Centrais repelem sabotagem do BC ao crescimento

O presidente da CUT, Artur Henrique, disse que, com a elevação da Selic de 8,75% para 9,5%, “o preço será pago pelos trabalhadores em geral, seja pela diminuição dos investimentos de parte do setor produtivo, atraído pela especulação, seja pela elevação do custo dos empréstimos ou do endividamento já existente. A taxa do crédito pessoal, hoje superior a 83% ao ano, e a do cheque especial, de 175% ao ano, tendem a subir junto com a Selic.

Já o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, avaliou que “a decisão do Copom é equivocada e perversa para com o setor produtivo, que gera emprego e renda. É lamentável que estejamos virando um paraíso para os especuladores do mundo inteiro, diante da elevada lucratividade paga pela exorbitante taxa de juros do Brasil. O Copom frustra os trabalhadores, que ansiavam por uma queda na taxa básica”.

De acordo com Paulinho, os membros do Copom têm “miopia econômica” e levam o país “na contramão do desenvolvimento, usando um método nefasto para conter supostas pressões inflacionárias”.

“As autoridades monetárias brasileiras se transformaram em meros aduladores dos especuladores, punindo a produção e estrangulando a abertura de novos postos de trabalho”, finalizou.

Para o presidente da CGTB, Antonio Neto, a decisão do BC “é sabotagem e rancor. Esta é a única explicação plausível para a decisão tomada pelo Copom de elevar a taxa de juros básica para 9,5% ao ano, sobretudo quando o país começa a se recuperar de convalescença econômica”.

“Sempre denunciamos que a política de juros altos implementada pelo Banco Central visava garantir ganhos fáceis para o capital especulativo em detrimento do setor produtivo e da geração de empregos”, ressaltou Neto.

A CTB considerou a decisão “um crime grave contra o crescimento do país e contra a classe trabalhadora”.

A UGT afirmou que a elevação é “uma paulada na expansão da economia brasileira”.
hora do povo

Rizzolo: Transcrevendo um comentário já feito, infelizmente o Banco Central tem uma visão pobre do que podemos chamar de desenvolvimento do mercado interno, da geração de emprego, e das exportações. Como sempre a legitimação vem sob a velha bandeira do controle da inflação. Com isso cada vez mais as exportações ficam prejudicadas, a valorização do real continua alta, e a festa dos especuladores enxarca o país com dólares para fins de realização de lucros a custa do cassino Brasil. Para finalizar, inflação se combate com aumento da produção, com investimentos nos meios de produção, com o fortalecimento do mercado interno.

Copom eleva taxa Selic para 9,5% ao ano

SÃO PAULO E BRASÍLIA – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira, 28, elevar a taxa Selic para 9,5% ao ano, o que representa um aumento de 0,75 ponto porcentual. Desde julho do ano passado, o juro básico da economia brasileira estava em 8,75% ao ano e é a primeira alta da taxa Selic desde setembro de 2008, quando o juro foi elevado de 13% para 13,75% ao ano.

O mercado estava dividido sobre o resultado da reunião desta quarta, o terceiro encontro do Copom neste ano. De um total de 66 instituições consultadas pela Agência Estado, 35 casas esperavam um aumento da taxa de juros de 0,50 ponto porcentual; 30 aguardavam uma elevação de 0,75 ponto e apenas uma casa previa uma puxada de 1 ponto porcentual da taxa.

A pesquisa foi conduzida antes das declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no último fim de semana, que embaralharam ainda mais as expectativas no mercado de juros. Na terça-feira, a expectativa majoritária no mercado de juros era de alta de 0,75 ponto após os últimos comentários do presidente do BC. “A mensagem que eu daria aos players é de que não tentem ler nas entrelinhas do que o Banco Central disse nas atas ou no relatório de inflação (e tentem encontrar) um sinal dado por um membro ou por outro. Não há sinais”, disse Meirelles à agência Dow Jones, no domingo.

