O Aero – Willys e o Congresso Nacional

A política brasileira sempre sofreu de crises de cunho moral. Por outro lado, teve em seus momentos mais difíceis, homens capazes de reconstruir a vil trajetória da amoralidade e da falta de ética, com valores capazes coibi-los em ações pautadas na moralidade pública. A democracia, a ética, a probidade administrativa, são características essenciais e sagradas no desenvolvimento social de um País.

Mas porque hoje no Brasil a corrupção, a politicagem, o clientelismo, e a falta de ética impera nos meios políticos? Será que a democracia no Brasil, não é capaz produzir homens de bem, ou a política na sua mais mais áspera concepção de arranjos inter – partidários acaba por corromper os bem-intencionados homens públicos?

Longe de abrigar uma argumentação defensiva do regime militar, tampouco avalizando um revisionismo político. Contudo, me lembro ainda quando jovem, meu pai – um advogado defensor da democracia – ao ler no jornal, com um certo ar de indignação e admiração patriótica, a notícia que dava conta da decisão do marechal Castello Branco – presidente militar na época – de demitir sumariamente um irmão seu, Licurgo, funcionário da Receita Federal, ao tomar conhecimento que recebera de presente um Aero-Willys, o carro mais caro na época, fabricado no Brasil.

Hoje no Brasil dos anões do orçamento, da CPI dos precatórios, do dossiê Cayman, do mensalão, do dinheiro na cueca, do caso Palocci, das acusações contra Renan Calheiros, do caso Rondeau e Guatama, da Operação Satagraha, dos gastos do Senado e outros, nos apenas resta indagar se esta democracia que vivemos não está de certa forma maculada pelos interesses pessoais dos políticos, que em última instância, estão à serviço de si próprios, e das poderosas siglas partidárias que os conduzem ao poder, dispensando e desprezando dessa forma a devida prestação de contas pertinentes aos seus mandatos.

Com muita propriedade afirmava Rui Barbosa em ” Cartas da Inglaterra”, que “A pior democracia é preferível à melhor das ditaduras”. Temos hoje no Brasil que agregar à participação política, através da educação e da formação, políticos de boa intenção, de caráter ético, preparados para construir uma democracia refratária ao populismo leviano, e eleitoreiro.

Talvez então não teremos o pior da democracia, mas afastaremos de vez aqueles que por de trás de um discurso “elaborado”, justificam e avalizam o desrespeito ao povo brasileiro e às liberdades democráticas no exercício de seus mandatos.

Fernando Rizzolo

Comandante deixa cargo no Rio e exalta golpe militar

O general Luiz Cesário da Silveira Filho despediu-se do Comando Militar do Leste no Rio de Janeiro com um discurso que exaltou o golpe militar de 1964 que, segundo ele, foi um “memorável acontecimento” e uma “revolução democrática”. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O comandante do Exército, Enzo Peri, afirmou que Cesário “manifestou a participação dele como cadete”. Cesário ainda narrou a sua participação no golpe. “Participei ativamente da revolução democrática de 31 de março de 64, ocupando posição de combate no Vale do Paraíba”, disse. O general completou ainda ao afirmar que atuou sob “a incontestável liderança do general-de-brigada Emílio Garrastazu Médici, de patriótica atuação posteriormente na Presidência”.

Segundo o general, o golpe militar, que chamou de “revolução democrática”, impediu um golpe preparado pelo próprio governo contra as instituições democráticas.

Rizzolo: A exaltação do golpe militar de 1964 não é algo preconizável nos dias de hoje, mesmo porque remete a uma época triste em que o Brasil foi entregue a um regime de exceção. É bem verdade que muitos entendem que essa democracia que aí está, corrupta, politiqueira, onde grande parte dos membros do cenário político estão mais interessados em proveitos próprios, carece do patriotismo que de certa forma permeava o regime militar.

Alegar que não houve avanços no regime militar, é ascender ao plano tacanho ideológico tão nefasto quanto o regime de exceção. Entendo que os jovens militares querem se ver livre deste passado triste, querem participar da democracia, querem dar sua contribuição ao Brasil, e exaltações como está, sublinham o estereótipo do militar autoritário, e acabam servindo aqueles que querem a opinião militar amordaçada e circunscrita à caserna.