Tecnologia, educação e solidão

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 *por Fernando Rizzolo

Há muito tempo não utilizava o metrô como meio de transporte, o que é um erro, admito, pois, nos países mais desenvolvidos é uma das formas principais de se locomover. Como no Brasil tudo acontece de forma limitada, nem todas as grandes cidades brasileiras têm estações de metrô suficientes. Mas vamos ao trajeto: em geral, o que mais me fascina quando entro em uma estação de metrô (ou mesmo aeroporto) são as pessoas. Menos no metrô de Moscou, onde fico me dividindo entre observar o comportamento dos usuários e as obras de arte de cada estação. Em São Paulo, no mais das vezes, me resta apenas a primeira opção.

Tanto nos aeroportos quanto nas estações de metrô, em qualquer lugar do mundo, um comportamento é padrão: a compulsão por observar se há novas mensagens no celular. Claro, porque, com as novas tecnologias basta termos um celular repleto de recursos que não estamos mais sozinhos. Podemos estar conectados a todo instante. Do ponto de vista social não acredito que isso traga algum benefício, muito pelo contrário. Muitas vezes relacionamentos são destruídos em razão da má interpretação dos aplicativos; soube, por exemplo, que um aluno meu rompeu seu namoro porque entendia ele que a namorada tinha visto sua mensagem no “WhatsApp”, e, na verdade, ela nem tinha ligado seu celular. Resumindo: a discussão entre os dois numa questão de entendimento do programa, tendo como conciliador o “Google”.

No aeroporto então, nem se fale, quase todos com seu olhar fixo no celular, se comunicando e exaltando o comportamento solitário, rechaçando assim uma boa conversa com as pessoas, mesmo porque todas elas estão, de certa forma, absorvidas no mesmo comportamento. A pergunta é: onde vamos parar?

Foi pensando nessa problemática que, neste mês, na cidade de Barcelona, na Espanha, surgiu o “Foro Global de Docentes Inovadores”, com mais de 1100 pessoas de 97 países, entre docentes, diretores de escolas especialistas e outros. Essas pessoas se reuniram semana neste Congresso Internacional sobre tecnologia e educação, que destaca o desenvolvimento de trabalhos de docentes focando a criatividade, na tentativa de introduzir com êxito as ferramentas digitais nas salas de aula.

Na verdade, temos de educar os jovens para que a compulsão pelo uso da ferramenta digital seja revertida em educação prazerosa – não apenas observação do componente dispersante que a tecnologia acaba promovendo. Tudo mudou com a nova era dos celulares ou “smartphones” e agora é a hora de nos prepararmos para levar Às escolas uma nova visão do uso dessas ferramentas, construindo um comportamento saudável e, acima de tudo, demonstrando os limites entre a solidão da conexão e a alegria da amizade e do contato pessoal, que nos fazem pessoas mais felizes, mais reflexivas, mais…. humanos, enfim. Para finalizar esta reflexão – e talvez desdizer tudo aquilo que foi dito e lançar ao leitor uma provocação, se gostar desse texto, pode compartilhar a ideia no Facebook (rsrsrs…).

 

 

 

 

PNBL desenvolverá a indústria nacional

Em recente audiência na Câmara dos Deputados, o secretário de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Rogério Santanna, destacou a necessidade de o Estado ter uma rede própria de comunicações e que a utilize para desenvolver novas empresas e incentivar a concorrência na oferta de serviços de acesso à internet em banda larga. “Acho que esta rede não deve fazer apenas o papel de ser infraestrutura neutra, separada das redes do futuro. O Estado brasileiro precisa ter uma rede própria e com pesquisa nessa área, porque a comunicação é uma coisa estratégica”, disse.

Santanna defendeu que o Plano Nacional de Banda Larga seja baseado em experiências. “Hoje, as empresas coreanas são fornecedoras mundiais. Nós temos a mesma condição de utilizarmos a infraestrutura já formada com as empresas brasileiras e o Congresso precisa atuar, definindo mais claramente o que é empresa brasileira. Atualmente, empresa brasileira é qualquer empresa que tenha uma fábrica aqui. Não é assim que outros países consideram”, afirmou.

Ele considerou essencial a utilização do PNBL para desenvolver a indústria nacional: “Nós temos empresas capazes fazer tudo o que for necessário para implementar esse plano. É fundamental que gente desenvolva indústrias novas e assegure com esse processo o desenvolvimento técnico-científico e de pesquisas no país, aproximando a academia, aproximando as empresas nascentes, as empresas existentes sendo atualizadas, coisa que perdemos no processo de privatização”.

