Educação e Criminalidade

Muitos são fatores que contribuem para explicar a violência e a criminalidade, porém bem poucos se aproximam tanto de um consenso entre os especialistas como o fator educacional. Na raiz do problema da estrutura familiar, o acesso à educação como fator compensatório, minimiza a possibilidade de o jovem ingressar no universo do crime. Numa visão contratual entre a condição de pobreza instada no núcleo familiar, o componente educacional da modalidade em tempo integral, propõe ao jovem uma reflexão e a percepção das propostas de cidadania – e da falta dela –, vivenciada do outro lado dos muros da escola.

Toda mudança estrutural do universo emocional se faz entre a percepção dos conceitos educacionais com a materialidade das experiências de pobreza vivenciadas no núcleo da família e no convívio de inserção social, do meio subsistente, onde a lacuna da falta de cidadania impera e sujeita o jovem ao ingresso na criminalidade. Portanto, o grande desafio no papel da educação inclusiva dos jovens é fazê-los estar adiante dessa lacuna e transcender a realidade; e nortear uma sociedade que vive um processo de inclusão, sedimentando os efeitos da cidadania.

O jovem em uma condição educacional plena, de tempo integral, numa nova proposta, acabaria por se tornar um tutor no seio familiar, ou na comunidade, vez que estaria abstraído das condições e do meio de miséria. Tal proposta educacional, contudo, passa por outras vertentes que dariam sustentação ao ambiente interno (escola) e externo (comunidade). A primeira dessas vertentes seria a revitalização do papel dos professores, com salários dignos, e educação continuada promovida através da especialização no regime de tempo integral e suas particularidades; a segunda, a promoção de melhores condições de vida para profissionais da segurança pública, seja da polícia civil ou da polícia militar, por meio de salários condizentes com o grau de periculosidade a que eles estão submetidos.

Com efeito, qualquer tipo de intervenção educacional que vise a minimizar a exposição dos jovens ao meio hostil ou retirá-lo de lá, terá de contar com o viés repressivo constitucional atenuando a atuação do crime organizado. Será necessária também uma política sistemática na aplicação dos elementos básicos da proposta educacional de tempo integral. A composição dos três elementos, aluno, professores, e segurança pública, poderá trazer um significativo avanço na elaboração de um maciço programa da Escola de Tempo Integral direcionando os jovens à cidadania e a um referencial de inclusão.

Muito tenho me debatido nas reflexões sobre a relação entre o crime e os fatores que predispõem os jovens a ele. Percebo que qualquer tentativa de pensar o contexto educacional desprezando outros componentes dessa relação nos levará com certeza a um fracasso educacional logístico na fiel intenção da sua aplicação, que visa a combater a criminalidade que avança na nossa sociedade. Combater o crime organizado significa, portanto, “prima faccie”, compor os elementos de uma “educação organizada” para os jovens desse imenso Brasil.

Fernando Rizzolo

Policiais de penitenciárias invadem Câmara

Sem votar nada, o esforço concentrado da Câmara terminou hoje à noite com a invasão do Salão Verde, principal acesso ao plenário da Casa, por cerca de 200 agentes policiais de penitenciárias. Os policiais penais decidiram invadir a Câmara depois que o vice-presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), encerrou a sessão sem que nada fosse votado.

Esta é a segunda vez, em agosto, que os deputados são convocados para ir à Câmara, mas nada é votado. Os policiais penais conseguiram ficar acampados no Salão Verde da Câmara depois de forçar uma das entradas secundárias da Casa. Após muito empurra-empurra, com direito a lata de lixo e extintor de incêndio voando, os agentes atropelaram os cerca de 30 seguranças da Câmara, que tentaram impedir o “arrastão”. Os invasores percorreram cerca de 100 metros pelos corredores da Câmara até chegarem às portas do plenário.

Os policiais reivindicam a aprovação de emenda constitucional (PEC 308), que regulamenta a carreira e aumenta os salários da categoria. “Tinha um acordo para que nós entrássemos, mas resolveram nos tratar como bandidos, barrar nossa entrada e nos escorraçar daqui”, reclamou Jânio Gandra, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores das Polícias Civis.

Os policiais penais prometiam passar a noite no Salão Verde da Câmara. Até as 21 horas, nenhum parlamentar havia aparecido para negociar com a categoria. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não esteve hoje na Casa. Uma sessão da Câmara está marcada para amanhã à tarde, mas a avaliação de lideranças partidárias é que dificilmente haverá votação. A PEC 308 sequer está na pauta de votação da Casa. Mas, segundo os policiais, havia uma promessa para que a proposta fosse apreciada pelos deputados antes das eleições de outubro.
estadão

Rizzolo: Coincidentemente, acabei de escrever um artigo sobre essa questão dos salários dos profissionais da segurança publica. Não há como darmos continuidade a qualquer projeto de inclusão educacional ou social, se a questão da ordem pública não estiver bem resolvida, e quando me refiro a uma política de segurança publica bem resolvida, ela passa acima de tudo pleo viés salarial dos profissionais. Procrastinar aumentos dignos aos profissionais policiais de penitenciária, por exemplo, significa dar oportunidade para o aumento do crime organizado. Seja qual for o policial militar civil ou federal, é de suma importância a sua remuneração, até pela periculosidade que estes estão envolvidos. Quando falamos em educação, não podemos conceber que não haja a devida proteção aos jovens do outro lado do muro da escola, no combate ao tráfico e a criminalidade em geral.

