Pesquisa revela queda na popularidade da Prefeitura de SP

SÃO PAULO – Uma pesquisa encomendada pelo Movimento Nossa São Paulo ao Ibope revelou que o índice de satisfação da população de São Paulo com a atual administração municipal caiu bruscamente de 2008 para 2009.

De novembro de 2008 a dezembro de 2009, o percentual de paulistanos que considera a administração da Prefeitura boa ou ótima caiu de 46% para 28%. Já o percentual dos que consideram a administração municipal ruim ou péssima subiu de 12% para 26%.

A avaliação foi feita com base no IRBEM (Indicadores de Referência de bem-estar no Município), que compreende aspectos como transparência e participação política, saúde, transporte, habitação, meio ambiente, trabalho, espiritualidade, sexualidade, entre outros.

A nota média de São Paulo foi de 4,8 pontos numa escala de 1 a 10. A nota 1 significa estar totalmente insatisfeito; a nota 10, totalmente satisfeito.

A pesquisa foi feita pelo Ibope, com 1.512 entrevistados, entre 2 e 16 de dezembro. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
agencia estado

Rizzolo: Bem , é claro que com o distanciamento de Kassab da população, o abandono da questão das enchentes, e outros problemas, a popularidade do prefeito despencou. Essa queda já se vinha observando de forma não oficial, pelas opiniões, pelo descontentamento do povo nas ruas. A pesquisa apenas corrobora uma situação que já existia.

Charge do Miguel para o Jornal do Commercio

migueljc

Avaliação do governo federal e do presidente Lula bate novo recorde, diz CNT/Sensus

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governo federal registraram em janeiro deste ano a melhor avaliação positiva na história da pesquisa CNT/Sensus, que começou a ser divulgada em 1998. Segundo o levantamento, o governo do petista recebeu avaliação positiva por 72,5% dos entrevistados, contra 5% que avaliam negativamente o governo. Entre os entrevistados, 21,7% avaliaram o governo Lula como regular.

A avaliação pessoal do presidente Lula também obteve a melhor avaliação histórica da pesquisa, subindo de 80,3% em dezembro de 2008 para 84% em janeiro. Somente 12,2% dos entrevistados desaprovaram o presidente, enquanto 3,9% não responderam.

Os índices de popularidade de Lula são superiores às avaliações de sua popularidade registradas em janeiro de 2003 –ano em que foi empossado no cargo–, quando obteve 83,6% de aprovação.

O presidente da CNT (Confederação Nacional dos transportes), Clésio Andrade, disse que a popularidade recorde do governo Lula é consequência do discurso adotado pelo presidente para tranquilizar a população em meio à crise econômica.

“Concluímos que há forte esperança centrada no discurso do presidente e nas medidas que o governo vem tomando. O discurso do presidente é muito forte, ele cria esperança, divide o ônus, o que é muito importante numa crise econômica”, afirmou.

Na última edição da pesquisa CNT/Sensus, em dezembro de 2008, a avaliação positiva do governo era de 71,1% –um crescimento de pouco mais de um ponto percentual. Desde fevereiro do ano passado o governo Lula vem obtendo recordes sucessivos de popularidade a cada edição da pesquisa.

Em janeiro de 2003, a avaliação do governo chegou a 56,6%, depois registrou queda. Mas voltou a crescer desde o início do ano passado, já em seu segundo mandato.

A pesquisa CNT/Sensus foi realizada entre os dias 26 e 30 de janeiro, em 136 municípios de 24 Estados. Foram ouvidas 2.000 pessoas, e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou menos.

Folha online

Rizzolo: Todos sabem que a crise não advém do governo Lula e sim de fatores externos à economia brasileira. Como já afirmei inúmeras vezes, Lula é um líder e sabe contornar os problemas na medida em que surgem. A política de inclusão social, aliada a um otimismo e um bom senso político fazem do presidente Lula figura inatingível do ponto de vista da popularidade e da aprovação de seu governo. Muitos não concordam comigo e não gostam deste comentário, mas contra fatos, não há argumentos. Isso com certeza turbina os anseios daqueles que apregoam um terceiro mandato, mas acho difícil.

