A Magia de uma Antiga Casa

Não havia nada mais desafiador na minha infância que fazer o trajeto de bicicleta da minha casa a casa dos meus avós, no bairro de Indianópolis, em São Paulo. Não era tão longe, mas as ruas de terra davam a impressão de que a distância era imensa. Quando chegava, minha avó, como de costume, me preparava um chá de hortelã e depois me oferecia as deliciosas balas de morango. Após o ritual quase diário, eu fazia o mesmo trajeto de volta pelas ruas empoeiradas, numa pedalada alegre, com a brisa batendo no rosto e o gosto refrescante de hortelã na boca.

Hoje, ao pensar na minha infância, relembro que minha alegria nem era tanto pelo passeio diário, mas por sentir o vento no rosto e pela sensação de liberdade que o passeio proporcionava. Ir à casa da avó, me preparar para pedalar, calibrar os pneus da bicicleta e passar de forma desafiadora nas pequenas poças d’água, nas velhas ruas de terra, eram minha felicidade de menino. Imagens da antiga casa ficaram gravadas em minha mente: o portão baixo de ferro pintado de cinza, uma pequena varandinha, a cadelinha chamada Lupinha deitada próxima à porta de entrada, a maçaneta da porta toda em cobre, uma janelinha nessa mesma porta, daquelas que se abre para atender as pessoas… E era ali que o rosto da minha avó surgia, com um sorriso largo, e dizia: “Entre, Fernandinho”. E eu, ainda sobre a bicicleta, aos 8 anos, abria o portão baixo e colocava minha bike na varanda, antes de entrar para saborear o delicioso chá de hortelã e as balas de morango.

O tempo passou, mas a memória ficou. E um dia algo maravilhoso aconteceu, sem que eu esperasse: ao tentar fugir de um imenso congestionamento na região, há mais ou menos três anos, sem que eu percebesse, fui parar exatamente em frente à antiga casa dos meus avós, vendida havia mais de quarenta anos. Como hipnotizado pela cena, estacionei o carro diante da casa e, como se assistisse a um velho filme, revivi todo o meu passado. A rua já não era mais de terra, mas eu podia vê-la; a frente da casa tinha sido um pouco modificada, mas eu via nitidamente o portão cinza entreaberto, e a porta… Ah, a porta era a mesma!

Calmamente, saí do carro, aproximei-me ainda mais da casa e, num atrevimento saudoso, toquei a campainha. Uma senhora abriu a janelinha da porta e me disse: “Pois não?”. Meus olhos encheram-se de lágrimas, porque, naquele instante, lembrei-me da minha bicicleta e da rua de terra batida. De volta ao presente, resolvi responder: “Desculpe-me, senhora, mas é que esta casa um dia foi alugada à minha família, e quando criança eu vinha quase todos os dias aqui. Sinto muita saudade da casa e dos meus avós”. A mulher, mais que depressa, abriu a porta e disse: “O senhor quer entrar?”. Meio sem jeito, mas curioso, aceitei o convite. Tudo era exatamente igual! As paredes, a sala, a cozinha, a escada… Senti-me mergulhando num passado doce, leve, saudoso.

Quando resolvi ir embora, a simpática senhora me olhou e disse: “Moro sozinha. Sou viúva, meus filhos me abandonaram. Venha quando quiser relembrar seu passado, seus avós, sua infância”. Naquele momento, percebi que as pessoas se vão ou porque morrem, ou porque desistem das outras, mas uma casa e seu passado sempre ficam, o vínculo que se estabelece entre a casa e a família é algo mágico. Lembrei-me também da importância de as pessoas terem a sua casa própria, assim como do projeto Minha Casa, Minha Vida, o maior programa habitacional da história do Brasil, criado no governo do presidente Lula.

Uma casa própria é sempre um abrigo seguro às demais gerações – a parede resiste, e através das portas e janelas podemos voltar ao passado e relembrar o doce chá de hortelã, as saborosas balas de morango, o olhar da velha cachorrinha chamada Lupinha e o sorriso da avó dizendo: “Entre, Fernandinho”. E essas são coisas que ficam para sempre gravadas na memória e nas paredes das antigas casas. As casas alugadas se vão mas a saudade persiste.

Fernando Rizzolo

Artigo publicado no Blog da Dilma http://dilma13.blogspot.com/2010/05/magia-de-uma-antiga-casa.html

Condições de Moradia e os Direitos Humanos

A distância existente entre as condições socioeconômicas da população de classe média, ou média alta, e as da grande parte da população faz com que a primeira não tenha acesso à realidade das condições de moradia em que vive a grande maioria do povo brasileiro. O esforço do Poder Público em dar espaço às políticas habitacionais acaba não sendo suficiente para prestar atendimento à demanda da melhoria da infraestrutura que envolve o setor de habitação. Contudo, estudos recentes demonstram que em países como o Brasil os projetos de inclusão começam a mostrar resultados, como o Ministério das Cidades e a aprovação da Emenda Constitucional que inclui a moradia entre os direitos fundamentais.

Em meio ao aumento populacional das grandes cidades, reflexo da maior oferta de empregos e da pouca mobilização social neste segmento, agregando a isso a indiferença das classes emergentes na cobrança de uma pauta aceitável a curto prazo, observa-se ainda o avanço da favelização dos grandes centros urbanos do país, porém de forma mais lenta. É interessante observar que políticas de condições dignas de moradia, além de estarem correlacionadas à questão da saúde pública, implicam a percepção da autoestima no desenvolvimento intelectual e a estabilidade emocional da família.

Na direção do combate às condições precárias de moradia, o governo federal vem intensificando os programas pautados na área habitacional, assim como os reflexos das políticas de transferência de renda acabam por permear, de certa forma, este segmento, propiciando aporte maior por parte das famílias de baixa renda no investimento em moradia, revertendo isso em melhor qualidade de vida.

Uma informação importante vem da Organização das Nações Unidas (ONU), cujos dados indicam a diminuição dos moradores em favelas em muitos países, entre eles o Brasil. Na última década, cresceu a luta dos povos por melhores condições de vida, o que resultou em ações políticas que culminaram em benefícios para a população, como se pode concluir dos dados divulgados pelo Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos (ONU-Habitat), a agência da ONU dedicada ao estudo das habitações e condições de moradia: “Estado das cidades do mundo 2010/2011: unindo o urbano dividido”.

No Brasil, por exemplo, nestes dez anos, o número de favelados recuou em 10,4 milhões, e o número relativo passou de 31,5% da população para 26,4%. Isto é, eram favelados 1 em cada 3 brasileiros; hoje, 1 em cada 4. Nessa melhoria social, o Brasil está atrás da China, da Índia e da Indonésia, que, segundo a ONU, deram “grandes passos” na melhoria das condições de moradia de seus povos.

A inclusão da moradia entre os direitos fundamentais dá nova dimensão e interpretação mais abrangente ao conceito de direitos humanos. De forma acertada, a tutela constitucional vem ao encontro da afirmação da importância do espaço habitacional digno para o pleno desenvolvimento da cidadania, dos reflexos psicossociais da população pobre e, acima de tudo, assinala uma nova bandeira na luta pela dignidade da pessoa humana.

Fernando Rizzolo

Lula: falta de discurso leva oposição a atacar inaugurações

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça (9) que as ações dos partidos de oposição ingressadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra suas viagens para inauguração de obras são um pretexto para a falta de discurso.

“Penso que quando um partido de oposição não tem o que propor e não tem discurso, fica difícil a situação deles, então eles tentam impedir que o outro time jogue. Nossos adversários estão com aquele time mais frágil que tenta parar [o adversário] fazendo falta”, disse Lula em entrevista a rádios em Minas Gerais.

“Eles não têm como competir e tentar dizer que o presidente está viajando. Eles queriam que eu ficasse em Brasília? Tenho que ver as obras, que é o dinheiro do povo”, disse o presidente que hoje cumpre agenda com visitas a várias obras nos municípios mineiros de Teófilo Otoni e Governador Valadares.