As Mães e a Escola de Tempo Integral

Era assim toda quarta-feira: ela chegava pela manhã com uma pequena sacola, no mesmo ritmo de quem acabara de descer de um ônibus vindo da periferia de São Paulo. Havia anos trabalhava na limpeza do meu escritório e de tantos outros no mesmo prédio. O olhar sofrido e as mãos cansadas faziam-na parecer muito mais velha do que realmente era. Neusinha, a minha diarista, era mãe solteira e cuidava sozinha de um menino de 11 anos.

Nosso contato era pouco, até porque, para não atrapalhar o andamento da limpeza geral, eu aproveitava aquelas quartas-feiras para ir ao fórum. Contudo, naquele dia, algo estranho no olhar de Neusinha me chamou a atenção: os olhos marejados indicavam certa tristeza, dando ao rosto branco daquela nordestina um contorno de aflição.

Meio sem jeito, e já de saída com o paletó na mão, perguntei a Neusinha se estava tudo bem. Timidamente e num rompante de desabafo, ela se pôs a chorar. Com calma, pedi que ela me contasse o que havia acontecido, na tentativa de acalmá-la com um gesto de amizade e solidariedade.

– Sabe o que é, doutor, meu filho está envolvido com drogas; ele me contou tudo ontem à noite. Tudo começou na porta da escola pública em que ele estuda. Ele estuda no período da manhã, mas à tarde fica com más companhias.

Entre um soluço e outro, trouxe-lhe um copo com água, o qual foi levado à boca como se contivesse um doce remédio.

– Não tenho com quem deixá-lo. Preciso trabalhar e é aí que ocorre a desgraça – ela disse, olhando-me com um ar de cumplicidade, numa linguagem simples, mas carregada de uma tristeza incalculável.

Minha consciência obrigou-me a acalmá-la e a dispensá-la, pagando-lhe pelo dia de trabalho não concluído, pois seu estado emocional era péssimo. Em seguida, ainda sob o impacto daquela cena, a caminho do fórum, entre centenas de pessoas que aguardavam o metrô, pus-me a pensar no papel da escola de tempo integral e em sua importância para a formação dos jovens, em seu papel de manter o jovem ocupado, em tranquilizar as mulheres que trabalham fora e não têm com quem deixar os filhos, enfim, naquilo que chamo de “tutela educativo-protecionista”.

O que realmente vemos hoje é o descaso do poder público na implantação da verdadeira escola de tempo integral, pois o que há – e em pouquíssimo número – são escolas que disponibilizam uma espécie de duplicação de jornada, fazendo um segundo turno à imagem e semelhança do primeiro, sem dar sentido à amplitude educacional de outras disciplinas como arte, educação física, visita a museus, estímulo à leitura, enfim, mudando o projeto político-pedagógico das escolas.

Já no balanço do trem do metrô e nas paradas cansativas das estações, imaginava quantas Neusinhas pelo Brasil não sofrem por saber que seus filhos não estão protegidos pela “tutela educativo-protecionista” que as escolas de tempo integral poderiam oferecer à sua prole, quando estão trabalhando, longe de casa, sustentando seus lares. Pensei também que a miséria, as drogas, o desamparo são filhos do abandono total do Estado na área da educação, e que melhor do que as palavras de consolo, a indignação e um copo com água para abrandar o soluço de um choro profundo é oferecer uma educação cidadã a todos, com investimentos maciços num único ideal de escola pública, a escola de tempo integral. Talvez, se ela existisse, aquela quarta-feira seria diferente para todos nós, em especial para tantas Neusinhas, diaristas pobres, trabalhadoras nas fábricas, nos campos, nas grandes cidades do nosso país, que sem esperança soluçam por seus filhos perdidos.

Fernando Rizzolo

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Fernando Rizzolo candidato a Dep.Federal fala de Sonhos e Esperanças.

Fernando Rizzolo 3318 candidato a Deputado Federal por SP. Divulgue este vídeo e ajude o Rizzolo a chegar lá !!

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Polícia investiga assalto em casa de Silvio Santos, no Morumbi

Assaltantes invadiram uma das casas do apresentador Silvio Santos , no Morumbi, bairro de alto-padrão na Zona Sul de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, quatro pessoas foram feitas reféns, entre eles estavam a filha e o genro do apresentador. A casa, na Rua Antônio de Andrade Rebelo, é a mesma em que ele e sua filha Patrícia Abravanel foi sequestrada em agosto de 2001.

Segundo informou ao G1 neste domingo (14), o delegado Paulo Françolin Jr., do 89º Distrito Policial, no Portal do Morumbi, onde o caso foi registrado, os bandidos entraram na casa por volta das 22h15 de sábado (13). Eles roubaram um utilitário esportivo e objetos.

