Que ninguém se engane: Obama é o “império”, diz Chávez

CARACAS (Reuters) – O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, disse nesta terça-feira que ninguém deve se iludir com a posse de Barack Obama como presidente dos EUA, mas reiterou que espera uma mudança de atitude de Washington em relação à América Latina.

Obama, de 47 anos, tomou posse neste terça-feira como o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, criando grandes expectativas dentro e fora do país, apesar de enfrentar a pior crise econômica em décadas.

“Hoje é um dia… que tem uma particular importância em nível internacional porque hoje assume a presidência dos Estados Unidos um novo presidente. Ninguém se iluda, trata-se do império norte-americano!”, disse Chávez em um ato de campanha eleitoral.

Chávez disse que seu país continuará em “revolução”, sem se importar com quem é o inquilino da Casa Blanca.

“Nós seguiremos avançando independentemente de quem seja o presidente dos Estados Unidos, independentemente da política exterior deste governo, a revolução bolivariana seguirá avançando, construindo a independência nacional da Venezuela”, afirmou.

Mas na segunda-feira ele havia dito que espera que o novo presidente “olhe para a América Latina com um novo olhar, com um novo enfoque de respeito às democracias e aos processos de mudança que avançam em nossa terra”.

Chávez transformou o confronto ideológico de sua autoproclamada “revolução socialista” com “o império capitalista” em uma das prioridades de sua política internacional e interna, denunciando uma conspiração de Washington para derrubá-lo e tomar posse das riquezas do país, especialmente o petróleo.

Na semana passada, o líder venezuelano pediu a quem se referiu como o “homem negro” que retifique suas opiniões sobre seu governo se deseja que melhorem as abaladas relações diplomáticas entre as duas nações.

O presidente venezuelano também não perdeu a oportunidade para se despedir do ex-presidente George W. Bush, que deixou a Casa Branca nesta terça-feira. Durante seu mandato, Bush foi chamado por Chávez de “diabo”, “bêbado”, “burro” e “assassino”.

“Por um lado estamos contentes de que este presidente vai embora do governo que encheu o mundo de terror e de violência. Adeus, senhor Bush!”, exclamou o presidente venezuelano.

(Por Ana Isabel Martínez)

Folha online

Rizzolo: Bem , Chavez é o tipo do sujeito que não podemos levar à sério, até porque o que ele quer é aparecer. Ontem, é claro, quiz com suas declarações, aparecer mais que Obama, e não perdeu a oportunidade de acusar os EUA de imperialistas como de praxe e custume. Como diz Chavez ” Obama é o império” , e isso nos autoriza dizer que Chavez continua sendo o eterno ” fanfarrão da América Latina”.

Esquerda da América Latina festeja posse de Lugo no Paraguai

ASSUNÇÃO – O ex-bispo Fernando Lugo toma posse na sexta-feira como presidente do Paraguai, numa cerimônia que terá a presença dos principais líderes esquerdistas da América Latina.

Lugo, cuja formação política está ligada à Teologia da Libertação e à luta dos sem-terra, encerrou 61 anos de hegemonia política do Partido Colorado ao ser eleito presidente, em abril, com 40 por cento dos votos.

Na véspera da posse, milhares de seguidores foram a um ginásio da capital para ver um discurso em que ele prometeu não elevar o próprio salário.

“Assim que Lugo começar a mudar as coisas os ataques vão começar. Mas graças a Deus temos o apoio do nosso povo. Novos ventos estão soprando na América Latina, que realmente vive uma nova era”, disse o presidente esquerdista do Equador, Rafael Correa, ao desembarcar em Assunção na quinta-feira.

O boliviano Evo Morales declarou que Lugo é um “irmão” que faz parte das transformações na região. O venezuelano Hugo Chávez, outro expoente da esquerda latino-americana, também deve assistir à posse.

Embora Lugo prometa governar para os pobres, ele se diferencia de Chávez e aliados por adotar um tom mais conciliador em relação à iniciativa privada e por prometer menos intervenção estatal na economia.

O brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e a argentina Cristina Kirchner também devem comparecer à cerimônia. Já os presidentes mais conservadores da região –Alan García (Peru), Álvaro Uribe (Colômbia) e Felipe Calderón (México)– devem apenas enviar representantes.

Para permitir a posse de Lugo, o Vaticano aceitou com relutância revogar o seu “estado clerical”.

Eleito com 40 por cento dos votos em turno único, Lugo chega ao poder cercado por grandes expectativas, mas terá de enfrentar enormes desafios –especialmente a corrupção, endêmica no país.

O problema é tão grave que Lugo diz ter tido dificuldades em encontrar um diretor de alfândegas, epicentro da indústria paraguaia do contrabando. Uma pessoa convidada para o cargo sofreu ameaças de morte, segundo o novo presidente.

O Nobel de Economia norte-americano Jospeh Stiglitz dá consultoria ao novo governo e sugeriu a Lugo que taxe as exportações de soja e carne em 15 por cento, para melhorar a arrecadação fiscal.
Agência Estado

Rizzolo: Às vezes fico realmente em dúvida se estes governos que se dizem de “esquerda”, usam o dialeto esquerdista para tomar o poder para que depois acabem sorrindo para a direita, ou se no fundo, tudo isso é não uma tática marxista. Tomam o poder a estratégica ” violino”, ou seja, “tomam com a esquerda, e tocam com a direita”, o problema são os grupos que circundam estes governos de esquerda, que evidentemente começam a cobrar posições, como no caso brasileiro.

A verdade é que existe na América Latina um certo ” ar charmoso” bem latino, coisa antiga da década de 50,de que ser de esquerda é ” chique”. Detesto radicalismos, já li toda obra de Marx, durante anos ” O Capital” e outros, foram meus livros de cabeceira, coisa que muito comunista nunca fez, li tudo sobre Leon Davidovtich Trostsky, fiz uma incursão também ao trotskismo, coisa que muito comunista também nunca fez, estive nas favelas da Venezuela e fui um dos primeiros brasileiros a ser convidado a conhecer o que é o chavismo, oportunidade e convite que muitos dos que apóiam Chavez nunca foram ou receberam.

Hoje não me considero nem de direita tampouco de esquerda, sou racional, frio, sigo a uma lógica judaica de enxergar o mundo. Defendo os EUA? Sim, em muitas coisas, nem todas. Existe algo de bom nos governos de esquerda? Sim, nem tudo. Racionalismo, lógica, discernimento, desapego, cultura, só assim a esquerda e a direita brasileira e da América Latina vão crescer. O resto é pura bobagem, o resto é seguir os outros que estão completamente perdidos do ponto de vista ideológico.