Lula ressaltou que está recuperado da crise de hipertensão sofrida há duas semanas e que pretende continuar viajando até o final do seu mandato. O presidente afirmou ainda que não medirá esforços para eleger “sua sucessora”.

“Vou continuar viajando até o dia 31 de dezembro à meia noite. A partir da meia noite começo a desligar os neurônios e pretendo passar para quem de direito e tenho convicção que vou fazer muita força para eleger minha sucessora. Aí sim, estarei tranquilo e não vou dar palpite porque vou deixar o governo com quem sabe jogar”, disse Lula em referência à candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dima Rousseff. Durante a entrevista, Lula ainda falou sobre os investimentos que estão sendo feito em saneamento básico. Ele lembrou que a segunda edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) será voltada para obras de drenagem e saneamento. “Querermos mudar o Brasil. É preciso entender que cada centavo que for investido na coleta e no tratamento de esgoto, estamos investindo em saúde, porque é menos doença nas cidades.”
agencia brasil

Rizzolo: Entendo a situação da oposição como sendo um trabalho penoso. Mesmo o governador de São Paulo José Serra, homem que tem um passado político brilhante, combativo, sabe que o PSDB que é o espelho de FHC, e sua gestão voltada ao capital, às privatizações, ao distanciamento do povo, Serra tem pela sua frente o estigma do partido. Certa vez disse algo que foi alvo de comentários raivosos dos tucanos, afirmei que José Serra pelo seu passado está em partido errado, e sinceramente entendo que na calada da noite, sozinho, antes de dormir ele pensa nisso.

Traficantes matam trabalhadores de obras do PAC no Rio

RIO – Três operários foram executados por traficantes, esta manhã, quando chegavam para cumprir jornada de trabalho em obra do Plano de Aceleração Econômica (PAC) na favela Fazendinha, localizada no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio. O local está sendo alvo de investimentos de cerca de R$ 600 milhões e já foi visitado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e pela pré-candidata do governo ao posto, ministra Dilma Rousseff.

Segundo testemunhas, os assassinatos ocorreram quando quatro funcionários da construtora Lafarge chegavam às 7 horas, num carro modelo Saveiro, para render os colegas do turno da noite. Os traficantes teriam atirado no veículo porque confundiram os operários com bandidos de uma facção rival.

Três trabalhadores – um funcionário de manutenção, um cozinheiro e um motorista – morreram e outro foi baleado no joelho. William Siqueira Guimarães, de 33 anos, foi operado para a retirada da bala no Hospital Getúlio Vargas e seu estado de saúde é estável, sem risco de morte. Ele teria se fingido de morto para conseguir fugir. Policiais militares do 16º BPM de Olaria retiraram os corpos da favela Fazendinha no meio da tarde.

O Complexo do Alemão reúne 150 mil moradores, em 11 favelas e é um dos locais mais violentos da cidade do Rio. Os crimes ocorreram nas proximidades das obras de um teleférico de quase três quilômetros, com capacidade para transportar 30 mil pessoas por dia e que está sendo construído nos moldes das favelas de Medellín, na Colômbia.

O PAC prevê também a construção de 13 centros comunitários e sociais, seis creches, cinco escolas infantis, seis de ensino médio, uma profissionalizante e quatro centros de saúde, além do teleférico. A última visita de Lula às obras ocorreu no dia 22 de dezembro do ano passado, acompanhado da ministra, quando participaram das solenidades de inauguração de unidades habitacionais no Alemão.

Anteriormente, o presidente havia participado do lançamento das obras, em março de 2008, tendo retornado ao local em dezembro daquele mesmo ano.

Consideradas um sucesso pelo governo, as obras no local têm sido comemoradas pela ministra Dilma Rousseff, que já afirmou, em uma das visitas aos empreendimentos, em outubro do ano passado, que “o Alemão está sendo transformado em um verdadeiro bairro, de dar inveja a muitos bairros de classe média”.
agencia estado
Rizzolo:Não podemos aceitar que a marginalidade atrapalhe e intimide os trabalhadores do PAC no Rio. É claro que precisamos saber as circunstâncias desse crime bárbaro, já em outras circunstâncias isso ocorreu, o Poder Público não pode se deixar abater pela intimidação marginal.

Em MG, Dilma diz que vitória da oposição seria o fim do PAC

SÃO PAULO – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, voltou a mirar em adversários políticos durante inauguração da barragem Setúbal, em Jenipapo (MG), nesta terça-feira, 19. Em discurso, a pré-candidata do PT à Presidência da República disse que se a oposição vencer as eleições deste ano, vai acabar com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de acordo com a rádio ‘CBN’.

Ela também enalteceu as obras do programa e declarou que elas estão acima de qualquer partido. Durante o evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo federal ainda vai inaugurar muitas obras no começo deste ano, porque “daqui a pouco o Geddel (Vieira Lima) não vai mais estar aqui, a Dilma também não vai mais estar aqui”.

Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do País. A visita de Dilma, pré-candidata do PT à sucessão de Lula, é parte da estratégia do partido para aproximar a ministra de seu estado natal. Embora seja mineira, atualmente Dilma é mais identificada com o Rio Grande do Sul, Estado em que consolidou sua carreira política.

Além de participar de eventos do governo federal, Dilma também estará em território mineiro para visitar a mãe e para receber homenagens na Câmara Municipal de Belo Horizonte e na Assembleia Legislativa. O argumento para as homenagens é liberação de verbas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para obras como a duplicação da Avenida Antônio Carlos, em Belo Horizonte.

Há pelo menos um ano, desde que Dilma passou a ser considerada a candidata de Lula ao Planalto, seus principais aliados no Estado – como o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel – trabalham na sua “mineirização”. Eles acreditam ser preciso convencer o eleitorado de que, embora tenha passado a maior parte de sua vida fora de Minas, a ministra tem raízes no Estado.

Lula e comitiva seguirão depois para Juiz de Fora, para a inauguração de uma usina termelétrica que utilizará o etanol como gerador de energia. É uma nova experiência, em fase de testes, para a redução do nível de emissões atmosféricas. O embarque para Brasília está previsto somente à noite e a chegada às 21h45.
agencia estado

Rizzolo
: Quer queiram ou não, Dilma nasceu em Minas Gerais, se por outras razões passou a maior parte de sua vida em outros Estados, isso não significa que não possui raízes mineiras. O grande problema é que Minas é o segundo colégio eleitoral, e a oposição não aceita Dilma em território mineiro. Em relação ao fim do PAC se a oposição ganhar, não acredito que isso acontecerá, é claro que poderá ser chamado com outro nome, designação, mas entendo que Serra não experimentará uma volta à direita, ao conservadorismo, ao atraso, muito embora seu partido goste disso. Agora PSDB é uma coisa Serra é outra. Vamos ver.

‘Máquina da fiscalização’ é maior que a da produção, diz Lula

RIO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou sua visita à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em cerimônia de inauguração de laboratório voltado aos testes para o pré-sal, para criticar a burocracia que “emperra o desenvolvimento”. Em crítica direta ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lula disse que a máquina da fiscalização tornou-se maior do que a máquina da produção. “Se o Juscelino Kubitschek quisesse fazer Brasília nos dias de hoje, terminaria seu mandato sem conseguir a licença para fazer uma pista de pouso”, disse.

Ele também aproveitou a presença em uma universidade para elevar o que vem sendo feito na seara educacional do País. “Nunca antes um governante foi a uma reunião da SBPC e saiu sem receber críticas”, disse, lembrando o PAC educacional vai investir R$ 41 bilhões nos próximos anos. “Quando vi que um PAC dava certo, resolvi fazer PAC para todo lado”.

Após homenagear o professor Alberto Luiz Galvão Coimbra, que desenvolveu uma série de experimentos na área da Coppe, na UFRJ, Lula diz que falta ao País ressaltar o valor histórico “dos que vieram antes de nós”. “Muitas vezes a gente encontra o prato pronto e não procura saber como foi preparado o prato. Aí a gente não valoriza quem veio antes de nós. Acontece entre os pesquisadores, técnicos, sindicalistas, todos temos a impressão de que a história começa a partir de nós, mas na verdade somos resultado de todos que vieram antes de nós”, disse o presidente, afirmando ainda que “antigamente tinha gente que pensava mais sério, pensava em soberania e queria que o Brasil fosse um país respeitado”.