De acordo com ele, a filha e o genro do proprietário da casa estavam no imóvel. O delegado, no entanto, não informou o nome das vítimas – e nem confirmou se o imóvel pertencia a Silvio Santos.

Assalto

De acordo com o boletim de ocorrência do caso, divulgado pela Secretaria da Segurança Pública, um copeiro da casa foi ao 89º DP e contou à polícia que chegava ao imóvel quando duas pessoas, pelo menos uma delas armada, renderam-no e exigiram que ele ficasse na guarita. Um dos assaltantes ficou com o funcionário, enquanto o outro foi para dentro da residência, onde estavam outros dois comparsas.

Ainda, segundo Françolin Jr., os criminosos amarraram e trancaram as quatro pessoas que estavam no interior da casa num dos cômodos.

Para a polícia, o copeiro disse que os criminosos queriam informações sobre um cofre, que ele informou não ter conhecimento. O funcionário declarou que, para ter acesso à residência, os bandidos renderam seguranças de um imóvel vizinho.

Os criminosos fugiram com o carro que estava na garagem do imóvel. A PM achou o veículo, que estava abandonado na região, e o devolveu ao copeiro.

Imagens do circuito interno de monitoramento de câmeras de segurança teriam gravado a ação. As gravações devem ser analisadas pela polícia para tentar ajudar a identificar e prender o bando.

Segundo a secretaria, os proprietários ainda não foram à delegacia prestar esclarecimentos.

SBT

Procurada pela reportagem, a gerente de comunicação do SBT, Maísa Alves, negou a informação de que a filha de Silvio Santos tenha sido vítima de roubo. Ela ainda disse que nenhum imóvel da família do apresentador foi invadido e que Silvio Santos não está no país.
globo

Rizzolo:Essa história ainda está incompleta, o importante é aguardarmos uma declaração oficial do apresentador em relação a este evento. Agora, não há dúvida que a criminalidade em São Paulo está aumentando, aliás criminalidade e enchentes fazem o noticiário diário da cidade.

Padrasto é suspeito de ter colocado agulhas em menino na Bahia

A polícia procura pelo padrasto do menino de 2 anos, internado em um hospital em Barreiras (BA). Ele é o principal suspeito de ter colocado mais de 40 agulhas no corpo da criança.

A avó, que toma conta dos seis netos, disse que ela só tem uma agulha em casa, que fica guardada, longe das crianças. Ela afirmou que nunca viu as marcas no corpo do menino.

O médico que fez o primeiro atendimento ao menino, em Ibotirama (BA), se surpreendeu quando viu a radiografia, com as agulhas dentro do corpo do garoto. “Isso vinha progressivamente sendo feito, colocado em várias partes do corpo. Dessa vez, houve comprometimento do pulmão, que foi perfurado e isso fez com que ele chegasse ao hospital”, diz o médico Gilmar Calazans.

Para a polícia, que já trata o caso como tentativa de homicídio, a possibilidade de que o menino teria engolido as agulhas também foi descartada. De acordo com o delegado responsável pelas investigações, a procura agora é pelo padrasto do menino, que está desaparecido desde a manhã de terça-feira (15).

O garoto foi para o hospital depois que reclamou de dores na barriga. Ele está consciente e conversando, mas o estado de saúde ainda é grave. A vítima reclama de dores e quer voltar para casa. Quando perguntam quem fez isso, o garoto chora e não responde.
globo

Rizzolo:É realmente uma barbaridade o que fizeram com este garoto. À parte a questão espiritual baixa, condenável, um crime bárbaro que com certeza apenas alguém imbuído de uma condição espiritual abominável seria capaz de fazê-lo. Há dias tenho tentado não comentar a notícia por vários motivos, um deles é a carga dolorosa do ponto de vista moral e espiritual. Isso me leva a pensar o quanto uma religião, seja ela qual for, quando mal conduzida, é capaz de fazer. Não resta a menor dúvida, e nisso eu acredito, que o distanciamento de Deus, o desprezo pela palavras e ensinamentos divinos leva seres humanos a esta situação. Do ponto de vista penal, sou daqueles que concorda com penas severas, e em alguns casos à pena de morte como as apregoadas no Antigo Testamento. Podem me criticar à vontade!

Os Jovens do Morro e os do Asfalto

Sempre ficamos indignados quando surgem conflitos nos morros, principalmente no Rio de Janeiro, mas a verdade é que refletimos muito pouco sobre por que atingimos este estado mórbido social e sobre suas causas. Muito já se falou da falta de permeabilidade do Estado nas comunidades, da injustiça social que reina nos morros e da omissão do Poder Público em assistir aos pobres. Com efeito, o somatório de todos esses fatores contribuiu para que atingíssemos tais níveis de violência.

A par desses fatores, a falta de uma política coordenada e sistemática de combate ao crime concorreu para que a delinquência organizada formasse um Estado paralelo de difícil controle. Temos que admitir que os órgãos de repressão agem e atuam de acordo com a lei, em respeito aos dizeres da nossa Constituição, e tornam, de certa forma, o Estado repressor limitado e incapaz de combater a criminalidade na nossa sociedade, em face da ousadia dos marginais.

