Empresários reunidos no Fórum Nacional da Indústria, em São Paulo, alertaram que a elevação das taxas de juros pelo Banco Central poderá inviabilizar a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP) lançada recentemente pelo presidente Lula.
“A política industrial vai numa mão, e a política monetária, numa outra”, disse Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee). “Como a política industrial vai conseguir os efeitos necessários com esses juros?”, questiona o empresário, considerando prejudiciais ao setor industrial as medidas de retração do crédito que o Banco Central está tentando implementar a pretexto de combater a inflação. “Dificilmente haverá interesse do empresário em investir”, disse o presidente da Abinee.
Barbato condenou o “excesso de conservadorismo” e disse que o BC não faz nada para conter o capital especulativo e a queda do dólar, por não intervir no câmbio. “O BC vive em uma torre de marfim. No Brasil, parece que somente ele tem o poder sobre a economia”, declarou o empresário.
Abdib condena ‘dose cavalar’ do BC
O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e das Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, afirmou no Fórum Nacional da Indústria que “a atual política monetária não é compatível com os objetivos da política industrial”.
Ao comentar, na semana passada, a elevação da taxa Selic, Godoy afirmou: “é preciso medir muito o remédio para que ele não se torne uma dose cavalar e a gente só descubra mais tarde. Já vimos esse filme”.
Segundo ele, o aumento continuado dos juros, anunciado pelo Banco Central na última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), pode “interromper o ciclo de crescimento econômico”. “A inflação é o pior dano para a economia, mas não podemos nos apavorar e tomar atitudes tão restritivas das quais nos arrependeremos mais tarde”, declarou.
Godoy condenou a especulação das instituições financeiras que se aproveitam para lucrar ainda mais com as “apostas” no juro no final do ano. “O mercado futuro já projeta taxas de 14% a 15% para dezembro. Existe um movimento que cria expectativas que podem não estar ligadas à realidade dos fatos, com a economia real”, declarou.
Hora do Povo
Rizzolo: Com muito bom senso, e sentindo na pele os empresários gritam e protestam por essa política conservadora que visa interesses especulativos, e que vão na contramão do desenvolvimento do País Temos na realidade duas políticas, uma de desenvolvimento e outra da retração, do freio. Simplesmente um absurdo num País que precisa gerar 4,5 milhões de empregos por ano. A inflação pretexto preferido pelo BC dá o tom da recessão imposta com certeza de fora para dentro o Brasil. Não é a intelectualidade que grita, é o próprio empresariado, mas nem assim Lula tem a chamada correlação de forças para mudar o rumo.