Lula ressaltou que “foi preciso um governante sem ensino superior para fazer o que os outros não fizeram”. “A gente olha para a educação do País e vê que tem Estados ricos em que 80% estudam em universidades privadas. Nada contra escolas privadas, mas tudo a favor das públicas. Me pergunto porque em tantas décadas se investiu tão pouco em universidades públicas. Todos os governantes, até os militares, tinham curso superior. Eu e o Zé Alencar fomos os únicos, por sorte ou por azar, sem curso superior e não falo com orgulho não. Possivelmente por eu não ter o conhecimento acadêmico facilita para fazer as coisas, porque não tem disputa acadêmica”.

Lula também brincou com a plateia dizendo que “tinha loucura para fazer economia”. “Mas bom mesmo é ser economista da oposição. Quando a gente está de fora a gente acha que sabe tudo. Se eu tivesse feito economia, não seria presidente da República”.
agência estado

Rizzolo: As questões levantadas pelo presidente Lula são procedentes. O ensino público universitário foi praticamente preterido pelo avanço da iniciativa privada que também não deixa de ser boa. Contudo, o Estado deixou de investir mais nas Universidades Federais e Estaduais que na sua maioria são as que promovem a pesquisa no País. Já em relação à burocracia, esta existe em todos os países desenvolvidos e é fruto do aprimoramento e do conhecimento das questões abrangentes que envolvem os projetos. Dissuadi-las ou ignorá-las denota pouco caso com a ciência.

A grande verdade na questão da educação, é que no Brasil não mais podemos considerar que só os ricos e afortunados tenham o direito de se tornarem médicos, advogados, engenheiros, e o papel do ensino público é fundamental na correção desta distorção advinda dos conceitos elitistas deste a época do império. Por bem, a política que é arte que passa muito mais pela sensibilidade do que pela graduação, colocou no poder um presidente que não possui diploma superior, e isso o faz tornar sensível à questão da abrangência educacional a todo povo brasileiro quer ele seja rico ou pobre. Só através da igualdade de oportunidade construiremos um grande País.

Dilma pede a empresários que acelerem obras do PAC

PORTO ALEGRE – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, reiterou hoje pedido a empresários envolvidos em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para adotar um segundo turno de trabalho, onde for possível, ao realizar a primeira de 27 apresentações estaduais sobre o andamento dos investimentos. O aumento de ritmo nas obras do PAC tem duplo efeito, conforme ela, de estímulo ao crescimento econômico e combate aos efeitos da crise financeira mundial.

O secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Pereira Zimmermann, observou que a antecipação de obras no setor elétrico é vantajosa também para o fluxo de caixa dos empreendedores, que podem ofertar energia mais cedo no mercado e gerar receita.

Dilma reafirmou a meta de crescimento de 2% do Produto Interno Bruto do Brasil em 2009, apesar da redução de expectativa feita pelo Fundo Monetário Internacional, que ontem divulgou previsão de queda de 1,3% para a economia nacional este ano. A ministra disse que o FMI não tem mais o mesmo nível de informações que tinha sobre a economia brasileira até 2002. Ela lembrou que, em 2005, o FMI permitiu que o Brasil investisse R$ 500 milhões em saneamento, mesmo sem que o País terminasse de pagar seu empréstimo com o fundo. Em apenas uma obra do PAC – a recuperação do Rio dos Sinos (RS) – serão investidos R$ 500 milhões, comparou a ministra.

“Eu sei que hoje eles não têm a mesma informação”, afirmou. “Nós éramos obrigados a informar até a última vírgula do que se fazia aqui dentro”, acrescentou, sobre a prestação de contas ao fundo. A ministra também argumentou que o FMI não tem dados sobre programas como o Minha Casa, Minha Vida, a desoneração fiscal de produtos da linha branca e providências para ampliar o crédito em setores específicos que o governo tem adotado. “Não vejo nenhuma razão para ter respeito religioso por qualquer avaliação de qualquer órgão em detrimento das do governo”, avaliou.
agência estado

Ela admitiu que o governo, como os demais órgãos, tem dificuldade de fazer avaliações diante da crise e está tomando medidas para atenuar seu impacto. “Nós estamos trabalhando com a meta de um crescimento entre 1,5% e 2% este ano”, reiterou, ao citar medidas anticrise do governo, como o lançamento do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, a liberação de recursos para investimento pela Petrobras e uma política “agressiva” de preços mínimos e crédito na agricultura. “O governo não tem poupado esforços no sentido de combater a crise”, declarou. “Por isso, eu olho para a estimativa do FMI como ela é, uma estimativa.”
agencia estado

Rizzolo: No tocante as obras do setor elétrico, estas são de suma importância. Não há como pensar em desenvolvimento sem geração de energia suficiente. Já na antecipação das obras do Pac, concordo com a ministra Dilma, não podemos nos ater a informações e dados do FMI.

A dinâmica macroeconômica é por demais variável, e os dados que o governo dispõe são confiáveis. Impulsionar a economia através dos programas desenvolvimentistas é caminho para alavancar a economia e produzir um mercado interno mais robusto. É por aí mesmo, estamos descobrindo que agir de forma contrária às recomendações do FMI pode nos levar à prosperidade. Agora Dilma além de “acelerar seu visual” precisa tornar-se mais dócil quando fala. Marta poderá ajudá-la nesse aspecto, aqui em São Paulo. Ou não ?

Demissões foram ‘anomalia’ e Embraer foi precipitada, diz Lula

SÃO PAULO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de “uma grande anomalia” as demissões da Embraer, que mandou embora 4,2 mil funcionários no último dia 19. No programa semanal Café com o Presidente, nesta segunda-feira, 2, ele disse que a direção da fabricante de aviões foi “precipitada”.

“Chamei a direção da Embraer e disse que eles foram precipitados, que poderiam ter negociado com os trabalhadores. Já tínhamos outras experiências no Brasil em que a negociação é o melhor caminho. Obviamente que vamos trabalhar para ver se a Embraer consegue ter as encomendas, produzir os aviões e vender, porque essa é a certeza de que teremos os postos de trabalho ocupados pelos trabalhadores outra vez.”

Lula afirmou ainda estar “preocupado” com a possibilidade de aumento do desemprego no País, mas aposta em uma melhora da atividade econômica do país, afetada pela crise mundial, a partir de março. O presidente admitiu que fevereiro ainda trará cortes de vagas de trabalho, mas que a situação deve melhorar.

“Nós prevíamos um primeiro trimestre muito delicado por conta da crise internacional. Mas, ao mesmo tempo, todas as medidas que tomamos, seja a liberação de mais crédito para financiar capital de giro, seja o incentivo à construção civil, seja repassar mais dinheiro para o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], tudo isso tem um processo de maturação que, na minha opinião, começa a melhorar agora, a partir de março.”

Lula aposta no ‘mercado interno potencial e extraordinário” para fortalecer a economia. “Volto a repetir aquela velha história da roda gigante: se as pessoas consumirem adequadamente, se comprarem aquilo que necessitam, o comércio vai vender e vai encomendar das fábricas, que vão produzir mais e, portanto, vamos gerar os empregos necessários aqui dentro do Brasil.”, afirmou.

Ao comentar os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre desemprego, o presidente admitiu que o mês de fevereiro “certamente” fechará com queda na oferta de postos de trabalho. Mas a previsão do governo, segundo ele, é de que os números comecem a melhorar já a partir deste mês.

Lula lembrou a escassez de crédito em todo o mundo e afirmou que ainda quer negociar com o Banco Central e com o Ministério da Fazenda maior redução do spread bancário (diferença entre as taxas que os bancos pagam ao captar dinheiro no mercado e o juro que cobram nos empréstimos).

