Governo Serra enfrenta greve dos professores com prisão e censura

O governo de José Serra deu novas provas nesta quarta-feira (24) do jeito tucano de governar e se relacionar com os movimentos sociais. A Polícia Militar prendeu três professores da rede estadual de ensino que integravam um grupo de algumas dezenas de docentes que protestavam contra a administração tucana durante inauguração do Centro de Atenção à Saúde Mental, em Franco da Rocha (SP). Também usou cassetetes e gás de pimenta contra os manifestantes. Além disto, os tucanos determinaram silêncio e censura nas escolas sobre a paralisação.

O centro foi inaugurado pelo governador. Cerca de 40 soldados da PM e integrantes da Força Tática foram mobilizados para a repressão, de acordo com o comandante do 26º Batalhão da PM, José Carlos de Campos Júnior.

Repressão

A confusão começou quando os policiais tentaram impedir o protesto. Os professores resistiram e a polícia não pensou duas vezes: usou cassetetes e gás de pimenta para dispersar os manifestantes.

Enquanto o incidente se desenrolava, Serra discursava em palanque montado no Hospital Psiquiátrico do Juqueri, tradicional unidade clínica de Franco da Rocha. Ao final do discurso, o tucano fez comentários sobre as obras, mas não quis falar sobre a repressão. Os três manifestantes presos foram levados à delegacia de Franco da Rocha e a política pretende indiciá-los por desacato à autoridade e perturbação da ordem.

Intransigência

Maria Isabel, presidente da Apeoespe, explicou que o Sindicato está orientando os professores a realizarem manifestações durante eventos com a presença do governador para forçar a negociação.

A categoria está em greve desde o Dia Internacional da Mulher (8 de março) reivindicando um reajuste salarial de 34,3%, concurso público e outras medidas. Mas o governo não quer conversa e procura desqualificar o movimento, tachando-o de “político eleitoral” e sustentando que apenas 1% dos professores aderiu à paralisação, informação rechaçada pelos dirigentes da Apeoespe, que estimam em 55% o percentual de trabalhadores que decidiram cruzar os braços.

Desrespeito

Serra chegou a classificar a greve de “trololó”, dando a entender que a mobilização é irrelevante para o governo e a sociedade. “É um total desrespeito aos professores”, afirmou Isabel. “A categoria tem grandes responsabilidades sociais e não é devidamente retribuída”, sublinhou. Um professor ganha apenas 764 reais por 30 horas de aula, segundo ela.

“Estamos vendo o governador inaugurar obras e para isto não falta dinheiro, mas a educação, que é uma obra fundamental para a sociedade, tem sido tratada com desprezo”, ponderou. Os professores estão indignados e a adesão ao movimento é crescente. A Apeoesp pretende reunir 100 mil trabalhadores e trabalhadoras na próxima assembleia da categoria, convocada para a tarde de sexta-feira (26) diante do Palácio Bandeirantes.

Com o envolvimento das bases e o apoio da sociedade (especialmente de pais e alunos), a Apeoesp pretende sensibilizar os deputados estaduais e abrir canais para o diálogo e a negociação, segundo a presidente da entidade. Isabel destacou que as reivindicações não se limitam ao reajuste dos salários, “queremos rediscutir a avaliação por mérito, que deixa 80% da categoria sem nenhum reajuste e concurso público, entre outras medidas para melhorar a qualidade da educação em nosso Estado”.

Censura

O tucano José Serra também determinou a censura e o completo silêncio nas escolas sobre a greve. Pelo menos 77 escolas estaduais da zona leste de São Paulo foram orientadas a não dar informações para a imprensa sobre a greve dos professores, de acordo com informações publicadas pelo jornal “O Estado de São Paulo”.

A iniciativa partiu da Diretoria de Ensino da Região Leste 3, em comunicado enviado por e-mail aos diretores das escolas no início do mês. A região leste 3 compreende os distritos de Cidade Tiradentes, Guaianases, Iguatemi, José Bonifácio, Lajeado e São Rafael.

No texto, a diretoria afirma que, por causa da paralisação, que teve início no dia 8, “A imprensa está entrando em contato diretamente com as escolas solicitando dados e entrevista.” E pede: “Solicitamos ao diretor de escola para não atender a esta solicitação.” O comunicado ainda orienta como proceder em relação ao envio de informações sobre a greve para o governo, detalhando dias e turnos em que os professores estiveram ausentes.

Cortina de fumaça

Para a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo), a medida “fere a liberdade de expressão”. A palavra apropriada para a orientação é “censura”. O governador paulista pretende mascarar a realidade com a cortina de fumaça das informações manipuladas pela Secretaria de Educação, que insiste na afirmação de que apenas 1% dos professores participa da paralisação, “mais uma inverdade”, na opinião dos sindicalistas.

