Policiais de penitenciárias invadem Câmara

Sem votar nada, o esforço concentrado da Câmara terminou hoje à noite com a invasão do Salão Verde, principal acesso ao plenário da Casa, por cerca de 200 agentes policiais de penitenciárias. Os policiais penais decidiram invadir a Câmara depois que o vice-presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), encerrou a sessão sem que nada fosse votado.

Esta é a segunda vez, em agosto, que os deputados são convocados para ir à Câmara, mas nada é votado. Os policiais penais conseguiram ficar acampados no Salão Verde da Câmara depois de forçar uma das entradas secundárias da Casa. Após muito empurra-empurra, com direito a lata de lixo e extintor de incêndio voando, os agentes atropelaram os cerca de 30 seguranças da Câmara, que tentaram impedir o “arrastão”. Os invasores percorreram cerca de 100 metros pelos corredores da Câmara até chegarem às portas do plenário.

Os policiais reivindicam a aprovação de emenda constitucional (PEC 308), que regulamenta a carreira e aumenta os salários da categoria. “Tinha um acordo para que nós entrássemos, mas resolveram nos tratar como bandidos, barrar nossa entrada e nos escorraçar daqui”, reclamou Jânio Gandra, presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores das Polícias Civis.

Os policiais penais prometiam passar a noite no Salão Verde da Câmara. Até as 21 horas, nenhum parlamentar havia aparecido para negociar com a categoria. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não esteve hoje na Casa. Uma sessão da Câmara está marcada para amanhã à tarde, mas a avaliação de lideranças partidárias é que dificilmente haverá votação. A PEC 308 sequer está na pauta de votação da Casa. Mas, segundo os policiais, havia uma promessa para que a proposta fosse apreciada pelos deputados antes das eleições de outubro.
estadão

Rizzolo: Coincidentemente, acabei de escrever um artigo sobre essa questão dos salários dos profissionais da segurança publica. Não há como darmos continuidade a qualquer projeto de inclusão educacional ou social, se a questão da ordem pública não estiver bem resolvida, e quando me refiro a uma política de segurança publica bem resolvida, ela passa acima de tudo pleo viés salarial dos profissionais. Procrastinar aumentos dignos aos profissionais policiais de penitenciária, por exemplo, significa dar oportunidade para o aumento do crime organizado. Seja qual for o policial militar civil ou federal, é de suma importância a sua remuneração, até pela periculosidade que estes estão envolvidos. Quando falamos em educação, não podemos conceber que não haja a devida proteção aos jovens do outro lado do muro da escola, no combate ao tráfico e a criminalidade em geral.