Charge do Ique para o JB online

Uribe critica comentários de Lula sobre crise com Venezuela

O gabinete do presidente colombiano, Alvaro Uribe, emitiu nota criticando os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a crise com a Venezuela.

” Deploramos que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“É deplorável que Lula, com quem temos as melhores relações, tenha se referido à crise como um caso pessoal e ignore a ameaça que representa a presença de guerrilheiros das Farc na Venezuela”, diz a nota.

“Ainda não vi conflito. Eu vi conflito verbal, que é o que nós ouvimos mais aqui nessa América Latina”, afirmou Lula ontem após se reunir com o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega.

Lula se encontrou no começo da semana com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Nicolás Maduro, com quem discutiu a crise. Ontem, o presidente indicou que pretende negociar uma distensão entre Colômbia e Venezuela com o presidente eleito da Colômbia, Juan Manuel Santos, que toma posse no próximo dia 7, e Chávez.

A Colômbia acusa a Venezuela de abrigar, com a anuência do governo do presidente Hugo Chávez, guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), incluindo vários líderes do grupo. Caracas nega que dê proteção à guerrilha.
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Rizzolo: Bem, acho que por hora o que o presidente Lula fez foi o suficiente. Ora, se não queremos tensão, crise, conflito, temos que levar as coisas de uma forma amena. E na verdade está bem claro que Uribe antes de acabar seu mandato quer mesmo gerar um conflito com a Venezuela. Agora, o Brasil como país que tem tradição no entendimento, apregoa a paz, a mediação, evidentemente tenta distensionar as partes, o que é natural. O Brasil não deve se indispor com vizinhos, e para isso mantem sempre sua postura independente e conciliatória, mas parece que Uribe quer mesmo confusão a todo preço, desestabilizando a região. Bom mesmo por hora é o Brasil ficar longe disso, e acompanhar o desenrolar dos fatos.

Uribe um braço da Quarta Frota na Unasul

Num golpe de mestre o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, anunciou hoje a decisão de incluir seu país no Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas (Unasul). A Colômbia foi contra a criação de um Conselho de Segurança dentro da nova comunidade de nações, ao alegar que enfrentava ameaças “de terrorismo e as derivações conhecidas” de um problema desse tipo.

Na verdade a criação desse Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas ( Unasul), tinha como premissa outra finalidade que todos sabemos, ou seja, fazer frente aos EUA de forma velada, insinuando uma “pretensa união dos países signatários”. Contudo a decisão acabou deixando a esquerda inspiradora do Conselho numa situação de desconforto, até porque, Uribe determinou ou condicionou sua participação no fato de que na declaração de princípios do Conselho de Segurança da Unasul, “deve haver uma rejeição total aos grupos violentos, qualquer que seja sua origem”, como as Farc.

Isso com certeza esbarrará às margens ideológicas comprometidas com as Farc, e que não aceitarão que Uribe se torne um braço da Quarta Frota americana no Conselho de Segurança. Com muito tato, Uribe de uma forma ou de outra, comprometeu o presidente Lula ao definir sua participação vinculando as intenções de Lula e a presidente Bachelet, bem no momento em que Lula desconfia que a presença da Quarta Frota americana, tem um nexo causal com as Farc, requerendo explicações do governo americano sobre a presença da Fourth Fleet.

Uribe fala em consenso e em discussão sobre a verdadeira vocação do Conselho de Segurança da União de Nações Sul-americanas (Unasul). O que podemos inferir nesse jogo político, são os interesses dos EUA se incorporando aos desígnios ideológicos não tão democrático na constituição desse Conselho, que vem apenas de encontro ao servilismo e complacência da esquerda na América Latina aos grupos de pouca aspiração democrática dispersos pelos “países signatários”. Uribe ao se fazer de desentendido, traça o jogo do poder e influência americana na região, jogando água nas idealizações socialistas no enfrentamento aos EUA, e frontalmente a favor das Farc.

Entendo que o foco na América Latina deve ser a manutenção da democracia na sua essência, sem o fardo do populismo; contudo poucas movimentações vejo nesse sentido, tampouco não vejo propostas enfáticas e enérgicas no combate aos grupos extremistas como as Farc. As elucubrações proferidas pelos países signatários, passam de forma branda ao grupo guerrilheiro, que entendem mais as Farc como sendo um grupo de esquerda do que terrorista, e essa visão acaba levando expressamente os governos ao romantismo caótico que impera na América Latina; governos sempre prontos à compaixão ideológica esquerdista, ao amaldiçoar a presença e a influência americana na região. Graças as manobras e situações de embate, como o resgate de Ingrid Bettancourt, agora além da Quarta Frota temos seu braço em terra, o braço de Uribe.

Fernando Rizzolo