Na terça-feira, dia 20, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado e na entrevista que concedeu à Agência Estado, no dia 22, Meirelles havia reafirmado que a condução da política monetária contempla o horizonte de 12 meses à frente e o ano de 2011. “No regime de metas de inflação, o BC implementa uma estratégia de política monetária visando a assegurar a convergência da inflação para o centro da meta no horizonte relevante que, neste caso, são os 12 meses à frente e o ano de 2011”, disse.

Os economistas do mercado financeiro trabalham com a previsão de que a taxa básica de juros termine 2010 no nível de 10,25% a 12,75% ao ano, conforme o levantamento realizado pela Agência Estado. Para os analistas, o atual cenário de atividade econômica aquecida, de inflação corrente mais pressionada e de expectativas também mais altas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), tanto de 2010 como de 2011, obriga o Banco Central a promover ajustes consecutivos na Selic a partir deste mês para evitar problemas futuros no cumprimento das metas de inflação.

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 8 e 9 de junho. A ata da reunião desta quarta será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 6 de maio.

agencia estado

Rizzolo: Infelizmente o Banco Central tem uma visão pobre do que podemos chamar de desenvolvimento do mercado interno, da geração de emprego, e das exportações. Como sempre a legitimação vem sob a velha bandeira do controle da inflação. Com isso cada vez mais as exportações ficam prejudicadas, a valorização do real continua alta, e a festa dos especuladores enxarca o país com dólares para fins de realização de lucros a custa do cassino Brasil. Para finalizar, inflação se combate com aumento da produção, com investimentos nos meios de produção, com o fortalecimento do mercado interno.

CNI: empresário está otimista com mercado interno

BRASÍLIA – Os empresários do setor industrial estão otimistas em relação ao desempenho da demanda no mercado interno para os próximos seis meses e, por isso, esperam contratar mais funcionários. Isso é o que mostra a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O índice que mede a expectativa dos industriais em relação às futuras contratações de empregados subiu pelo terceiro trimestre consecutivo este ano, de acordo com a pesquisa. O índice que mede as intenções de compras de matérias-primas também subiu no terceiro trimestre, frente ao registrado no segundo trimestre deste ano.

Apesar dos resultados mais favoráveis, os empresários do setor ainda se mantiveram pessimistas quanto à recuperação das exportações brasileiras. A evolução negativa das vendas externas e a recuperação ainda lenta dos investimentos são fatores críticos, na avaliação da CNI, para que a recuperação da produção industrial se mantenha de forma sustentada no futuro. “São alertas muito importantes”, declarou o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. A Sondagem Industrial, realizada no período de 30 de setembro a 23 de outubro deste ano, ouviu dirigentes de 1.418 empresas.

A pesquisa mostra ainda que, apesar da cautela dos empresários em relação às exportações, são as grandes empresas – justamente as que mais exportam – que estão puxando o movimento de recuperação da produção industrial. Segundo o coordenador da pesquisa, Renato Fonseca, é normal que isso aconteça. “As grandes empresas têm mais infraestrutura e maior capacidade para suportar as adversidades”, afirmou. “Na hora da retomada, são normalmente as grandes que puxam, porque têm mais mercados e maior poder de concessão de descontos para colocar seus produtos.”
agencia estado

Rizzolo: Dois aspectos da notícia. Primeiro que confirmado aquilo que este Blog sempre disse, o caminho para o desenvolvimento é um mercado interno forte e robusto. Segundo aspecto da notícia é que as grandes empresas, principalmente as multinacionais, pouco sentem os devassos efeitos da alta do dólar por conseqüência da política de juros. Quem sofre é o pequeno e médio exportador brasileiro, que fica mais uma vez em desvantagem. Prestigiar a pequena e média empresa nacional é o que está faltando em função das altas taxas de juros reais praticadas neste país.

Delfim: país não precisa de juro real maior do que 2,5% ou 3%

Ao analisar a interrupção do corte da taxa Selic pelo Banco Central, o ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto disse que não há necessidade de o Brasil ter uma taxa real de juros superior à média mundial. “Nós continuamos, ainda, com taxas de juros que não correspondem à realidade nacional.

