Pela primeira vez em décadas, governo anuncia que não haverá limite nos ganhos dos funcionários estatais
HAVANA – Cuba está reformando o sistema de salários estatais para criar mais incentivos e permitir que os trabalhadores ganhem de acordo com o que produzem, na última mudança do novo presidente, Raúl Castro, para melhorar os resultados do país, informou o governo nesta quinta-feira, 10. Pela primeira vez em décadas, Cuba anunciou que não haverá limite nos ganhos dos funcionários estatais, segundo a rede de televisão estatal da ilha.
“Pela primeira vez fala-se com clareza e precisão que os salários não terão limites. O teto do salário será a produtividade”, disse Ariel Terrero, um comentarista econômico, em entrevista à TV local. O Estado controla cerca de 90% da atividade econômica do país e emprega a maioria da força de trabalho, fixando os salários.
“Uma das razões da baixa produtividade é que há pouco incentivo salarial. Isto freia a produtividade, por isso os salários não aumentam”, afirmou Terrero. O comentarista apontou que a resolução foi firmada em fevereiro, mas ainda não havia sido divulgada no jornal oficial da ilha. Terreno indicou que a medida corresponde ao princípio socialista de que “cada qual (recebe) segundo seu trabalho e capacidade.”
Raúl Castro, que assumiu a presidência em fevereiro após a enfermidade de seu irmão, Fidel, disse que trabalharia para fazer os salários refletirem melhor o trabalho, uma das principais queixas da população cubana. “Constituiu hoje um objetivo estratégico de avançar de maneira coerente, sólida e bem pensada, para que os salários recuperem seu papel e o nível de vida de cada um tenha uma relação direta com suas receitas”, disse o novo líder cubano, em seu discurso de posse, em 24 de fevereiro.
O novo presidente também já começou a por em prática uma importante reforma no setor agrícola para criar melhor condições aos trabalhadores de empresas estatais e privadas. Além disso, revogou a proibição da venda de vários eletrodomésticos, entre eles computadores e DVDs, e liberou o uso de celulares. Raúl ainda aprovou uma medida que autoriza a hospedagem de cubanos nos hotéis da ilha, antes reservados somente a turistas estrangeiros.
Agência Estado
Rizzolo: Na realidade essa reforma econômica já devia ter sido anunciada ainda quando Fidel estava no poder, é claro, que só não foi por inviabilidade ideológica. Numa linguagem popular, poderíamos dizer que Fidel já tinha plena consciência do fator produtividade, todavia não ” tinha clima” para implementá-la. A fez por intermédio de seu irmão. A demora nas decisões baseada no receio de ” trair uma cartilha” ultrapassada, fez com que não só em relação a essa questão, mas em muitas, Cuba perdesse o ” bonde da história” e do desenvolvimento.
Com efeito, a ajuda da Venezuela supriu em parte as demandas econômicas, contudo agora existe um revisionismo e acredito ser um grande avanço. É lógico que alguns stalinistas no Brasil, antigos companheiros de partido, da época em que eu ainda acreditava no “romantismo socialista”, condenarão de forma velada essa atitude de Raul. Mas contra a natureza humana não há como lutar, a produtividade vinculada a salários sem limitações, poderá salvar Cuba e direcioná-la ao desenvolvimento. O socialismo tem que ser revisto através de nova ótica, a desenvolvimentista e a de mercado.
Pelo menos, o que se observa, é o fato de que a medida que o tempo passa, entendo que minhas idéias críticas em relação ao stalinismo não estavam erradas. O importante a salientar é que rompi com as idéias socialistas, sigo meu próprio caminho, mas tenho um carinho, admiração e respeito por todos os meu antigos companheiros comunistas, que hoje nem ao menos me procuram, nem para tomar um whiskey. Talvez entendam que me aburguesei. Ah! mas lembrem-se o Raul Castro também, viu !