Resultado das eleições deixa PT sem sucessor claro, diz jornal argentino

Os resultados das eleições municipais deixaram o PT sem um sucessor claro para Lula, segundo reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal argentino Página 12.

O jornal afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu transferir sua popularidade para todos os seus candidatos, e avalia que a derrota da candidata do PT Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo “foi o golpe mais duro”.

“O triunfo da oposição em São Paulo volta a perfilar o governador José Serra como aspirante presidencial”, diz a reportagem, para quem o cenário das eleições presidenciais de 2010 “ficou complicado” para o PT.

O jornal comenta as derrotas do PT em São Paulo, Salvador e Porto Alegre, e afirma que “essas derrotas abriram uma grande interrogação sobre quem será o candidato que vai suceder Lula nas próximas eleições presidenciais”.

Na Espanha, o El País concorda que Serra saiu fortalecido como o principal candidato da oposição para as eleições de 2010.

“Serra foi derrotado por Lula nas eleições de 2002, mas as pesquisas o apontam como um dos candidatos com mais opções nas eleições presidenciais de 2010, às quais Lula não poderá concorrer, a não ser que reforme a Constituição, medida que já descartou.” O jornal ainda afirma que a eleição de Gilberto Kassab, em São Paulo, com 61% dos votos é a prova da popularidade de Serra.

BBC / Folha online

Rizzolo: Não há dúvida que a derrota do PT em cidades como São Paulo, Santo André, Salvador e Porto Alegre foram um duro golpe no PT. As análises e as probabilidades tão otimistas na capacidade de transferência de votos por parte do presidente Lula terão que ser revistas. A “mãe do Pac”, a ministra Dilma, surge agora como menos expressiva que Marta, ou seja, menos popular que Kassab, o que sem dúvida arrepia os cabelos e faz transpirar as camisetas vermelhas do PT com seus bonés.

O grande elenco dos 11 ministros que acreditavam na vitória de Marta com Lula no palanque, estão agora solitários e pensando como será a vida sem um sucessor claro. Essa reflexão nem precisava vir da Argentina ou da Espanha, é só assistir e ver o clima estrondoso da vitória de Kassab e Serra no Estado mais rico do País. Como eu sempre afirmo: quem afunda o PT são os próprios petistas radicais, cercados de stalinistas e trotskistas. Depois da vitória de Serra e Kassab vencendo o aparato petista, fico a imaginar o destino da ministra Dilma e de outros.

Kassab criou ‘apartheid social’ nas favelas, diz Marta

SÃO PAULO – A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, afirmou hoje em seu programa eleitoral gratuito na televisão que o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), criou um “apartheid social” com seus projetos de urbanização de favelas. Segundo ela, os prédios dos conjuntos habitacionais não acabam com as favelas, que são separadas por muros. “A realidade é diferente da realidade mostrada na propaganda do Kassab”, disse. Em tom dramático, foram apresentadas cenas de famílias sendo despejadas e barracos derrubados por grandes tratores, com uma música triste ao fundo.

O programa da candidata da coligação “Uma Nova Atitude para São Paulo” (PT-PCdoB-PDT-PTN-PRB-PSB) também teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante um comício, ele declarou que a Marta sofre preconceito pois “embora tenha sido prefeita de todos, ela teve preferência pelo povo mais pobre dessa cidade”.

Kassab destinou grande parte de seu programa eleitoral na televisão de hoje para mostrar seus projetos de urbanização na favela de Paraisópolis, na zona sul. Os conjuntos habitacionais exibidos, pintados e decorados, contavam, segundo a campanha, até com pista de skate e quadra de futebol. Foi apresentado o depoimento de um pedreiro que trabalhou na obra de construção de sua própria casa. “Aqui não é mais favela, é um bairro”, disse o morador.

O candidato da coligação “São Paulo no Rumo Certo” (DEM-PR-PMDB-PRP-PV-PSC) aproveitou para criticar a gestão da adversária. Um locutor acusou Marta Suplicy de deixar um rombo R$ 2 bilhões na Prefeitura, além de 37 quilômetros de obras abandonadas.
Agência Estado

Rizzolo: É visível o desespero, e a decepção da equipe petista e do próprio presidente Lula, ao constatar que Marta está visivelmente se perdendo nas pobres argumentações e nas monótonas acusações à gestão Kassab. O grande fato novo imprevisto neste segundo turno, foram as insinuações de baixo nível a uma eventual postura homossexual do candidato. Kassab soube incorporar essa questão na discussão, desmoralizando ainda mais a campanha de Marta.

