita de arrecadação, e observem, que a arrecadação sobre o CPMF, é devolvida à sociedade em forma de investimentos, geração de empregos, cidadania, ao contrário do que dizem os insensíveis, afirmando de forma jocosa que ” são gastos perdulários”, ou ainda “que o governo já dispõe de recursos”, e outras maldades conservadoras.
Foi muito pertinente a colocação do governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima, ao afirmar que se Alckmin tivesse sido eleito presidente da República, os tucanos não estariam propondo o fim do imposto que o partido criou, nesse esteio de pensamento, podemos aferir que a questão política tucana permeia e supera os interesses do povo brasileiro, portanto, os que são contra, não podem ser considerados no sentido ” lato” da palavra, de patriotas, a não ser que se considerem inimputáveis do ponto de vista social.