Banco Central insiste na pista da direita

As bombásticas declarações de cunho heterodoxo do diretor gerente do FMI, Dominique Staruss-Kahn, levou os conservadores que apregoavam uma linha de austeridade econômica, a uma triste realidade às avessas. Simplesmente além de estarem fora de moda no ” cutting edge ” econômico internacional, seguem uma receita que há muito todos desconfiam errada; a do Consenso de Washington, a do Estado mínimo.

O caminho desgastado com ênfase na revisão do papel do Estado, no corte do gasto, no ajuste fiscal em em outras receitas de contenção, entrou definitivamente num ciclo de esgotamento. A receita heteroxa da maior potência econômica do mundo, com a preconização do aumento do gasto público para combater a recessão, ratifica o repensar a política econômica que os amantes do neoliberalismo representados pelo Copom e o BC insistem em mante-la, direcionando o investir no financeiro e na especulação face a altas taxas de juros, preterindo os investimentos na produção, dificultando as exportações, e e estrangulando o desenvolvimento do mercado interno.

Como que numa rodovia, insiste o BC brasileiro em andar na pista da direita, não acelerando, aumentando o tráfego, não deixando a economia fluir, represando o desenvolvimento sob a batuta dos velhos argumentos, como a inflação, e o aquecimento do mercado interno, esmerando-se na defesa apaixonante de teorias que nem os próprios inspiradores nelas não mais acreditam. Logo após a notícia sobre o novo posicionamento do FMI, rapidamente, como numa força tarefa, surgiram economistas conservadores fornecendo dados frágeis na tentativa de dar sustentabilidade na argumentação política – econômica de Meirelles, com alegações de toda sorte, como ” elevar os gastos talvez não seja idéia boa nem para os EUA”, ou então, ” poucos países em dificuldade teriam condições de ampliar fortemente seus gastos “.

O problema do Brasil é demanda superaquecida ” tentando enfim, todos, promover justificativas, para prosperar um “apóio” para a política recessiva implementada pelo BC. Pouco são os economistas com lucidez como Márcio Pochmann, presidente do IPEA, que já vinha há tempos defendendo políticas desenvolvimentistas baseadas na aceleração da economia, que hoje são chanceladas pelo próprio FMI, numa cabal demonstração que as instituições econômica multilaterais, optaram pelo paulatino abandono da cartilha neoliberal.

A verdade é que hoje, vivemos um ciclo de expansão da economia fundada nos investimentos. Temos, sim uma dívida pública de 43% a 44% do PIB (Produto Interno Bruto), por outro lado, essa dívida, também representa um crédito vez que esse dinheiro está em circulação. Como afirma Pochmann ” O nosso desafio para sustentar o crescimento, é fazer um deslocamento. Com cuidado, do que está hoje na ciranda financeira para o investimento produtivo “. Isso se faz reduzindo os juros, aumentando o mercado interno, e claro, propondo um estímulo fiscal responsável, para elevar a demanda agregada dando sustentabilidade ao consumo em fases críticas. Como apenas não é dão aos mortos o direito a mudar de idéia, talvez Meirelles, ou outro que o suceda, acelere a economia e passe enfim para a pista da esquerda. Conselhos não faltam…

Fernando Rizzolo