A triste constatação, de que Lula não é capaz de transferir votos à Marta, em São Paulo, chocou e desmoralizou os petistas e comunistas. Observa-se nos rostos dos integrantes da campanha petista, a decepção o desconforto e o peso de uma realidade: São Paulo não é uma cidade ” apreciadora de petistas”; portanto o quadro do segundo turno dificilmente ira se alterar. Dessa disputa tira-se uma lição: o eleitor paulista é diferenciado, e não aceita preconceitos e discriminações como argumentos eleitoreiros. Mais uma observação: o povo pobre não relaciona partido político e sim a pessoa, e Marta apoiou-se muito no PT partido e em Lula, que não transfere votos.

Lula diz que Serra deveria lhe pedir desculpas por acusar PT

São Paulo – Em sua última participação na campanha da ex-ministra Marta Suplicy (PT) à Prefeitura de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado, dia 18, que o governador José Serra (PSDB) deveria lhe pedir desculpas por ter acusado o PT e os movimentos sindicais de insuflarem o protesto de policiais na cidade, na quinta-feira. A uma semana do segundo turno, Lula defendeu a petista, que, na sua avaliação, é vítima de preconceito “raivoso e rançoso”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou na manhã deste sábado de ato de campanha da candidata do PT à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy. O encontro aconteceu na Casa de Portugal, na Liberdade.

O encontro do presidente e de Marta com representantes de movimentos sociais e sindicalistas transformou-se em uma manifestação de desagravo à campanha da petista. Lula disse ter comido “o pão que o diabo amassou” em 2005, mas advertiu que, em nenhum momento, jogou a culpa por suas dificuldades nas costas dos outros. “Quem não quer ser cobrado que não seja governo”, afirmou.

Na platéia, formada por cerca de 1.700 militantes, havia policiais civis. O presidente disse que sempre recebe reivindicações de trabalhadores. “Isso é democracia. Por que vou ficar nervoso quando um sindicalista vai a Brasília fazer passeata?”

Na quinta-feira, Serra acusou o PT, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de incentivar o protesto de policiais com o objetivo de influenciar o segundo turno da eleição, no dia 26. Disse não ter dúvidas de que a manifestação, que terminou em conflito entre policiais civis e militares nas proximidades do Palácio Bandeirantes, tinha participação ativa de petistas e das duas centrais, que apóiam Marta.

Na avaliação do presidente, o governador não mediu as palavras e agiu de forma “insensata”. Um dia antes, o chefe de gabinete da Presidência, Gilberto Carvalho, chegou a dizer que se sentiu “ofendido” com o ataque desferido pelo governador. “Lamento que ele não devolva com a mesma generosidade o carinho com que tem sido tratado pelo Palácio do Planalto”, comentou Carvalho.

Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presente ao evento de Marta, interveio para evitar que um grupo de policiais entregasse um documento ao presidente. “Se trouxéssemos esse assunto para o Lula hoje, politizaríamos a greve. É tudo o que o Serra quer”, afirmou.

PRECONCEITO

Em tom veemente, Lula afirmou que nunca viu alguém sofrer tanto preconceito quanto Marta e, de forma indireta, mencionou a propaganda eleitoral do PT que perguntava se o prefeito Gilberto Kassab (DEM), candidato à reeleição, era casado e tinha filhos.

“Dizem agora que essa mulher é contra os homossexuais, justamente ela, que, quando havia preconceito, estava na TV Mulher defendendo as minorias”, insistiu o presidente. Lula disse ainda que transformaram “uma guerreira defensora das minorias em acusadora”. “Eu ainda vou criar o Dia da Hipocrisia neste país”, afirmou.

O presidente lembrou que repassa recursos federais para São Paulo independentemente dos partidos dos governantes e lamentou que Marta tenha administrado a cidade em uma época de penúria financeira. Foi nesse momento que ele criticou o governador tucano.