O Brasil não é mais uma economia teratológica. O Brasil não precisa de taxas de juros reais superiores à do mundo. Se as taxas de juros internas caminhassem para as taxa de juros internacionais, tudo iria funcionar muito melhor. Não é apenas o câmbio. É tudo. Porque a taxa de juros na posição errada põe o câmbio na posição errada, põe o salário real na posição errada. O equilíbrio, mesmo nos modelos mais simples de liberdade de movimento de capitais, exige que a taxa de juro interna seja igual à externa”, afirmou Delfim, em entrevista ao UOL.

No último dia 2, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a taxa Selic em 8,75% ao ano, o que corresponde em termos reais (descontada a inflação projeta para os próximos 12 meses) a 4,5% ao ano. “Não acredito que o Brasil precise de uma taxa de juro real muito maior do que 2,5% ou 3%. Essa é a taxa de juro do mundo. Ela corresponde à produtividade média da economia do mundo. Como é evidente, a taxa de juro real não pode ser muito maior do que a produtividade média. O que interessa não é a venda de papel no computador. O que interessa é a venda de parafusos na loja de ferragem”, observou Delfim.

Segundo o economista, uma questão ser observada na economia brasileira é queda da cotação do dólar. “O Brasil continua o último peru com farofa no mercado internacional à disposição dos investidores estrangeiros. Se você combina as aplicações na Bovespa com a valorização que ela mesma produz no câmbio, pela entrada de capitais, você vai ver que o Brasil está rendendo hoje 5,5% ao mês em dólar”, frisou, acrescentando que a desvalorização da moeda norte-americana “é extremamente prejudicial para o setor exportador, e é realmente o ponto nevrálgico na ampliação da produção industrial”.

Delfim ironizou as estimativas do BC: “No dia 15 de setembro (do ano passado), o Banco Central não sabia nada do que iria acontecer no dia 16. Hoje, ele pretende saber qual vai ser a inflação em 2011. Então, acredita se quiser. Ou usa a teoria de Santo Agostinho: creia porque é impossível prever”.
Hora do Povo

Rizzolo: Com efeito, se não há coerência nas taxas de juros, isso afeta diretamente os salários, as exportações, prejudicando a nosso mercado interno. Hoje um dos grandes desafios do Brasil é a exportação de manufaturados que tem uma relação direta com a cotação dólar. Com um real valorizado nossa competitividade fica prejudicada, e com a política de juros praticada pelo governo a enxurrada de dólares não para de crescer, sendo na maior parte capital especulativo.

Lula pede ‘carinho’ na análise de reajuste do Bolsa-Família

BRASÍLIA – Na primeira parte da reunião ministerial desta segunda-feira, 9, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, informou que os mais pobres estão tendo uma perda maior por causa da inflação de alimentos, da ordem de 8%. Por isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende que é preciso que os ministros da Fazenda e do Planejamento, Paulo Bernardo, “analisem com carinho” a possibilidade de aumento do Bolsa-Família.

Durante a reunião, Lula foi apresentado ao programa “Mais Alimentos” pelo Ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel. O objetivo do programa é aumentar a produção de alimentos já a partir do próximo Plano Safra, a ser lançado ainda neste mês. O governo está preocupado com o aumento dos preços dos alimentos e o impacto na inflação. Por isso, o próprio presidente Lula defendeu a elevação do valor dos benefícios pagos pelo programa Bolsa-Família, no País.

Na sua exposição, Mantega mostrou que os preços dos alimentos estão aumentando 12%, enquanto os dos demais itens estão aumentando 3%, dando um impacto médio na inflação da ordem de 5%. “Por isso, quem mais está sofrendo com isso são os mais pobres”, avaliou o ministro na reunião, fazendo com que o presidente passasse a defender o reajuste do benefício que atinge 11 milhões de famílias.

Lula não falou em índices em que o Bolsa Família pode ser reajustado. Na reunião da semana passada, o presidente recebeu uma proposta do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, de aumento de 6% do benefício. Existem, no entanto, outros estudos de impacto sendo avaliados pela área econômica. A idéia do governo é definir este reajuste antes do dia 4 de julho, para evitar problemas com a lei eleitoral.

