Lula diz que uso do protecionismo como solução contra a crise “pode gerar o caos”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o uso do protecionismo como solução contra a crise financeira mundial. Em discurso a empresários na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente afirmou que os líderes mundiais que se reunirão em Londres no dia 2 de abril (reunião do G20) “não têm o direito de aceitarem o protecionismo como solução para a crise”.

“O protecionismo levará a um aprofundamento da crise. Se Estados Unidos, Europa e Brasil se fecharem, nós poderemos ter o caos”, disse Lula.

Folha online

Rizzolo: Bem esta questão do protecionismo é controversa, contudo, defendo a idéia de que em momentos de crise como esta, em que estamos diante de uma onda protecionista arrebatadora, se insistirmos em afirmar que o protecionismo é ruim, que o protecionismo é um atraso, que o protecionismo é a antítese do desenvolvimento, e nada fizermos para dar o mínimo de proteção à nossa indústria nacional, sucumbiremos; até porque, se todos os países instituem um certo protecionismo, temos que forçosamente instituir um protecionismo bem dosado, com bom senso, light, e que atinja alguns produtos digamos, “sensíveis”.

Discurso é bom. Afirmar que temos que investir na diminuição da carga tributária é ótimo, investir nos portos, melhor ainda, na desburocratização, é óbvio, só que tudo isso leve tempo e as contas estão aí, não podem esperar. Proteja-se ! Por um protecionismo de bom senso, vamos também cuidar das nossas indústrias. Que tal ?

Argentina rechaça ”made in Brazil”

Industriais argentinos pediram ao governo da presidente Cristina Kirchner que “não se deixe pressionar” pelo empresariado brasileiro e continue adotando medidas protecionistas para restringir a entrada no país de produtos “made in Brazil”. Sintomática e estrategicamente, o pedido foi realizado antes da partida de um grupo de ministros argentinos, que chega hoje a Brasília para se reunir com representantes do governo brasileiro.

O Brasil pretende oferecer linhas de financiamento para as exportações argentinas para tentar desarmar a onda protecionista do país vizinho. Na semana passada, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, pediu ao governo que adote “retaliações” para compensar o protecionismo do governo argentino.

Hoje, no Itamaraty, a Argentina estará representada pelos ministros Jorge Taiana, das Relações Exteriores, Carlos Fernández, da Economia, e Débora Giorgi, da Produção. Do lado brasileiro, os ministros Celso Amorim, das Relações Exteriores, Guido Mantega, da Fazenda, e Miguel Jorge, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior . Ontem, na véspera da viagem do grupo, o ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Roberto Mangabeira Unger, iniciava em Buenos Aires uma visita de dois dias com a missão de debater com o governo argentino, empresários e sindicalistas como os dois países vão enfrentar a crise global.

Ao longo de janeiro, a Argentina aplicou licenças não automáticas para a entrada de pneus e multiprocessadores de alimentos. Além disso, aplicou preço mínimo para a entrada de 50 tipos de tubos de aço e ferro e, desde a semana passada, entrou em vigor mais uma série de restrições para 800 novos produtos provenientes de todo o mundo, atingindo as vendas brasileiras de têxteis, especialmente as de denim, toalhas, lençóis e moletons.

O governo também criou uma mesa de controle para a entrada de produtos da cadeia de alumínio – dos US$ 262 milhões em produtos de alumínio importados pela Argentina em 2008, US$ 112 milhões foram importados do Brasil. O subsecretário de Integração Econômica, Eduardo Sigal, afirmou que as medidas “são legais e legítimas, de acordo com as especificações da Organização Mundial do Comércio (OMC)”.

Em janeiro houve queda abrupta no comércio entre os dois maiores sócios do Mercosul – as exportações brasileiras para a Argentina caíram 51% ante janeiro de 2008. As vendas argentinas para o Brasil caíram 46,1%. Segundo Pedro Bergaglio, líder da fundação Pro-Tejer, o principal lobby empresarial do setor têxtil, o Brasil acumulou nos últimos cinco anos um superávit têxtil de US$ 1,69 bilhão. “O risco para os postos de trabalho justifica categoricamente as medidas de controle aplicadas”, disse Bergaglio.