Em conversas reservadas, Lula afirmou que Kassab só pode apresentar à cidade vistosas obras nas áreas de transporte e saneamento porque recebeu “generosos” recursos federais.

O discurso de Lula marcou sua última participação na campanha de Marta. Desde o primeiro turno, o presidente subiu no palanque da petista em outras duas ocasiões: em São Miguel Paulista (zona leste), onde desfilou em carro aberto ao lado da candidata, e num comício em Vila Nova Cachoeirinha, na zona norte.

Afilhado político de Serra, Kassab desdenhou do apoio de Lula a Marta: afirmou que, embora o aval do presidente tenha peso, “não é novidade” para os eleitores e, portanto, pode não se transformar em novos votos. (Colaborou José Maria Tomazela)
Agência Estado

Rizzolo: Primeiramente o PT e outros partidos, contribuíram sim e muito para o desfecho da crise; isso todo mundo sabe, e quem estava lá, pode constatar. Agora Serra errou, conduziu de forma errada as negociações, não recebeu os líderes, e isso é imperdoável. Agora afirmar que a Marta é vítima de preconceito isso já é demais; a dinâmica petista de se fazer propaganda política, ferindo e constrangendo as pessoas, a privacidade, com argumentos insinuadores é lamentável. Infelizmente, se PT acreditava na capacidade do presidente Lula em transferir votos, se enganaram redondamente. Lula é a estrela, só ele; os outros por ele indicados, são apenas referências, o povo não se impressiona com as recomendações de Lula. É uma realidade que o PT não sabia e descobriu.

Cabos do PT levam às ruas questionamento sobre vida de Kassab

SÃO PAULO – O tiroteio da campanha de Marta Suplicy, do PT, sobre a vida pessoal de seu adversário do DEM, o atual prefeito Gilberto Kassab, saiu da campanha na televisão e foi para as ruas. Em atividades de campanha nesta manhã, tanto na zona Sul quanto na Leste, cabos eleitorais da petista passaram a hostilizar Kassab e a questionar sua vida pessoal.

Até então, esta questão não era discutida nas ruas. Entretanto, o foco do debate mudou logo após a veiculação de uma inserção – que já foi retirada do ar por ordem do comando da campanha – que questionava a vida pessoal do prefeito. A peça publicitária exibia uma foto de Kassab em branco e preto, enquanto o locutor fazia indagações sobre o seu passado. As últimas perguntas eram: “É casado? Tem filhos?” E concluía: “Para decidir certo é preciso conhecer bem.”

Marta tentou encerrar a discussão. “Não tenho mais nada a dizer sobre esse assunto”, disse, categórica. O clima acirrado nas ruas também provocou o início de um tumulto com um casal, que foi hostilizado por cabos eleitorais petistas, por defender a candidatura Kassab. O incidente ocorreu após o ato de apoio organizado por frentistas em um posto de saúde no bairro da Aclimação, na zona Sul. Marta já havia deixado o local, quando o casal passou e gritou: “Kassab! Kassab!” Ao ser informada sobre o ocorrido, Marta disse: “Grosseria e baixaria eu acho um horror, e se isso ocorreu, eu peço desculpas ao casal.”

Pouco depois, enquanto Marta fazia corpo-a-corpo no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona Leste, cabos eleitorais que a acompanhavam continuaram a desferir ataques à vida pessoal de Gilberto Kassab, inclusive com xingamentos.

Agência Estado

Rizzolo: O comportamento da militância petista é lamentável, o pior é que parece haver uma aceitação de forma velada para os insultos à vida pessoal de Kassab. De nada adianta os dirigentes petistas reprovarem esse problema criado, vez que todos já sabiam de antemão e haviam previamente aprovado esse tipo de “approach” político. Com isso, quem ganha a simpatia do povo é o candidato Kassab, que passa a ter por parte da população, uma visão paternal e protetora em relação a ele, e isso não é bom, até porque esvazia o debate, as idéias. Alckmin já integrou a campanha de Kassab, é ao que parece, Marta está se isolando na campanha experimentando o veneno criado pelo próprio PT. O ideal seria ela desculpar-se publicamente admitindo o erro, mas acho que isso é muito para ela.