Para o presidente, estratégias como a de ampliar os postos de trabalho por meio de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do lançamento do programa habitacional que irá distribuir 1 milhão de casas populares para pessoas com renda entre zero e dez salários mínimos, “dinamizam” a economia brasileira.

Inflação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (2) que a inflação brasileira está sob controle e que ficará dentro da meta estabelecida para 2009 e para 2010. Segundo ele, a alta registrada no início deste ano é “sazonal”, provocada por setores como educação e transporte.

“Nós temos consciência de que inflação controlada significa mais poder aquisitivo para os trabalhadores e de que inflação alta significa prejuízo. Por isso, vamos cuidar para que a inflação fique definitivamente controlada e para que não seja um problema para o povo brasileiro.”
Agência Estado

Rizzolo: O mais curioso nestas declarações, é a característica passiva do governo frente ao absurdo número de demissões. Chamar de anomalia, requerer a presença do presidente da Embraer, e depois nada fazer, apenas lamentar é um absurdo. A grande verdade é que as centrais sindicais – exceto algumas -, estão totalmente atreladas ao governo, e não mais brigam pelos trabalhadores; são intervenções tímidas, sem luta, ficando a questão para o Judiciário.

Agora, precipitado no meu entender, é distribuir dinheiro público, do povo, do trabalhador, a empresas privadas, sem o mínimo de vinculação de política social em relação aos empréstimos. Outra questão: incentivar o consumo a qualquer custo em época de desemprego em crise é perigoso, e não vai sensibilizar os banqueiros a abaixar os spreads.

É claro que, se o banqueiro sabe que o tomador de empréstimo está sendo incitado a consumir, e vê pela frente uma terrível crise com desemprego, embute um spread maior. Melhor é não falar nada, não é? De qualquer forma, o indicador mais aguardado da semana será divulgado na sexta-feira, quando a FGV mostrará o resultado da produção industrial brasileira em janeiro. Vamos ver.

Embraer: quando o governo financia o desemprego

Já havia uma suspeita, mas nada de concreto, nos corredores já se falava, mas ninguém confirmava absolutamente nada. De repente então, a Embraer anuncia cerca de 4.200 demissões, o equivalente a 20% de seu quadro de 21.362 funcionários. O argumento, é claro, foi dentre outros, o mau desempenho no terceiro trimestre do ano passado, quando a Embraer anunciou seu primeiro prejuízo trimestral (R$ 48 milhões) em 11 anos.

A grande questão é saber até que ponto, uma empresa como a Embraer, que conta as benesses do governo ao se destacar como sendo uma das empresas que mais recebe dinheiro público – US$ 7 bilhões desde a sua privatização – estes advindos de empréstimo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico ( BNDES), cujo capital, cerca de 40% são provenientes de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), pode de uma hora para outra demitir um número tão alto de funcionários, sem ao menos abrir uma discussão, tampouco não informando oficialmente o Sindicato dos Metalúrgicos sobre suas intenções.

O caso da Embraer nos leva a refletir o real papel do Estado e sua relação com a iniciativa privada, quando se posiciona como financiador do desenvolvimento através dos recursos públicos, e incorpora sua fragilidade na participação e na contenção das decisões da iniciativa privada que envolvem as demandas sociais.

Talvez a questão enseja o início de uma discussão do papel do BNDES, do governo e da iniciativa privada nessa cadeia pouco virtuosa, onde o trabalhador é surpreendido nas demissões no atacado, sob a legitimidade da crise, sendo que por parte do governo resta apenas a indignação, um débil instrumento diante da brutal realidade face ao número de demitidos.

O momento atual é decisivo para que o governo supra a lacuna entre a responsabilidade social empresarial e o desenvolvimento via recursos públicos, basta saber se diante disso, o ” garoto propaganda da Embraer “, como Lula se declarou em 2007, conseguirá reverter esta tragédia aérea, ao convocar o presidente da empresa para maiores explicações, que com certeza serão as do resultado da empresa.

Fernando Rizzolo

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Ipea: indústria é o setor mais pessimista

SÃO PAULO – O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que a indústria é o setor mais pessimista em relação à economia para os próximos 12 meses, contrastando com a maior confiança sentida no comércio e serviços. O presidente do Ipea, Marcio Pochmann, ressaltou que a indústria tem uma visão “mais crítica” da situação atual e frisou que o setor não está pessimista, mas tem sim uma “visão de adversidade”.

Pochmann acredita, também, que o comércio talvez ainda não tenha sofrido os efeitos mais diretos da própria crise. De acordo com o Sensor Econômico do Ipea, divulgado hoje pela primeira vez, o componente de parâmetros econômicos revelou confiança ou otimismo com relação à queda dos juros, à estabilidade no câmbio e ao comportamento moderado da inflação. Em contrapartida, os aspectos sociais foram fonte de preocupação, como o desempenho de variáveis como massa salarial, pobreza, desigualdade e violência.

A indústria é o segmento mais preocupado com o seu próprio desempenho. O setor se mostra apreensivo com relação à expectativa de melhora da utilização da capacidade instalada e espera um quadro adverso para as contratações e a margem de lucro para os próximos 12 meses. O setor de comércio e serviços, contudo, mostra-se apreensivo com relação à utilização da capacidade e à previsão de margem de lucro, e espera um cenário adverso apenas nas contratações. Para Pochmann, “haverá, provavelmente, como fruto da crise, a ampliação do desemprego e possivelmente da violência”.

Confiança

A agropecuária foi o único setor que demonstrou confiança com a utilização da capacidade, mas revelou apreensão com a expectativa de novas contratações e um cenário adverso com a margem de lucro. Comércio e serviços foi o único setor que mostrou apreensão com as expectativas de expansão da massa salarial, em contraste com a agropecuária e a indústria, que veem um quadro adverso para o próximo ano.

Com relação à desigualdade social, todos os setores mostraram apreensão. Em relação à violência, todos esperam um cenário adverso. A preocupação com o aumento das exportações ficou patente em todos os setores, que se mostraram apreensivos, ou mesmo esperaram um cenário adverso para os próximos 12 meses. Com relação à previsão de crescimento do PIB, agropecuária e indústria se mostraram confiantes e comércio e serviços demonstrou otimismo.

O sensor do Ipea mostrou que todos os setores mostraram otimismo com relação à taxa de câmbio e ficaram divididos entre confiança e otimismo com relação à inflação. Já a taxa de juros foi motivo de apreensão apenas para a agropecuária, enquanto indústria, comércio e serviços se disseram confiantes.

O sensor foi elaborado por meio de entrevistas com 115 entidades do setor produtivo, realizadas na terceira e quarta semanas de janeiro. O levantamento abrangeu todos os setores da economia, com exceção do financeiro e do informal. O Ipea elaborou uma escala que varia de -100 a +100 pontos. Entre -100 e -60, o resultado indica pessimismo; na faixa entre -60 e -20, indica adversidade; entre -20 e +20, apreensão; entre +20 e +60, aponta para confiança; e entre +60 e +100, revela otimismo.
agencia estado

Rizzolo: O que se observava até novembro, era medidas que visavam a redução da jornada de trabalho, contudo o que vemos hoje diante do pessimismo na indústria, é a efetiva redução de vagas. É claro que esta atitute é geralmente a última a ser adotada, por que o custo das demissões é alto. Os efeitos da crise como bem assinalou Pochmann será a ampliação do desemprego e possivelmente da violência.

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Otimismo da indústria brasileira despenca com a crise, indica pesquisa

A crise econômica mundial provocou uma queda acentuada na expectativa do setor industrial brasileiro em relação ao desempenho da economia neste ano, segundo indica uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira.

O levantamento, realizado pela consultoria KPMG e pela empresa de pesquisas Markit, indica que 22% das companhias brasileiras esperam uma redução na atividade neste ano, contra apenas 3% na mesma pesquisa realizada há seis meses.

A pesquisa ouviu cerca de 1.800 representantes de indústrias nos quatro países do chamado grupo Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), que reúne as maiores economias emergentes.

