Professora da Universidade de São Paulo (USP), a filósofa Marilena Chaui fala sobre os avanços do governo Lula e a ameaça dos direitos sociais. A entrevista foi gravada no dia 13 de outubro de 2010.
Professora da Universidade de São Paulo (USP), a filósofa Marilena Chaui fala sobre os avanços do governo Lula e a ameaça dos direitos sociais. A entrevista foi gravada no dia 13 de outubro de 2010.
Bandeiras e cartazes pedindo o salvamento da democracia e da Constituição do país dividiram espaço com duras críticas de juristas, intelectuais e artistas no lançamento de um manifesto em favor da democracia no início desta quarta-feira (22), na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro de São Paulo. Durante o ato público, o grupo condenou as últimas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à imprensa, considerando ameaçadoras as atitudes do petista.
Com dificuldades para subir no improvisado palanque, na frente da instituição, o jurista e um dos fundadores do PT, Hélio Bicudo, fez a leitura do documento. Para ele, Lula não pode usar a máquina estatal para sua campanha contra a liberdade de informação e de expressão. “Vamos embarcar em um trem que não sabemos aonde vai. Com 80% de aprovação, o presidente tem atitudes que demonstram autoritarismo e o ato repõe essa disputa nos trilhos democráticos”, disse.
O ex-ministro da Justiça na gestão de Fernando Henrique Cardoso, Miguel Reali Jr, classificou como fascista a posição do atual presidente que reforçou as críticas à imprensa nas últimas duas semanas. “Esse é um caminho perigoso para o Brasil. Temos que nos arregimentar. Democracia é luta de ideias e não de confronto físico. Jogar para debaixo do tapete as graves denúncias como a que envolve a ex-ministra Enenice Guerra é negar a própria história. E chegar ao comando uma presidente com essa marca gera muita insegurança”, criticou.
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, também condenou as ameaças do governo a diversos veículos de comunicação. “Não imaginávamos que precisaríamos chegar nesse movimento contra o PT. Mas acredito que esse é um bom sinal, mostrando que estamos acordados”, afirmou.
Apesar de ausentes no ato, o poeta Ferreira Gullar, o arcebispo emérito de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, e os atores Carlos Vereza, Mauro Mendonça e Rosamaria Murtinho assinaram o documento, entre outras personalidades.
Movimento eleitoreiro
O ombudsman do Diretório Acadêmico da Faculdade, Renato Ribeiro, condenou a mobilização na instituição. “Não foi um ato legítimo da sociedade. Pelo contrário, essa reunião não contou com o apoio de alunos, nem de outros grupos, além de causar transtornos na saída da instituição. Precisamos fazer uma ampla reflexão sobre quem são os protagonistas desse debate”, disse.
Terra
A destruição da maior coleção científica de cobras do mundo – durante o incêndio que atingiu o Instituto Butantan, na manhã do último sábado (15) – foi definida como uma perda incalculável do ponto de vista histórico e científico por pesquisadores de todo país. Mas segundo alerta o diretor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), Hussam Zaher, o acervo pode ter sido negligenciado pelo Poder Público. “A ciência foi deixada de lado”, criticou nesta segunda-feira (17).
O pesquisador denuncia que o Prédio das Coleções do instituto não possuía um sistema adequado de combate ao fogo. A construção do galpão que abrigava os espécimes também era imprópria para o acervo que guardava.
“A coleção era muito bem curada. O que faltou aí foi gestão do Poder Público, entender a real dimensão da importância daquilo que ele tinha e colocar à disposição os recursos necessários para proteger esse patrimônio”, afirmou Zaher, à Agência Brasil.
Zaher alerta que teme que o mesmo possa ocorrer no museu que dirige, na USP. “Espero que isso sirva de lição. Sou diretor de um museu que é o maior do Brasil e o maior da América Latina. No Museu de Zoologia, temos 10 milhões de exemplares preservados. Se esse museu queimar, não sei o que dizer”, lamentou. “Há anos estamos pedindo um prédio novo. Estamos esgotados. Não há mais espaço. Há anos clamamos por condições melhores. Estamos em condições precárias”, queixou-se.
A perda do material do Butantan, segundo Zaher, não foi financeiro, mas científico. “O prejuízo foi do conhecimento, da perda de um patrimônio científico inestimável. Isso é uma perda que não se recupera mais. Não temos como recuperar esse acervo que foi construído ao longo de 100 anos de pesquisa, em muitas áreas que não existem mais. Durante esse período, exemplares foram coletados em regiões que, agora, são estacionamentos, cidades, fazendas ou que foram totalmente destruídas. Essa história não pode ser refeita”, explicou.
Antes mesmo da conclusão do inquérito policial que investiga as causas do incêndio, é possível afirmar que o grande responsável pelas perdas irreparáveis dos mais de 500 mil espécimes do acervo foi o despreparo e a inexistência de Políticas Públicas efetivamente comprometidas com as pesquisas científicas em nosso país.
vermelho
Rizzolo: Como tudo o que é científico, histórico, o exemplo do incêndio no Butantan mostra o descaso do Poder Público com a memória, com o conhecimento em todas as áreas. Existe uma tendência a se privatizar tudo que tradicional e humano. E isso não ocorre só nesse fato, a privatização das salas da Faculdade de Direito da USP são um exemplo claro dessa aberração privatista do governo do Estado. Concordo plenamente com os estudantes de Direito da USP em preservar as Arcadas dessa intervenção privada e descabida. Pior do que um incêndio que queima um acervo, é o abandono e a insensibilidade do Estado com aqueles que realmente fizeram a história e contribuíram para o aprimoramento cultural desse país.