Lula reprova comportamento de Marta em ataques a Kassab

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reprovou o comportamento agressivo da candidata petista à prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, que fez insinuações de ordem pessoal na propaganda eleitoral gratuita ao adversário e atual prefeito Gilberto Kassab (DEM).

Um dia após o locutor do programa dela questionar o estado civil de Kassab, o Palácio do Planalto desvinculou qualquer participação na nova fase de campanha da candidata. O ataque de Marta a Kassab ocorreu depois do ingresso oficial de Lula na campanha da petista, na última sexta-feira.

Em viagem ao exterior, Lula avaliou em conversas por telefone com assessores que a candidata errou no tom dos ataques. No Planalto, a preocupação é dissociar a entrada na campanha de Marta do chefe de gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, à nova fase de ataques a Kassab. Eles observaram que Gilberto entrou oficialmente ontem na campanha e os ataques foram definidos por marqueteiros dias antes. Tanto Gilberto, um ex-seminarista reconhecido no Planalto pela gentileza e simpatia, quanto o presidente mantêm relações de respeito com Kassab.

Antes de embarcar para a Espanha, Lula já havia se queixado do temperamento “difícil” de Marta. Numa conversa no final de semana com o vice-presidente José Alencar e duas pessoas próximas, Lula considerou que a disputa em São Paulo está perdida e ressaltou que Kassab soube fazer política, segundo um dos participantes do encontro.

Lula citou uma polêmica recente de Marta com o pastor Samuel Ferreira, da Assembléia de Deus do Brás. Ela entrou com um processo contra ele, porque não teria tido direito de resposta numa enquete promovida por uma rádio ligada à igreja.

“Perguntaram se eleita ela iria continuar processando as pessoas. Ela respondeu que se errassem, iria. Eu disse: ‘Marta, não faça isso'”, relatou o presidente.

Em junho, numa conferência de homossexuais em Brasília, Lula fez discurso contra o preconceito, pediu que as pessoas “arejassem a cabeça” e propôs o “Dia Nacional da Hipocrisia”, numa crítica a políticos “conservadores”.

No último dia 19 de setembro, em entrevista à TV Brasil, ele defendeu o casamento de pessoas do mesmo sexo.

“Tem homem morando com homem, mulher morando com mulher e muitas vezes vivem bem, de forma extraordinária. Constróem uma vida juntos, trabalham juntos e por isso eu sou favorável”, disse na entrevista.

Pessoas próximas do presidente observaram ontem as “contradições” da política. Enquanto Lula se esforçou para mudar o discurso, deixando de lado as piadas com conotação homossexual, mesmo nas conversas reservadas, a socióloga Marta Suplicy e seu marqueteiro João Santana se desesperaram e recorreram a afirmações preconceituosas de adversários de projetos dela na área das minorias.

O presidente aproveitou para se queixar do compromisso político com o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que pediu a ele gravar para o programa do candidato à prefeitura carioca Eduardo Paes, um dos mais ferrenhos críticos do Planalto durante a crise política de 2005. “Eu gravei o programa, mas disse para o Sérgio que o (Fernando) Gabeira vai desmontar facilmente o meu depoimento”, avaliou. “Gravei porque me pediu.”
Agência Estado

Rizzolo: Lula continua sendo um grande estadista, todos sabem das minhas críticas em relação à condução da política econômica, agora, em termos de percepção e sensibilidade Lula surpreende. Já disse várias vezes que o problema de Lula é o PT, sua gente, o rancor da luta de classes, o baixo nível, e o despreparo. Realmente me decepcionei com a Marta, apesar de conhecê-la pessoalmente e saber de seu gênio, não imaginava que fosse tão longe.

O fato dela chancelar os ataques petistas de insinuação homossexual à Kassab, são lamentáveis, e preconceituosos. Não é possível que se faça uma campanha baseado em ataques pessoais, constrangendo o adversário, e sem prova de absolutamente nada, apenas isinuando. E com essas e aquelas, quem sabe um dia Lula se descola dessa turma petista, e fique para a posteridade. Leia artigo meu: Disputa eleitoral em SP: observações pouco éticas