Segundo o levantamento, em apenas seis meses as expectativas das empresas desses países mudou de um forte otimismo sobre a atividade industrial em 2009 para previsões negativas ou um otimismo reduzido.

A queda no otimismo no Brasil foi o mais acentuado entre os quatro países. Em uma escala entre -100 (máximo pessimismo) e +100 (máximo otimismo), a confiança entre os empresários brasileiros caiu de +65,3 há seis meses para -3 na última pesquisa.

Na China, o índice de confiança na atividade industrial caiu de +36,3 para +2,6, enquanto que entre os empresários indianos houve uma queda na confiança de um índice de +62,9 para -1,6.

Dos quatro países Bric, a Rússia é o único onde as empresas ainda permanecem relativamente otimistas sobre o desempenho da economia neste ano, com um índice de confiança de +21,2 – ainda assim bastante abaixo dos +63,2 verificados na pesquisa anterior.

No geral, o índice de confiança das empresas dos países Bric sobre a economia neste ano ficou em +3,5, indicando um leve otimismo, em oposição à média de +47 há seis meses.

Segundo a KPMG, o resultado do levantamento indica a vulnerabilidade dos mercados emergentes em um cenário de crise econômica global e de queda na demanda por importações.

Ainda assim, mesmo uma pequena expansão da economia nos Bric “pode representar algum grau de suporte para a economia global com os Estados Unidos e a Europa se encaminhando para uma forte recessão”, segundo afirma Ian Gomes, diretor da KPMG para mercados emergentes.

Agência Estado

Rizzolo: O resultado da pesquisa demonstra uma realidade e uma percepção cada vez mais apurada da crise que chegou e atingiu a economia real. Claro que o entusiasmo é bom quando respaldado na realidade, agora, otimismo sobre dados concretos é no mínimo algo irresponsável. A indústria brasileira, depois do tombo de dezembro, ainda está com estoque alto e as vendas de matérias-primas, em alguns casos, chegam a ser de apenas 30%. Os dados e números não negam temos que nos preparar para resultados nada animadores para o próximo trimestre.

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Alimentos sobem e puxam inflação para cima em janeiro

RIO – Os preços dos alimentos subiram em janeiro, tanto no atacado quanto no varejo, como mostram os índices de inflação divulgados nesta sexta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para as famílias que ganham entre 1 e 40 salários mínimos por mês, a inflação desses produtos dobrou no mês passado, com alta de 0,75% no mês passado, ante 0,36% em dezembro.

A variação teve contribuição de 0,17 ponto porcentual no resultado do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, em janeiro, levando o índice a alta de 0,48%, contra 0,28% no mês anterior. Além disso, o reajuste nas tarifas dos ônibus urbanos, que subiram 3,24%, tiveram impacto de 0,12 ponto na taxa mensal. Os combustíveis também pressionaram, passando de uma variação de -0,04% em dezembro para uma alta de 0,53% em janeiro.

No atacado, como mostra o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), da FGV, o custo dos produtos agrícolas registrou valorização de 2,07%, depois de ter caído 1,30% em dezembro. No mês, o IGP-DI subiu 0,01%, após cair 0,44% em dezembro.

Além disso, os preços de alimentos no varejo medido pelo IGP-DI também subiram. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) – que representa 30% do índice -, teve alta maior no mês passado. O índice acelerou de 0,52% para 0,83%, puxado por elevações de preços mais intensas em três dos sete grupos que o compõem. É o caso de Alimentação (de 0,60% para 1%); Transportes (de 0,72% para 0,74%); e Educação, Leitura e Recreação (de 0,37% para 3,53%).

Baixa renda

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para a camada de renda mais baixa da população subiu 0,64% em janeiro, ante 0,29% em dezembro, acumulando uma alta de 6,43% em 12 meses. Os produtos alimentícios registraram variação de 0,53% no INPC do mês, ante alta de 0,12% em dezembro.

O INPC investiga a inflação para famílias com renda de 1 a 6 salários mínimos. O aumento do índice foi maior que o registrado pelo IPCA no mês porque os alimentos têm maior peso no cálculo na inflação para a baixa renda.

Em 2008, o IPCA acumulou alta de 5,90%. Nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, o índice acumulou alta de 5,84%. O Banco Central persegue uma meta de inflação este ano de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, para cima ou para baixo.
agência estado

Rizzolo: Na realidade esse aumento é devido a quebra de safras e aumento de preços de commodities nos mercados internacionais; do ponto de vista econômico não há o que se preocupar. No meu entender, não houve aumento significativo de preços em função da alta do dolar, a queda da demanda tem impedido repasse de preços.

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Oposição acusa Lula de usar balanço do PAC para promover Dilma para 2010

A oposição acusou nesta quinta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de fazer propaganda eleitoral antecipada para a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao prometer executar R$ 646 bilhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) até 2010. O líder do DEM na Câmara, deputado Ronaldo Caiado (GO), disse que o governo agiu com “má fé” ao prometer executar todas as obras do programa em meio à crise financeira internacional.

“Ele [Lula] usa o PAC para antecipar a campanha. Isso é para sinalizar que a ministra Dilma vai dar continuidade às obras a partir de 2011. É se beneficiar da crise para antecipar 2010′, disse Caiado.

Assessores técnicos do DEM fizeram levantamento que aponta o empenho de R$ 18,7 bilhões em obras do PAC em 2007 e 2008, dos quais R$ 11,4 bilhões foram efetivamente pagos. Com os números em mãos, Caiado disse que o governo não terá condições de cumprir a promessa de ampliar em R$ 142 bilhões o montante previsto para as obras do PAC até 2010.

“Agora falam em executar mais de R$ 660 bilhões em dois anos. São mais de R$ 300 bilhões por ano, e a economia antes estava em crescimento. Agora estamos em crise, então eu pergunto: de onde vem esse dinheiro? É uma peça de ficção, não é um plano de governo”, disse.

Ao fazer um balanço do PAC nesta quarta-feira, Dilma anunciou a decisão do governo de aumentar em R$ 142 bilhões o montante previsto para as obras do PAC até 2010. Para o período pós 2010, foram acrescentadas obras que somam R$ 313 bilhões.

Com isso, o programa soma agora R$ 1,14 trilhão, R$ 455 bilhões a mais do que o previsto no lançamento, há dois anos. No inicio, a previsão era de gastar R$ 503,9 bilhões entre 2007 e 2010 e R$ 189 bilhões a partir de 2010. Agora, os gastos serão de R$ 646 bilhões e R$ 502 bilhões, respectivamente.

Até agora, o governo federal gastou apenas 60,32% do previsto no Orçamento da União para obras do PAC. No ano passado, foram efetivamente pagos R$ 11,4 bilhões por obras do programa, sendo que a dotação era de 18,9 bilhões. O valor empenhado (reservado para pagamento) em 2008 chega a R$ 17 bilhões.

Folha on line

Rizzolo: Lula quer de qualquer forma fazer Dilma sua sucessora. A pergunta de Caiado é procedente quando este aumento se dá num momento de crise. Volta-se à velha questão interpretativa das afirmações, quando o presidente Lula afirma prometer executar R$ 646 bilhões em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) até 2010, pode-se ter duas leituras, uma que não envolve a ministra Dilma, e outra que com ela isso sim irá adiante.

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Mantega: Brasil terá desaceleração e não recessão

BRASÍLIA – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que o Brasil terá uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia este ano, mas não vai entrar em recessão. “Não vamos ter recessão em 2009 como ocorrerá em outros países. Não teremos crescimento negativo”, disse o ministro, após ser questionado sobre a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o País teria uma “retração” este ano. “Recessão é uma palavra que serve para países como Estados Unidos, para a Europa e para o Japão”, acrescentou Mantega, destacando que as expectativas de crescimento estão contaminadas pelo dados relativos à fase mais aguda da crise no fim do ano passado.