Produtos

Apesar da preocupação com os alimentos, os dados disponíveis pelo governo demonstram que boa parte de seus preços já está se acomodando, embora ainda haja problemas em relação ao feijão e à carne bovina. “A inflação de alimentos chegou ao ponto mais alto e a tendência daqui pra frente é cair”, informou Mantega.

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, por sua vez, emendou mostrando como está o comportamento dos preços dos alimentos dos últimos 30 dias. E avisou que em “vários (produtos), estão caindo”, citando como exemplo os preços do trigo e da soja. Ele salientou, porém, que “a preocupação maior do governo, no momento, é em relação aos preços do feijão e da carne bovina”.
Agência Estado

Rizzolo: Os pobres na verdade são os mais atingidos pela pequena inflação que está surgindo, contudo, poderiam ser mais bem atendidos se o governo implementasse uma política de desenvolvimento que não focasse apenas o combate à inflação, amordaçando o desenvolvimento do País em função das altas taxas de juros. Contudo, como o governo não tem correlação de forças para mudar os desígnios de Meirelles e a turma do Copom, vem ao socorro da população pobre aumentando o valor a ser pago pelo Bolsa Família, o que considero muito bom.

Não podemos sacrificar um programa de inclusão apenas porque o BC não quer um maior desenvolvimento, aliás, no meu entender Bolas Família sempre foi uma questão emergencial, mas ao que parece Lula que perpetuar a “mesada”, muito embora necessária. Temos sim que combater a política de alta dos juros, que beneficiam apenas especuladores que pouco se importam com os pobres. Precisamos gerar 5 milhões de empregos por ano, e não apenas lamentarmos o aumento da inflação e combatê-la aumentando o valor da Bolsa Família. Mas ao que me parece por trás do aumento do valor está as vantagens eleitoreiras. Mas enfim, melhor uma família sem fome e sadia do que esperarmos pelo desenvolvimento integral do País, neste caso concordo com Lula. Sempre entendi o Bolsa Família um programa transitório, mas não é que estamos observando.

Quando a financeirização da economia derrete as exportações

O bom senso econômico e as medidas adotadas no momento adequado, fazem com a economia seja uma ciência da ponderação. É claro, que nas melhores explicações econômicas, as demonstrações numérica fazem sucesso, contudo, nada mais pragmático do que uma análise por vezes perfunctória dos mecanismos mais simples e mais lógicos de uma economia.

O governo Lula deixou-se seduzir pela política econômica traçada pelo Banco Central, até porque, a autonomia do Banco assim o permite fazer, optou-se por uma pseudo blindagem perversa baseada numa antiga premissa do FMI, que já não é mais preconizada pelo órgão, ou seja, de que aumentar as taxas de juros é a melhor forma de conter um surto de inflação e prevenir turbulências externas.

Talvez por entender, ou pouco entender a essência desse conjunto de medidas apregoado pelo Banco Central, o governo no seu papel de executivo foi deixando nas mãos do Copom e do presidente do Banco a prevalência pela financeirização da economia brasileira, mantendo uma taxa de juro absurda cujo diferencial das taxas reais entre Brasil e EUA chegam a estar por volta de 8,5% ao ano.

As três deliberações anunciadas pelo governo no sentido de conter a desvalorização do dólar em relação ao real, são na verdade, inócuas, até porque, a medida não será utilizada nas especulações com renda variável, como ações da Bolsa de Valores, lançamento de ações (IPOs), investimento estrangeiro direto, fundos de investimentos de derivativos com renda variável (CDI e índice de ações) e empréstimos estrangeiros.

Ora, se por um lado temos uma turbulência externa relacionada a um temor de recessão nos EUA, e um cenário internacional duvidoso, temos por aqui, um elenco de atrativos ao capital especulador maior que qualquer argumentação que possa surgir: a altíssima rentabilidade em função dos juros. A percepção dos investidores de que de certa forma, o Brasil passa imune à instabilidade da economia internacional, e proporciona aos mega especuladores, a maior taxa de juros do planeta, acabam intensificando a entrada de capitais.