O ponto central desta questão está, de um lado, no Estado Democrático de Direito, nas garantias individuais da pessoa humana, na democracia em si, e, de outro, na atuação da polícia, sempre focada no ponto de vista legal. Assim, as únicas medidas possíveis de acabarmos de vez com a criminalidade passam a ser de longo prazo, como o aumento da participação do Estado nas comunidades carentes, a promoção da inclusão social dos jovens da periferia e a conscientização de que, quando acompanhadas da real oportunidade de emprego e do desenvolvimento pessoal, a cultura e a educação são mais vantajosas que adentrar para o mundo do crime.

Diante dos fatos, é essencial acreditar que uma educação fundamental, composta de valores cívicos e religiosos, aliada à participação maciça do Estado na erradicação da miséria, poderá fazer com que a repressão, nos limites da lei, seja o suficiente. Desse modo, talvez alguns pobres jovens dos morros e dos asfaltos não desistam do bom caminho com tanta facilidade, rechaçando os fuzis e abraçando os livros, contribuindo, assim, para um Brasil melhor, que dependa, é claro, muito mais da boa vontade de um Estado justo e provedor do que da nossa omissa indignação diante das notícias.

Fernando Rizzolo

“Chega de corrupção e rolo, para deputado federal Fernando Rizzolo- PMN 3318”

É grave estado de saúde de menina baleada junto com a mãe em favela

É grave o estado de saúde da menina de 11 meses, que foi baleada junto com sua mãe na Favela Kelsons, na Penha, no subúrbio do Rio.

A mãe não resistiu e morreu no hospital. Segundo a Secretaria estadual de Saúde, o estado de saúde da criança é grave, mas estável. Ela foi operada ainda no domingo (25) e encontra-se internada no pós-operatório do Hospital Getúlio Vargas, na Penha.

O corpo de Ana Cristina será enterrado no Cemitério de Irajá às 16h desta segunda-feira.

O crime aconteceu quando Ana Cristina Costa do Nascimento, de 24 anos, e mais seis pessoas – entre elas, o marido e mais dois filhos – passavam pela Rua Marcílio Dias, em direção à Avenida Brasil e vários disparos foram feitos na noite de domingo. Um dos tiros atravessou as costas da dona de casa saindo pelo peito e atingindo o braço do bebê, que estava no colo da mãe. De acordo com parentes das vítimas, por volta das 22h de domingo (25), a vítima, que morava em Vista Alegre, no subúrbio, saía da favela com a família. Segundo eles, ela tinha ido visitar a irmã, que mora na Favela Kelsons, e seguia para um ponto de ônibus na Avenida Brasil, quando policiais em quatro patrulhas do 16º BPM (Olaria), entraram atirando na favela.

Policiais do 16º BPM informaram que ao patrulhar a região uma Blazer do batalhão foi atacada por traficantes. A assessoria da PM informou, na manhã desta segunda-feira (26), que os policiais não revidaram, porque havia muitos pedestres na rua, no momento. A PM lamentou a morte da vítima e afirmou que vai colaborar com a apuração dos fatos, entregando as armas dos policiais para a perícia.

Parentes contaram que Ana Cristina tinha ido à casa da irmã para organizar a festa de 1 ano da filha, no mês que vem. A dona de casa deixa dois outros filhos de 6 e 3 anos, respectivamente.

Eles informaram ainda que outras pessoas do grupo não foram atingidas pelas balas porque conseguiram se jogar no chão, no momento dos disparos.

globo

Rizzolo: Mais uma vez a população pobre da comunidade é vítima da violência. Como já afirmei em outros comentários, na realidade isso tudo é fruto de anos de abandono do poder público. Só com um investimento maciço na educação, na inclusão social, poderemos a longo prazo, fazer com que partes dos jovens do morro, que hoje atuam na marginalidade, tenham a opção pela cidadania. Repressão a violência e livros, educação, religião, princípios, e acima de tudo vida digna a todos, através dos programas de inclusão social são os caminhos.Tenho pena dos pobres moradores do morro nesso momento tão triste.

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Competição no mercado de drogas alimenta violência no Rio, diz ‘Economist’

Uma reportagem publicada na revista britânica The Economist afirma que a violência nos morros do Rio de Janeiro é alimentada por uma competição singular no mercado de drogas, que impõe uma série de dificuldades financeiras às gangues do tráfico e as leva a uma disputa feroz por espaços.

No artigo, a revista que chegou às bancas nesta sexta-feira questiona por que a cidade testemunha episódios de violência similares à briga entre facções que ocorreu no último fim de semana e cujos desdobramentos já deixaram mais de 30 mortos.

“Se as pesquisas sobre o uso de drogas forem confiáveis, o consumo per capita de cocaína, crack e maconha fica perto da média quando comparada com outras capitais de Estado”, é o pressuposto inicial da revista. “Então por que a cidade que acabou de levar a indicação para as Olimpíadas de 2016 é tão inclinada a ataques repentinos de violência por causa da droga?”

A primeira razão, diz a reportagem, é que “a cidade é marcada por uma história de governos ruins”. “Erros passados incluem acomodar interesses de facções de traficantes na esperança de mantê-los pacificados.”