A intransigência do governador tucano lembra a conduta elitista e autoritária do governo FHC diante do movimento sindical. O primeiro mandato do tucano foi marcado pela repressão e desmantelamento das entidades sindicais dos petroleiros. O modo com que Serra trata os professores, que constituem uma das categorias mais injustiçadas e depreciadas em nosso país (daí a péssima qualidade da educação no Brasil), é um sinal do que seria um eventual retorno dos tucanos ao Palácio do Planalto.

Veja as principais reivindicações da categoria:

• Reajuste imediato de 34,3%
• Incorporação de todas as gratificações e extensão aos aposentados sem parcelamento
• Contra o provão das ACTs
• Contra o PLS 403 (Senado Federal)
• Pela revogação das leis 1093, 1041 e 1097
• Concurso público de caráter classificatório

site: vermelho

Rizzolo: As atitudes do governador Serra são deploráveis, falta espírito democrático, respeito, e acima de tudo a capacidade de ouvir à parte contrária em suas demandas. Não podemos conceber nos dias de hoje prisões de manifestantes, além disso afirmar que o direito de greve é um “trololó” denota a ideologia autoritária que permeia o PSDB. A greve dos professores é legítima, e deveria ser recebida com respeito assim como atendida nas sua plenitude. Pretender anular um movimento dizendo que ele não existe é negar a democracia. Talvez isso explique a saída do Chalida do PSDB para o PSB. Uma vergonha.

Banqueiro dá nota 9,9 a dever de casa de Paulo Renato

O 0,1 tirado foi punição porque o deputado do PSDB de São Paulo teria errado algumas vírgulas e acentos em seu artigo.

Paulo Renato de Souza se descuidou, na segunda-feira, ao mandar uma mensagem eletrônica para um jornal com um artigo criticando a incorporação, pelo Banco do Brasil, do Banco de Santa Catarina (BESC). Ocorreu é que ele esqueceu de apagar a parte da mensagem que expôs a sua obediência ao presidente do Bradesco, Márcio Cypriano.

Ao mandar o e-mail, inadvertidamente, a mensagem trouxe uma correspondência eletrônica anterior, na qual o tucano pede aval ao presidente do Bradesco para a matéria. “Em anexo, vai o artigo revisto. Procurei colocá-lo dentro dos limites do espaço. Por favor, veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação. Muito obrigado, Paulo Renato Souza”, diz a mensagem enviada ao Bradesco.

O artigo ia sair dois dias depois do presidente Lula ter criticado, em Santa Catarina, as privatizações dos tucanos, chamando-as de “quase doação”. A incorporação do BESC pelo Banco do Brasil, anunciada pelo governo na ocasião, colocou um ponto final no debate sobre a privatização do banco estadual. O governo recebeu, por isso, críticas severas do Bradesco. Exatamente como havia dito o Bradesco, seu artigo reclama da “ausência de um processo licitatório para definir os novos donos do BESC”. Indagado pelo portal Magazine se não ficava mal para um deputado se submeter dessa forma a um banqueiro, ele disse: “o problema de eu ter pedido a opinião dele não significa que eu fosse adotar a opinião dele”. Realmente, não parece mesmo que o banqueiro tenha sentido necessidade de mudar alguma coisa nos argumentos de Paulo Renato.

O deputado Geraldo Magela (PT-DF) disse que “ao submeter o artigo ao presidente do Bradesco, Paulo Renato mostra a ligação umbilical do PSDB com esse segmento”. Para o deputado Décio Lima (PT-SC), Paulo Renato deveria é explicar a privatização do Banespa e não criticar o Banco do Brasil e o BESC. “Esta história de privatizar o Banespa, ou melhor, dar o banco de presente, o Paulo Renato conhece muito bem. Ele poderia aproveitar o espaço no jornal (Folha de S. Paulo) e explicar ao povo de São Paulo como foi esse entreguismo”.

Hora do Povo

Rizzolo: O camarada Paulo Renato é acima de tudo, um distraído, não deve ser a primeira vez que “toma a benção” de banqueiros ao colocar seus escritos à apreciação do presidente do Bradesco, Márcio Cypriano. Na realidade como diz o texto, o banqueiro pouco mudou exceto algumas virgulas e acentos. O camarada Paulo Renato é na sua essência um “liberal” e “democrata” quando afirma em seu e-mail “veja se está correto e se você concorda, ou tem alguma observação”. Agora temos que reconhecer que o camarada Paulo Renato é bom “em dever de casa”, e em defender as causas dos banqueiros. Feio, hein!