Queimar Alcorão é ‘idiota e perigoso’, afirma secretário de Justiça dos EUA

O secretário de Justiça dos EUA, Eric Holder, disse nesta terça-feira (7) que é “idiota e perigosa” a ideia de uma igreja batista do estado da Flórida de queimar um exemplar do Alcorão, livro sagrado do Islã, no dia do aniversário dos ataques do 11 de Setembro.

A declaração foi feita durante reunião com líderes religiosos em Washington, com o objetivo de encontrar meios de combater a violência religiosa. Ela foi citada aos jornalistas por líderes que participaram do encontro e confirmada por um funcionário do Departamento de Justiça, que não quis se identificar.

O plano de queimar o livro sagrado é da Dove World Outreach Center, uma igreja cristã fundamentalista. Eles pretendem queimar o exemplar no sábado, na cidade de Gainesville.
A ideia provocou protestos em várias partes do mundo, inclusive da Casa Branca, do Vaticano, do Irã e do comandante das tropas internacionais no Afeganistão, mas a igreja anunciou que não pretende recuar.

“Estamos firmemente determinados em fazê-lo”, disse à CNN o pai da iniciativa, Terry Jones, pastor da igreja.

“Sabemos que este ato poderá efetivamente ofender (…), mas acreditamos que a mensagem que tentamos transmitir seja muito mais importante que o fato dessas pessoas se ofenderem. Acreditamos que não devemos retroceder diante dos perigos do islã”, completou.

O general americano David Petraeus, comandante em chefe das forças da Otan e das tropas americanas no Afeganistão, avisou que o ato serviria de propaganda aos talibãs no Afeganistão e reforçaria o sentimento antiamericano no mundo muçulmano.

“Estou muito preocupado com as possíveis repercussões”, disse Petraeus. “Poderá colocar em perigo tanto as tropas como o esforço global no Afeganistão. É precisamente esse tipo de ação que os talibãs utilizam e poderá gerar problemas significativos”, completou o general.

O porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, concordou com Petraeus. A queima do Alcorão “coloca nossas tropas em uma situação perigosa”.

O “L’Osservatore Romano”, o jornal do Vaticano, publicou um artigo cujo título era “Que ninguém queime o Alcorão”, enquanto o Irã advertiu que o ato poderá provocar reações “incontroláveis”.

“Aconselhamos os países ocidentais a impedir a exploração da liberdade de expressão para insultar livros sagrados, caso contrário os sentimentos provocados nas nações muçulmanas não poderão ser controlados”, afirmou o porta-voz do Ministério de Assuntos Externos iraniano, Ramin Mehmanparast.

O porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley, qualificou a ideia de “provocadora, desrespeitosa e intolerante”.

Na Indonésia, país com maior população muçulmana no mundo, a minoria cristã também teme tensões.

A organização que reúne 20.000 igrejas cristãs protestantes da Indonésia enviou uma carta ao presidente Barack Obama para que ele intervenha no caso
G1

Rizzolo: Bem esse é um ato de tremendo desrespeito à religião muçulmana que deve ser rechaçado por todos. Vincular uma religião ao fato de um atentado, parece coisa da época medieval. Ninguém tem o direito de atacar nenhuma religião ou credo com manifestações , provocações, ou insultos. Se assim agirem deverão ser punidos com rigor, porém nos EUA esse um fato se mistura com liberdade de expressão, e aí eu acho que reside o perigo. Num Estado laico é preciso determinarmos limites para que um grupo religioso não ataque o outro. Todas as religiões trazem um conteúdo humanista e os radicais tem que ser contidos, para o bem de todos.

Irã diz que Lula está ‘desinformado’ sobre caso de iraniana condenada

TEERÃ – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem uma “personalidade emotiva” e fez sua proposta de conceder asilo à iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani sem “informação suficiente” sobre o caso, segundo afirmou nesta terça-feira o porta-voz do Ministério do Exterior iraniano, Ramin Mehmanparast.

Esta foi a primeira reação oficial do Irã à proposta feita no sábado por Lula para que Ashtani, condenada à morte por apedrejamento no Irã sob acusação de adultério, se asile no Brasil.

“O presidente (Lula) da Silva tem uma personalidade muito emotiva e humana, mas provavelmente não tem informação suficiente sobre o caso”, declarou o porta-voz.

Mehmanparast disse que a Ashtiani “cometeu um crime” segundo a lei iraniana e que o governo iraniano pode passar mais informações ao presidente Lula “para que ele entenda o caso”. O porta-voz respondia, durante uma entrevista coletiva, à pergunta de um jornalista que havia questionado se havia ou não interferência do presidente brasileiro nessa questão.

A oferta brasileira de asilo a Ashtiani foi feita no fim de semana. O presidente fez um “apelo” ao presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, para que “permita ao Brasil conceder asilo a esta mulher”, disse Lula, durante um comício em Curitiba.

Opiniões divididas

A proposta brasileira foi apoiada por ativistas que defendem os direitos humanos no Irã, mas foi criticada por setores mais conservadores ligados ao governo do país.

Membros de organizações de direitos humanos disseram que a oferta de Lula de conceder asilo a Ashtiani é um passo positivo, mas que ainda é preciso fazer mais para pressionar o Irã a banir esse tipo de sentença. Um site ligado à Guarda Revolucionária do Irã fez críticas à posição do presidente brasileiro, acusando-o de interferir nas questões internas do país.

Ashtiani, de 43 anos, está presa no Irã desde maio de 2006, quando um tribunal na Província do Azerbaijão Ocidental a considerou culpada por manter “relações ilícitas” com dois homens após a morte de seu marido.

No início do mês, as autoridades iranianas haviam afirmado que ela não seria mais morta por apedrejamento, embora a mulher ainda possa ser sentenciada à morte por enforcamento pelo adultério e por outras acusações que pesam contra ela.

O caso teve grande repercussão internacional e, no sábado, o presidente Lula fez um apelo ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, pedindo que permita que a mulher possa se asilar no Brasil. Falando à imprensa, o filho da mulher condenada, Sajjad Ashtiani, disse que o governo não poderia ignorar um pedido do Brasil.
bbc

Rizzolo: O caso em pauta nos faz pensar que realmente a política externa brasileira esta incorreta em relação ao Irã, vez que numa relação internacional não podemos apenas ter uma visão unilateral comercial, e sim observar que tipo de tratativa um país tem em relação aos direitos humanos. Lula agiu bem, agiu com o coração ocidental , mas a reação do Irã denota pouca sensibilidade aos conceitos de direitos humanos e tudo que diz respeito à dignidade humana