O ministro disse manter a meta de crescimento de 4% para este ano e que o Brasil vai crescer mais do que os outros países porque se preparou para a crise. Mantega afirmou que o dado negativo da produção industrial de dezembro, divulgado ontem, é consequência da combinação de falta de crédito e do “susto” das empresas com a chegada da crise ao Brasil. “O pessoal parou de produzir e começou a vender os estoques. A venda de estoques é uma maneira de se obter capital de giro. Algumas empresas até ficaram sem produtos, pois o consumo se manteve em dezembro”, afirmou. “Garanto que o consumo em dezembro será positivo, e em janeiro já teremos retomada dos investimentos porque as pessoas estão percebendo que a situação não é tão feia”, disse.

Agência Estado

Rizzolo: Na verdade, os bens duráveis foram os que mais sofreram com a queda de produção e da demanda no último trimestre de 2008. Eletrodomésticos, assim como os carros, e imóveis, bens de maior valor, que precisam de um financiamento, foram os que mais sofreram, já que o nó econômico se deu no primeiro momento justamente no crédito, não havia financiamento para mais nada. Para os carros, e imóveis o efeito foi ainda pior.

A produção de automóveis caiu 59% em dezembro de 2008, comparada à de dezembro de 2007. Foi um tombaço. O setor de bens de consumo duráveis como um todo teve uma queda de 34% de novembro para dezembro. O problema desta crise, é que ela chegou como uma parada brusca. Foi de uma hora para outra.

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Lula defende cursos para beneficiários do Bolsa Família

SÃO PAULO – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje, no programa semanal “Café com o Presidente”, que o objetivo de fornecer cursos para capacitar 185 mil beneficiários do programa Bolsa Família na área da construção civil é permitir que as pessoas “aprendam uma profissão” e “possam ganhar seu sustento, sem ajuda do governo”. “Quanto mais gente trabalhar, mais porta de saída do Bolsa Família vai acontecer em nosso País”, afirmou o presidente, segundo a Agência Brasil.

As propostas dos cursos começam a ser apresentadas hoje aos gestores do programa, inicialmente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Fortaleza. A intenção do governo é, depois da capacitação de cerca de 200 horas, contratar as pessoas em obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O presidente também elogiou hoje a parceria entre o Ministério da Educação e representantes do Sistema S, que reúne 11 entidades, entre elas Sesc, Sesi, Senai e Senac. Até 2014, dois terços das vagas dos cursos técnicos e profissionalizantes oferecidos pelas entidades do Sistema S deverão ser gratuitas e destinadas à população de baixa renda. Para o presidente, a iniciativa representa “um acordo histórico”. O Sistema S arrecada por ano cerca de R$ 8 bilhões por contribuição compulsória de 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas. Desses, 1,5% é repassado às entidades responsáveis pelo atendimento social e 1% à aprendizagem profissional.
Agência Estado

Rizzolo: Muito louvável a iniciativa do governo de promover cursos profissionalizantes, para que os beneficiados do Bolsa Família possam enfim serem absorvidos pelo mercado de trabalho. Quem acompanha este Blog, sabe o quanto tenho me debatido sobre a importância dessa questão. O Bolsa Família, sempre foi no meu entender, um projeto de cunho emergencial, até porque não há como disponibilizar informações a quem tem fome, primeiro é preciso estar alimentado. O governo Lula realmente está de parabéns pela iniciativa, bem como os gestores do Sistema S, que reúne 11 entidades, entre elas Sesc, Sesi, Senai e Senac.

É de capacitação profissional que a população pobre e carente precisa, além de alimentação, como as propostas inseridas no Bolsa Família. Muitos dirão: Ah! Mas o Rizzolo agora está apreciando o governo Lula. Aos que por natureza são radicais pouco me interessa a opinião, sou acima de tudo um brasileiro patriota, e sei reconhecer sim, todos o que os avanços do governo Lula, aquele que se atém apenas às críticas perdeu o bom senso e a virtude de enxergar também o lado bom das coisas.

Conto da “inflação” é ardil para travar o crescimento

O presidente Lula passou incólume pelo Meirelles, pela mídia golpista, pelo ex-PFL e pelo ainda PSDB, segundo a pesquisa CNI/Ibope divulgada na última segunda-feira. Nenhum deles, nem todos somados, conseguiu derrubar sua popularidade. É verdade que essas pesquisas não são a revelação da verdade que alguns pretendem – ou se iludem. Mas, considerando a fonte dessa, a aprovação do presidente Lula deve ser maior ainda do que os 72% registrados na pesquisa.

O fato é que depois de semanas martelando que o Brasil está à beira do colapso inflacionário – apesar da inflação ser uma das menores do mundo e estar rigorosamente dentro da meta estabelecida – os fariseus não conseguiram abalar o prestígio popular do presidente.

A pesquisa egistrou um certo aumento de preocupação com a inflação (o que seria de espantar se não houvesse, depois da verborréia a respeito do assunto), mas quem não passou pela aprovação popular foi o Banco Central: somente 31% dos pesquisados (suspeita-se que todos na filial do Citibank) se disseram contentes com os aumentos de juros (v. matéria nesta página).

Mas vamos direto ao assunto: o objetivo dessa alaúza em torno de uma inflação fantasmagórica é, antes de tudo, derrubar a popularidade do presidente – e, no limite, o próprio, ainda que as chances disso acontecer sejam quase infinitesimais. Qual a forma de fazer isso? Impedindo o crescimento proporcionado pela política do presidente. Daí toda essa gritaria desavergonhada em torno da inflação, dos gastos do governo, os grunhidos pela alta dos juros, etc., etc. Em resumo, o negócio é não deixar o presidente Lula levar à prática a política do presidente Lula – sintetizada, sobretudo, pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

No começo de abril, quando Meirelles apareceu com o alarde em torno de uma suposta inflação, o ex-ministro Delfim Netto classificou tal tentativa como “terrorismo” e “merchandising financeiro”. Estava com toda a razão. Aliás, é interessante recordar um trecho de um dos artigos de Delfim: “Ouvindo a autoridade monetária [isto é, o BC] e lendo as análises do sistema financeiro, alguém que ontem tivesse chegado de Marte concluiria que o Brasil está sob grave ameaça de voltar a uma superinflação, que deve ser ‘preventivamente’ combatida por ‘superjuros’”.

O que havia era um aumento de preços localizado – e determinado por condições externas, nada adiantando qualquer aumento de juros para combatê-lo, mesmo para quem acredita que essa é a única forma de lidar com a inflação.

O que hoje existe é a mesma coisa. E a inflação, que estava dentro da meta, continua dentro da meta. No entanto, o BC implementou uma política marciana, sob o aplauso de todos os inimigos do atual governo, na mídia e no parlamento, como se o país estivesse perto de se tornar a Alemanha de depois da I Guerra Mundial, onde era preciso um carrinho de pedreiro para se carregar o dinheiro necessário à compra de meio pão.

Se existe uma causa interna para aumento de preços, esta é a propaganda da inflação feita pelo BC, através de seu presidente ou pelo semanal Boletim Focus, publicado como suposta expectativa do “mercado” – como se o chamado mercado financeiro fosse algum ente espiritual, e não o que ele realmente é, um cartel que enche os cofres manipulando índices e cotações.

O que estão propondo – e, mais do que propondo, estão tentando coagir o governo a empreender – é um programa de desaceleração do crescimento. Evidentemente, não há nada mais antagônico ao governo Lula e a todas as aspirações do povo que elegeu o presidente duas vezes. No entanto, querem substituir o Programa de Aceleração do Crescimento pelo seu programa de desaceleração do crescimento, reivindicando que o governo deve seguir a política de seus inimigos. Assim, estaria garantida não só a espoliação do país por alguns bancos e especuladores, mas também a quebra do principal obstáculo a essa espoliação – a liderança de Lula.