Segundo Santanna, o usuário de telefonia no Brasil paga entre R$ 32 e R$ 42 “sem que nenhum serviço tenha sido prestado, apenas para dispor do terminal em casa. E sabemos também que esse terminal custa R$ 3 para ser mantido”. O resultado disso é que, em 2008, o faturamento das telecomunicações totalizou R$ 177 bilhões, dos quais R$ 144 bilhões de telefonia fixa. “Tirando os impostos sobraram R$ 100 bilhões. Desses, metade é voz móvel e metade é voz fixa. Estamos falando de R$ 100 bilhões, limpos para as operadoras. [Comunicação em] dados foram R$ 34 bilhões, muito menos que o montante em voz”, observou.
Hora do Povo

Rizzolo: Oportunidades para desenvolvermos a indústria nacional não faltam. O Plano Nacional de Banda Larga abre uma enorme possibilidade de participação nacional, para tanto precisamos ter uma política desenvolvimentista de caráter nacionalista. Hoje temos condições tecnológicas de abraçar qualquer projeto por mais desafiador que possa parecer, o legislativo precisa dar o devido respaldo patriótico que o Brasil necessita, para que possamos desenvolver nossa preterida indústria nacional.

Shimon Peres se reúne com Nelson Jobim e prega cooperação

BRASÍLIA – O ministro da Defesa, Nelson Jobim, se reuniu por volta do meio-dia desta terça-feira com o presidente de Israel, Shimon Peres. Em discurso, Peres pregou entendimento entre os dois países para combater não mais as guerras clássicas que, segundo ele, acabaram, mas sim um novo tipo de perigo, referindo-se ao terrorismo. O presidente israelense disse que o Brasil é um país grande e que se tornou industrializado, ao passo que Israel é pequeno e não tem como se transformar num país industrial, mas que possui ciência e inteligência.

O ministro Jobim lembrou que já esteve com Peres há 20 anos, quando era ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e agora, que está à frente do ministério da Defesa, pode entender a visão de Peres de que o mundo não é mais de conflitos convencionais, mas de conflitos irregulares e sem uniformes.

Jobim informou que o Brasil está buscando a reorganização das Forças Armadas e entregou para Shimon Peres uma cópia em inglês da Estratégia Nacional de Defesa. Ele disse que há um espaço grande para entendimento com Israel e que os dois países têm condições de evoluir na realização de acordos.

O ministro citou que já se encontra no Ministério da Relações Exteriores de Israel um acordo na área de defesa que está examinando a troca de informações. Ele, no entanto, não detalhou, em seu discurso, que tipo de acordo é esse.

Jobim lembrou que a Estratégia Nacional de Defesa não é só para garantir a soberania do Brasil, mas proteger o País das ameaças não convencionais. O ministro disse que o Brasil está investindo em pesquisa militar. “Saímos de um momento bipolar e fomos para um momento multipolar, que impõe um compromisso mais forte com a paz”, afirmou. O ministro destacou ainda que o País pode evoluir nas relações com Israel e que “podemos caminhar juntos”.

agencia estado

Rizzolo: Israel tem muito a oferecer ao Brasil em termos de tecnologia, inclusive a militar. É pena que neste momento exista uma aproximação do Brasil com o Irã, o que de certa forma atrapalha o avanço das negociações. Acredito que o governo brasileiro saberá conduzir a política com Irã, até porque sabe com quem está lidando. Nesse momento deve prevalecer o bom senso nas relações internacionais.

Jobim questiona promessa francesa de transferência integral de tecnologia para caças

O ministro Nelson Jobim (Defesa) questionou nesta quinta-feira a promessa feita pelo presidente da França, Nicolas Sarkozy, de que a Dassault vai transferir 100% de tecnologia se vencer a licitação para fornecer caças para a FAB (Força Aérea Brasileira). Ele lembrou que a Dassault é uma empresa privada e o governo francês tem ações preferenciais, sem direito a voto.

No entanto, Jobim voltou a admitir a preferência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela proposta francesa.

Segundo o ministro, isso ocorre em função da parceria estratégica firmada entre os dois governos. Ao lembrar que a Dassault não é uma empresa estatal, observou que somente a abertura das propostas vai permitir verificar se a promessa de Sarkozy será cumprida.

