Kassab criou ‘apartheid social’ nas favelas, diz Marta

SÃO PAULO – A candidata do PT à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, afirmou hoje em seu programa eleitoral gratuito na televisão que o prefeito e candidato à reeleição, Gilberto Kassab (DEM), criou um “apartheid social” com seus projetos de urbanização de favelas. Segundo ela, os prédios dos conjuntos habitacionais não acabam com as favelas, que são separadas por muros. “A realidade é diferente da realidade mostrada na propaganda do Kassab”, disse. Em tom dramático, foram apresentadas cenas de famílias sendo despejadas e barracos derrubados por grandes tratores, com uma música triste ao fundo.

O programa da candidata da coligação “Uma Nova Atitude para São Paulo” (PT-PCdoB-PDT-PTN-PRB-PSB) também teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante um comício, ele declarou que a Marta sofre preconceito pois “embora tenha sido prefeita de todos, ela teve preferência pelo povo mais pobre dessa cidade”.

Kassab destinou grande parte de seu programa eleitoral na televisão de hoje para mostrar seus projetos de urbanização na favela de Paraisópolis, na zona sul. Os conjuntos habitacionais exibidos, pintados e decorados, contavam, segundo a campanha, até com pista de skate e quadra de futebol. Foi apresentado o depoimento de um pedreiro que trabalhou na obra de construção de sua própria casa. “Aqui não é mais favela, é um bairro”, disse o morador.

O candidato da coligação “São Paulo no Rumo Certo” (DEM-PR-PMDB-PRP-PV-PSC) aproveitou para criticar a gestão da adversária. Um locutor acusou Marta Suplicy de deixar um rombo R$ 2 bilhões na Prefeitura, além de 37 quilômetros de obras abandonadas.
Agência Estado

Rizzolo: É visível o desespero, e a decepção da equipe petista e do próprio presidente Lula, ao constatar que Marta está visivelmente se perdendo nas pobres argumentações e nas monótonas acusações à gestão Kassab. O grande fato novo imprevisto neste segundo turno, foram as insinuações de baixo nível a uma eventual postura homossexual do candidato. Kassab soube incorporar essa questão na discussão, desmoralizando ainda mais a campanha de Marta.

A triste constatação, de que Lula não é capaz de transferir votos à Marta, em São Paulo, chocou e desmoralizou os petistas e comunistas. Observa-se nos rostos dos integrantes da campanha petista, a decepção o desconforto e o peso de uma realidade: São Paulo não é uma cidade ” apreciadora de petistas”; portanto o quadro do segundo turno dificilmente ira se alterar. Dessa disputa tira-se uma lição: o eleitor paulista é diferenciado, e não aceita preconceitos e discriminações como argumentos eleitoreiros. Mais uma observação: o povo pobre não relaciona partido político e sim a pessoa, e Marta apoiou-se muito no PT partido e em Lula, que não transfere votos.

Cabos do PT levam às ruas questionamento sobre vida de Kassab

SÃO PAULO – O tiroteio da campanha de Marta Suplicy, do PT, sobre a vida pessoal de seu adversário do DEM, o atual prefeito Gilberto Kassab, saiu da campanha na televisão e foi para as ruas. Em atividades de campanha nesta manhã, tanto na zona Sul quanto na Leste, cabos eleitorais da petista passaram a hostilizar Kassab e a questionar sua vida pessoal.

Até então, esta questão não era discutida nas ruas. Entretanto, o foco do debate mudou logo após a veiculação de uma inserção – que já foi retirada do ar por ordem do comando da campanha – que questionava a vida pessoal do prefeito. A peça publicitária exibia uma foto de Kassab em branco e preto, enquanto o locutor fazia indagações sobre o seu passado. As últimas perguntas eram: “É casado? Tem filhos?” E concluía: “Para decidir certo é preciso conhecer bem.”

Marta tentou encerrar a discussão. “Não tenho mais nada a dizer sobre esse assunto”, disse, categórica. O clima acirrado nas ruas também provocou o início de um tumulto com um casal, que foi hostilizado por cabos eleitorais petistas, por defender a candidatura Kassab. O incidente ocorreu após o ato de apoio organizado por frentistas em um posto de saúde no bairro da Aclimação, na zona Sul. Marta já havia deixado o local, quando o casal passou e gritou: “Kassab! Kassab!” Ao ser informada sobre o ocorrido, Marta disse: “Grosseria e baixaria eu acho um horror, e se isso ocorreu, eu peço desculpas ao casal.”

Pouco depois, enquanto Marta fazia corpo-a-corpo no bairro de Ermelino Matarazzo, na zona Leste, cabos eleitorais que a acompanhavam continuaram a desferir ataques à vida pessoal de Gilberto Kassab, inclusive com xingamentos.

Agência Estado

Rizzolo: O comportamento da militância petista é lamentável, o pior é que parece haver uma aceitação de forma velada para os insultos à vida pessoal de Kassab. De nada adianta os dirigentes petistas reprovarem esse problema criado, vez que todos já sabiam de antemão e haviam previamente aprovado esse tipo de “approach” político. Com isso, quem ganha a simpatia do povo é o candidato Kassab, que passa a ter por parte da população, uma visão paternal e protetora em relação a ele, e isso não é bom, até porque esvazia o debate, as idéias. Alckmin já integrou a campanha de Kassab, é ao que parece, Marta está se isolando na campanha experimentando o veneno criado pelo próprio PT. O ideal seria ela desculpar-se publicamente admitindo o erro, mas acho que isso é muito para ela.