Desemprego pode contaminar popularidade de Lula, diz analista

SÃO PAULO – O recorde de popularidade de Luiz Inácio Lula da Silva registrado nas pesquisas CNI/Ibope e CNT/Sensus passa a idéia de uma imunidade da imagem do presidente a todas as questões e temas polêmicos em discussão, mas este quadro pode se reverter caso a crise financeira mundial chegue com força no País. “Até agora sim (imune). Num futuro, só se essa crise vier acompanhada de um cenário muito ruim, de recessão, desemprego generalizado. Essa seria a única chance dessa crise contaminar o presidente”, disse ao estadao.com.br o cientista político da UnB, Leonardo Barreto.

Barreto disse que os índices de aprovação são, na verdade, voto de confiança do eleitor sobre a postura do presidente frente aos efeitos da crise. “Primeiro ele negou a crise, e depois quando a crise apertou de fato, ele disse, vamos sair dessa, na medida em que todo mundo comprar a gente vai saindo. Ele tomou medidas para manter o nível de consumo. Não é só questão da imagem, carisma esta ligada a crença de que aquela pessoa ali tem capacidade de superar as dificuldades, isso que faz o líder.”

O cientista político da UnB explica que as pessoas se identificam com presidente Lula porque ele é o projeto do homem brasileiro. E vai além: “Estamos diante de um fenômeno que está no patamar do Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek. Daqui a vinte anos vamos falar dele, vai até virar minissérie.”

Para Aldo Fornazieri, cientista político e diretor acadêmico da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o maior segredo de Lula é a liderança carismática associada ao bom desempenho da economia e às políticas na área social, com programas como o Bolsa-Família. O cientista não acredita que a crise afetará a popularidade do presidente. “Teremos um primeiro semestre complicado, mas a partir do segundo semestre teremos um processo de recuperação econômica e, em 2010, o Brasil deve crescer de 4% a 5%. Se houver desgaste ou perda de popularidade no próximo ano, País vai se recuperar em 2009”, avaliou.

Fornazieri diz ainda que o Brasil tem uma carta na manga, a taxa de juros. “Temos a taxa mais alta do mundo e, por isso, ela pode se tornar um trunfo na medida em que a inflação está controlada. Aí o BC pode começar uma escala descendente da taxa de juros, potencializando e beneficiando a economia, o que possibilitará uma saída para a crise no Brasil mais rápida que em outros países”, afirmou.

Sobre Dilma

O cientista político discorda que seja um problema para o PT e para a sucessão de Lula o fato de quase metade dos entrevistados da pesquisa CNT/Sensus não conhecerem Dilma. Para ele, o problema para o presidente e a base governista é outro: “A oposição tem um candidato muito consolidado que é o Serra (José Serra, governador de São Paulo). Esse é um problema”. Serra aparece liderando as preferências do eleitorado em 2010, segundo levantamento. Outro ponto ressaltado por Fornazieri é que Dilma só exerceu cargos técnicos e nunca políticos.

Agência Estado

Rizzolo: Tenho sempre dito desde o início deste Blog, quando ainda concordava com a maioria das questões e tomadas de posição do governo petista, que Lula sempre foi um grande líder. A partir deste ano, minhas divergências políticas se acentuaram, mas no tocante à pessoa do presidente Lula, seu carisma, e sua notável capacidade de se descolar do petismo nas horas certas, faz dele uma pessoa realmente especial. E não digo de hoje, quem acompanha este Blog sabe. É claro que Lula perdeu muito ao se afinar com o campo majoritário do PT, mas isso é um problema que o presidente tem que enfrentar ele deverá ser hábil em fazer. Já no tocante ao encaminhamento da crise, o presidente tem sido um otimista, e isso funciona, é claro, até quando o desemprego não bater na porta da maioria. Essa é a realidade.

O otimismo é o grande eleitor

Como é possível que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atinja picos de popularidade e aprovação enquanto as simulações de voto apontam liderança folgada dos candidatos da oposição na corrida pela sucessão presidencial em 2010? Esse aparente paradoxo aparece nos números da pesquisa CNT/Sensus, que pode ser conferida em reportagem às páginas 2 e 3 desta edição [do Correio Braziliense].

Há algumas hipóteses imediatas, no terreno do senso comum. Pesquisa a tanto tempo da eleição não diz muita coisa, objetam alguns. É um argumento razoável, ainda que os mesmos que torcem o nariz para a suposta antecedência excessiva fiquem eles próprios de orelha em pé a cada informação sobre intenção de voto para presidente.