“Temos a afirmação do presidente Sarkozy de transferência irrestrita de tecnologia. Quero ver o que significa irrestrita na proposta que a Dassault faz, porque, observem bem, a empresa é privada, não é estatal. As ações que o governo francês tem são preferenciais, sem direito a voto”, afirmou, após participar da abertura da 10ª Convenção Nacional da Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra).

Jobim reiterou que a Aeronáutica avaliará vários aspectos das propostas, mas que a parte referente à transferência tecnológica será fundamental para a escolha da vencedora.

Estratégia

A respeito da estratégia nacional de defesa, aprovada no ano passado, Jobim informou que deverá fechar dentro de dois meses a conta a respeito do volume de investimentos que serão necessários para tirar o programa do papel. Ele explicou que o montante não vai superar o equivalente a 0,7% do PIB (Produto Interno Bruto) anual.

“Estamos levantando um estudo para fazer o cronograma físico e financeiro de todo o projeto”, disse.

O plano prevê ações, ao longo de 20 anos, de modernização e ampliação dos elementos que compõem a defesa do território brasileiro, na esfera da Forças Armadas. Defendendo a adoção de um planejamento de longo prazo, Jobim disse que o plano é “arrogante” do ponto de vista de que serve para acabar com o “complexo de vira-latas” do Brasil.

Folha online

Rizzolo: Como já afirmei inúmeras vezes desde 2007, transferência de tecnologia de ponta, não existe, mormente em se tratando de equipamento bélico. Finalmente alguém do governo admite aquilo que eu, há tempo venho afirmando. Na verdade o que a França quer com toda essa conversa, são os vultuosos valores do contrato, depois, é claro, vão alegar inúmeras causas para justificar a não transferência. Até porque para transferir conhecimento é necessário ter na outra ponta, estrutura pessoal, tecnológica, suporte para absorção desta tecnologia e isso será o argumento utilizado. Pouco interessa se há acordo bilateral, se a empresa francesa é privada, as chances são remotas. Melhor seria parceria com a Rússia, estes sim poderiam nos ajudar, com tecnologia, e boas intenções.

Militar francês garante repasse de tecnologia de caças

BRASÍLIA – O almirante Eduard Guillaud, chefe do gabinete militar francês, disse hoje em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado que a transferência de tecnologia dos caças Rafale, da empresa francesa Dassault, será “total, sem limite e sem restrição” caso o Brasil venha a comprá-los. O almirante afirmou que, se o Brasil produzir, no futuro, peças de reposição mais baratas, a própria França poderá comprá-las.

Segundo o almirante, a França investiu cerca de sete bilhões de euros para chegar ao atual modelo do Rafale, que tem vida operacional entre 35 e 40 anos. “Substitui sete aeronaves diferentes na Marinha francesa. Essa aeronave tem potencial de crescimento formidável. Estamos disposto a explorá-lo com o Brasil. Se você fabricar peças de reposição mais baratas para o Rafale aqui que na França, eu mando a Marinha francesa comprar aqui no Brasil, não na França”, disse o Almirante em resposta ao senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Guillaud também criticou os aviões F-18 Super Hornet, da americana Boeing, e os caças Gripen, da empresa sueca Saab, que disputam com a França pela venda dos caças ao Brasil. “Não compramos F-16, não participamos de programa americano. Todos que participam dele acham que o retorno tecnológico é muito fraco comparado aos investimentos que fizeram. Se quiserem a minha opinião, vale a pena”, disse. O almirante não deu detalhes sobre os dois caças Rafale que caíram no Mar Mediterrâneo há duas semanas.
agencia estado

Rizzolo: Essa conversa de transferência de tecnologia é uma balela. Nenhum país irá “dar de mão beijada” tecnologia militar, as desculpas virão, “falta de capacidade de absorção técnica”, “falta de fornecedores qualificados ” e por aí afora. O que eles querem é o contrato. Quem viver irá conferir.

Lula classifica como censura projeto sobre crimes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou de censura projeto de lei que endurece as penas para crimes cometidos na internet. O projeto ainda tramita no Congresso Nacional e o relator do texto na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática do Senado, Eduardo Azeredo (PSDB-MG), apoia a iniciativa. As informações são da Agência Brasil.

“Essa lei que está aí não visa corrigir abuso de internet. Na verdade, quer fazer censura. Precisamos responsabilizar as pessoas que trabalham com internet, mas não proibir ou condenar. É interesse policialesco fazer uma lei que permite que as pessoas adentrem a casa de outras para saber o que estão fazendo, até seqüestrando os computadores. Não é possível”, disse Lula. O presidente esteve no 10º Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre, e ouvir apelos da platéia para vetar a lei.