Os corifeus do programa de desaceleração do crescimento não escondem a sua preferência – ou, melhor, não escondem o que querem impor ao país. É algo aberto, declarado e despudoradamente cínico que consideram o crescimento do país um grande mal. Naturalmente, não se esperava que áulicos de banqueiros achassem que o crescimento do país fosse algo maravilhoso. Mas, a principal razão, do ponto de vista político, pela qual querem barrar o crescimento é, precisamente, tentar golpear a popularidade de Lula, originária de sua identificação com a política de crescimento – vale dizer, com as necessidades do povo: emprego, distribuição e aumento de renda, melhores condições de vida, melhor atendimento público de suas carências. Portanto, não há espanto em ver que são os inimigos do atual governo que deslancharam o charivari sobre a inflação, que aplaudem Meirelles e os aumentos de juros, etc.

O programa de Lula nada tem de absurdo ou fora da realidade. Absurdo e fora da realidade é achar que um dos maiores países do mundo não pode fazer outra coisa senão se arrastar penosamente, sangrado por espoliadores financeiros, doando a eles o dinheiro público, o dinheiro com que o povo contribui, através dos impostos, para sustentar o Estado e a coletividade.

Os investimentos públicos, desde janeiro, aumentaram 24% em relação a 2007. Essa é a mola propulsora do crescimento. Pois são esses investimentos públicos que querem estancar com toda a conversa de que, para combater uma suposta inflação, seria necessário cortar os “gastos” do governo.

Quanto aos aumentos dos juros, eles somente fazem diminuir os recursos que o governo tem à sua disposição para investir no crescimento. E não é com aumentos de superávit primário (isto é, da reserva para pagar juros) que se impedirá Meirelles & cia. de aumentar os juros. Pelo contrário, os elementos tucanofílicos que no momento compõem a diretoria do BC prometem mais aumentos de juros.

Apesar do governo já ter aumentado a meta de superávit – de 3,8% para 4,33% -, o boletim do Banco Central no último dia 30 anunciou que, de janeiro a maio, o superávit primário foi de 6,55% do PIB – ou seja, R$ 75 bilhões foram tirados do Orçamento para pagamento de juros. Porém, devido ao aumento de juros, a dívida do governo em títulos públicos, em um único mês (maio em relação a abril), aumentou em R$ 20,9 bilhões.

Vê-se, por aí, aonde leva a marola sobre a inflação.

CARLOS LOPES
Horado Povo

Rizzolo: Concordo em parte com o texto, acredito que a intenção em alardear por todos os lados uma inflação que na realidade está sim dentro da meta, significa não apenas desqualificar Lula, mas colocar a todo vapor a implementação da política especulativa da alta de juros, visando a perpetuação do “Cassino Brasil”; alem disso, é claro, existe o ganho secundário de barrar de desenvolvimento, como diz o texto, impor um Plano de desaceleração do crescimento. Os investimentos públicos, desde janeiro, aumentaram 24% em relação a 2007, e isso sim os incomoda, querem com toda essa ortodoxia econômica, frear o desenvolvimento tendo como esteio argumentativo a inflação. É como sempre digo: é proibido crescer no Brasil, ou se quiserem, Lula ganhou mas não levou, fazer o Brasil parar e desestabilizar Lula é caminho daqueles que de todas as formas querem o poder.

Quem acompanha este Blog sabe que tenho inúmeras restrições ao governo Lula, em muita coisa eu bato mesmo, contudo na questão da inflação, é óbvio que existe um alarde proposital, um exagero visando um ganho político. Aliás, a pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na segunda-feira, revelou que cresceu a rejeição da população brasileira à elevação das taxas de juros. Segundo a CNI/Ibope, o número dos que não aceitam as medidas defendidas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, subiu de 53% em março para 61% em junho. O número dos que apoiavam a elevação dos juros caiu de 39% em maio para apenas 31% em junho. Só não vê quem não quer, ou quem compra a idéia do discurso apocalíptico da mídia sob a batuta do BC e Meirelles.

Desigualdade entre salários de ricos e pobres cai 7% desde 2002, diz Ipea

A desigualdade entre os rendimentos dos trabalhadores brasileiros caiu quase 7% entre o quarto trimestre de 2002 e o primeiro de 2008, indica um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado nesta segunda-feira.

Nesse período, o índice de Gini na renda do trabalho, ou o intervalo entre a média dos 10% mais pobres da população e a média dos 10% mais ricos, caiu de 0,543 para 0,505. O indicador varia de 0 a 1 – quanto mais perto de 1, maior desigualdade; quando mais perto de zero, menor desigualdade.

“Para um país não ser primitivo, esse índice precisa estar abaixo de 0,45”, afirmou o presidente do Ipea, Márcio Pochmann, em entrevista à BBC Brasil.

Os números divulgados pelo Ipea mostram que a diferença diminuiu porque os ganhos de renda dos mais pobres foram quase cinco vezes maior que a recuperação da dos mais ricos.

O estudo do Ipea divide a população em dez grupos pela renda e mostra as variações nas médias salariais de cada decil. No acumulado do período, os três primeiros decis (com médias salariais de R$ 206, R$ 378 e R$ 422) tiveram aumentos salariais de 21,96%, 29,91% e 15,79%.

Para efeito de comparação, os três decis mais ricos (com médias salariais de R$ 1.159, R$ 1.797 e R$ 4.853) acumularam ganhos de 2,3%, 2,1% e 2,6%.

Políticas sociais
Para Pochmann, a redução da desigualdade é conseqüência do crescimento econômico com estabilidade monetária e articulado com políticas sociais.

“Geralmente, aqueles que têm melhor escolaridade tendem a ter melhores resultados, especialmente em um país onde há preconceitos como o racial e o de gênero. O crescimento cria um ambiente favorável, mas por si só não garante melhor distribuição intersalarial”, disse o presidente do Ipea.

O estudo, porém, diz que com a redução do desemprego e a expansão do PIB “seria razoável esperar um crescimento na demanda por mão-de-obra principalmente de menor valor e, por isso mesmo, uma elevação dos salários de base em relação aos extratos de mais elevada renda”.

O Ipea cita ainda o crescimento do pessoal empregado e o aumento da massa salarial e do número de carteiras assinadas como “efeitos benéficos” do crescimento econômico do país.

Padrão tributário
Para manter a tendência de diminuição das diferenças salariais, Pochmann diz que é necessário mudar o “padrão tributário” do país, que hoje, com a grande carga de impostos indiretos, faz com que a população mais pobre pague proporcionalmente mais tributos do que os ricos. “No ganho acumulado, uma parte se perde por força da tributação.”

Do ponto de vista conjuntural, o presidente do Ipea considera a alta dos juros e a inflação as maiores ameaças à tendência de diminuição das diferenças salariais identificada no estudo.

Segundo o estudo, a participação dos salários no PIB tem se mantido estável desde 2004, revertendo uma tendência de queda verificada até então (de 40,3%, em 1995, para 35,8%, em 2002, segundo exemplo citado no estudo).

O levantamento foi feito a partir dos microdados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE. O Ipea é vinculado ao NAE (Núcleo de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República.

Da BBC Brasil em São Paulo

Rizzolo: O estudo é interessante, contudo como podemos inferir, estamos ainda longe de atingir valores dignos, ou seja, abaixo de 0,45 como afirma Pochmann. O grande problema no Brasil é a questão tributária que faz com os pobres realmente acabem pagando mais impostos de forma indireta. Uma reforma tributária visando uma melhor distribuição da renda, poderia vir de encontro com melhores resultados nos índices. Não há dúvida que houve avanços no governo Lula, não só em função a melhora do cenário externo, mas também em função das políticas públicas de geração de renda.

Uma melhora geral no quadro, deve ser acompanhada da diminuição das altas taxas de juros que visam frear o desenvolvimento do País, beneficiando os especuladores internacionais e nacionais. O próprio empresariado já não suporta mais essa política ortodoxa, errada e perversa do BC e do Copom. Uma vergonha num País pobre como o nosso onde precisamos gerar 4,5 milhões de emprego por ano.

Copom aumenta juro mesmo com a inflação sob controle

Selic sobe de 11,75% para 12,25 e juro real no Brasil é o maior do mundo: 6,9%

Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) aumentou outra vez os juros básicos. A taxa com a qual bancos e outros especuladores sangram o Tesouro, ancorando nela as suas próprias taxas de juros, passou de 11,75% para 12,25% ao ano. A taxa real (isto é, descontada a inflação) passou a ser 6,9%, outra vez a maior do mundo.