Agência estado

Rizzolo:Numa época em que o protecionismo ocorre por toda parte, muito embora disfarçado em alguns países, não há como o Brasil não resgatar um protecionismo seletivo, sem exageros, na medida certa, afetando alguns produtos ” sensíveis”. Todos sabemos que o protecionismo é uma medida inadequada, e que o melhor seria, investirmos na infra-estrutura, nos incentivos às exportações, e na desburocratização, mas tudo isso leva tempo, e em épocas de crise situações emergenciais nos levam a adotar medidas de salvaguarda. Uma reposta de ressalva de mercado light, seria um argumento que os argentinos respeitariam, aliás acho que seria o único argumento.

Siderúrgicas dos EUA pedem manutenção do protecionismo

NOVA YORK – Os congressistas norte-americanos deveriam trabalhar para manter, no texto do pacote de estímulo econômico de mais de US$ 800 bilhões, a ênfase na proposta “Buy American” (compre produto norte-americano), segundo pedido feito em carta que várias associações de siderúrgicas dos Estados Unidos enviaram à comissão do Congresso encarregada de analisar o plano.

“Um pacote de recuperação econômica com fortes cláusulas ”Buy American” para projetos de investimento em infraestrutura fortalecerá a infraestrutura do nosso país, devolverá o emprego de milhões de trabalhadores norte-americanos e ajudará a revitalizar o setor industrial doméstico – em total cumprimento com nossos acordos de comércio internacional”, diz a carta, assinada pelo Instituto Americano do Minério de Ferro e do Aço e por outras três associações representativas da indústria siderúrgica.

O documento foi remetido à liderança do Congresso e aos membros da comissão encarregada de conciliar as versões do pacote aprovadas na Câmara dos Representantes e no Senado dos EUA. A carta lembra que a cláusula “Buy American” já fazia parte da legislação desde 1982 e exige apenas que projetos de transporte financiados pelo governo federal utilizem minério de ferro dos EUA e aço fabricado por trabalhadores dos EUA, desde que haja disponibilidade desses insumos.

As entidades dizem que essa exigência nunca resultou em guerra comercial. “Permitir que as matérias-primas (commodities) sejam fornecidas de fora dos EUA frustrará o efeito econômico multiplicador que está na base de qualquer forma de estímulo monetário”, acrescenta a carta. As informações são da Dow Jones.

Agência Estado

Rizzolo: Olha, sinceramente essa questão do protecionismo é controversa. Fica patente que em situações onde o comércio internacional elabora relações comerciais abertas, livres, o protecionismo não faz sentido, e até vem contra princípios do livre comérico. Agora quando o mundo faz uma viagem ao passado, os países se fecham, os discursos nacionalistas comerciais se acirram, de nada adianta nós nos debatermos, gritarmos, e deixarmos nosso mercado aberto quando todo mundo se protege.

É um ” nonsense”. É claro que o protecionismo é um ” veneno”, como muitos afirmam, mas pior veneno é ficar numa situação contemplativa, passiva , sem defender nosso mercado quando a tendência é resguardar alguns setores, ou produtos sensíveis.

A Argentina já o fez, os EUA também , outros de forma disfarçada. Não podemos deixar de nos resguardar na dose certa, sem exageros. Entendo que além disso é primordial, promovermos as exportações, diminuir os entraves, investir na otimização dos meios para uma melhor viabilidade das nossas exportações, contudo isso só não basta, numa época como esta.

Não há tempo para isso, se todos se fecham, temos também que nos resguardar na medida certa para não saírmos prejudicados nesta corrida e volta ao passado. Agora isso deve ser analisado , discutido, e não feito da forma em que o governo apresentou, da noite para dia, de forma burocrática. Protecionismo na dose certa, faz bem para o Brasil, principalmente quando há consenso.