O texto prevê que, quem obtiver ou transferir dado ou informação disponível em rede de computadores, dispositivo de comunicação ou sistema informatizado sem autorização do legítimo titular, poderá ser preso.

O projeto obriga, ainda, os provedores online a guardar, por três anos, os registros de acesso e encaminhar os dados à Justiça, quando solicitados para investigação. Com essas informações, a ideia é chegar ao endereço de um criminoso.

Para professores de comunicação e organizações ligadas à internet, atividades corriqueiras no mundo virtual, como baixar uma música ou um filme, poderão ser interpretadas como crime. Azeredo alega que o objetivo não é controlar o uso da Web, mas punir crimes via rede mundial de computadores, como cópia de cartões de crédito e senhas.

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Rizzolo : Esse projeto deve ser rechaçado pelo povo brasileiro. Com muita propriedade o presidente Lula aponta a agressão à democracia e a liberdade de expressão. É na verdade este projeto, uma forma de censurar, de coibir, de agredir e de violar a individualidade das pessoas. O povo brasileiro, os jovens, os intelectuais, os que detêm o espírito democrático, devem se unir e repudiar com veemência tal projeto que vem na contramão do desenvolvimento tecnológico, fazendo com que haja uma versão policialesca sobre a rede. Coisa retrógada mesmo, coisa de gente que gosta de caminhar para trás, para não falar de coisa típica de regimes como o Irã. Uma vergonha. Apoio irrestrito ao presidente Lula neste aspecto.

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Tecnologia, instrumento de soberania

Nos anos 70, grande parte das indústrias multinacionais que hoje ainda atuam no Brasil, iniciavam seus investimentos no nosso mercado, que na época, era de 90 milhões de consumidores. Chegavam trazendo tecnologia, numa época em que nós vivíamos o chamado ” milagre brasileiro “, com uma demanda crescente, e uma inflação também acentuada. Logo se acomodaram, face à inflação, com o estilo de reajustes de preços através de tabelas e outros artifícios de recomposição inflacionária. Poucas eram as indústrias nacionais que detinham a tecnologia das empresas estrangeiras na fabricação de máquinas, de equipamentos, capazes de uma maior rentabilidade na produção, objetivando, de forma clara, mais produção, e mais lucro aos empresários, com uma menor utilização de mão-de-obra local.

A economia brasileira, assim como todos os meios de produção, sempre foram direcionados para a classe média e alta, que absorvia toda a produção dos bens de consumo. Assim sendo, o nosso parque industrial era servil a esse segmento da população, posto que a imensa maioria desprovida de poder aquisitivo, ficava fora do mercado de consumo, e por conseqüência, o operariado era golpeado pela modernização tecnológica, que reduzia de forma drástica a mão-de-obra pouco especializada.

Hoje no Brasil vivemos uma outra realidade, temos que de qualquer forma incluir as 45 milhões de pessoas, ou 11 milhões de famílias, que ainda desprovidas estão no acesso aos bens de consumo mais elementares que norteiam os princípios de dignidade humana. Temos ainda no Brasil, 8 milhões de pessoas que não possui luz elétrica nas suas pobres moradias, o que nos provoca uma reflexão ao nos questionarmos até que ponto a tecnologia empregada no nosso país até os dias de hoje, foi conivente com a exclusão, vez que fora utilizada como instrumento a serviço do capital, induzida pelos governos neoliberais que nos antecederam; contribuindo dessa forma, para a exclusão do povo brasileiro.

Não podemos entender desenvolvimento tecnológico se o mesmo não estiver a serviço do desenvolvimento social; a implementação de novas tecnologias nos meios de produção deve se ter como objetivo o avanço social, e não apenas a opção de menor custo e de rentabilidade ao empresariado, desprezando o seu objetivo maior que é a inclusão do segmento de menor poder aquisitivo. Nesse esteio de pensamento, o corpo técnico brasileiro na figura dos engenheiros, exercem papel de suma importância, no desenvolvimento de um pensamento que eu chamaria de técnico-social, na absorção das novas tecnologias e na implantação destas, numa política voltada ao desenvolvimento da indústria nacional; alicerçando o importante conceito de soberania técnico -social, consolidando o nosso parque industrial nacional em todas as áreas.

Fernando Rizzolo