Equipe do Gate pode ter se confundido com tiro, admite coronel

SÃO PAULO – Pela primeira vez o comandante Eduardo José Félix admitiu que a equipe do Gate pode ter se confundido sobre o tiro ouvido antes da invasão no apartamento onde Eloá Cristina Pimentel e Nayara Rodrigues da Silva, ambas de 15 anos, eram mantidas reféns por Lindemberg Alves, de 22 anos. “Assim como a Nayara pode ter se confundido, a minha equipe também”, afirmou o comandante, em entrevista coletiva após prestar depoimento de quase três horas no 6ºDP de Santo André.

“Se o tiro foi dentro, fora, um rojão, o laudo técnico vai dizer”, afirmou o comandante, apontando que o laudo do Instituto de Criminalística (IC) vai esclarecer a ocasião do tiro. Apesar de ter afirmado que a equipe pode ter se confundido, o comandante reiterou que confia na equipe do Gate. Ao ser questionado se há problema em admitir que a equipe se confundiu em relação ao tiro, o comandante afirmou que “não tem problema, agimos dentro da legalidade.”

Segundo o comandante, não se pode ficar no “achismo” em relação ao disparo e o que se tem de concreto até agora são os depoimentos de cinco policiais e três testemunhas que afirmaram ter ouvido um tiro antes de o Gate invadir o apartamento.
Agência Estado

Rizzolo: É claro que tudo ainda está em fase de investigação, mas as dúvidas surgem como no depoimento de Nayara. Afirma ela, que não ouviu disparos pelo menos duas horas antes da invasão. Ela é considerada a principal testemunha do caso, já que também era mantida refém por Lindemberg. Moradores vizinhos ao apartamento, no entanto, afirmaram em depoimento que ouviram um disparo cerca de um minuto antes da invasão.

Um dos maiores erros foi as autoridades deixarem Nayara voltar ao local com o objetivo de convencer Lindemberg a soltar a amiga Eloá. A versão da polícia é que a menina não deveria ter entrado no apartamento e apenas ter feito contato por telefone. Nayara pode ter descumprido as recomendações do Gate para ajudar a amiga Eloá, uma vez que já havia conseguido convencer Lindemberg a libertar ela própria e outros dois adolescentes que ficaram reféns nas primeiras horas.

O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) divulgou na segunda-feira, 20, nota na qual pede apuração da conduta da PM e cita que se verifique um possível desrespeito ao artigo 232 do ECA. O artigo diz ser crime submeter criança a vexame ou constrangimento. O conselho lembra que o artigo 18 do estatuto diz ser dever de todos pôr crianças e adolescentes a salvo de tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. “É evidente a inaceitável ação do comando de permitir que uma amiga da adolescente (…) retornasse ao cativeiro (…), bem como a malsucedida tentativa de resgate”, diz a nota. Em suma , falta muito a esclarecer ainda.

Como já comentei como Advogado, anteriormente, em outro artigo referente a este caso, não há dúvida que em todo criminoso existe um componente de vaidade exacerbado. Lindembergue através do assédio da imprensa. sentiu-se ” importante”, houve sim uma potencializarão do caráter doentio do seu comportamento. Como podemos inferir em seus depoimentos, julgava-se ele o ” príncipe do gueto”; acreditava estar sendo o centro das atenções, atenção esta, que lhe supria sua baixa auto estima. Pura falta de Deus, um jovem como tantos outros perdido.

Em eventos como este, o criminoso não deve ser ouvido, pois ao faze-lo, sua vaidade é exaltada tornando-o mais inconseqüente ainda e prepotente. Outra questão, é a relacionada à volta de uma das seqüestradas ao cativeiro. Ora, isso é um absurdo, e a polícia jamais poderia aceitar essa condição, até mesmo com consentimento dos pais. Precisamos agora não repetir os erros do caso Nardoni; recolher todas as armas, e manter a cena do crime intacta, para preservar a atuação de uma boa perícia.

“Sou o príncipe do gueto”, disse Lindembergue ao ver cerco

São Paulo – “Eu sou o prícipe do gueto”, foi o que Lindembergue Alves, 22, disse quando percebeu que o prédio estava todo cercado, nas primeiras horas do seqüestro. O depoimento que Nayara Rodrigues da Silva deu após a saída do apartamento, na terça-feira revelou a rotina dos primeiros dias e ajudou os policiais a construírem um perfil psicologico de Lindembergue. O seqüestrador entrou na segunda às 13h30 no apartamento de Eloá e anunciou que estava armado. Ele pediu que todos ficassem em silêncio, e que se falassem, não falassem alto.

Ao perceber a chegada da Força Tática, e durante os primeiros contatos, Lindembergue afirmou que achava que a Polícia não estava “botando muita fé” nele. “Olha só o que eu vou fazer”, disse para depois atirar contra o Sargento Athos. O escudo com marca de bala foi levado para perícia, e agora, Lindembergue foi autuado também por tentativa de homicídio. Após o tiro, segundo o depoimento, Lindembergue sorriu e disse: “eu sou o cara”.

Esse comportamento também foi presenciado por Nayara, quando o seqüestrador percebeu que o prédio estava cercado e isolado pela Polícia. “Eu sou o príncipe do gueto. Eu mando aqui”, afirmou.

Nayara contou também à Polícia que ele a usava como escudo, e que Eloá estava sempre no quarto. Onde ele ia, ele levava Nayara. Segundo o depoimento, na terça, ele estaria disposto a entregar Nayara, mas quando viu a proporção do caso na TV desisitiu.

Agência Estado

Rizzolo: Como Advogado criminalista, e membro efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB, secção São Paulo, manifesto-me pela primeira vez em relação a este estúpido seqüestro, ocorreram vários erros quer da polícia, bem como da imprensa, na condução do caso, senão vejamos:

Não há dúvida que em todo criminoso existe um componente de vaidade exacerbado. Lindembergue através do assédio da imprensa. sentiu-se ” importante”, houve sim uma potencializarão do caráter doentio do seu comportamento. Como podemos inferir em seus depoimentos, julgava-se ele o ” príncipe do gueto”; acreditava estar sendo o centro das atenções, atenção esta, que lhe supria sua baixa auto estima.

Em eventos como este, o criminoso não deve ser ouvido, pois ao faze-lo, sua vaidade é exaltada tornando-o mais inconseqüente ainda e prepotente. Outra questão, é a relacionada à volta de uma das seqüestradas ao cativeiro. Ora, isso é um absurdo, e a polícia jamais poderia aceitar essa condição, até mesmo com consentimento dos pais. Precisamos agora não repetir os erros do caso Nardoni; recolher todas as armas, e manter a cena do crime intacta, para preservar a atuação de uma boa perícia.

A verdade é que sofremos no Brasil com um problema grave de senso de impunidade. A Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP, sempre se colocou à disposição das autoridades, e é bom lembrar, que foi-se o tempo em que a nossa comissão alisava e passava a mão na cabeça dos delinqüentes. Hoje temos um compromisso também com as vítimas, cujas vidas são ceifadas por ” loucos de todo gênero”, e que ao contrário do que os esquerdistas afirmam, nada tem de relação com os ” problemas sociais”, e sim de um profundo senso de impunidade no sentido lato da palavra.