Outro motivo seria a polícia carioca. “Algumas das armas usadas pelos traficantes são vendidas a eles pela polícia, e os policiais ainda praticam demasiadas execuções sumárias em vez de se dar ao trabalho de processar os suspeitos, fazendo com que os moradores das favelas os vejam como uma fonte de injustiça tanto quanto os traficantes.”

A terceira razão, que a Economist analisa com mais detalhes, é o fato de existirem na cidade três gangues rivais que disputam o mesmo mercado consumidor, enquanto outras capitais têm apenas um grupo dominante. “Um estudo do governo estadual sugere que, por conta dessa competição, longe de viver como personagens de um vídeo de hip-hop da MTV, os traficantes do Rio estão operando ‘perto do zero a zero’.”

Sobre um faturamento anual de cerca de R$ 316 milhões, as gangues lucram cerca de R$ 27 milhões, diz a revista, citando o estudo. Grande parte dos recursos é destinada à compra de armas, pagamento de pessoal e vendedores de drogas.

A estrutura de salário é “surpreendentemente linear” – ou “uma exceção ao quadro nacional de distribuição desigual de renda”, nas palavras da Economist – e as gangues já embarcaram em atividades paralelas, como o fornecimento ilegal de eletricidade, em busca de outras fontes de renda.

“Antes da violência recente, alguns analistas haviam sugerido que as dificuldades financeiras estavam levando as gangues a cooperar em algumas operações”, diz a revista. “Mas a resposta mais comum a esta situação é invadir o terreno do vizinho.”
BBC

Rizzolo: A análise pode estar correta, contudo o pensar como podemos solucionar essa questão é que esbarra no fator tempo. Não há dúvida que uma vez o problema da violência instalado quer por motivo das drogas, ou brigas de facções, a solução se dará através de um programa a médio e longo prazo, e o foco principal é a educação na infância desta nova geração. O binômio repressão e educação são a chave para no que futuro, pautada através dos programas de inclusão, as comunidades carentes se tornem libertadas da marginalidade, que hoje representa o Estado omisso. Culpar a população dos morros, os pobres, no seu velado apoio aos traficantes, e ser conivente com décadas de um Estado perverso e omisso onde os interesses políticos habitavam apenas o poder, esquecendo o mais essencial que era o devido olhar aos pobres e necessitados dos morros.

Sobe para 29 o número de mortos na guerra do tráfico no Rio

A guerra do tráfico nas favelas da Zona Norte do Rio já soma 29 mortos desde a madrugada de sábado (17). Na madrugada desta quarta-feira (21), mais três criminosos, segundo a Polícia Militar, foram mortos em confronto, no Morro do Juramento, em Vicente de Carvalho, no subúrbio do Rio.

Depois de uma noite de medo nas imediações do Morro São João, no Engenho Novo, no subúrbio, quando surgiram boatos de que a comunidade seria invadida, o ambiente é de aparente tranquilidade na manhã desta quarta-feira. O mesmo acontece nas imediações do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte, onde o movimento de moradores e do comércio é normal.

A polícia informou que com os criminosos foram apreendidas três pistolas, 133 papelotes de cocaína, 51 trouxinhas de maconha e 97 pedras de crack.

Segundo informações do 9º BPM (Rocha Miranda), que desde terça-feira reforça o policiamento nos acessos ao Juramento, eles chegaram a ser levados para o Hospital Carlos Chagas, em Marechal Hermes, no subúrbio. Mas segundo o hospital eles já teriam chegado mortos à unidade. O caso foi registrado na 22ª DP (Penha).

No início da noite de terça-feira (20), policiais do 1º BPM (Estácio), que reforçavam o patrulhamento nos morros do Fallet e do Fogueteiro, no Rio Comprido, na Zona Norte, estavam deixando a região quando começou um confronto. Um homem, que segundo a polícia seria traficante, foi morto. A polícia apreendeu uma metralhadora, uma pistola, um carregador, munição e um carregador.

Noite de medo

Moradores dos morros São João, Quieto e Matriz, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixaram as suas casas por volta das 21h desta terça-feira (20) com medo. Alguns deles contaram ter ouvido supostos traficantes dizendo que estavam no Morro São João e que iriam matar os moradores. Várias pessoas ocuparam as ruas da região.

Logo após as denúncias de moradores de que o morro poderia ser invadido, policiais militares do 3º BPM (Méier) e de outras unidades foram acionadas para o local. Segundo o comandante do 3º BPM, tenente-coronel Álvaro Moura, os policiais foram checar as informações e não encontraram qualquer indício de invasão ou confronto entre traficantes. O coronel Álvaro Moura afirmou que nenhum tiro foi disparado na região.

A polícia continua à procura do traficante Fabiano Atanásio da Silva, o FB, que segundo investigações, seria suspeito de chefiar a invasão ao Morro dos Macacos.

globo

Rizzolo: O grande problema desse confronto, é o clima de instabilidade social e emocional dos moradores das comunidades. A repressão é necessária para manter a ordem, porém as medidas de real impacto não estão a curto prazo. A vascularização da inclusão social, o preparo educacional das crianças e jovens do morro antes que decidam pelo crime, é algo a ser construído através de políticas sérias, investimentos, e determinação do poder público. Os pobres dos morros, das comunidades da periferia foram abandonados durante décadas, sempre foram vistos como marginais, excluídos do desenvolvimento; agora, muito embora o governo tenha avançado na inclusão, precisamos se voltar para os programas que visem a segurança pública juntamente com a educação aos jovens, para salvá-los do mau caminho.

