BAGDÁ, 21 Jul 2008 (AFP) – O candidato democrata à presidencial americana, Barack Obama, que deseja retirar o contingente americano do Iraque em dois anos, se encontrou nesta segunda-feira com responsáveis iraquianos no primeiro dia a Bagdá.
Obama teve reunião com o presidente Jalal Talabani em sua residência no bairro de Jadriya, depois de ter sido recebido pelo primeiro-ministro, Nouri al-Maliki, segundo jornalistas da AFP e fontes diplomáticas.
“Senhor presidente, é um prazer revê-lo. Espero que esteja bem”, disse a Talabani que o aguardava na entrada do edifício, diante da imprensa.
Esta é a segunda visita de Obama, 46 anos, ao Iraque, após uma breve passagem em janeiro de 2006.
Pouco antes, Obama esteve no Kuwait, onde conversou com o emir Sabah al-Ahmed al-Jaber al-Sabah.
O senador de Illinois, líder das pesquisas de intenção de voto para as eleições de novembro nos EUA, esteve também no Afeganistão, país que ele considera ponto central da “guerra contra o terrorismo” e, portanto, que precisa de reforço das tropas internacionais.
Esta viagem ao Iraque coincide com um momento de menor índice de violência desde março de 2003, ano da intervenção americana, à qual o senador americano foi contra.
Barack Obama deve também se encontrar com os chefes militares americanos no Iraque, entre eles o general David Petraeus, conhecido pela estratégia de “sobressalto” com o envio de reforços que levou relativa calma ao Iraque em 2007.
“Desde o meu primeiro dia como presidente, darei aos militares uma nova missão: acabar com a guerra”, anunciou Obama semana passada num artigo do New York Times e num discurso em Washington.
Os EUA ainda têm 146.000 soldados no Iraque, dos quais 4.100 desde março de 2003.
O presidente George W. Bush e Maliki concordaram recentemente para determinar um “horizonte” além do qual as tropas de combate americanas deixarão o Iraque, mas não fizeram datas.
Comentando por uma revista alemã o comprometimento de Obama para retirar as tropas americanas em 16 meses, Maliki indicou: “Consideramos um bom prazo”.
No domingo, Obama encontrou em Cabul o presidente afegão, Hamid Karza¯, que ele já criticou por ter permitido a volta com força dos talibãs, retirados do poder em 2001 por uma ofensiva comandada pelos EUA.
“Devemos compreender que a situação no Afeganistão é precária”, declarou ao canal de televisão CBS. “Acredito importante para nós começar a prever o envio de tropas agora”, acrescentou.
A intensidade da violência dobrou em quase dois anos no país, apesar da presença de 70.000 soldados de duas forças multinacionais, uma da Otan (Isaf), outra sob comando americano.
Obama prometeu, se for eleito, enviar, 10.000 soldados para combater os extremistas que deram asilo a Osama bin Laden, responsável dos atentados de 11 de Setembro de 2001 nos EUA.
Seu rival republicano, John McCain, que critica sua falta de experiência em política internacional, condenou-o por ter “anunciado uma estratégia para o Afeganistão e o Iraque antes mesmo de uma missão de levantamento de informações nesses territórios”.
Obama deve chegar à Jordânia na terça-feira, a Israel quarta-feira e, depois, à Alemanha, França e Grã-Bretanha.
Folha online
Rizzolo: Obama tem uma estratégia específica para o Afeganistão, que do ponto de vista militar é sem dúvida mais importante que o Iraque. A violência no Afeganistão aumentou muito apesar da presença de 70.000 soldados de duas forças multinacionais, uma da Otan (Isaf), outra sob comando americano. Com isso Obama demonstra habilidade com as causas militares que envolvem os interesses dos EUA, e contrapõe a insistente alegação de McCain de que o candidato democrata não tem experiência, se não tem, pelo menos disfarça bem.