Uma segunda linha é que os números refletem mais o recall do que a disposição real de votar neste ou naquele. A memória de eleições passadas certamente tem importância. Mas não explica, por exemplo, o bom desempenho de um político como Aécio Neves — que nunca disputou eleição fora de Minas Gerais e a quem falta presença nacional equivalente à de seus concorrentes pela indicação no PSDB. Aliás, se recall fosse tudo, certamente Geraldo Alckmin apareceria à frente de Aécio na espontânea, e não atrás.

Um terceiro caminho é creditar o desempenho presidencial ao “lulismo”, ao carisma de um presidente supostamente descolado de sua base partidária e cuja influência eleitoral estará limitada por não poder ele próprio concorrer a um novo mandato. “2010 será a primeira eleição sem Lula, desde a volta das diretas para presidente”, repete-se. É verdade. Lula não poderá se candidatar ele próprio daqui a três anos. Mas nada impede que venha a apoiar um “Lula”, alguém que signifique a continuidade das políticas de seu governo.

O fato é que o presidente vai muito bem, obrigado. Depois de anos de polêmicas, já há consenso de que as políticas sociais e a economia respondem estruturalmente pela popularidade de Lula e pela musculatura política dele. A variável a analisar é outra: deseja-se avaliar se, e quanto, ele será capaz de “transferir” musculatura e popularidade a um candidato.

Uma questão da pesquisa divulgada ontem pode contribuir para clarear o caminho da análise. O Sensus quis saber por quanto tempo o entrevistado acha que o Brasil vai continuar a crescer. Quase 61% responderam que o país “não vai parar” de crescer. Uma taxa alta de otimismo, especialmente porque colhida logo depois do intenso noticiário negativo decorrente da crise financeira americana.

Quando abriu seu mandato, em 2003, Lula disse que iria trabalhar para aumentar a auto-estima nacional. Parece que conseguiu. Sob Lula, pelo menos seis em cada 10 brasileiros esbanjam otimismo em relação ao futuro do país. E, se a economia e os programas sociais são o capital presente do governo, esse otimismo é o seu grande capital futuro.

Pois eleições são invariavelmente apostas sobre isso, o futuro. Currículo é pré-requisito, mas não decide. O que amarra o voto é a capacidade de liderança, de encarnar a habilidade e a força necessárias para transformar sonhos em realidade, para alcançar dias melhores. O suadouro que Barack Obama está aplicando em Hillary Clinton deveria servir de lição a esse respeito.

Lula conseguiu transformar o brasileiro médio num otimista. Se o estado de espírito persistir, o presidente da República será o principal eleitor em 2010. Mas isso não significa que a oposição vá necessariamente caminhar para o matadouro. Se ela for inteligente, poderá tentar emplacar um discurso em que estejam conectadas as realizações positivas do governo do PT e a necessidade de renovação política, sem grandes rupturas.

Até o momento, a aposta da oposição parece residir em outros lugares. Em uma suposta superioridade gerencial e administrativa que só existe na cabeça dos marqueteiros dela. Ou na tentativa de levantar o país numa cruzada moral “contra a roubalheira”, conforme o conselho de Fernando Henrique Cardoso. Os números do Sensus são a enésima evidência de que, por aí, a oposição brasileira caminha mais uma vez para a derrota. Ainda que hoje possa saborear confortáveis — e enganadores — índices de intenção de voto.

Coluna (Nas entrelinhas) publicada (19/02/2008) no Correio Braziliense.
Por Alon Feuerwerker

Rizzolo: Concordo com o Alon, não há dúvida que a imagem de Lula hoje está distanciada do PT. Ao privilegiar banqueiros, e aumentar a capacidade de renda da imensa população pobre, fez o presidente uma mistura ideal (mas pouco moral) nesse momento histórico. É inocência acreditar que a elite financeira lucrando nesse patamar vai por em risco, as espetaculares rentabilidades do setor, e os pobres que agora tem ao menos mais dinheiro no bolso e oportunidades de emprego face à situação econômica, vão descer o morro rufando seus tambores de guerra por de gastos públicos de uma ministra em free shop. Falta no momento uma consciência ética, e isso se faz com tempo, condições de vida adequadas, e educação. Caso contrário surgirão vários “Lulas” quantos for necessário, na preservação dos interesses dos poderosos em troca de algumas esmolas aos desvalidos que nada tiveram e que por pouco se tornam otimistas e gratos a quem ao menos lhes estendeu as mãos.