Mendes cobra ação nacional contra o crime organizado

RIO DE JANEIRO – O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, cobrou hoje uma ação nacional mais eficaz no combate ao crime organizado e disse que a responsabilidade pelo controle da violência no Rio de Janeiro não está restrita às autoridades do Estado. “Estou convencido de que o Brasil tem de ter um programa sério, digno deste nome, de segurança pública. Os senhores têm no Rio uma questão básica, o uso de armamentos pesados que foram importados ilegalmente. Isso passou pela fronteira. Não é um problema basicamente do Rio, mas de falta de controle. Precisa de articulação”, afirmou o ministro.

Mendes esteve no Rio para assinar um termo de cooperação com o Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2014. O documento prevê a participação de ex-presidiários nas obras para o campeonato de futebol, que será realizado no Brasil. O presidente do Supremo evitou comentar a guerra entre facções iniciada na madrugada de sábado, no Morro dos Macacos, na zona norte do Rio, onde um helicóptero da Polícia Militar (PM) foi abatido por traficantes.

“Há uma responsabilidade nacional, não podemos imputar apenas às autoridades locais”, disse Mendes. O ministro defendeu algum tipo de atuação das Forças Armadas e citou a discussão sobre a criação de um fundo específico para combate à violência. “Falamos até de um Fundef (fundo destinado ao ensino fundamental) para a segurança pública. Não se trata apenas de subsidiar o Rio de Janeiro ou repassar recursos. Temos de discutir até mesmo, em algum tópico, o emprego das Forças Armadas em matéria de segurança pública”, afirmou.

agencia estado

Rizzolo: O problema da violência no Rio de Janeiro passa também pela entrada ilegal de armas via fronteira, mas tudo isso é causa de algo maior, algo que foi constituído através do abandono do Estado, e agora nos resta não apenas reprimir, mas se voltar ao que é fundamental: educação, cidadania, e inclusão social; principalmente em relação às novas gerações, às crianças do morro de hoje, que amanhã terão que optar entre o crime e a dignidade. Repressão como um fator desestimulante, promovendo a educação e inclusão aos jovens e as crianças do morro e periferia, fazendo com que a opção ao crime seja uma má escolha.

Dilma: violência no RJ revela ‘o quanto faltou o Estado’

ARARAQUARA – A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse hoje que o episódio de violência no fim de semana, no Rio de Janeiro, “mostra o quanto faltou o Estado, no sentido amplo da palavra, nessas comunidades que estão numa luta contra o tráfico”. Dilma manifestou solidariedade ao governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e disse que, se for necessário, pode haver o uso da Força Nacional de Segurança (FNS).

De acordo com a ministra, a presença do Estado brasileiro nessas áreas é fundamental não só pela atuação da polícia no dia a dia, de forma ostensiva, mas também em ações como a que o governo faz de obras de infraestrutura em alguns morros cariocas, entre eles Complexo do Alemão, Rocinha, Pavão-Pavãozinho e Manguinhos.

“Em favelas, quem domina é o tráfico e os criminosos, e combatê-los é algo fundamental, que faz parte do governo do presidente Lula, e nós temos feito isso através desses dois mecanismos (polícia e infraestrutura).” Dilma esteve na manhã de hoje em Araraquara, no interior paulista, na vistoria da obra da Arena da Fonte, um estádio de futebol que recebeu R$ 21 milhões do governo federal e que pretende servir como apoio para a Copa do Mundo de 2014.
agencia estado

Rizzolo: Não resta a menor dúvida que estes conflitos têm na sua origem décadas de abandono do poder público a esta comunidades, que por não terem a devida assistência, ficaram à mercê dos narcotraficantes, que em ultima instância acabaram fazendo o papel do Estado. Se há alguém culpado por esta situação foi o espírito egoísta daqueles governantes que acima de tudo sempre enxergaram que o social estava preterido ao capital, abandonando de forma perversa os pobres jovens do morro e das comunidades pobres. Agora, resta ao Estado ter puslo firme e combater a marginalidade instalada.

Conflitos no Rio deixam 12 mortos, diz Beltrame

RIO DE JANEIRO – O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrami, disse que “dez marginais” foram mortos em confronto com a polícia do Rio de Janeiro neste sábado, 17. Outros dois policiais também morreram, na explosão de um helicóptero. Durante todo o dia, a cidade teve diversos confrontos entre polícia e traficantes. Em entrevista coletiva, ele acrescentou que foram apreendidos dez fuzis, uma carabina, que houve um preso.

Durante uma operação policial no morro dos Macacos, em Vila Isabel, na zona norte do Rio, traficantes atingiram um helicóptero, que tentou um pouso forçado e explodiu, causando a morte de dois policiais. Um capitão PM foi baleado na perna e outros dois policiais tiveram queimaduras sem gravidade. O aparelho, parcialmente blindado, dava apoio a uma operação com 120 homens da PM para acabar com o confronto entre traficantes na guerra de disputa por pontos de vendas de drogas no Morro dos Macacos.