O que não sequer mencionar, ou atribuir à questão da valorização do real, é manutenção da alta taxa de juros aplicada no País, fundamentada por velhos conhecidos pretextos, como a volta da inflação, e outros argumentos frágeis que sevem para legitimar os interesses na permanência da financeirização da economia brasileira, onde quem perde é o mercado interno, os exportadores, as contas externas e o desenvolvimento do País.

Está já exaustivamente comprovado, que somente com um mercado interno forte, e dinâmico, podemos blindar a nossa economia face as intempéries externas; contudo, ao que parece, o governo mais uma vez não vai ao cerne da questão dos juros e pretende com mecanismos inócuos, prevalecer por maior tempo possível a rentabilidade do capital especulativo, não por bom senso, ou entendimento econômico de cunho técnico, mas talvez a pedido daqueles que gostam de um Cassino chamado Brasil.

Fernando Rizzolo

As taxas de juros e a crise americana

Antigamente dizia-se que “quando os EUA tosse, o mundo fica doente “, indubitavelmente, a irresponsável crise dos subprimes nos EUA, afetará de uma forma ou de outra a economia mundial. Muitos são os sinais de uma recessão na América, contudo, o panorama econômico mundial tende a estar menos descompensado, face ao desenvolvimento dos mercados da China e da Índia. Até mesmo a Rússia, vive um período de prosperidade face ao preço do petróleo. A origem da crise americana, é a desregulamentação do setor financeiro dos EUA, cujos bancos a seu bel prazer, criaram veículos tão complexos e deliberadamente obscuros – todos concebidos para gerar lucro em cada operação de ” swap” ( troca de indexadores), que perderam há tempos a referência do valor real dos papéis. Fica claro, que a velha Lei de Mercado de Capitais, criada na época de Roosevelt para regulamentar as atividades dos bancos deveria ser reeditada.

O receituário para que se possa ” blindar ” a economia, são vários, e partem de diferentes opiniões, muitas delas ortodoxas e conservadoras. Mas o principal problema é desvendar o que ocorre na economia brasileira hoje, e termos a visão e a sensibilidade, para analisarmos os movimentos econômicos de outros países. Com efeito, um dos problemas da nossa economia, é a taxa de juros, que ainda é extremamente elevada, muito embora tenha declinado.

Outra questão preocupante, é o crescimento das Despesas Correntes da União, cujo aumento não se deve aos gastos com o social ou pessoal, e sim com as despesas com juros e encargos da dívida. A dívida pública federal interna, em valores reais, foi multiplicada por sete, entre 1995 e 2006, e claro, são remuneradas com as taxas estratosféricas de juros, aplicado no “Cassino Brasil”. Aliás, esse fator produz sim, um aumento da carga tributária, fazendo com que promova-se, superavit primários elevadíssimos. O governo central tem hoje um superávit primário em 12 meses de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) que poderia ser deduzido dos investimentos federais previstos no Projeto Piloto de Investimentos (PPI). Com isso, a meta de superávit do governo central para este ano seria de 1,7% do PIB.

Na verdade, os juros nesse patamar, impedem a exportação face ao câmbio hiper valorizado, alem disso, de nada adianta políticas de viabilidade setorial, para suprir as dificuldades de exportação de manufaturados. Temos que impulsionar o mercado interno, declinando as taxas de juros, aumentando as exportações, e por conseqüência, isso faria com que o câmbio pare de se valorizar gradativamente. Hoje o que nos sustenta em termos de câmbio, são os altos preços das commodities, mas isso não é saudável.

Não podemos ser apenas produtores de matérias-primas, precisamos deslanchar as exportações de manufaturados, e isso, evidentemente, tem muito a ver com taxas de juros e cambio. Fica patente que a autonomia do Banco Central é extremamente prejudicial, vez que engessa o poder decisório do Executivo, que já há muito tempo sabe o quanto perverso é, o patamar das taxas ditadas pelo pessoal do Copom sob a batuta de Meirelles. Mas não tem correlação de forças para intervir.

Fernando Rizzolo