Dentre os países que adotam o sistema de metas de inflação, o Brasil ficou abaixo do limite da meta

O pretexto foi a inflação, que, segundo o presidente do BC, Henrique Meirelles, está ameaçando a economia. Porém, como ela está perfeitamente dentro da “meta” (uma banda que vai de 2,5% a 6,5%), a tese agora é a de que a inflação tem que estar no “centro” da meta (4,5%). Senão, provavelmente, um tsunami vai transportar Brasília para Bora-Bora, ou alguma outra desgraça, tão real quanto esta. Resta saber porque o próprio Meirelles propôs uma banda como meta, se somente o centro dela é que importa.

Ao lado, o leitor poderá ver um dos gráficos apresentados pelo ministro Guido Mantega no balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), também na quarta-feira. Percebe-se, pelo gráfico, que a inflação em quase todos os países que usam o sistema de metas ficou acima da banda anteriormente definida como meta. No entanto, o céu não desabou sobre os habitantes desses países, nem os juros foram catapultados para a órbita de Plutão porque a inflação ficou acima da meta.

Já o Brasil, considerando-se a inflação de 12 meses até abril, ficou 1,5% abaixo do limite máximo da meta. Entretanto, Meirelles e o BC aumentaram os juros – e com a perspectiva de continuar aumentando-os até, dizem os asseclas de Meirelles, atingir 14,25% em dezembro (cf. o site da famigerada “Veja”). Como notou o ministro Mantega, outro dos três países que ficaram com a inflação abaixo do limite da meta, o Canadá, encontra-se com a economia paralisada – e, poderia acrescentar, os juros canadenses também são quase insignificantes diante dos brasileiros.

ALARDE

Na verdade, quase todos esses países têm taxas básicas de juros imensamente menores do que as do nosso. Os que mais se aproximam do Brasil são a Austrália (5,5%) e a Turquia (5,3%). O quarto lugar do mundo, a Colômbia, tem uma taxa de 3,7% e o quinto, o México, 2,6%. Todos os outros países têm taxas inferiores, mesmo a maioria deles ultrapassando a meta de inflação.

Porém, apesar disso, o México não aumentou sua taxa de juros porque a inflação excedeu a meta em 0,7%, nem a Colômbia – apesar de toda a subserviência aos EUA do seu governo atual – aumentou-a porque a inflação ficou 1,4% além do teto da meta. Nem o Chile, cuja inflação ultrapassou em 4,5% a meta, ou a Islândia (4,7% a mais) ou a África do Sul (3,8% além da meta) pensaram em fazê-lo, apesar dos juros nesses países, se comparados aos do Brasil, parecerem quase microscópicos.

No entanto, se acreditássemos na conversa de Meirelles, qualquer desses países teria mais razão do que o Brasil para aumentar os juros – sob pena, supõe-se, de desaparecer do mapa se não o fizesse. Mas nenhum deles desapareceu, nem aumentou os juros.

Certamente, é inútil procurar alguma coerência em Meirelles, exceto se considerarmos seu verdadeiro objetivo: frear o crescimento, alcançado pela política do presidente Lula, em especial pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Não existe, a rigor, razão econômica para aumentar os juros agora e bloquear o crescimento. A ação do BC é, cada vez mais abertamente, política.

Meirelles & sequazes passaram semanas alardeando que a demanda (ou seja, o consumo da população) estava demasiadamente aquecida, ou, até mesmo, “superaquecida”; que havia um desequilíbrio entre oferta (produção) e demanda; que esse suposto desequilíbrio já estava levando a um surto inflacionário, que exigia aumentos de juros consecutivos para refrear o consumo.

FREIO

Na segunda-feira, véspera do primeiro dia da reunião do Copom, o IBGE divulgou que a indústria havia crescido, no mês de abril, 10,1% em relação ao mesmo mês do ano passado. Esse resultado significativo indicava que a oferta, a produção, estava avançando mais do que o consumo – portanto, era impossível o “superaquecimento” da demanda e o “desequilíbrio” propalado por Meirelles.

Mais ainda quando esse resultado da indústria foi obtido sem que a sua capacidade ocupada (isto é, a parcela da capacidade do maquinário efetivamente usada na produção) sofresse alteração. Como revelou a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a utilização da capacidade instalada ficou em 83,2% em abril, contra 83,1% em março. Portanto, quase 20% da capacidade instalada permaneceram sem utilização, mesmo com o aumento na produção – o que significa que os investimentos estão aumentando a capacidade da indústria a tempo de suprir o aumento de consumo, e que a folga da indústria para continuar aumentando a produção é, no momento, de quase um quinto da sua capacidade.

Pois bem, leitores, em 24 horas apareceram asseclas de Meirelles argumentando que o aumento da produção tornava ainda mais urgente o aumento dos juros. Porque, desse jeito, o povo ia se entusiasmar com a fartura de produtos à sua disposição (ainda por cima, mais baratos, ou seja, com possível inflação em queda) e ia começar a comprar, comprar, comprar, até que a indústria não tivesse capacidade de suprir a demanda desses tresloucados, sempre querendo comprar alguma coisa, aumentando, assim, a inflação. Logo, aumento de oferta só serve para aquecer a demanda, inflação em queda só serve para aumentar a inflação e crescimento da indústria só serve para aumentar juros.

Pelo jeito, o ideal de Meirelles é uma indústria que não venda os seus produtos e consumidores que não os comprem. Portanto, uma indústria que não produza, por falta de compradores, e consumidores que não consumam, por falta de dinheiro. Se a indústria cresce em relação ao consumo, é preciso aumentar os juros. Se o consumo cresce em relação à produção, também é preciso aumentar os juros. Sempre é preciso aumentar os juros para que o país não cresça.

Mas, voltemos ao gráfico: os EUA não constam dele, porque não usam metas de inflação – eles inventaram o sistema para os outros usarem, não para eles usarem. Veja-se o que diz o grande sacerdote da religião, quer dizer, do sistema de metas, Edwin Truman, ex-secretário-assistente do Tesouro dos EUA e ex-diretor do banco central americano. Em resumo, junto com o sistema de metas de inflação, eles inventaram uma classificação de países que os livra de usar o vomitório que receitam para os demais (cf., Edwin Truman, “Inflation Targeting in the World Economy”, 2003).

Porém, pela classificação de Truman, nós também não precisaríamos mais desse estrupício, uma vez que já atingimos inflação baixa, portanto estaríamos dispensados de, como ele diz, “sacrificar” a economia. Mas como tudo é encenação para roubar os outros países, basta um Meirelles no Banco Central que esses problemas de coerência estão automaticamente resolvidos. Afinal, nunca se ouviu falar de um ladrão que deixasse de roubar por considerações teóricas. Nessas horas, a teoria é enviada para o lixo sem precisar de substitutas, pois o negócio é roubar. E o resto que se dane.

CARLOS LOPES
Hora do Povo

Rizzolo: Como sempre a política daqueles que querem frear o desenvolvimento do Brasil, acaba prosperando. Exatamente aqueles que não querem um Brasil com desenvolvimento acabam utilizando-se de argumentações vazias para justificar sua política econômica perversa. No texto acima de Carlos Lopes, podemos inferir no quadro apresentado por Mantega, a posição em relação à questão inflacionária no que diz respeito ao desvio das metas dos demais países. Não é possível que num País como o Brasil em que precisamos gerar por ano 5 milhões de novos empregos, insiste-se nessa política retrógrada que visa apenas prestigiar especuladores de plantão.

O foco para combater a inflação deve ser o desenvolvimento, visando um aumento da produção, um aumento do mercado interno, só assim poderemos como a China, diminuir a ” ameaça” da inflação, que diga-se de passagem nem existe. Vamos crescer e aumentar a oferta, mas isso o Meirelles, o Copom, e os especuladores não querem, querem a inflação agora no “centro da meta”. Com isso querem transformar a inflação numa pauta política e pouco técnica.