Após pouso forçado em campo de futebol, helicóptero começou a pegar fogo e explodiu

De acordo com o relato de moradores, o confronto entre traficantes começou por volta da 1h30 e se estendeu durante a manhã de hoje. Segundo informações da polícia, houve uma tentativa por parte da facção criminosa Comando Vermelho de invadir o Morro dos Macacos, dominado pela facção Amigo dos Amigos (ADA). Criminosos do Complexo do Alemão, Manguinhos e do Jacarezinho teriam invadido a favela em um caminhão-baú, que ficou abandonado em um dos acessos à comunidade Alguns moradores da favela colocaram fogo em pneus na Rua Visconde de Santa Isabel para impedir a chegada da polícia. Em seguida, manifestantes tentaram, sem sucesso, invadir a carceragem da Polinter para linchar presos da facção que invadiu a favela.

Até o início da tarde, cinco ônibus, um carro, um depósito de gás e duas salas de uma escola municipal foram incendiados nas imediações da Favela do Jacaré. Mesmo após a chegada de 120 policiais militares, o tiroteio entre os traficante continuou. Um policial do 6º BPM (Batalhão da Polícia Militar) ficou encurralado no alto do morro dos Macacos. Um helicóptero Fênix da Polícia Militar foi resgatá-lo. De acordo com testemunhas, a aeronave foi alvo de intensos disparos. Atingida, começou a pegar fogo e o piloto perdeu o controle. O pouso forçado aconteceu em um campo de futebol na Vila Olímpica do Sampaio, nas imediações do Morro da Matriz, na zona norte da cidade, a cinco quilômetros do morros dos Macacos.

Ação das facções foi em retaliação à operação da polícia

“Ouvimos um barulho do helicóptero, depois o som do impacto no chão, seguido por uma explosão”, relatou uma moradora. Os três policiais que sobreviveram à queda, pularam da aeronave, antes de ela tocar no chão. Os dois que ficaram morreram carbonizados. “Um PM saiu com o corpo em chamas e ficou apenas de cuecas”, contou um morador. No momento do resgate dos feridos, os traficantes voltaram a atirar na direção dos policiais.

Depois da tragédia, a polícia acionou o Corpo de Bombeiros, que informou que não prestaria socorro, por se tratar de “área de risco”. Uma ambulância e três viaturas chegaram apenas 50 minutos depois. Dois outros helicópteros, um da PM e outro blindado da Polícia Civil, foram acionados e também foram alvo de disparos, mas não foram abatidos. O confronto se estendeu para favelas vizinhas ao morro dos Macacos e do complexo do São João.

Folgas foram suspensas em vários batalhões da região metropolitana e nas delegacias especializadas. No início da tarde de hoje, os confrontos haviam arrefecido, mas não havia ainda um número oficial de mortos. Atingido por um bala “traçante”, o almoxarifado de uma escola municipal pegou fogo. No Jacaré e na avenida suburbana, por volta das 12h20, traficantes incendiaram dois ônibus.
agencia estado

Rizzolo: Vou retomar um comentário que já fiz inúmeras vezes nestes dois anos de Blog. Se existem bandidos que contam com a proteção e simpatia da população, é porque o Estado ainda não surgiu com os devidos investimentos na área social nestas áreas. O governo Lula avançou muito em relação à inclusão social destas comunidades, mas ainda não foi o suficiente. Isso é parte de um problema; agora não há como convivermos com um Estado paralelo e substituto ao oficial, por mais ausente que este possa ser. É inadmissível que bandidagem tenha o controle de territórios demarcados. Infelizmente quem sofre é a pobre população dos morros, da periferia que na sua maioria é composta de gente honesta e trabalhadora, mas infelizmente foram abandonados pelo Poder Público durante muitos anos. Pobre povo brasileiro, se há algo que me deixa indignado é o cometário daqueles que culpam os moradores do morro pelo poder paralelo dos marginais, a população dos morros são, como já disse anteriormente, vítimas de um Estado ausente e perverso.

Confronto entre PMs e policiais civis deixa 25 feridos em SP; greve continua

Ao menos 25 pessoas ficaram feridas no confronto entre policiais militares e civis durante manifestação na tarde desta quinta-feira (16), nas proximidades do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual paulista. Mesmo com o enfrentamento, o primeiro entre as forças policiais em SP, a Polícia Civil decidiu não encerrar a greve, que já dura um mês.

Depois do confronto com a Polícia Militar durante manifestação na tarde desta quinta-feira, lideranças dos policiais civis em greve afirmaram que a paralisação da categoria no Estado de São Paulo vai continuar. “Mais do que nunca, agora a greve vai continuar”, disse o presidente do Sindicato dos Investigadores de São Paulo, João Rebouças.

A intenção dos policiais civis era pressionar o governo a retomar as negociações e, para isso, pretendiam ser recebidos pelo governador José Serra (PSDB). A Polícia Militar foi chamada para impedir que a passeata –com cerca de 2.000 policiais– se aproximasse da sede do governo

A marcha era escoltada por policiais de dois grupos de elite da Polícia Civil –GOE (Grupo de Operações Especiais) e Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos)– que tentaram impedir a subida dos grevistas à sede do governo, bloqueando as vias com as motos da polícia.

No choque entre policiais civis e PMs foram usadas bombas de efeito moral (gás lacrimogêneo), balas de borracha e a cavalaria para conter os policiais grevistas. O confronto danificou viaturas da Polícia Militar, do GOE e do Garra danificadas.

Treze vítimas foram levadas para o hospital Albert Einstein, próximo ao local do protesto; cinco foram atendidas no hospital Itacolomy Butantã e outras cinco na unidade Morumbi do hospital São Luiz.

No final da noite desta quinta, a assessoria do Albert Einstein informou que todos os feridos apresentam quadro de saúde estável e que cinco deles já foram liberado. O Itacolomy informou que três dos cinco atendidos foram liberados; e, segundo o São Luiz, um dos pacientes, com fratura exposta em um dos dedos da mão direita, foi transferido para o hospital São Leopoldo. Outra vítima atendida no São Luiz sofreu queimaduras de terceiro grau na região abdominal.

Motivação

O governador José Serra (PSDB) afirmou que a manifestação dos policiais civis teve motivação político-eleitoral. “Nessa manifestação estiveram cerca de mil pessoas, e a Polícia Civil tem 35 mil efetivos. Portanto trata-se de minoria. Mais ainda, nem todos que estão na manifestação são da Polícia Civil. Tem CUT, Força Sindical, outros sindicatos, partidos políticos, deputados de outros partidos, todos chamando para a manifestação, com uso claramente político-eleitoral”, disse.

As afirmações do governador foram rechaçadas por lideranças dos manifestantes. O delegado André Dahmer, diretor da Adpesp (Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de São Paulo), culpou o governo do Estado pelo confronto. “Nós não queremos guerra. O governo não quer diálogo. Ele [governo] quer guerra.”

O presidente do Sindicato da Polícia Civil de Campinas e região, Aparecido de Carvalho, também acusou o governo estadual pelo confronto. “É uma irresponsabilidade sem tamanho um governador, que se diz democrático, sabendo que homens armados vêm reivindicar salários e dignidade, colocar a PM, que é uma co-irmã, armada, correndo todos os riscos. O saldo disso poderiam ser diversas mortes de policiais.”

As negociações entre grevistas e governo entraram em um impasse no dia 9 de outubro, quando um acordo parecia estar próximo. Na ocasião, lideranças dos policiais e representantes do governo se reuniram para buscar um consenso.

Uma proposta feita informalmente pelo governo acenava com reajuste salarial de 6,2%, extinção da 4ª e 5ª classe e a redução de três para dois níveis de salários adicionais. Os grevistas apresentaram uma contraproposta durante a reunião, que não foi aceita pelo governo. Desde então, o diálogo foi rompido.

Folha online

Rizzolo: O bom senso nos impõe uma análise mais cautelosa sobre as questões que envolvem esta greve em si, que na verdade possui particularidades. A greve dos policiais civil, à parte da sua legitimidade, não é uma greve como as demais, senão vejamos:

Todos sabem da existência de uma rivalidade antiga, entre as polícias de São Paulo. Até hoje não ficou bem definido o papel da polícia militar e da polícia judiciária, que tem por finalidade a investigação e a condução dos inquéritos. O ocorre que por vezes, uma acaba invadindo as atribuições da outra, sem contar o fato da representatividade política e da presença de grupos políticos partidários como bem afirmou o governador José Serra.

Ademais, existe uma agravante em todo este contexto, as passeatas, os gritos de ordem, as manifestações, são de pessoas que possuem acesso a armas, até pela natureza profissional. Ora, é claro que o governador ao ver a aproximação de mais de 1000 pessoas, policiais muitos armados, se dirigindo ao Palácio dos Bandeirantes, liderados ou incitados por sindicalistas claramente petistas, se viu acuado e isso é natural. Por bemm ” ad cautela “, por precaução, requereu a presença da Polícia Militar no local, por medida de segurança e para eventualmente conter os ânimos, que já estavam exaltados. E deu-se o confronto, um tipo de acerto de contas antigo.

Agora, se Serra não os recebeu, agiu muito mal. Sob qual pretexto um governador do Estado se recusa a receber lideranças? Qual a argumentação do governador para não abrir um canal de diálogo no Palácio Bandeirantes? O que me parece é houve intenção de ambas as partes em ter um ” ganho secundário político” com esse evento triste. Mas que tudo foi arquitetado por aqueles que amargam o desespero eleitoral, foi viu.

No desespero da campanha petista, a CUT, Força Sindical, outros sindicatos, partidos políticos, e deputados de outros partidos, usaram a polícia civil como massa de manobra para atingir seus objetivos. Sempre fui um defensor tanto da polícia civil e militar, mas nesse caso entendo que ambas foram vítimas das ” arruaças políticas eleitoreiras de última hora “, potencializadas com a postura do governador.